domingo, 14 de novembro de 2010

Viagem subjetiva

Palavras?
Como usar?
Não sei, sou quase um bicho que relincha pra se comunicar.
Minhas palavras são desarticuladas, não comunico, falo o que vem a mente. Isso muitas vezes irrita.
As vezes sou condicionado, como um cão que abana o rabo quando quer carícias ou comida.
Muitas vezes não sei me expressar. Então uso a frase do peno príncepe "A linguagem é uma fonte de mau entendidos".
Não penso decoro as palavras, as frases, as tiradas. "Nunca me viu cara de paviu sem fio" só funciona com João Semir, aprendi com ele.

Já "O sol nasceu para todos, mas a sombra é para poucos", aprendi com o Gato, sério nem sei o verdadeiro nome dele. É um cara muito inteligente, cheio das tiradas física. Dizia ele que a preocupação na cabeça de Vitoriano era do tamanho de um átomo de hidrogênio. Falava sério, nos riamos até. Largou física pra fazer enfermagem, na certa hoje ganha muito bem, mora lá em Almínio Afonso, cidadezinha do interior do RN.

Essa tirada dele é muito boa. Todo mundo ri quando a uso.

Sempre foi assim foi colando uma coisa aqui outra ali.

Minhas piadas são um fracasso, faço rir, mas por não saber contar a piada.

Minha alfabetização foi muito laboriosa, rendeu dois anos a Dona Livanir que tinha as orelhas grandes e todo os dias puxava minhas orelhas pra ver se cresciam tanto quanto as dela, ou será porque eu era danado? eis um paradoxo que não resolvi ainda. Acho que gostei pois passei dois anos com ela. E minhas notas, provam que não era lá um bom aluno. Meu amigo Aurivam aprendeu a ler primeiro que eu. Era um dos mais inteligentes, lia os maiores textos. Lembro que certa vez leu uma leitura sobre um besouro. Eu era broco. Quase não pega no tranco. Mas aprendi. Não gostava das palavras, confesso que gostava das imagens. É adorava as capas dos livros, as figuras que antecediam as leituras. Gostava de imaginar o significado das imagens a leitura do texto.
Enfim passei para a segunda série. Bem como sabia da boca do povo que Elenita Dias Lemos era um general que expulsava os alunos ruins, ah, essa não, nunca fui burro, ficava quieto. Minha orelha parou de crescer. Essa foi maravilhosa, passei dois anos com ela, mas porque ela dava aula pra segunda e terceira série.
Mamãe avisava que se fizesse danação na escola, apanhava, então me pelava de medo dos bilhetes dos professores. Dava prazer, dizer que estava de férias que tinha passado de ano.

Então a coisa mudou, deixei a minha escola, sim a Escola Isolada Serrinha do Canto e fui estudar na Estadual. Minha escola, limpa por Zinar de Antônio de Docinha, que ganhava uma merreca pra fazer a merenda e deixar limpa a sala, pela manhã, a tarde era dona Dudé. Para ir para uma escola que mais parecia um presídio, até muro com caco de vidro tinha. É a vida mudou, tinha vergonha de ir na minha monareta pra escola, o infeliz do Fabim de Dodora que é ainda meu primo pegava ela pra fica empinando. Ficava muito irado, mas tinha medo de apanhar, então deixei a guardar na casa de Seu Leopoldo. Bem minha nova professora era Dona Conceicão e nós éramos sua primeira turma. Era magra, morena clara, e tinha o cabelo curto, muito sérias. Todos os dias fazia todos nós rezar um pai nosso. Gostava, naquele tempo, não conhecia ninguém, mas não demorou muito fiz amizade com todos. A memória ainda está fresca. Gostava das aulas de dona Ceição, nesse ano fui bem em todas as provas.
A quinta série foi uma emoção, conhecia o povo da serrinha, mas agora na quinta série era coisa de gente grande. Tinham as turmas A, B e C, era novo ainda fiquei na turma A. Olha nessa turma conheci os meninos e meninas das Lages e Boa Vista. Das Lages tinha Cleilton um menino com o rosto cheio de sardas, muito bom em matemática; Edinéia a linda menina de olhos grandes, Verônica. Da Boa vista, Sileuda e Alessandra. Tinha a menina mais linda da quinta c da Boa Vista Adalziga. A Boa Vista tinha muito boa fama de mulheres bonitas. Ah esse ano foi uma desgraça,
andava com os piores alunos, fazia baderna, cheguei a ser expulso da sala. Ufa, certo dia uns moleques estava fazendo baderna com as cadeiras. Então Chaguinha que era o diretor chegou e enquadrou todo mundo, não sei como escapei daquela. Foi muita adrenalina. Fiquei de recuperação em matemática e português. Pensei dessa não passo. Mas passei. Na sexta série, a mão de deus me ajudou, ou melhor, o professor deu 10 a todo mundo numa prova de matemática então passei. Descobri a beleza da biologia no livro de ciências da sexta série, quantos animais. Esse não devolvi, fiquei pra mim. Aprendi muito com ele. Todos meus colegas perguntavam quando ia ter aula de educação sexual, não perguntava, tinha vergonha, mas vibrava quando alguém falava. Detestava as aulas de Duceu, de história e religião, ela não tinha culpa, mas que aulas chatas, escrevia e lia. Acho que não sabia sequer o que era história, mas ela precisava ganhar o pão de cada dia. Educando?
Ah na sétima foi maravilha, tive aula com Ledimar o melhor professor de matemática que já conheci. Será que ele era carismático não tenho dúvida. Na época era um dos poucos que fazia faculdade em Patu era ele, dona Maura, Eudes e dona Manuela. Conheciamos quando ele vinha desde que o timbre da moto zoava na padaria. Uma honda 88 vermelha linda. Finalmente contei meus dias de Serrinha dos Pintos queria estudar em Martins.
Em Martins tive meus melhores dias de escola. Lia todo dia o que o professor passava a noite, decorava tudo. Tirei muitos 10, vasculhava a biblioteca, que só tinha livros velhos. Vi muitas vezes dona Bebete cochilar, enquanto vasculava aqueles livros. Para gostar de ler... Ela muitas vezes me emprestava sem precisar anotar, sempre devolvia tudo.
Bastava a aula acabar pra correr pra lá.
Pra Martins tinha que ir de ônibus, depois de pau de arara. Foi muito bom esse tempo. Tinha a professora, minha mentora em Biologia. Janildes que amava de paixão, o professor de história Zé Nilson excelente. e outros mais. Eu disputava com Sandrinho as melhores notas.

Tudo era decoração, por isso demorei mais de três anos pra entrar na faculdade. Eita que cabra rude, pensava.
Não conseguia ler, eu interpretava. Por isso me tornei taxonomista de plantas, estou sempre usando a imagem pra interpretar.

Não aprendi a falar, me expressar, mergulhei na filosofia, acho que um dia sei lá.
A vida há de me recompensar.

Mel

O doce

O sabor do mel,
adoça minha alma.

Aquele doce melado,
transparente resinado,

apetece meu desejo.

Mas todo mel,
em excesso,
lambusa, abusa,
passa ter gosto de fel.

mel demais faz mal,
até mesmo as abelhas,
morrem afogadas no mel.

Mas o mel,
afrodisíaco mel,
demais enjôa.

Schubert

Gênios humanos,
Poucos homens construíram obras universais. Será? talvez, apenas esses poucos homens conseguiram cristalizar suas ideias. Quantos gênios não existiram ou existem no mundo, mas que simplesmente sua genialidade ficou adormecida. Nem sempre o mundo foi uma rede, uma nuvem, onde a qualquer momento podes ser contemplado com a sorte de ser uma estrelas. O que percebo é que a trajetória dos grandes homens envolvem muita dor, muito suor e dedicação, homens que viveram simplesmente por suas convicções. Homens que acreditaram e acreditam em si. Que construíram a própria história com punhos de aço, souberam fazer das dificuldades um motivo para seguir em frente. As dificuldades são inerentes a vida. Acredito que todo ser humano tem em si a semente do brilho, mas poucos sabem cultivá-la, às vezes o caminho das pedras não é ensinado e a dor faz recuar. Quem não recua se destaca. O brilho está dentro de cada um. Todos nós somos únicos, com formas peculiares, embora semelhantes, no entanto diferentes. Nós que nos construímos. Nem sempre o sucesso está aos nossos olhos, mas está lá. Latente desperte o melhor de ti. Uma criança nasce pura, cresce, atinge maioridade, por fim se torna um ser. Esse ser depende dela mesmo. Pense nisso!

Lixo

As ruas já não estão nuas,
vestiram-se de lixo.
o luxo é um lixo,
essa teia humana continua,

desejo de querer até bicho,
homens animais,
animais homens,
A fome consome o lixo,
o lixo do luxo,
enche o bucho,
de quem tudo quer.

Quanto vale um homem?
um monte de lixo,
não é porco mas come, do lixo,
salões de beleza,
contra a natureza,
mais vale o cão,
a um mendigo,
um drogado,
lixo humano?
As ruas estão cheias,
dinheiro nas meias,

dos homens de poder,
e os jovens na rua,
consumindo o lixo,
o lixo da droga.

Que nos restará,
além do lixo?
lixo humano,
o cérebro não é descartável,
homens não são lixo,
não se consome e descarta,

um dia iremos pagar,
por usar, da vida,
da natureza,
para o luxo,
e transformar tudo em lixo.


sábado, 13 de novembro de 2010

o melhor

Sempre achei que as melhores coisas vinham no final. Foi assim que organizei meus pensamentos, minhas coisas. Acho que me enganei. Não existem melhores coisas. Cada uma tem a sua vez, seu momento, todas são melhores a seu tempo. Por muito tempo fiz com que as coisas que faço e penso me satisfizessem no final. Deixava a melhor carne pra comer no final, melhores conversas pro final, melhores frases pro final. Achava que o sabor do livro estava em bater a capa final. Estou aprendendo a duras penas que tudo momento é especial. Já sabia disso, havia lido em Santo Agostinho, eu acreditei nos meus sentidos, me enganei. Quantas coisas poderiam ter sentidas com maior intensidade? Tudo bem não me arrependo, afinal viver é um constante aprender. Estou tentando ser diferente, mas é difícil curvar madeira velha. Estou tentando, vou consegui, sempre consigo o que quero, pelo menos nos sonhos tudo posso.
Ninguém nasce feito em nada, senão trabalhar, suar nunca vai deixar de ser um nada.

Tensão.

Quando me sinto sozinho,
e me acho no meio do caminho,
sem saber para onde ir,
penso em deus, sinto um aperto,
forte no peito,
sinto vontade de chorar,
eu sinto o silêncio frio,
da casa vazia.
Fico num descontentamento,
numa ansiedade, um desespero,
tenho vontade de desexistir.
sento e levanto,
entro na net,
não quero nada, ninguém,
sei que a vida pulsa,
em descompasso,
descontração,
nada faço,
ouço o Amadeu,
não dança minha mente,
calor, frio, fome, desejo...
sinto tudo e nada, estou confuso,
queria ouvir soar a campanhia,
o telefone tocar e nada,
fico aqui,
feito doente,
da mente,
passo o dia,
tentando driblar
a solidão,
essa é minha condição,
agora, esse agora que não,
passa, ou passa,
devagar,
como o tempo.

O gozo

Um dia Maria,
sentado no banheiro,
descobri na insistência,
o gozo, ai que gozo!!!
nem precisei pensar,
foi tão intenso,
que intenso, prazer.
Não sabia que seria,
que a partir daquele dia,
a vida deixar de ser poesia,
a partir daquele gozo,
minha vida naufragaria,
em busca do desejo perfeito,
busca de quem o conseguiria,
o primeiro gozo nunca se esquece,
porque se quer esquecer,
por ser feio, obsceno,
foi perdendo a intensidade,
foi vindo a verdade,
precisava daquele gozo,
descobri na mulher o desejo,
descobri no beijo,
uma forma de gozar,
eu queria, novamente,
e novamente, amar.
que ironia
a partir daquele dia,
descobri um novo sentido de viver,
queria mesmo era --der,
fiquei viciado.
Mas fui levado,
a viver aprisionado,
em busca do desejo,
em busca do beijo.
Não sabia a natureza,
preparava, uma maneira de me eternizar,
de jamais acabar,
a vida...
vida por que descobri o gozo,
por que descobri o gozar,
por que me faz largar,
minha infância?

Descobri no gozo a dor,
descobri no gozo a prisão,
de se dar em uma relação,
só me resta a subordinação.

Umburana

Uma semente trazida pelo vento caiu em meu jardim. Encontrou solo fértil, umido e fresco. Germinou bem ali. Não vi quando nasceu, porém aos poucos foi crescendo e aparecendo. Um dia acordei, não fui para o trabalho, não fui para o computador. Sai para contemplar a natureza, ver a natureza viçosa. E percebi que um novo ser viver bem aqui. Contemplei-a bela planta exclamei!
Ela sorriu pra mim. Voltei pra vida, liguei o computador e segui a vida. Nunca mais a vi, mesmo estando ali. Um dia então sonhei que tinha uma nova planta em meu jardim. Foi um sonho lindo, uma umburana em meu jardim! Senti que algo gostoso entrava pelas frestas de minha janela.
Abri a janela era ela desabrochando suas primeiras flores. Acordei do sono.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Taipa

Essa casa de taipa, tão bonita, tão simples.
O telhado desalinhado, velho e preto,
As paredes de barro, barrigudos, estriados,
o chão batido, aguado, varrido.

Forquilhas de madeira,
sustentam a cumieiria,
salas, quartos e cozinha,
tão modestas e pequenininha.

No pé do fogão,
dorme a galinha poedeira,
na combuca dorme o periquito e o sal.

um tripé de maniçoba,
sustenta o alguidar de leite,
na casa de taipa,
as pessoas tem ideias rústicas,
são sabias por natureza,
pois veem a beleza,
em viver, para além das paredes.

Bati-bravo Ouratea

 Aqui na universidade UFPB, campus I, Bem do lado do Departamento de sistemática e ecologia tem uma linda árvore com ca de sete metros. Esta...

Gogh

Gogh