terça-feira, 30 de agosto de 2011

Coilheta

Não sei o que vou encontrar pela frente, nem sei nada sobre o amanhã. Tempo por meu amanhã mesmo sabendo que aves não plantam nem colhem ou que os lírios não fiam nem tecem e são belos e felizes. Mesmo entendendo que não está sobre o nosso controle, mesmo assim eu temo. As vezes busco força e sentido nos jardins, nas paisagens, na música, na literatura, lendo os jornais. Eu tento compreender o mundo, mas não consigo, pois quanto mais desvendo mais descubro que há por descobrir. Agora aprendi a me interessar por poesia ou melhor pelos poetas, complexos poetas. Que sabiam e sabem quão efêmera é a vida e que vivam ou vivem o presente, mas que guardam em se a angústia de não saber o que vem pela frente. As vezes penso que seria mais feliz se fosse um ignorante. As vezes penso que seria mais forte se fosse um trabalhador do campo, se tivesse continuado no lugar onde nasci sei que é uma visão russoniana. Talvez esse meu medo do amanhã advém de ter vivido num regime do pouco. Não sei explicar a gênese do meu medo. Acho que tenho medo de sentir que estou perdendo sempre alguma coisa. É impossível não sentir isso, sinto que perco todos os dias, ou melhor ganho e perco. O que me é dado me é tirado... Acho que sou um louco, na maior parte das vezes que acredita no que faz, mas que não sabe o que está fazendo. Estou descobrindo a vida como quem cultiva a terra na força, na marra, como quem colhe batatas não sabe se terá uma boa raiz na próxima planta... Por isso tenho medo da minha colheita.

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