quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Ir

Agora que é a hora de ir embora,
sinto um friozinho na barriga,
não sei se é ansiedade,
não sei se é saudade.
Mas sentirei falta das rosas,
das tímidas flores,
dos belos jardins,
das sólidas casas,
das escuras janelas.
Das grandes árvores,
das velhas pontes,
do rio...

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Coilheta

Não sei o que vou encontrar pela frente, nem sei nada sobre o amanhã. Tempo por meu amanhã mesmo sabendo que aves não plantam nem colhem ou que os lírios não fiam nem tecem e são belos e felizes. Mesmo entendendo que não está sobre o nosso controle, mesmo assim eu temo. As vezes busco força e sentido nos jardins, nas paisagens, na música, na literatura, lendo os jornais. Eu tento compreender o mundo, mas não consigo, pois quanto mais desvendo mais descubro que há por descobrir. Agora aprendi a me interessar por poesia ou melhor pelos poetas, complexos poetas. Que sabiam e sabem quão efêmera é a vida e que vivam ou vivem o presente, mas que guardam em se a angústia de não saber o que vem pela frente. As vezes penso que seria mais feliz se fosse um ignorante. As vezes penso que seria mais forte se fosse um trabalhador do campo, se tivesse continuado no lugar onde nasci sei que é uma visão russoniana. Talvez esse meu medo do amanhã advém de ter vivido num regime do pouco. Não sei explicar a gênese do meu medo. Acho que tenho medo de sentir que estou perdendo sempre alguma coisa. É impossível não sentir isso, sinto que perco todos os dias, ou melhor ganho e perco. O que me é dado me é tirado... Acho que sou um louco, na maior parte das vezes que acredita no que faz, mas que não sabe o que está fazendo. Estou descobrindo a vida como quem cultiva a terra na força, na marra, como quem colhe batatas não sabe se terá uma boa raiz na próxima planta... Por isso tenho medo da minha colheita.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Som ao vento

As flores murcham e secam ou se tranformam em frutos.
Onde está a beleza da rosa depois de despetalada?
Tudo é efêmero. Logo tudo passa e cai no esquecimento,
nada é eterno, podemos ter obras que se imortalizam,
é o que cremos, mas simplesmente a ideia como uma
semente continua viva a se expressar por se mesmo.
As vezes temos crenças tão maravilhosas e vem
alguém a as poda, não sentimos o chão e como uma
cipsela somos levado para longe, precisamos
nos recompor e nos reconstuir nessa efemeridade
que é a vida.

Às vezes

Às vezes penso que sou imortal, que o tempo não passa e que a vida melhor me espera no futuro. Às vezes penso que a morte me cerca, que o tempo é tão curto e que a vida melhor já tive ficou no passado. Às vezes acordo com um medo da morte, e como uma planta que vai estiolando, assim vai atrofiando minhas ideias,  e apagando minhas glórias mais peculiares como a simples capacidade de ler um texto e compreender. e então me sinto tão depressivo. Às vezes me sinto o melhor do mundo em tudo, outras vezes me sinto o pior do mundo. Não sei, mas a vida parece um jogo em que há horas  que se está ganhando e  me parce que a maior parte das outras horas estamos perdendo, parece que é o pensamento que mais habita nossas mentes. Já me passou pela memória que quando era criança o tempo não passava e agora que sou adulto o tempo some de minhas mãos como grãos de areia. Depois que crescemos e ganhamos entendimento passamos maior parte do tempo no mundo das ideias, dos planos, do futuro e do passado. Acho que meu maior problema é que não sei lidar com o tempo, com as coisas, quero viver tudo ao mesmo tempo, como um guloso que quer se deliciar de todas as mangas de um pomar, mais ai me lembro que só tenho um estômago que não cabe tanta fruta. Não é difícil de me empolgar com as coisas, os fatos, adoro tentar compreender o mundo, mas isso  me faz dispersar fácil, fugir de meus objetivos. Às vezes sou como menino curioso, outras vezes como adulto ranzinza, não é fácil viver. Eu descobri que não somos, mas escolhemos viver o que queremos ser e as vezes usamos a máscara de que nos disseram que caia melhor, as vezes não temos a oportunidade de escolher. As vezes somos apenas coadjuantes e muitas vezes quando podeiriamos ser protagonistas e quando finalmente podemos ser escolhemos ficar no escuro por medo. Sei que muitas vezes somos demagogo,s pois sabemos do que somos capazes, nos convencemos disso, mas as vezes na maior parte do tempo, não  nos ajudara  superar essas faltas, ou na maioria das vezes me apontam os erros e não nos ensinam a superar. Para ser humano não há uma receita, uma regra, temos que aceitar nossas condições e termos bom senso. Porque o que penso muitas vezes é a coisa errada, o outro pode está com a razão ou não. Às vezes.

domingo, 28 de agosto de 2011

Noite

A noite vem como grande companheira, me abraça e me põe para dormir,
a noite não é brincadeira, quantas vezes não me faz refletir.
O silêncio escuro da noite, sinto meu eu mais vivo, mais meu.
Quantas vezes não peço a noite por meio de oração
paz, saúde e prosperidade. A noite acalenta todos os seres,
as vezes é mais generosa do que deve, as vezes gera tantas tramas,
esconde tantos mundos, mas enfim ela pode pois é mística...

sábado, 27 de agosto de 2011

O caracol e a manhã


Acho que o mundo pode ser maior do que parece, como um caracol que o é, sendo um ser spiraçada é maior do que se percebe. Quanto espaço tem nossa mente para apreender tanta informação? Assim como o mundo do caracol não sabemos, desconhecemos. Às vezes, quando tomava café, percebi que havia um caracol vivia num jarro de flores e quando ainda era cedo saia se movia por alguns centímetros e volta va para dentro do jarro. Seria o caracol triste? Não sei seria o mesmo ou seria outro. O fato é que por dias seguidos vi aquele caracol ali se arrastando, se movendo. O que estaria buscando? Sob aquela bela petúnia de flores atropurpúrea que para ele seria uma árvore se comparado o nosso tamanho. Ele como um ioio ia e voltava, acho que temia o mundo, não o gato que aterroriza as aves cuidadosas que apareciam sempre no jardim, as vezes cantando, as vezes silenciosas. Aquele personagem engraçado com aquela concha não tem medo de nada, acorda cedo, se é que dorme, e dorme cedo. Vive sozinho, não senti frio, calor ou medo, não tem amigos. Simplesmente vive. Os caracois são hermafroitas com isso poderia ele ter sua própria família. Então qual seria sua geração? Pelo percebia o jarro não teria muitos anos, mas ele veio de outro lugar ou sempre esteve ali no jardim? Não quis sair para entrevistá-lo,  pois apesar de ser verão, aqui em kew, faz frio pela manhã e chove muito por vezes. O caracol que se arrasta e deixa um gel por onde passa, é uma figura muito interessante, estava sempre ali, me esperando para tomar o café, até tentei um discurso metafísico, mas não tive muito sucesso, acho que não prestei-lhes a atenção devida. Olhei várias vezes para ele, mas na verdade estava afogado em meus pensamentos. Estava embelezado pelo jardim que tem um lindo gramado, flores brancas de asteraceas e de beriberiaceas, tem até uma linda papoula vermelha, maravilhosa, até a fotografei outro dia, tem uma trombeta que floriu por duas vezes e ontem estava divina, linda era uma flor noiva, branca como a neve. Gosto desta paisagem, tem um carro de mão que sempre está cheio de restos mortais de plantas. Agora que o verão está indo o jardim quase não tem flores, tem nada não o caracol ainda está lá. Hoje acordei mais tarde, ou melhor, levantei mais tarde porque acordei no mesmo horário. Fiquei no colchão no chão deitado pensando, o que fazer já que é meu último sábado, só fui para a cozinha depois das oito. Quando cheguei lá a dona Francis estava, preparei meu sereal, sentei no lugar de sempre, mas nem reparei no caracol, conversei com a dona Fran. O sol brilha mais que ouro aquecido. Nem vi o caracol, nem pensei. Acho que não gosto de pensar. Meus pensamentos são tão simplórios. Bem não vi se o caracol estava lá. Preciso organizar minhas ideias, uma por cada vez senão meu mundo não vai ser suficiente, não vou ter tempo e espaço para viver tanta coisa que quero. Vou pedir conselhos para o amigo caracol, acho que ele sabe muito bem o que fazer e como me ajudar.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Cair da tarde

A tarde!
O silêncio...
Após o almoço,
finalmente é tarde.
Toda a natureza cala.
e cheias as barrigas,
nossos corpos relaxam,
silenciosa a tarde calada,
vai passando como a mare do rio,
está frio...
frutos pendurados,
folhas paradas,
é tarde!

Borges

As palavras faladas são substâncias da alma. "Borges"

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Pensamento

O que se esconde atrás de cada pensamento?
O que gera o pensamento e desperta o desejo
de desvendar, descobrir e melhorar?
Um luar, uma noite estrelada,
uma rosa perfumada desabrochada
Um rio a cantar na cachoeira,
o som de um caracol.
As palavras não ouvidas,
mas ecoadas por alguém.
O que desperta em nós essa vontade
de melhorar a cada dia?
Seria uma poesia, um riso ou a busca do paraíso,
seria vaidade?
Seria a vontade de ser diferente, de ser eterno ou imortal,
ou seria a mania de perfeição.
A mim, não sei...
Gosto das flores, das poesias,
gosto de ideias de filosofia,
e todos os dias pego no fio de minhas
ideias e vou seguindo meus pensamentos,
tentando encontrar sabe lá Deus o que,
algo que me faça melhor, perfeito, imortal,
isso sou eu, mas cada um tem um motivo,
uma epifania que oras pode ser despertada por mim,
ou por ti...
Quem sabe o que são os pensamentos,
nenhuma ciência conseguiu explicar nada ainda,
ou a explicação fica no materialismo que
não diz nada ou vai para o misticismo
que também não explica nada.
Cada um pegue e se apegue a sua ideia,
a sua fé e ou crença
em nada pensa,
talvez seja a mais feliz das pessoas,
ou não seja gente seja um Deus...
Porque é pelo pensamento
que damos sentido a vida.

Conhecer a si

A vida  provoca em mim tanta coisa.
Sou uma bomba de sentimento,
oras vivo felicidade, oras sofrimento.
Ao longo do tempo vou dando
sentido a minha vida,
a minha pessoa, a minhas ideias,
não é fácil essa luta,
é uma luta diária
que travamos com a vida,
com as pessoas e conosco.
Nosso pior inimigo
por incrível que pareça
é o nosso ego
que teimamos
em alimentarmos
e alguns dizem isso é bom
e outros dizem isso não é bom,
e ficamos na dúvida,
e passamos a maior parte
do tempo entender a nos mesmos,
o que não é fácil,
pois aprendemos a sermos
sentimentais
e quanto mais  o tempo passa,
mais vamos nos impregnando do que queremos ser,
mas as adversidades da vida
nos faz sofrer,
porque nunca sabemos
o que vai ser bom hoje ou amanhã,
o mesmo riso que aprova, desaprova.
E passo tanto tempo pensando,
tanto tempo imaginando
que muitas vezes esqueço de viver.
É difícil viver só,
é difícil viver com o outro,
viver é uma prova,
que desconhecemos
onde vai parar,
certamente nunca descobriremos,
pois será nosso fim quando
pudermos nos definir.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Tarde silenciosa

Hoje a tarde não está fácil. 
O sol não apareceu, 
não parou de chover, 
toda a natureza está recolhida.
 O rio está calmo, um espelho. 
O vento não soprou 
fazendo as árvores dançar,
acho que não vou poder
cheirar as rosas.
Essa tarde triste e vazia,
é uma tarde fria,
logo vai se doar
para a noite, logo
passará.


segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Escolha

Há muitos caminhos no mundo,
caminhos que devemos escolher,
sabemos que uma escolha não tem volta,
então quando fizermos nossa escolha,
sigamos em frente, pois o tempo
não vai esperar que concerte o erro,
nunca tenhamos dúvidas de nossas escolhas,
uma vez feita, não podes escolher novamente,
não podes voltar no tempo,
se tenter resolver o erro,
esta fazendo uma nova escolha.
E suas escolhas espelharão em seus
atos no amanhã, serão essêncial para
o seu crescimento como humano
e como pessoa.

Mundo

Como me sinto pequeno diante da grandeza do mundo, da beleza da vida.
O céu tão azul, o rio tão sereno e as flores tão singelas. As vezes me sinto
leve como um papus ao vento, sinto o som da eternidade da alma,
mas sobretudo, muitas vezes me perco pelos caminhos da vida,
me perco, sinto medo, me sinto fraco, outras vezes sinto totalmente
o contrário.
Porque sou um humano cheio de sentimentos,
tenho meu mundo subjetivo e desconheço os demais,
respeito, mas cada um com o seu mundo...

domingo, 21 de agosto de 2011

Onde algo começa e onde termina?


Não se sabe, pois a vida é incerta e curta. O que me espanta e o que me desperta, certamente não desperta em outrem. Porque somos muito peculiares. Temos nossos mundos subjetivos que queremos enche-lo de tudo que há de melhor, mas nem sempre fazemos o devido esforço para atingirmos os objetivos, por semos insolentes ou preguiços. Dispendiamos nosso tempo tentando satisfazer nossos desejos sensuais. Adoramos colher os frutos, mas odiamos preparar a terra, gostamos do resultado pronto, achamos muitas vezes que o tempo dispendiado não vale a pena. De fato não sei o que despertou em mim uma louca vontade de saber tudo, não sei. Agora confesso que sou cabeça dura como meus parentes e como meu sobrinho mais novo e por ser cabeça dura, sempre que ponho uma ideia na cachola, quero provar que estou certo e essa persistência me levou a descobrir muitas coisas interessantes e a me despertar para o mundo abstrato. Sempre quis ser mistérioso o que não conseguir por não saber guardar segredos. Tenho que nem eu mesmo consegui arranhar, onde tudo começou, sei como tudo pode terminar. Na verdade tenho medo do incerto. Amanhã quem sabe.

sábado, 20 de agosto de 2011

Mistério



Sei que o que sou é o que desejo ser,
que o meu mundo subjetivo é profundo,
sei também que no meu mundo,
posso combinar com outros mundos,
Sei que o meu mundo encontrou o seu mundo,
e foi uma troca muito rica, 
voce me ensinou e eu aprendi,
voce me viciou a gostar de falar,
mas principalmente a gostar de pensar.
Sinta-se, pois és a estrela que me deu um norte,
ensinou-me a ser mais eu e a ser forte,
e que independente de onde venhamos,
não há um limite, não há limite para a mente,
é preciso ter fome de cultura, de aprender,
é preciso mesmo compreender,
que quando tudo parece bom ou bem,
logo virá uma mudança,
Aprendi com você que saber
não ocupa espaço,
é preciso ter nervos de aço,
para suportar e esperar,
o que não foi prometido,
é preciso ter convicção no que se pensa,
é preciso ter imaginação
e dar sentido a vida,
tirando-o da natureza, do humano, ou do divino,
pois nos vários mundos há muito mistérios
que povoam na mentes vivas,
e por isso que mergulhei no seu mistério,
para tentar construir o meu mistério
e dar sentido ao meu mundo.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

O beijos das rosas

Enquanto cai a noite,
suave a brisa sopra,
nos ricos jardins,
flores coloridas se apagam,
enquanto as rosas se perfumam.
E a cada jardim beijo uma rosa,
vermelhas, roxas, amarelas,
todas as rosas são tão belas,
sei onde posso encontrar muitas delas,
algumas roseiras estão vermelhas de frutos,
e outras como vigens desabrocham em botões e flores,
as rosas perfumadas, são tão belas,
e o sol que se esconde apaga a beleza delas,
se não fosse seu perfume que seria delas,
e finda o verão, acaba mais uma estação,
nas calçadas folas secas se espalham,
frutos e sementes pelo chão.
E namoro, e cheiro e beijo as rosas
as rosas alheias, belas rosas perfumadas,
tão efêmeras rosas,
e quando o sol se apaga e a noite chega,
sinto uma forte solidão,
sinto como quem sabe que a morte se aproxima,
que a noite e como o tempo apaga
qualquer rastro.
Aprendi com as rosas que sua efêmera
beleza, vale a pena,
pois é melhor existir,
que nunca existir,
por isso beijo as rosas,
e fecho meus olhos para sentir
minha alma, sentir a calma que pode existir na vida...

Noite

Quando a noite caiu, fez-se o escuro e o silêncio.
O feito breu não mostrou as estrelas.
Dentro da casa escura e fria,
meus olhos embutidos em saudades
e silêncio calaram a qualquer movimento,
Senti o peito bater, o braço pulsar,
senti a noite fria me abraçar,
a noite como estava vazia,
tão vazia de tudo
que apagou qualquer coisa visível,
apagou minhas ideias,
me senti feito pintura
imóvel eterno.
Toda a natureza recatada...
toda a noite calada.

Busca

Não adianta buscar a paz no deserto,
no mosteiro, nos jardins, no alto de uma
montanha. A paz está dentro de ti.

Marcas

Sei que o tempo passa,
sei também que não é de graça,
o tempo nos leva as forças,
o vigor, a beleza,
mas sei também que o tempo
ensina, aperfeiçoa.
Carrego na minha mente,
os vários lugares e pessoas
que o tempo me permitiu carregar,
carrego no peito muita saudade.
O tempo me ensinou que a vaidade
é um sentimento idiota,
ele me ensinou tirando tudo
que achava que tinha,
o tempo voa,
podemos ver isso nas
faces alheias,
porque muitas vezes
não nos vemos no espelho,
o tempo e o espaço,
o céu, o mar
minha vida como as ondas
se acabam na praia,
e descubro quem sou,
descubro que poderia ser,
mas a areia é o meu limite,
no relógio e na praia,
o tempo não existe
o que existem são
as marcas da vida,
feliz quem não tem cicatriz.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

A carne

Saliva minha boca,
minha alma perde a calma,
sinto um intenso desejo,
do sabor salgado da carne,
arde em minha alma
o desejo do sabor da carne,
feito animal,
salivo quando sinto
o cheiro da carne
quente na chapa,
ardendo, salgada...
Como um animal,
desejo provar
da salgada carne,
macia, salgada,
sangrando, queimando.
Adoro o sabor da carne.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Brasil

Eu sou Brasil,
não sou vil,
sou lá do Brasil,
de bem longe,
entre Paraiba e Ceará,
sou potiguar,
terra de Cascudo,
de gente pobre, humilde
mas forte,
gente que sobrevive no sertão.

Sim sou Brasil,
não sou vil,
quando nasci,
a lamparina alumiava minha casa,
não sabia ler, na tinha livro,
mas não perdi o pavio,

descobri na palavra
a escada e a força
para sempre andar para frente,

sou Brasil,
não sou vil,
onde quer que eu vá sou BRASILEIRO,
seja do norte ou sul,
de tudo o Brasil me ensinou
um pouco, as vezes fico louco,
mas no Brasil,
aprendi a não ser vil.

Última luz

No fim da tarde,
quando tudo parecia
perdido o um fio de luz vermelha do sol
apareceu na lareira da casa,
mas foi tão breve,
tão raro que me pareceu
o mais belo de todos,
as vezes as coisas raras
são as mais belas,
as vezes inperceptíveis,
e eis que a luz se foi,
o dia se foi,
e a noite chegou.

Verão

O verão aos poucos parte,
árvores secam e perdem a folhas,
os dias longos começam a encurtar,
e as flores que floriam agora são frutos
que amadurecem, cheios de cores e apodrecem
nas calçadas, nas ruas.
O sol já não está tão intenso
e o vento sopra com maior frequência,
os dias já não são mais tão azuis,
logo o verão partirá,
e deixar para o outono
o trabalho de remover as folhas
secas e alcamar o rio,
o vento vai soprar mais frio,
as flores já não mais abrirão na manhã,
e as árvores nuas, já não mais dançarão
com o zefiro.
Logo o verão irá passar,
logo o outono vai chegar,
e depois o inverno
e novamente a primavera e o verão,
sempre virão,
todas as estações, mas
as casas e os jardins serão renovadas,
ficarão mais belas,
e a ponte que liga os lados do rio
já não mais poderemos cruzar com
as próprias pernas,
as estações passarão,
quantos verões ainda virão?
Sabe lá, hoje, tenho certeza
de minha existência, de que não estamos
juntos, mas logo estaremos nos encontraremos,
mesmo que neste verão não estejamos juntos
e as vezes me sinto feliz,
e as vezes me sinto triste,
faz parte da vida,
a passagem das estações.

A chuva

No fim da tarde,
em que o sol não apareceu,
no fim da tarde
quando a noite
começara a chegar,
a chuva começou
a suar no telhado,
e então sai a caminhar,
sentindo os pingos
da chuva levar minhas
boas e más ideias,
a chuva veio e me livrou
de um dia de cansaço.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

A morte

A noite enquanto todos dormiam,
era uma noite muito escura,
as estrelas piscavam no céu negro,
os animais quietos nos seus lugares,
e vênus subia ao céu,
saudoso como olhos
a lacrimejar,
o galo cantou,
e o ressono calou,
ela veio como o vento
do norte, que chega sem avisar,
veio, foi breve,
ninguém percebeu,
veio e se foi levando
consigo uma alma,
o dia nasceu,
o leite foi desmamado,
mas ela não acordou,
desesperado as pessoas
começaram a chorar,
a pensar no que ia ser
e não ia ser.
Aquele corpo esfriava à eternidade,
não mais ressonará,
nem verá uma nova noite,
ou um novo dia,
a mãe mandou
avisar a vizinhança,
na igreja o sino soou seu som fúnebre.
Os vizinhos vieram,
os parentes mais distantes,
enquanto isso a alma sorria
sua desencarnação,
quando o corpo partiu
para o cemitério,
a alma sumiu como
o vento do norte...

Descoberta

Descubro todos os dias a beleza de viver no perfume de uma flor, nas diversas cores do céu, na generosidade das chuvas para com os jardins, no gesto do simples bom dia, boa tarde ou boa noite, na timidez da luz da lua.
E quando caminho e exploro o mundo ao meu redor com minha visão, minha audição, meu olfato descubro
quão grande pode ser o meu mundo quando estou atento as simples coisas. Há dias em que me sinto mais sensível a essas descobertas e outros dias menos sensível a generosidade da natureza. São nos dias que sou mais egoísta que me afasto do que pode me oferecer as pequenas coisas. Estou aprendendo a viver, sei quanto não é fácil, pois são tantas sensações, mesmo assim vou caminhando com o tempo, vou descobrindo que o tempo e o mundo deixam marcas em minha mente e em meu corpo e vai domando meus sonhos, e muitas vezes afiando meus desejos, preciso ser mais forte e rejeitar a tanta coisa ruim que me persegue, como sentimento de fraqueza e de medo. Quem sabe assim não me sinta mais feliz todos os dias.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Sangue e alma

Não podes encontrar minha alma,
não podes me encontrar com calma,
pois em meu peito bate o coração,
em meu peito infla cada pulmão.

Circula em meu corpo
o quente sangue,
sangue cheio de ar,
sangue líquido,
sangue sólido,
circula sem parar,
em minhas vias quentes,
em minha mente quase sempre ausente,
há de está minha alma,
há de está minha calma.

Minha alma certamente está lá,
porque estou cada dia
no passado, no futuro
e no presente,
sou mais nunca estou,
quando arde em meu peito,
quando uma lágrima desfia
de meus olhos,
quando explode o meu peito
tanto ar,
quando como uma caldeira
meu sangue pulsa,
sou mais humano... sou mais animal,
porque sei que corpo e alma
neste instante são um só.

Alma

Assim como um rio turvo
é o nosso pensamento
desconhecido.
Desconhecida a profundidade,
a força de sua correnteza,
assim é a nossa alma,
desconhecida.
Sem sede ou lugar,
sabemos que existe,
mas onde está?
isso é um mistério
que nos espanta.

Segredos do rio

Silencioso, misterioso é o rio,
em suas águas turvas sabe-se
o que o habita e o que conduz,
no movimento de vai e vem
de suas mares, nas ondas
ganhas pelo sopro do vento,
o rio cria e recria formas,
movimentos, sutis.
O rio silencioso e misterioso,
nunca se revela,
embora reflita o que está
em suas margens.
O rio não cessa
seu movimento,
nem na noite ou no dia,
nem sob lua ou sob o sol,
nem no calor e nem no frio,
pois para ser rio,
necessita de movimento,
de água, caso contrário,
não o seria,
O rio por mais transparente que seja,
carrega seus mistérios,
por que não se conhece,
as vezes é o vento que o doma,
as vezes é a chuva,
a natureza é que muitas vezes
o decifra, porque é sua mãe,
e as mães conhecem
profundamente suas crias,
embora algumas vezes
desconheça, mas sempre
sabe qual o curso que o rio
vai tomar.
O rio é silencioso, quando não
tem cachoeira,
mas em si é misterioso.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Outono

As rosas e as árvores
com seus frutos maduros,
começam a amadurecer
as folhas que aos poucos
perdem o verde e o viço,
e começam a se espalhar
pelas ruas e jardins.
O sol brilha intenso e
o vento que não para de
soprar oras esfria,
oras esquenta,
e os dias que eram
longos encurtam,
as bétulas espalham
suas sementes
a fora,
logo será outono...

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Noite

Quando a noite cai silenciosa e fria,
sinto uma saudade, de tudo que vivi.
Quando a noite cai eu lembro
de tanta coisa, nao sao todas
as noites, mas a noite cai,
cai e passa.

Pensar

Cada dia que passa e cada momento é algo a menos em minha vida.
Tenho esse carma de ficar pensando nas coisas, quando poderia
está fazendo e pensando algo mais proveitoso.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Momentos

Sei que é impossível viver todos sonhos que tenho,
mas viver sem sonhar é impossível, é doloroso,
é seria triste como o trabalho de sisifu.
No entanto são tantos sonhos e tantas coisas
pequenas que me satisfazem.
Por momentos sinto-me feliz.
Os pequenos momentos de felicidade
que tenho se somados são superiores
aos momentos de dores.
São os momentos alegres
que me fazem esquecer dos
problemas, da dor e da morte.

Morte

Eis que da vida
se passa à morte,
no último suspiro,
os músculos
se contraem e distendem,
a carne ainda viva
recebe as últimas descargas
enviadas pelo cérebro,
agoniza o corpo,
e então tudo para,
o calor esfria,
e o que era vivo
já não o é,
o que tinha entendimento,
nada mais entende
a matéria inteligente,
se desfaz em
matéria morta,
só restam
feitos e fatos
nada mais.

Indisposição

Hoje, segunda-feira, quando acordei, não queria sair da cama. Queria ficar ali sob os cobertores, dormindo e sonhando, queria ficar imóvel, mas a realidade bate na mente e tive que levantar, tomar café e tomar um banho e seguir minha vida normal. Senti uma moleza no corpo e na mente, minha vontade era de não fazer nada. Olhei para o jardim e as cores não me animaram, abri a geladeira e a comida não me animou. Liguei a tv e não vi nada de interessante. Tomei um banho quente, escovei os dentes e nada. Hoje meu corpo está duro na queda, se me conheço isso pode durar dias. Estou indisposto e nada parece que vai me animar. Nem um chá quente vamos tentar.

domingo, 7 de agosto de 2011

Histórias

Na minha infância não tinha livros de histórias, poesias contos, nem uma bíblia em minha casa havia, sequer jornal. A unica forma de comunicação era oral. Não falo de muito tempo atrás falo dos anos 80. Então ou ouvíamos rádio ou conversas de adulto, ou conversávamos sobre nosso quotidiano. As pessoas conversavam bem mais, se reuniam mais. Era de constume ir casas dos outros, além de casa de parentes, ou iam para passear, passar o tempo, tomar um café, pegar uma janta ou um almoço,  para tomar emprestado alguma coisa café, açúcar, sal ou o que faltasse em casa, fazer ou pedir que alguém fizesse um serviço simples como concerto de roupas. A noite sempre meus pais iam para a casa dos vizinhos onde ouviamos muitas conversas, muitas histórias, as quais não me lembro mais de nenhuma, talvez por não ter a mínima graça. Então fui para a escola e lá pela primeira vez ouvi uma história sobre um rei muito arrogante. Foi uma das melhores coisas que ouvi até aquele momento. Demorei a aprender a ler, sim, muito tempo mesmo. Nunca vi em minha infância ninguém lendo, pois as letras para as pessoas de minha cidade era um peso, um fardo e ler um grande texto era muito enfadonho. Agora sei que as pessoas eram analfabetas funcionais, que são pessoas que sabem ler, mas não sabem interpretar. É muito triste porque perdemos muito com a falta de hábito de leitura. Enfim quando entrei na escola, aprendi a ler só no terceiro ano, e fui ler meu primeiro livro no décimo ano. A muito custo li o Cortiço, para um trabalho da escola, depois deserolei a ler a gostar de histórias. Hoje mais de uma década quero contar as histórias. Sei que minha infância não foi tão rica de letras, mas foi de vivência, nada que não possa ser superado.

sábado, 6 de agosto de 2011

Horizonte

Meu amor minha flor,
quando veres o mar,
e olhar para a linha
do horizonte e ve-la
distante, ah!  meu amor,
minha linda flor,
lembre-se que estou
la no horizonte,
estou esperando
por ti mesmo distante,

Estarei la
no azul do mar...

Londres

    Caminhar, calmamente, pelas ruas de Londres e muito muito interessante. Sentimos algo extremamente intenso, nao sei se sao as pessoas ou as construcoes. O fato e que por aquelas ruas antigas onde muitos fatos aconteceram e entraram para a historia, alimetam a imaginacao de quem por elas transita. Podemos perceber ou ver diversos detalhes nas fachas, nas janelas, nas portas, nas calcadas, nos muros, nos telhados. Percebomos ainda que as pessoas sao muito reservadas, alem do mais, acho que e mais facil encontrar  um indiano ou um japones por estas ruas que um ingles propriamente dito. Talvez seja porque eles ficam enclausurados em seus quartos escuros ou entre seus jardins observando o que acontece na rua. Nao sei por que, mas sensacao que temos e que estamos sendo espionado a todo instante.
    O tempo que na maioria das vezes esta nubaldo nao contribui com para torna-los expressivos. Acho que  talvez seja o habito de gostarem tanto de jardins que acabaram se assemelhando muito com as plantas em seu silencio.  No entanto as pessoas daqui sao muito bem humoradas, parecem rir de tudo e quando conversam usam muito os gestos que tornam muito mais engracado. No comeco acho que ria deles, mas agora estou aprendendo a rir com eles, nao sei se chegarei a tanto. O fato e que andar pelas ruas desta cidade e algo muito agradavel, sinto, realmente, que sao pessoas acolhedoras e generosas. Acho que sao muito timidos e muito  contidos em suas expressoes. Bem acho que o tempo e a sombra e o escuro das grandes construcoes silenciaram as geracoes que se sucederam. Talvez nao tenha entendido nada do que percebi. Quem sabe. 

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Silêncio


Às vezes nosso corpo faz silêncio
E nossa alma fica calma.
Às vezes o mundo faz silêncio
E nós nos apavoramos com o silêncio,
Pois cremos na força do movimento
Que a vida é movimento contínuo.
Então o tempo passa,
Com seu movimento contínuo e
Desapercebido e no silêncio
Do tempo as coisas
Se constroem e se destroem,
Isso é parte do mundo
E parte nossa.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Age

Meu irmão hoje completou quarenta,
daqui a nove anos serei eu,
pensa que estou feliz?
Não sei.

Verão

Flores nos jardins,
flores perfumadas
flores enfeitadas,
flores nos jardins,

o sol brilha no céu,
o céu todo azul,
nuvens feito véu,
o céu todo azul,

quente o tempo,
quente o tempo,

sob a sombra
das árvores
sopra o vento,

e pessoas fatigadas
cochilam após comer,

assim é o verão,
com flores,
jardins
e chás...

As rosas nunca
tiverão tão belas,

nunca estive aqui 
no verão
e a primeira vez,
é emocionante
...

Resfriado

A tanto que me conheço,
e desconheço meu corpo,
que as vezes fraco adoece,
sinto minha garganta colar,
sinto calor, sinto frio,
isso me dar um vazio
algo anormal,
mexe com meu existencial,
e se muda o tempo,
se faz calor,
ah o cansaço,
toma espaço em minha mente,
acho que estou doente,
sei que é só um
bendito resfriado,
mas que essa praga
não mata, mas incomoda paca.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Tudo que vejo

Tudo que vejo,
nem sempre vejo,
às vezes vejo as cores,
às vezes vejo as formas,
e às vezes, olho e nada vejo.
Vejo o que conheço,
porque conheço,
porque gosto do que conheço,
o que desconheço,
muitas vezes muitas vezes
não estou aberto a conhecer,
simplesmente não quero ver,
mas o tempo me ensina a ver
as coisas e também me
ensina a não ver as coisas.
Percebo o que quero,
percebo o que quer ser
percebido...
As flores querem ser percebidas,
pois exalam cheiro,
e chamam atenção
com suas cores
e sua delicadeza,
vejo o que quero,
pois sou o que
entendo ser
um ser vivo
efêmero.

Meu lugar onde buscar

Caminhando pelo mundo e pensando na vida, encontrei o meu lugar. Sim o meu lugar está aqui, bem dentro de mim. Está comigo a todo momento, o meu lugar é o meu corpo, minha mente, minha alma. Por mais louco que pareça. O meu universo carrego nos giros de minha mente. É lá que encontro tudo que quero que preciso, onde posso viajar a velocidade da luz. Posso ir além da física é lá que busco tudo que preciso para me manter vivo. É onde guardo tudo que necessito. Descobri ainda que o mais difícil é organizar, ou domar esse universo, talvez seja impossível, mas ao menos podemos tentar. Eu descobri um monte de coisas interessantes, mas muitas vezes só depois que havia passado, muitas vezes mesmo sabendo eu me perdia no meu universo. Continuo tentando como antes, só que cada vez mais cauteloso.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

A tarde

O vento sopra na tarde de sol,
uma tarde tão clara, tão limpa,
tão suave tarde de verão,
no começo da tarde cheguei
a cochilar, mas depois despertei
da sesta. E o sol foi cruzando
o céu limpo, só umas frouxas
nuvens e alguns aviões
maculam o azul do sol.
E o vento que sopra
torna este lugar uma delícia.
O rio está cheio agora,
cheio de suas águas turvas.
Fui tomar o chá,
e que delícia de costume
chá com leite...
Encontrei até umas pessoas,
mas não prestei muito atenção
no que eles falavam,
não preferia ver a luz do sol,
ouvir o som do vento,
acho que é mais interessante
que ouvir ingleses
falando de seu quotidiano
ou aprender meia dúzia de palavras.
Fiquei mesmo sentindo
o sabor do chá com leite quente,
e vendo a paisagem
que do refeitório é linda,
olhando o rio, as bétulas,
e tantas outras plantas belas
europeias, e viajando em
minha mente,
terminei o chá,
desse chau e sai sem
uma palavra ou algo
que me interessasse
em inglês.
A tarde está muito bonita
como nunca esteve.
Acho que é porque faz sol,
porque o céu brilha, ou
simplesmente por minha existência.

O sol e a alma

Adoro os dias ensolarados
em que o vento sopra solto.
Adoro ver o verde intenso
das folhas refletindo a luz
do sol. Adoro ficar com
a cabeça no vazio,
me sinto mais vivo,
sim mas tudo passa na vida,
é preciso muita força
para viver, para amar,
para ser.

Humanos

As vezes a vida parece tão longa,
as vezes somos tão impacientes
que a vida é uma eternidade,
não somos como o rio
que espera pela chuva
pela água para transbordar seu
leito ou como as plantas
que esperam pacientemente
por melhor tempo
para florir,
somos humanos,
animais e o fluxo que
corre por nosso corpo
certas vezes queima.
Somos cheios de loucuras, de belezas,
porque somos humanos.

Bati-bravo Ouratea

 Aqui na universidade UFPB, campus I, Bem do lado do Departamento de sistemática e ecologia tem uma linda árvore com ca de sete metros. Esta...

Gogh

Gogh