sábado, 14 de maio de 2011

São Paulo

Há algo na cidade de São Paulo que me encanta. Não sei bem o que é, mas sei que me sinto muito bem quando estou aqui, ainda mais se está nos meses frios entre maio e agosto. Pode ser a rádio fm cultura que toca música clássica no rádio de meu celular, ou as ruas curtas, ou ainda o caos. Realmente não sei. Mais sabe quando voce se sente feliz por esta ali naquele lugar, mesmo que o céu seja poluido ou que as fachadas dos prédios estejam pichados, mesmo assim me sinto muito bem. Eu aprendi a gostar daqui, de fato quando aqui cheguei pouco gostei, mas depois fui aprendendo os modos, os costumes, fui pegando o traquejo e fui ficando e acabei seduzido. Talvez porque tenha muita gente, gosto de massa de povo. Só sei que me sinto feliz quando tudo vai bem e quando venho aqui a São Paulo.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Noite

Quando o sol se põe no horizonte
e a noite cai devagar, As luzes
frias das ruas tentam imitar o sol,
mas ai, a noite é bem maior,
A noite sabe como ocupar
todo o mundo com o escuro.
Então, sinto o frio
cair junto e percebo
a natureza mestra
tudo calar.
Cala as aves e os animais.
Toda a natureza
se recolhe. Sinto o meu corpo
se recolher também escurece
e como a noite vazia
preenche todo espaço
vaio com o escuro e o silêncio,
silencio e calo em mim,
como a noite,
calada.

Meu mundo

Meu mundo.

Quantas vezes não me perco no mundo.
Fico observando as coisas, os seres, os movimentos tudo que me espanta.
Acabo me perdendo no universo que me rodeia,
perdido como formiga do cordão,
como ave do bando.
Eu me perco tentando encontrar um mundo só meu
onde possa me comunicar com qualquer coisa.
Acredita que estou ficando esperto ou leso.
Sei lá, mas de uns tempos para cá,
dei para me perder no mundo
a ver tudo tão grande.
Será?

Universo

Quando sinto a brisa na minha pele,

Sopra suave pela janela,

Eu lembro da brisa do poente.

Lá onde eu morava, sempre que a brisa

Soprava do poente era certeza

Que a tarde choveria.

E as vezes quando estava sentado

Passando o tempo no terreiro

Da cozinha e sentia a brisa,

Já sabia que a tarde, podia tardar,

Mas sempre chovia.

Percebia sempre que era de manhã,

Sempre que era inverno,

Então quando sinto

A brisa soprar através da janela

Minha memória

Como uma flor desabrocha

E revive o momento,

Neste instante sou pleno

E feliz.

Céu

O céu da manhã está tão azul.

Cirros brancos tornam o azul mais claro.

Suave e leve uma borboleta passou voando,

Vinha de algum lugar,

Nem posso imaginar de onde,

Sei que passou leve voando e planando,

Como golfinho nadando saltando e mergulhando

No fundo do oceano, a bela borboleta,

Mergulhava e saltava pra fora da terra,

Mergulhava no céu pleno azul,

Um voo horas errante,

Não sei que sentido seguia,

Talvez nada seguisse,

Voava sem compromisso,

Voava por voar, talvez para

Exercitar suas asas,

Ou estava a espreitar alguma flor.

Aproveitava o céu azul

E cheio de cirros.

Aproveitava sua breve jornada,

A linda borboleta.

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Doçura

Nem todas as pessoas tiveram a oportunidade de colher uma fruta do pé e degustá-la ali mesmo. Há pessoas que não conhecem o doce das frutas, tão pouco desfrutaram de um pomar. Quando amanhecia o dia, cedinho, acordava e corria para a goiabeira e alí mesmo comia várias goiabas. Comia primeiro as cascas e deixava para comer as sementes depois por serem mais doce. E assim era com os cajús, com as seriguelas, cajaranas, pinhas. Gostava de sentir o doce da fruta fria pela noite, se desmanchar em minha boca e agradar meu paladar. Era muito gostoso sentir o cheiro das goiabas maduras, esmagar as goiabas do chão e ver as larvas nadarem sobre o mel. Era gostoso sentir o mel do caju escorrer braço e abaixo e logo se transformar em nódoa. Era gostoso, os banhos que mamãe me dava antes de almoçar, esfregava com força pra tirar a nódoa dos braços e da barriga.
Como gostava de está no sítio, em casa, correr pra lá e pra cá com os cachorros; por milho para as galinhas esganiçadas; correr montado no lombo do jegue, ou nos cavalos feito de folhas de coqueiro, com cabrestos de cordão.
Era muito bom poder imaginar poder tudo, e ali eu podia, meu pai não era de brigar.
Mexia na sua caixa de ferramenta, andava de bicicleta.
Derrubava cocos, tomava água e depois mascava o miolo, chupava o sumo e cuspia o bagaço pras galinhas, pro cachorro.
Tudo ali era possível, correr de lá pra cá, cheirar as flores, tocar nas malicas e ver elas se fecharem.
Ver cobras e aranhas. Caçar prear com dogue, ou por acaso ao ir buscar o gado matar um teiu, ou ainda ver o nosso dogue acuá, timbu, ou raposa.
E depois de tudo isso, de tantos sabores, tantas coisas ricas e dormir com a certeza de acordar e fazer tudo de novo e novamente, sem tempo ou porteira pra nada.
Como era bom poder acordar e ir correndo a goiabeira, ou aos cajueiros,
ou melancieiras ou mamoeiros...
Que infância mais rica, não sei se poderei ao meu filho dar.
Se poderia dar a ele o prazer de tirar da planta e comer o doce fruto,
direto da terra, Deus é que sabe onde vamos parar.
Gosto do canto do sabiar, do fruto doce no pé.


Coçadinha

Um casal de rolinhas pousou num galho da malva do campo. Ambas muito contente e ágeis a limpar suas penas. Nunca vi um casal tão contente, por isso me pareceu tão belo. Sem cerimônia, sem pudor de quem por ali passava, a elas não interessava. Se coçavam sem parar, com seus bicos tão agis quanto agulha na mão da alfaiate. Sacudiam suas assas, todas as penas do corpo numa pomponice maluca. Numa habilidade e numa agilidade incrível tão logo se acharam saciadas das coçadas, abriram asas e voara, sei lá pra onde.

Bob Marley

Mais que nunca me sinto vivo. As músicas são verdadeiras chaves que conseguem abrir as nossas memórias. Hoje faz 30 anos que morreu o rei do reggue Bob Marley. Ao ouvir a primeira música que tocou no documentário, meu corpo arrepiou todo. Doces memórias vieram a minha mente. Memórias da época de graduação, das praias de Natal, dos meus amigos. Então respirei fundo. Lembrei do meu grande amigo Robério e Edilson, companheiros de festas e conversas. Então senti o cheiro das praias, o ritmo das músicas de Bob estão incrustadas nos giros de meu cérebro, em minha tempo. E ao ouvir uma música, pude ver a minha trajetória de vida que anda oculta. Quem sou em senão esse humilde potiguar que respira e vive a vida, mas sente saudades das pessoas de seu estado, de seu sotaques, de suas expressões e de seus amigos. Amém, Bob, amigos, minha terra natal.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Silêncio da seca

Quando o riacho do sertão míngua suas águas, as plantas ou morrem de sede ou adormecem e as aves migram dando adeus a mais uma estação de chuva. Eis o que sobra nos campos, nas serras, nos baíxios é o silêncio.
As paisagens ganham a um tom de cinza e se encantam. Toda a natureza repousa. Tudo ali cala.
Resta apenas o silêncio.

Para suportar algo é necessário o silêncio. Tem que fazer silêncio para suportar a falta de água, a excessiva luminosidade e o intenso calor.

Nada ali tem vigor, nada trabalha tudo está encantado no silêncio.

Vez por outra sopra o vento um ar quente feito boca de fornalha, mas logo a natureza o cala.

Os animais também silenciam e se encantam.

Nos campos vazios pedras soltas pelo chão e garranchos enfeitam os ambientes.

Os grandes serrotes de granitos ficam nus, muitas vezes ecoam o som do vento nos garranhos das árvores. muitas vezes nestes serrotes pode-se ver cardeiros candelabriformes e macambira são o que resta de tom verde, ambos armados da base ao ápice com afiados espinhos.

Pode-se ver ali ainda cipós de mucunã e pinhãos e umburanas perdendo suas finas cascas.

Tudo ali é silêncio nada fala, nada ecoa até que caia a chuva e a molesta da seca parta.

Pegadas na areia

Na areia da praia depositei meus passos,
do cumprimento de cada passo,
nem longo, nem curto.
Não tinha pressa, não tinha
nenhuma intenção de eternizar
minhas pegadas,
simplesmente depositei
na areia fria, doei um pouco
de calor, mas logo a
água levou meus passos
para o fundo do mar,
não liguei, nem cuidei,
pois quando depositava
meus passos olhava
para o espaço,
para o horizonte,
para o vago mundo,
para a linha tão reta,
mas que se quebrava
na praia.
Enquanto depositava
meus passos ouvia
as ondas cantar
e sentia a textura da areia
a marcar as marcas do meus
pés.
Depositei tantas pegadas,
mas todas foram apagadas,
pelas ondas, pelo mar,
senti minha mente leve,
além do horizonte,
senti minha alma tão calma
então descobri
que para relaxar,
para esquecer do mundo
a melhor coisa que tinha
a se fazer era depositar
pegadas na praia,
doa-las para o mar.

Só a fé

 É certo que morreremos, mas quando vários conhecidos e queridos seus partem num curto tempo. A gente fica acabrunhado! A luta do corpo com ...

Gogh

Gogh