Não,
Não,
Que me perdoe o sabiá que canta,
Mas não consigo ouvir,
Que me perdoe o sol que brilha e aos poucos
O poente o apaga, seus raios crisos,
Seus raios crisos,
Que me perdoe o meu corpo,
Que me perdoe as minhas pernas,
Que me perdoe o meu ser,
Porque a minha alma está em trapo
E não sei como me reconstruir,
Esse momento que toma conta de mim...
Onde está a minha calma,
Onde está o meu domínio,
Neste instante um vazio,
Neste instante sou pequeno e incapaz,
Quem sabe após a noite,
Pois após a noite vem a energia,
Há de haver mais alegria,
Porque neste instante,
Nego minha existência,
Preciso sarar,
Preciso rezar, orar,
Sabe-se lá,
Verbalizar...
Não, não, não....
Tudo isso vai passar.