quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Manha de chuva

A chuva caiu,
e logo partiu,
o silêncio ficou,
o céu abriu,
o sol brilhou,
sua luz refletiu,
nas folhas espelhadas,
de um véu de água,
aos poucos, se desfazia,
e gotas cristalinas,
que deixavam-se cair,
se desmanchar.

o lago espelhado,
refletia a beleza,
o verde da natureza,
uma gota caiu,
e o espelho,
ondulou,
silenciosa,
a manhã partiu.

O saber




Ver, crer,
pensar,
pesquisar,
Ler e reler,
analisar,
repensar,
concluir,
duvidar,
escrever
divagar,
Aprender,
apreender,
perguntar,
analisar,
divagar.
por fim,
explicar,
saciar o ser.

Ciência,
razão,
religião,

o mundo,
os pais,
os amigos,
os vizinhos,
o mundo.

o tempo,
o vento,

experiência
é a soma de tudo,
o saber é ilimidado,
mas nos deixa saciado.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Retorno

O retorno da viagem

Quando cheguei em casa,
de uma longa viagem,
ah, quanta coisa diferente,
as portas e janelas,
não eram as mesmas,
o terreiro, ainda estava varrido,
mamãe não larga a mania,
mas percebi que estava menor.

Fui chegando devagar,
olhei o quintal estava vazio,
olhei a porta estava fechada,
vi alí na área as velhas cadeiras de balanço,
onde passei tardes fagueiras a ler e cochilar,
tinha cordas novas,
mas ainda estava lá onde eu lia,

dois cães vieram me receber,
não me conheciam,
mas mesmo assim me pediam carícias,
sentiam no meu cheiro, o cheiro de meus pais.

Chequei ali,
abri o portão,
a porta estava fechada,
sentei-me na cadeira no escuro,
de certo mamãe saiu pra passear,

e fiquei ali matutando,
pelo tempo que passei,
por onde viajei,
e de volta a casa,

fiquei ali contemplando o escuro,
voltei pra casa,
quanto viajei,
e eu agora de volta.

pouco tempo depois,
meu pai apareceu na estrada,
andando apressado,
com seu andar arrastado,

dei voz de vida,
mamãe vinha atrás,
com suas pernas arqueadas,
com lenço no cabelo,
soltando um canto,
peculiar,
só a insenar,
pai chegou,
me abraçou a sorri,
depois foi mamãe,

perguntou-me sobre a viagem,
sobre o mundo,
abriu a porta,
acendeu as luzes,
esquentou minha comida,

conversamos noite a dentro,
mamãe foi dormir e ficou a reclamar,
que fossemos dormir,
mas ficamos ali,
a conversar.

Então apresentado o velho quarto,
pai foi dormir,
em pouco começou a roncar,
e fiquei ali a contemplar,
o teto que tanto me abirgou,
senti o conforto e o amor,
senti que a vida valia a pena,
senti o verdadeiro amor,
dormi plenamente naquela noite.

A volta

A volta pra casa

A volta pra casa,
que desejo maravilhoso,
o corpo fica ansioso,
palpita o estômago nervoso.

A volta pra casa,
enche de euforia,
há uma certa magia,
beira a fantasia,

A volta pra casa,
há aquela saudade,
com um que de ansiedade,
o corpo todo sorri.

A volta pra casa,
a chegada, os abraços,
os sorrisos.

De volta pra casa,
os beijos, os afagos,
a comida quentinha,
a cama macia,

de volta pra casa,
nos sentimos mais amandos,
estamos aconchegados,
e sossegados,

plenos nos sentimos.

A fome

A fome

Quando cai a última folha,
pobre sem escolha,
segue adiante,
deixa o sertão,
esquece o lampião,
e segue em busca de um trabalho,
algum quebra galho,
gente que larga a terra natal,
e segue o desconhecido.

A fome assola,
o sol tinge a pele,
a reza consola,

a sede engrandece,
os pés rachados,
dos dias ensolarados,

cansado o pai fala,
vamos adiante,
sorri para os filhos,

canta a cigarra,
na velha a marra,
farinha e rapadura,
é a vida é dura,

mais um terço rezado,
a fome aumenta,
Ai deus quanta dor.

Enfim uma casa,
enfim gente,
quando que sacia a sede,
cede uma rede,
pernoita e segue,
o destino errante,
a vida provocante,
desbrenha o destino,

e segue,
vida adentro,
viver é sofrer,
mas a esperança,
é arma,
a reza um apego
a vida.

Tarde sem chá

O dia nublado,
dia que o vento suave invade a janela,
vem bem em nossa espinha e tira um arrepio,
a tarde silêncio.
Aproveito para ouvir Shumann.
Que delícia de som,
quanta harmonia.

Lá fora as plantas parecem dormir,
nem uma folha se mexe,
grita uma ave, aculá longe,
tão longe quanto minhas idéias,
desfiam pensamentos,
viagens,
a vida ganha potência como uma semente em solo fértil,
depois de um cochilo,
a vida seque ao sabor do vento.

O cajá

Na noite escura,
as estrelas piscavam,
a bruma ia e vinha,
numa frescura,

caminhando na areia fria,
os pés tocam finos grãos,
no fim das chuvas,

o cajazeiro está que é só fruto,
os frutos maduros exalam um cheiro
ácido doce, que perfuma o corredor,

sempre seguindo,
ponho a sandália,

e sigo noite adentro,
fitando as estrelas,
os meteoritos,
papai, mamãe,
o burro, minhas irmãs
e o cachorro,
vamos para o seio
de casa,

naquela noite,
dormimos em paz.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Nascimento

Foi numa noite escura que nasci,
nasci para o mundo, chorei para a vida.
minha mãe feliz me embalou nas cantigas de ninar,
cantava, pra lá e pra cá, me fazendo nanar.

Nas noite escuras, embalado a sonhar,
acordava em choro, com medo da morte,
e dormia as carícias de mamãe,
que me enrolava e me acalmava.

Acabei por me acostumar com as noites,
frias e escuras, mamãe me ajudou.

Mas ah! parti para longe,
fiquei mais distante,
sinto saudades da voz de mamãe a ninar,

noites de trovão de relâmpagos,
me fazem lembrar,
papai a levantar pra juntar água da bica,
numa alegria,

Chuva é esperança,
noite de bonança,
do seio de minha casa,
sinto saudades,
das noites estreladas,
varando as madrugadas,
na fé do obscuro,
onde a vida quem sabe há.

mote

O que andas a fazer,
fazer por aprender?
ando a xeretar,
aqui, ali e aculá.
Aprendi a falar,
o que devia o que desvia,
da poesia, da magia,
agora uso da fantazia,
pra esquecer o medo da morte,
aos poucos tenho sorte,
não encontrar vazia,
a vida cansada se entrega a morte.

Negra noite

O céu atropurpúreo,
aos poucos desponta estrelado,
brilhos do mais diversificado,

as vias lácteas pálidas,
caminhos de leite de sonhos,
mil e uma formas,
milhares de fazes,

no céu claro do verão,
que muda a cada estação,
mitos, histórias se constroem,

entre um café, um chá um prosear,
a vida passa mateira,
ao som dos grilos da noite,
a chegada do vento de acoite,

canta o grilo,
escondido na negra noite,
nos oitões,
nos currais,
nos cafezais.

Negras forças,
tudo trás,
lembranças
de crianças,

de um tempo que não volta mais,
brilha estrela na minha mente,
embaixo dos cafezais.

Só a fé

 É certo que morreremos, mas quando vários conhecidos e queridos seus partem num curto tempo. A gente fica acabrunhado! A luta do corpo com ...

Gogh

Gogh