O retorno da viagem
Quando cheguei em casa,
de uma longa viagem,
ah, quanta coisa diferente,
as portas e janelas,
não eram as mesmas,
o terreiro, ainda estava varrido,
mamãe não larga a mania,
mas percebi que estava menor.
Fui chegando devagar,
olhei o quintal estava vazio,
olhei a porta estava fechada,
vi alí na área as velhas cadeiras de balanço,
onde passei tardes fagueiras a ler e cochilar,
tinha cordas novas,
mas ainda estava lá onde eu lia,
dois cães vieram me receber,
não me conheciam,
mas mesmo assim me pediam carícias,
sentiam no meu cheiro, o cheiro de meus pais.
Chequei ali,
abri o portão,
a porta estava fechada,
sentei-me na cadeira no escuro,
de certo mamãe saiu pra passear,
e fiquei ali matutando,
pelo tempo que passei,
por onde viajei,
e de volta a casa,
fiquei ali contemplando o escuro,
voltei pra casa,
quanto viajei,
e eu agora de volta.
pouco tempo depois,
meu pai apareceu na estrada,
andando apressado,
com seu andar arrastado,
dei voz de vida,
mamãe vinha atrás,
com suas pernas arqueadas,
com lenço no cabelo,
soltando um canto,
peculiar,
só a insenar,
pai chegou,
me abraçou a sorri,
depois foi mamãe,
perguntou-me sobre a viagem,
sobre o mundo,
abriu a porta,
acendeu as luzes,
esquentou minha comida,
conversamos noite a dentro,
mamãe foi dormir e ficou a reclamar,
que fossemos dormir,
mas ficamos ali,
a conversar.
Então apresentado o velho quarto,
pai foi dormir,
em pouco começou a roncar,
e fiquei ali a contemplar,
o teto que tanto me abirgou,
senti o conforto e o amor,
senti que a vida valia a pena,
senti o verdadeiro amor,
dormi plenamente naquela noite.