terça-feira, 30 de setembro de 2025

Paud'arco

 O ipê na minha terra é paud'arco.

Aqui na cidade é ipê-roxo.

Na ciência é Handroanthus impetiginosus.


Para mim quando não existia ipê ou handroantus tudo era paudarco.

Naquele tempo, nem vinte anos tinha!

Independente do nome, suas flores sempre serão cor de rosa.

Quando funcionário da prefeitura de Serrinha dos Pintos, nas idas para o sítio vi uma coisa esplendorosa, um paud'arco rosa, na cinza caatinga. Hoje, revivi o momento ao voltar para casa e contemplar um ipê rosa em flor enfeitando o canteiro.


Pensei em escrever algo! aqui está.


No mormaço de setembro,

Treme a caatinga cinza,

Deitada na depressão plana está a caatinga

A vastidão da depressão se encerram em serrotes.


O canto quente da cigarra zunindo,

Estrada a cortar em banda a caatinga e a salpicar poeira no poeira no ar,

Arriba do chão a poeira e o vento leva para as margens 

pousando em intrincados galhos,


Cobrindo carcaça de gado,


Feito cheiro de diesel do caminhão.


Nesta linda vastidão,


Paud'arcos a encantar,

Num rosa tutifrute chiclete...

Florindo ao caldo do dia.


Roubando a atenção.


Provando que o belo é universal.

Até o mais insensível, descansaria a vista em tamanha beleza.


Parei e me pus a contemplar.


A beleza agrada a alma.

Aquece o coração

E faz valer a pena o momento,

Fez esquecer o calor,


E por um momento fui eterno.

Amor

 As relações se enovelam com os sentimentos, assim como nos enovelamos com aqueles que amamos. Mesmo espaço e tempo. Algo tão efêmero, mas eterno a intuição.

O amor

 De tudo que passou, nada restou.

O lugar com suas particularidades.

Altos e baixos,

Um riacho separa distinta fase.

A sensação de cada momento.

Mamãe, eu e o caminho. 

Dois pensamentos na mesma direção.

Deles um com razão,

 outro apenas imaginação.

O que restou?

O amor.

O amor.

O amor.

Tempo, memória e ser

 Sassá acordou, me procurou e me encontrou no banheiro.

Pedi a benção, o beijei e ele foi deitar no sofá.

Tossiu e ficou ali enquanto me arrumava.

Esperou que me preparasse e antes de sair recebeu um abraço, um beijo, um eu te amo.

Você é a coisa mais importante em minha vida.

Saio morrendo de saudades. Um cheiro de 15 segundos.

Tenho em minha alma.

A sua presença é sublime em mim.

Bate aquela saudade de papai.

Meio

 Escrever envolve relação entre o pensamento e o meio?

Ao ouvir Erick Satier, algo em mim ver beleza na música. E por vezes, sinto vontade de me expressar.

Todavia, a atividade do corpo pode levar a mente a viajar.

Patativa do Assaré, disse que muitas de suas composições se davam na roça.

Cuidando da lavora com a enxada, e matutando.

Limpar requer um ritmo, e tem o som do ferro trabalhando a terra.

Que coisa mais sublime ser.

A mente limpando espelhando o movimento do trabalho.

Sol, luz, calor e ação.

E a mente a pensar, um pensamento cadenciado, refrigerando o meio.

Telhas imbricadas no tempo

 Uma casinha foi desfeita.

Era pequena e caiada de branco.

Papai a usava para por palha de milho.

Mas ela chegou ao fim.

Em seu quintal havia pinheiras e cajueiros.


Hoje tudo foi comido por espinheiros.


No tronco do cajueiro papai colocou em círculos as telhas.

Foi a tanto tempo atrás.


Morreram os cajueiros.


Vieram as juremas...


E o circulo continua lá.


Sob o trabalho de meu pai.

Circulo franciscano,

De telhas feitas a mão.

Estilo que não volta mais.

Canto e cantar

 Como a ave canta sem pensar,

Como a ave canta por cantar.

Canta no seu tempo.


Assim quero cantar.

Assim quero cantar.

Assim quero cantar.


Mas assim como a ave que não sabe que canta belo ou ruim.

Assim quero cantar.


E o meu canto é um copo de palavras,

Para que possas beber com os olhos.


Que possa, para de pensar o corriqueiro,


E assim voltar ao seio materno.


E por um momento entender que a vida passa.


E no nosso inconsciente,

Pode encontrar mais que deseja.


E isso é tudo.

Despertar ornitofaunico

 O pequeno e franciscano rixinó,

Amanhece feliz em setembro.

Desperta-nos a cantar.

E canta sempre a dançar.


O sanhaçu de coqueiro afiando tesoura.


O bem-ti-vi ao longe.


E a patativa cantadeira...

segunda-feira, 29 de setembro de 2025

Penha, primeiro passo no mar

 Sábado pela manhã, fomos ao aquário da penha. Aos sábados o papai cuida do Sassá e para não ficar pesado saímos para passear. Fomos ao aquário. Estávamos de saída para a Bica, mas a mãe dele não ia. Ele falou, vamos ao aquário. Já tinha em mente só confirmei. Fomos devagarzinho ouvindo nossas músicas infantis em inglês. A mesma playlist a mais de quatro anos. O sol estava a todo vapor, o vento soprava forte e o céu azul anil. Descemos o Timbó, sentimos o cheiro do esterco do curral dali. Seguimos pelo altiplano. Vimos o absurdo do prédio da OAB, feito a menos de 300 m da falésia. E fomos... Estação ciência... Penha. Parei para fazer umas fotos na praia da penha. Vimos seu Chico guardando carro. Entramos, fiz fotos de maracujá, mandacaru da praia, com muito cuidado para não estrepar o pé nem tocar numa cansanção. Fomos pelo caminho até a praia. Fotografei o barco de São Benedito, lindo grande, branco com letras vermelhas. Fomos até a praia. Eu contei a Sassá que foi ali pela primeira vez que ele pisou no mar. Não fosse minha angustia de ter perdido meu pai tão recentemente, teria sido maravilhoso. E foi eu que estava mergulhado na dor. Sábado não. Estava feliz, mostrando para Sassá o lugar onde ele viu primeira vez o mar. Ele perguntou porque não iamos para lá. Respondi, por não ter onde se banhar para tirar o sal... Bom depois disse vamos ver o aquário e fomos. Cada peixe que ele via, sabia que já tínhamos visto, mas dizia... esse nunca vimos né papai e eu confirmava... Quis ir logo ver as aves, pedi paciencia e ele foi paciente. Fomos e vimos as aves, mas será outro conto.

Praia minha

 Céu azul,

A luz amarela difusa na areia,

Quente areia múltipla.


Verde mar,

Ondas a cantar,

Vento a soar.


Na linha do horizonte desperta o leste,

Lá o céu vira mar,

Lá o mar vira céu.


Ao lado viçosa a verde salsa a verdejar,

Flores esreladas,

Flores rosadas,


O feijão rosada flor,

Atropuprúrea flor.

Sementes marrons perdidas na areia...


A sombra do coqueiro,

O grito da maracanã,

Asaldelta do caracará.


Maria farinha a cavar.

Sento na areia,

Como um grão de areia na vastidão da praia.


Como um grão de areia na vastidão do mar,

Vastidão do céu,

Vastidão do ser.

sexta-feira, 26 de setembro de 2025

Alegria

Ontem, ao sair da igreja, falei para Sassá que iriamos a igreja onde tinha bolo e parque! A alegria foi instantânea. Como o cabrito a pular e a balar... Ficou o belo Sassá... O seu riso iluminou seu lindo rosto.
Fomos para casa, jantamos, nos arrumamos e fomos. Ficou comportado. A missa foi com o pe. Manuel e ele gosta do padre. Ficou atento. Teve um momento que achei que iria dormir, mas não dormiu. Revimos nossas amigas da igreja. Tiramos fotos com São Rafael e para a nossa surpresa não tinha barraca de bolo. Fomos ao parquinho, mas estava tão sem gente que só deu para dar uma rodada. Ficou decepcionado. Então como havia prometido. Fomos atrás do bolo. As padarias já estavam fechadas, então encontramos um bolo no carreful. Ele escolheu um bolo comum, embora a mãe tenha recomendado outro mais recheado. Ele não quis porque achou pequeno. Então tivemos a ideia de comprar um leite condensado e a mamãe fez uma calda. Ele amou! Depois que comeu queria brincar. Não entendi. Era apenas o ritual. Topei e 5 minutos já ficou satisfeito... Dormi. Acordei e dei um cheiro no seu cabelinho cheiroso.
E ele estava muito feliz.

Algodão

 Sol a pino,

Terra branca, arenosa,

Quente terra.


Ervas secando,

O cuidado do homem,

Na terra limpa crescem a florescer o algodão,


Flores amarelas vão avermelhando com o caminhar do sol,


Verde metálica abelha na garganta da flor...


A água a secar,

O sol a cozinhar,

O fruto a trabalhar


A fibra, 

A semente.


E o homem a cultivar

A beleza da planta,

O cheiro da fibra,


E depois a colher,

Para do trabalho sobreviver.

Tao

 Achei que poderia domar a mente.

Agora sei que me enganei.

Sofri tentando domar o indomável.

Somente quando entendi que a mente

É energia, é ordem, é lógica.

A mente é uma autocriação.

Uma forma de ser condicionado a nossa história.


Deixa ir a mente.

Tudo feito,

Mostra quanto sacrifício.


Chica, hoje eu vou fazer  a faxina,

dizia o meu avó a minha avó.

E eram felizes na simplicidade.

Essência

 A unidade da essência versus a pluralidade da existência.

Energia pura, signo.

Energia fundida.


quinta-feira, 25 de setembro de 2025

Início

 Severino quer casar com Antônia,

Mas casar requer casa para morar,

Já escolheu o lugar,

Já falou com Cícero, José e Francisco.

Foi na mata tirar linha, vara, e cipó.

Foi o baldo ver a argila.

O verão já chegou.

Arrumou o jumento para trazer água.

Matou um bode e foi o dia da construção.

E a trabalhada foi grande, suor e cordialidade,

Desejo de amar, fez a casa de taipa...

Do vazio a casa tem sua utilidade,

Encomendou um pote a Girlente,

Encheu o pode de água.

A casa novinha é tão bonita como o amor do casal.

Moacir fez o casamento.

Uma rede pra dormir.

E a vida para viver.

Na casinha corada feito joão de barro.

E a vida a começar.

Lua

 Cálido sol a manhã a despertar,

A lua crescente, ao amanhecer continua acesa.

Depois o sol apaga.

A gente guarda na memória singela beleza.

Essa paisagem eterna.

Me ponho a pensar no tempo.

Na eternidade, na beleza.

A lua será bela em qualquer lugar?

Texto e contexto

 Ontem Sassá estava com a bateria carregada.

Pulava, ria, falava sem parar.

Nem imagino por onde começar.

Melhor falar de algo bom. 

Após o jantar, chupamos um dindin e fomos brincar de carrinhos.

Tentando não acelerar muito.

Ah! comprei jiló para ele provar. Pegou um jiló, mordeu e saiu dizendo que tinha gostado.

Só que nem terminou de comer. 

Influenciado pelo personagem do Contra da turma da Mônica, quis provar e não aprovou.

Até leu o nome do cascão na capa de um dos gibis.

Está quase lendo.

Entende como é está com Sassá.

Sempre as pressas.

Sem texto ou contexto.


quarta-feira, 24 de setembro de 2025

Fim de uma era

 Chagas chega ao céu,

Cumprimenta o pai, a mãe e seu irmão Epitácio.

Mais atrás estão Tião e Chico Raimundo. A panelinha da serrinha.

Querendo saber as novidades da Serrinha.

Chaga já avisa que está tudo mudado.

O nossa geração já está quase chegando ao fim.

Tem gente naquela serrinha que nem conheço.

Tem e com força.

Eu que cheguei ano passado e vivia na Serrinha já percebia isso falou Willa.

É o fim de uma Era.


Chaga de Horácio

 Ontem, Serrinha, minha Serrinha perdeu um de seus grandes personagens. 

Seu Chagas de Horácio, que por sinal era primo legítimo de meu pai.

Chagas de Horácio morava na rua Agostinho Freire, n° 36, esquina com a Cícero Caetano.

O interessante é notar a importância das referências. Por que estou pautando sobre isso? Pelo fato de poucos Serrinhenses que não moram na cidade sabem decorado o nome das ruas de desta cidade. As pessoas se referem a rua do correio ou da prefeitura, a rua do cemitério. E aqui Chagas virou um ponto importante, a rua da budega de Chaga de Horário. Se falar a rua Agostinho Freire a pessoa para para pensar, mas se falar a rua de Chaga de Horácio sai intuitivamente. Aquela mercearia que enchia os meus olhos de desejo com os baleiros. Ali, podia comprar tudo de comida. Ainda funciona com o nome Mercearia Serrinhense do Chaga. 

Escrevo isso, pela importância que há na minha vida.

Serrinha tem todos os elementos que me ensinaram a pensar, meus anseios e desejos primeiro.

E ao escrever isso entro no tempo, por via das memórias, de minha infância ao entrar na budega cheia de sinestesia o cheiro da corda de agave, do fumo, da cachaça servida ao apreciado, da bolacha e do pão de Genilson; as cores dos baleiros, as cores dos brinquedos pendurados. Uma Budega sortida é sinal de prosperidade, mas antes de mais nada é sinal de inteligência de psicologia social, de matemática, de contabilidade e tudo mais. As budegas, caíram em desuso com a chegado dos hipermercados, e ali não foi diferente. Todavia Chagas parte e deixa a budega sortida, sob nova direção.

Falar de Chagas, no meu caso é falar das minhas décadas de existência, e das muitas vidas de Serrinha.

Ali, quantas conversas não se deram nos intervalos do dia, quando a freguesia estava trabalhando e quantas interações não se deram durante o horário de pico. Quer trocar uma ideia, cumprimentar um conhecido antigo, com certeza lá você vai encontrar.

Primos, parentes e amigos... não se encontraram ali, rapidamente não foram lá para comprar algo e saiu um riso, uma conversa, breve como uma conversa de watzap. 

O estabelecimento é uma esquina, um ponto de encontro.

Então, paramos lá com a mamãe para comprar algo, com o papai, e sempre aquela conversa boa, e por fim passava lá e apesar dos anos, a gente era reconhecido como o filho de Chico Raimundo. Como amava ser chamado. Hoje o tempo dissolveu as velhas memórias.

Me acho desconhecido em minha mesma cidade.

A parte isso!

Chagas foi um grande homem. Um homem muito inteligente, sábio, um excelente pai, um excelente marido que proveu a sua família na sua simplicidade. 

Quando penso em seu Chaga vem a mente um escorte, um chapéu de palha.

Dorme na eternidade! Dorme na eternidade.


Festa assustadora

 Indo deixar Sassá conversamos como será sua festa de aniversário.

Estava empolgado e disse que queria uma festa de Jurassic parque.

Depois viajou na imaginação. Disse que queria uma festa assustadora,

Sob a luz de velas. A scare fest.

Ri, tentando apimentar a história.

Falando que nesta festa só estariam eu, a mamãe e ele.

Ai, ele falou na minha festa quando for maior de seis anos.

Rimos.

Ele gosta de argumentar.

Ficamos certo.

Passagem

Velando um corpo,
Velas acesas exalam o cheiro da cera,
Velas acesas mostram a inconstância da chama.

A pira que dança,

Alumiando o que restou do ser,
Um nada.
O corpo que antes respirava,
Uma mente consciente e inconsciente existia.

Jaz natureza.

Aos amigos a despedida última,
Aos parentes a dor da separação.

O fim de uma relação existencial
E o início de uma relação essencial.

Apaga-se a vela,
Fecha-se a porta última.

A terra ou o túmulo encerrarão um corpo,
Mas não o ser, pois o ser é eterno.

E como coisas eternas,
Tem a intensidade de sua expressão.

A última pá de terra.

Sete dias depois o fincar da cruz.
Sete novenas, recomendações.

Assim eternizava-se um ser.

O ser não morre, se encanta.

terça-feira, 23 de setembro de 2025

Terra natal

Meu corpo carrega a minha terra natal.
Ali primeiro chorei,
Vi a luz,
Senti os cheiros,
Senti as temperaturas.

Ali, mamãe me amamentou.
Ali, fui querido e amado.

Na minha terra natal,
Aprendi as primeiras coisas.

Descobri a vida.
Descobri a morte.

Ali sorri com mamãe,
Ali chorei com mamãe.

Ali vi parti meus avós,
Ali me despedi de meus pais.

E o tempo se passou.

Descobri a eternidade do espaço.

Descobri a brevidade do tempo.

Como um círculo,

Que se inicia e se fecha em pontos,

Vejo os pontos a fechar

Meu ciclo do existir.

E valorizo cada ponto.

E ponho no centro,

A fé que mamãe e papai me ensinou

A amar.

Carrego a fé em Jesus Crito,
Na Virgem Maria e em São José.

E tantos mais.

Na minha terra natal


Inspiração

 A eternidade está em cada momento vivido intensamente.

Eternidade é a ausência de tempo.

Se pudesse esticar o tempo eu contrairia-o só para abraçar e beijar o meu pai e a minha mãe. Eternos São os dias de suas partidas... São uma parte dolorida de minha vida prevista e vivida...

Amigo

 Esta semana, duas situações ou lugares me fizeram lembrar do meu primo e amigo Mazildo.

Primeiro foi o lugar e o dia, estava no shopping mangabeira e era sexta-feira. Sempre neste lugar e neste dia enviava fotos do ambiente. Meu primo era tímido, tinha uma doença que nunca descobriu a causa. Meu primo vivia em casa. Quando pequenos a gente se divertia andando nos matos caçando,  mas nem matava nada a gente gostava de ver o mundo silvestre. A gente foi crescendo e suas limitações físicas praticamente o impediram de anda.  Seu deslocamento se limitava ao espaço interno da casa.  Meu amigo, saia de casa para cortar o cabelo ou votar. Sua vida era acordar, tomar o café, limpar as gaiolas e ouvir rádio e ver televisão e por último usar o celular. Estava engordando demais e se cansava dentro de casa mesmo. Nunca reclamava. No dia mesmo que faleceu nos trocamos mensagens.

A segunda vez foi no sábado, estava no parque Arruda Câmara, lá encontrei seu Eduardo que cuida dos animais no parque. Estavamos conversando e eu prestava atenção no som das jandaias foi quando ouvi o periquito da caatinga, grasnou umas três vezes, daí, o bicho veio e pousou ao nosso lado. Aí lembrei e comentei que meu primo tinha um periquito que ele cuidava tão bem. Acordava o loro a noite, tirava o bicho do guarda roupa e dava comida para o bichinho.

E hoje na praia vendo as Maracanã voarem me lembrei novamente.

Setembro

 As noites setembrinas são lindas

Céu limpo e estrelado.

Canta na madrugada o sanhaçu de coqueiro.

Canta a patativa e o siriri.

Dias claros e iluminados.

Voam a grasnar

A ararinha Jandaia e a Maracanã.

Conta canta sem parar as ondas do mar na praia.

Suave lembrança

 Quando estava acabando o almoço, coloquei o feijão no prato. Percebi que tudo mudara. Antes o feijão era comido primeiro. Algo me fez recordar meu pai, Chico. Porque sempre que acabava de comer preparava a comida do cachorro. Ele colocava feijão com farinha misturava e sempre provava, mesmo já saciado. Provava e gostava, parecia convencer a seu inconsciente aqui comemos a mesma coisa. E para tornar mais agradável colocava óleo. Papai era um Francisco de coração.

Então terminei de comer e pensei.

A gente é feliz se achar que valeria a pena viver tudo novamente. Tive a sensação de que papai viveria tudo isso e com amor.

A minha sensação foi de estado de graça e plenitude eterna.

Graças por ter dado o melhor de mim para ser um bom filho. Graças por tentar ser o melhor pai.

Obrigado.

Estímulos.

 Ontem, brincamos de carrinhos.

No chão da sala os carrinhos praticamente voam.

Aprendemos muito sobre acidentes e sua relação com a velocidade.

Sassá adora pisar fundo, mesmo reclamando para não ir com tanta velocidade.

Depois, do banho, fomos para a cama, mas Sassá pegou a bola e foi jogar.

Jogou bastante, e o melhor com direito a narração. 

Eu narrei e ele narrou melhor que eu.

Depois fomos brincar com os carrinhos em meio as montanhas ou cobertas.

Ai eu apaguei e a mamãe continuou.

Sim.

Ele veio me mostrar todo orgulhoso os lindos desenhos que fez de manhã.

segunda-feira, 22 de setembro de 2025

Eterno

 Sassá foi a Bica.

Desta vez nem foi ao serpentário ou ver os patos.

Apesar disto se divertiu muito.

O que agarrou a atenção dele foi malu.

Malu é a onça pintada.

Ele amou vê-la mesmo que por um breve instante.

As coisas são assim.

Eternas e instantâneas

Pontes

A foto de meu amigo, sua irmã e sua tia me fez pensar essa frase. 

Somos apenas pontes, passagens para que a vida siga existindo.


sexta-feira, 19 de setembro de 2025

Mudança de estação

 Fomos a Bica no sábado.

Percebi a mudança da estação.

O céu azul e o sol tinindo.

O cheiro das flores das estercúlias,

Folhas amarelando, amarelas e secas pelo chão.

Os gansos grasnando alto.

Amara a anta a sombra da mangueira.

A paca Luiza resolveu aparecer.

Um novo membro apareceu no recinto das aves, um papagaio de cabeça amarela que chamamos de Cláudio.

Minha conexão foi com a natureza

Com o fim do inverno e a chegada do verão.

Vimos Coré o jacaré de coroa na boca de lobo do riacho - livre -

Os jacarés de coroa e os cagados, parecem ter as chaves para entrar e sair dos recintos.

Vimos um cágado de mega cabeça no riacho ao lado do pulapula.


Fizemos a trilha, onde meu menino se desequilibrou e sujou o pé.


Mudança de estação.



Projeto

 Ontem, fomos assistir como foi o desenvolvimento do projeto maker na escola de Sassá.

Todos os coleguinhas se sentaram e ficaram atentamente ouvindo a professora expor os diferentes momentos do projeto.

Na sequência nós os pais fomos para a sala de aula deles.

Assistimos a exposição da história contada da corujinha Edivânia.

Uma coruginha que queria ser entregadora de cartas.

Após a exposição os alunos receberam uma folha e foram estimulados a escrever uma carta com letra cursiva.

Pensei! Com quatro anos os meninos já conhecem as letras e os números. Tem inúmeros recursos audiovisuais.

Entrei na escola com seis anos. O recurso era um quadro, um caderno, um lápis e uma borracha.

Adorei um dia que uma professora levou um livro e leu sobre a história de um rei.

Não tive livros infantis.

Os recursos eram muito escassos para os pobres da década de 80.

Continuam sendo escassos para quem não tem recursos, mas está muito melhor.

Sassá escreveu uma cartinha com o nome do primo e duas frases:

Te amo e estou com saudades.

Depois desenhou um sofreu.

A mãe dele se emocionou.

Sorri!

Compreendo a importância destes momentos na infância das crianças.

Cada dia é impar.

Estimular a imaginação de seu filho pode dar asas que o permitirá voar para longe.

Algo estimulou minha imaginação e voei.

Mas aqui quero falar sobre Sassá


quinta-feira, 18 de setembro de 2025

O que é tudo isso?

 Os salmos de Davi,

Provérbios de Salomão.

Gênesis e Êxodo!

Venho lendo estes livros!

Na verdade, muita coisa fica suspensa ao ler estes livros.

Que de início foi transmitido nas celebrações.

Ao que se sabe Jesus falava hebraico e aramaico.

São as línguas escolhidas para Deus se comunicar com o homem.

Achei interessante no gênesis a facilidade com que José aprendeu a falar a língua dos egípcios.

Ele, quando reencontra os seus irmãos entende eles, mas eles não o compreendem.

O "egípcio" seria algo como o espanhol é para o português?

Moisés falava egípcio, mas quem na verdade era sua primeira voz era Arão seu irmão...

Por ter dificuldade de falar, ele passou a pensar e escreveu muita coisa?

O que é tudo isso?

For grande

 Sassá é minha vida.

É divertido ouvir suas conversas.

Vou ter isso, ou aquilo ou aquilo quando crescer.

Tudo vai se resolver quando ele crescer.

Fico ouvindo suas ideias.

Fico contemplando ele.

Adoro sua companhia. 

Aprendo muito com ele.

As vezes, me perturbo pensando...

Então, Sassá veio e preencheu muito minha vida.

Adoro os momentos com ele.

Ontem antes de entrar na escola.

Parei o carro e ficamos conversando.

Ouvia ele falar sobre seus argumentos... 

De como vai ser quando for grande.

quarta-feira, 17 de setembro de 2025

Em descrédito

Fui surpreendido com o argumento de Sassá. Ontem ele argumentou que eu só falava bobagem.

Posicionando melhor o assunto.

Ao sairmos da escola dele, passamos em frente ao cachorro-quente que ele adora.

Sempre após a missa levamos ele para comer lá.

Então, segunda-feira eu brinquei com ele, dizendo que quem come cachorro quente todos os dias virava cachorro.

Falei que o cachorro-quente tem uma proteína cachorrina que se comida todos os dias transforma a pessoa em cachorro.

Disse que só se podia comer cachorro quente uma vez por semana que ai a proteína cachorrina saia do corpo pela urina e fezes.

E interessantemente ele havia lembrado e perguntado a mãe se isso era verdade.

E ela explicou que não.

Então ele, chegou a conclusão que eu só falo besteira.

Quis dizer que eu não falo a verdade.

Ri e fiquei pensativo.

Que mudará?

 Integração social

Vi o desfile de sete de setembro.

Estava lindo!

Olhei para todo o desfile, mas primeiro olhei para o meu filho que desfilava.

Por um tempo foi o que dei mais atenção.

Depois o deixei ir e fui olhar para a beleza dos desfiles.

Vi, pessoas orgulhosas marchando.

Usando suas fantasias.

Vi cada um dos participantes felizes.

Vi os pelotões das escolas em diferentes linhas.

Ali estava o espírito da cidade.

Os jovens crianças, adolescentes e adultos.

Ali estavam desfilando.

Nos os adultos observando, pensando.

A gente divagava olhando, através da experiência, para o passado.

E comparando.

Os jovens por sua vez olhando para o futuro.

Um choque de ideias.

Um limiar que separa o presente do passado.

Vi na verdade uma certa indiferença de alguns grupos.

O lugar cresceu?

Enfim, voltando a ideia.

Saímos de uma escola que estudei por ultimo em serrinha

E passamos por aquela que estudei primeiro na ruinha.

Percebi que o pau-brasil ainda estava lá.

A escola é a mesma nem cresceu nem diminuiu.

Mas os professores, mas os alunos...

Eu vi a integração social na magia...

No peito dos nossos filhos.

Que deixaremos para os nossos filhos?

Prazeres

 Como engenho a todo vapor em setembro...

O caldo quente da cana sendo trabalhado,

E cristalizado em doces rapaduras para alegrar

nossas almas.


Assim estão as patativas a cantar.

Cantam ao despertar do sol,

Cantam ao meio dia,

Cantam ao cair do dia.


Há quem ame rapadura,

Há quem desconheça a rapadura.


Há quem ame o canto da patativa

Há quem desconheça.


Mas quem veio do sertão,

Quem viveu sem tecnologia.

Sabe apreciar

terça-feira, 16 de setembro de 2025

Inga-porco florido

 Em agosto a mata floresceu imponentemente, de manhã e a tarde!

Os grandes Tachigali densiflora explodindo em flores,

Amarelo ouro, amarelo ouro...

A mata dourada...


Na mesma florada as Ocotea glomerata,

Tímidas também a florir...


Veio-me a impressão da beleza desta estação...

Que chove e faz sol constantemente.

Cotidiano amado

 Sassá desenha seres alados.

Uma das atividades que Sassá mais vem fazendo é desenhar.

Escolhe um tema de bichos e desenha.

Desenhou animais alados.

Esquilo, serpente, peixe, morcego.

O que é tudo isso?

Não sei. Imaginação, criação.

Mistura de traços e cores.

Representação.

A noite quis desenhar juntos. 

Trabalhamos em caranguejos.

Para onde vai a imaginação de meu garotinho.

Depois fomos para cama e ele foi fazer acrobacia de coisas perigosas.

Girando e fazendo cambalhotas e bundacanacha.

Ouvi disser, meus ouvidos estão ouvindo os aplausos...

Eterna memória

 Caju florindo,

Cigarras cantando,

O sol tinindo.

Sanhaçus alegrem,

Um canto de afiar,

O calor gostoso de setembro.

A felicidade do vigor humano.

Eternizado nas memórias.

segunda-feira, 15 de setembro de 2025

A exposição

 Sassá na exposição agropecuária ficou encantado.

Andando nas baias quase desmantelava meu pesncoço

Com ele apontando, olhe este, olhe aquele,

E aquele, e aquele, e este...

Foi um passeio maravilhoso.

Vimos gado de várias raças...

Girolando, Sindi, Nelore, Guzerate...

Vimos pôneis.

Saímos de lá muito contente e Sassá faminto.

Encontro

 Meu peito está dividido!

Saudades de mamãe e de papai.

A presença de meu filho.

O limite entre ambos

É inefavelmente o tempo...

Só na imaginação poderemos sentarmos juntos...

Ser e existir...

O ser é eterno.

O existir é só um espaço de tempo.

sexta-feira, 12 de setembro de 2025

Dança do amor

 Vi algo muito interessante,

E adoraria contar,

Meus amigos eu vi

Dois sabiás a dançar,


Enquanto dançava chirliava,

Um canto de sabiá!

Um era o macho e a outra fêmea,

Um fofo e um esgui.


Dança pra cá,

Dança pra lá,

Tão bela aquela coreografia,


Não deu pra parar de olhar.


Foi um tempão.

Sobe no galo,

Voa pro chão,


Ora no cajueiro,

Ora na cirigueleira,


Uma dança transcendental,


Até apareceu outro sabiá,


Mas nem se meteu,


Olhou e foi embora...

E a dança foi quase meia hora.


Como dança o sabiá,

E nem sabia que sabia 

Dançar um sabiá.

Individualidade

 A mata a despertar,

Verdes folhas acendendo,

Com a gloriosa luz solar,

De repente nem ouço,


Mas aconteceu acolá,

Um vôo rápido e suave 

Se acaba num pousar.

O que vem lá?


Um corpinho de sibite

Bico afilado e curvado,

O papo amarelo limão,

As costas cinzas,

E uma sobrancelha branca...


Adivinhe lá...

Uma patativa 

Começou a cantar 

Cantou para se alegrar,


Feito ventilador,

Girando da esquerda para a direita...

Por que cantar?


Animada canta muito e sem parar.


E de repente o silêncio.


A mata calada de novo.


Nem vi!

Mas sei que estava lá,

Mas sei que deixou de está


E agora o canto está longe!


Será ela ou outra?


O bolinho

 Sassá está esperto!

Estamos brincando com as palavras e as fomas.

Gostamos de brincar com rimas das palavras.

Pato rima com gato...

Lindo rima com findo...

Comprei um livro chamado quem comeu os bolinhos.

Já lemos várias vezes.

Ontem como estava disponível, peguei-o para ler, mas antes.

Exploramos as imagens na capa e contra-capa.

O que! um bolinho sapato.

O que! um bolinho sapo.

O que! um bolinho piranha!

O que! um bolinho gato.

E rimos, antes de ler nos divertimos com essa brincadeira.

Depois li, li outro...

E ai fomos brincar na cama.

quinta-feira, 11 de setembro de 2025

Cerração em setembro - 2025

 No dia cinco de setembro de 2025,

Estava em Serrinha dos pintos e algo surpreendentemente aconteceu.

Eu nunca tinha visto.

Era uma sexta-feira.

Acordei e vi a maior cerração.

Sai para caminhar e tudo estava fechando de cerração.

A gente não conseguia ver a uma distância de 100 metros.

Foi surpreendente, e o mais surpreendente é que durou a manhã inteira.

Com respingo de chuva e cerração.

Foi um dia, mágico, incrível.

O dia todo foi fresco e nublado.

Passamos até o dia inteiro em casa.

Sassá

 Ontem, Sassá se ocupou de desenhar,

Fez lindos desenhos de animais selvagens.

Sassá ama animais.

Diz que vai ter todos quando crescer.

Desenhou um lince,

Um cão vermelho,

Um coala...

E uma paisagem associada ao bicho.

Um chão.

Uma árvore.

Admiro com amor sua gana de desenhar.

Mãe

 Uma música toca minha alma.

Ave maria!

Acende em minha mente

A saudade de minha eterna mãe.

Maezinha que me alimentou,

me amou...

Enquanto estivemos presentes,

Compartilhamos o maior sentimento.

O amor.

Mãe sinônimo de amor.

Eva, Maria, Francisca...

Três pedras

 Três pedras catei na estrada,

Santíssima trindade eu representei,

Pai, filho e espírito santo.

Sagrada família evoquei,

Jesus, Maria e José.

E rezei três pai nossos

E três ave marias.

Era granito ou quartzo.

Olhando para o espírito,

A fria pedra se aqueceu com meu calor.

Rocha infinita.

Três uma representação de completude.

Início, meio e fim.

quarta-feira, 10 de setembro de 2025

Ave a cantar

 No alto da aroeira,

Uma ave a cantar!

Sozinha cantava,

Parecia contente!


Interessante pois essa ave vive em bando...


Parei e contemplei.


Mas me veio uma indagação.


Completa!


Por que cantar?

Pra que cantar?


Qual a vantagem!


Se estava sozinha...


Se o canto não é uma memória 

ou um texto...


Seria uma ave poeta?


Talvez não, mas era uma ave completa.


A gente chama a chama de papa-arroz,

Outros de chopim,

Outros de vira bosta...


E o que tudo isso importa.


Aquela ave completa,

Era uma pontinha dos mistérios divinos.

O angico

 Caminhando vi o espaço passar,

Vi pedras no chão,

Vi a vegetação sedenta,

Vi a imensidão do lugar...


Vi um angico gigante,

Nu, sem uma folha a avistar,

Totalmente armado com seus cones espinescentes,

Tamanho era sua majestade,


Parei para contemplar.

O sadio é belo por ser pleno.


Só ramos e tronco,

Eterno o angico 

Que um dia foi semente,

Um dia foi frágil...


Não tem passado, presente ou futuro.

Ele é!

E isso é tudo.

Desabrochar da manhã

 Na caatinga cinza,

A manhã a despertar,

Nos arbustos aves a cantar,

Na caatinga cinza,


O vento a assoviar

Entre tantos garranchos,

E as aves a imitar,


Galo de campina,

Sabiá,

Tico-tico,

Roxinó...


Parei para contemplar,

Na beirada do lajedo,

Vive uma aroeira,

Que cresceu tanto,

Tanto que de longe é avistada.


E foi ali o lugar

Que escolheu o carcará

Ver a manhã desabrochar...


No vai e vem da estrada,

No querer ir e voltar,

As pessoas nem percebem o lugar.


Caminhando achei tão velo,

O falcão a contemplar.

A manhã desabrochar.


Aroeira

 Setembro, mês que significa sete, mas é o mês nove.

Fui a minha terra natal,

Vi tudo tingido de dourado,

Vi tudo tingido de cinza...


Pedra branca, pó branco,

Pedra preta, pó branco.

E o vermelho num barranco...

Amarela poeira ao vento solto.


Do cinza árvores nuas,

Árvores plantando bananeira,

Para o sol, para o tempo.


Quem é esta?

Eram as aroeiras,

Floridas e chumbadas...


Suas flores ao vento,

Visitadas por abelhas,

E pelas aves felizes a cantar.


Aroeira...

Tu florida é tão sublime,

É tão bonita...


Sua copa aberta,

Sua altura esgalhada,

Convida as aves a cantar,


Ao raiar do dia,

Ao raiar da noite.

Fotografia

 Uma fotografia o que contém?

Memórias. Memórias. Memórias.

Memórias objetivas.

Memórias subjetivas.

Uma imagem do que é real.

Uma imagem do que é temporal.

Uma imagem com memória particular.

Memória do momento.

O que é se cristaliza.

Enquanto incessante muda.

Ser assim,

Ser ai.

A 10 anos num texto escrevi...

Uma frase...

Uma fotografia com memória subjetiva...

Com memória de experiência,

Com memória de um momento...

Captado por um olhar,

Desperto por uma percepção,

Processada em uma mente,

Objeto de uma consciência...

Pura abstração,

Pura virtualização.

Sete de setembro

 Uma tempestade tomou conta de minha mente na noite de domingo dia 8 de setembro. Adormeci e dormi até uma da madrugada. Até então relaxei, mas depois que acordei não consegui mais dormir. Estava na rede no local onde mamãe sempre dormia. Como era uma noite de lua cheia, uma réstia de luz branco pálido chegava ao sofá ao lado da rede. Despertei com tantas idéias. Ideias de eternizar aquele momento...

Foram tantas as emoções vividas em uma única tarde. Meu filho desfilando pela primeira vez. Coisa que nunca fiz, apesar de querer. Rever os velhos conhecidos, meus professores e colegas de estudo do ensino fundamental e essa linda juventude que desconheço. O ouro de Serrinha! Os filhos e netos de meus conhecidos. Tanta gente maravilhosas. Fantasiadas e cheias de orgulho no peito.

O corpo docente organizando os pelotões. As bandas dando energia e ritmo ao desfile. Faltou a corneta!

A percussão nos emociona.

Garotos e garotas vivendo um sonho que poderão realizar.

Fez lembrar até o lema da minha turma de ensino médio "O futuro é luz que se acende com o esforço de cada um".  um lema positivista...

Fui caminhando e vendo alguns professores idosos assistindo sentado. Meus professores todos aposentados. Quer dizer, mais de 30 anos que deixei as escolas de Serrinha.

Fui seguindo! marchando para meu filho ver e fazer direito.

Vesti o espírito de pai e esqueci o ridículo, todavia tenho a empatia dos pais.

Então sob a luz cálida e dourada que fazia cair a tarde... Pensei no tempo, pois o espaço é o mesmo.

Só o tempo separa a vida da morte, meus pais que antes ficavam em casa hoje dormem na eternidade.

A tarde caiu terna e sonora.

Cumprimenta um e outro. Uma parada para conversar minhas ideias. Ora agrada e da atenção, mas o povo quer ver beleza e não ouvir ideias. Esse desfile só corre um ano.

Entender que se faz parte do passado. Gente tem ânsia de ver o diferente e belo. Os nossos filhos, netos marchando. Uma multiplicidade de cores, de movimentos e de som.

A gente ri orgulhoso.

Chegando na praça! Todos lindamente posicionados. Algo me chamou atenção.

A rua Eugênio costa forma bons cerimonialistas.

Antes ao lado da igreja Chiquinho de Raimundo mora apresentava os pelotões e a difusora da igreja gritava para todo mundo a beleza dos pelotões e de nossos filhos.

Hoje, Danielle de Neném quem é a mestre Cerimônia! 

O povo de Serrinha se multiplicou tanto.

Para abrilhantar a festa a lua nasceu amarelo girassol.

Salve a pátria Brasil...

Voltei no tempo quando dona Livani e dona Lenita hasteavam a bandeira em frente a escolha.

E via os nossos pais e vizinhos tirarem o chapéu em respeito a pátria.

Saudoso sim.

Hoje tudo mudou e continuará mudando.

Enfim, não consegui mais dormir, as 3:30h o celular despertou e eu chamei minha mulher e meu filho e organizamos as coisas e voltamos para casa.

Com o tempo tudo isso parecerá apenas um sonho.

O que é sonho e realidade?

A gente decide?

Tempo atemporal

 Dei um mergulho no passado.

Fui rever o lugar onde cresci e vi que estava tudo mudado.

Não encontrei a abraço do papai,

Nem o beijo de mamãe.

A seca roendo a vegetação chega está cinzenta.


Mas a vida resiste e floresce nas aroeiras,

Nós cajueiros e mangueiras...


Torrada a terra poeirenta marca mais um ano de sequidão.


Mas a mim é só beleza.


A catingueira, o Juazeiro, o cumarú.


O cabeça vermelha, o cancão e o anum branco.


O sagui.


Emergi do mergulho.


Voltei feliz crendo que a vida não é um sonho.

Mercado

 Ontem ao sairmos da escola, fomos ao mercado.

Sassá pegou seu chocolate e seu rocambole.

Quando ele está interessado, toma de conta das coisas.

Sempre que levar suas coisas consigo no acento.


terça-feira, 9 de setembro de 2025

Meses do ano

 Meses do ano

1. Janeiro é o mês com um rio que separa o Rio Grande do Norte do Rio Grande do Sul.

2. Fevereiro é o mês onde são gerados os escorpioninos.

3. Março é o mês das águas.

4. Abril é o mês quatro embora seja o mês de abertura.

5. Maio é o mês das flores e da mais importante de todas sua mãe.

6. Junho é o mês de Campina Grande ser o centro do Brasil.

7. Julho é o mês das chuvas em João Pessoa. Economia de energia com o friozinho gostoso aqui.

8. Agosto é o mês que nos deixa maluco com o sol e a chuva disputando maior presença.

9. Setembro é o mês do sete, mas que se trata do mês nove.

10. Outubro é o mês do oito que segura a balança.

11. Novembro é o mês do nove que é representado pelo onze.

12. Dezembro é o mês do 10, mas é representado por 12.

Retorno da viagem de Sassá

 Ontem, retornamos para casa em João Pessoa.

Sassá acordou cedinho, mesmo atordoado, dando conta de coletar suas coisas e colocar no carro.

Seus aviõeszinhos que ganhou.

Ficou desperto por um bom tempo, depois dormiu muito até chegar na tapiocaria em Angicos.

Então, como estava faminto comeu uma tapioca inteira de carne de sol e banana.

Depois seguimos viagem.

Sempre atento a viagem viemos conversando muito.

Em determinado momento se pôs a desenhar.

Um galo gigante que vimos em Assu, um casco de peba, um tucuxi, um papa-vento, um teiú, uma preguiça, um carcará...

Paramos para ir no banheiro no mato.

Encontre uma rocha oval.

Chamei-a de eggrock.

Gostamos da palavra.

Chegamos em casa e nem percebemos.

Amor da flor e o morcego

 A semente do mussambé no baldo do açude deitou.

Quando a água secou ali germinou...

Cresceu molestada por percevejos,

Se vestiu de pelos glutinosos...


Bem lentamente sob o sol escaldante

Sob a noite enluarada, por vezes estrelada,

Crescia sem parar.

Seu corpo se dividia,

Suas células se reproduziam


O caule se ramificou,

Seus ramos armados e glutinosos,

Exalavam um cheiro de sertão.


Foi crescendo...

Crescendo...

Até que chegou o dia

Dia de floração...


Foi se desenvolvendo, se consgruindo,

Célula a célula,

Dai veio a inflorescência,

Dai veio o botão...

E numa tardizinha...


Como bicho que pare perante o sofrimento...


Uma flor desabrochou.

A primeira flor...


Flor de corola alva,

Quatro lindas pétalas unguiculadas,


Arrodeando o centro seis estames longos, finos e liláses suportavam as anteras.


No cento uma haste sustentava o singelo ovário


Com seus óvulos só esperando a fecundação...

A primeira flor foi abortada...


A segunda vez já não é surpresa...

Na inflorescência várias flores floriram...

Sempre a tardinha...



O cheiro se espalhou pela caatinga...

E para surpresa,

Naquela noite enluarada.


Uma visita aconteceu...


Um morcego veio e sem pousar,

Agradeceu e o néctar comeu...

Levou consigo o cheiro e um monte de polém, trouxe polém também.

E assim aconteceu.

Um amor no meio de sertão.


Tentativa

 Caminhando contemplava o amanhecer,

De dourado a cinza a vegetação se tingia,

Meu peito pulsava de tanta alegria,

A cada passo mais coisas a se ver...


Na vastidão do nascente o sol de luz tudo preenchia,

A salsa na beira da estrada suas estrelas desabrochava,

Rosa vivo, verde vivo...

Rodeada de sequidão...

O sol estrela grande


Alumiava e aquecia e tudo tostava,

Mas a salsa resistente,

Nem assim se entristecia,

Sua estrela ao mundo sorria.


Mirando o juazeiro e a aroeira,

Cheirava o aroma das flores de mangueira.

Resistente, no setembro que cresce para dormir em outubro.

segunda-feira, 8 de setembro de 2025

sete de setembro

 Sassá foi desfilar no sete de setembro.

Foi vestido de leão.

Estava todo empolgado, embora  não conhecesse nenhum coleguinha.

Eu estava emocionado, afinal meu filho desfilou nas ruas de Serrinha e eu nunca.

Estava radiante como o sol ao fim da tarde.

Os raios dourados do sol tornaram a roupa de Sassá ainda mais bela e dourada.

A mãe foi feito um satélite.

Desfilou o tempo o todo.

Até a concentração na praça de evento.

No fim fomos brindados com uma lua gigante e amarela.

Uma lua meio eclipsada.

Assim definiu Sassá

quarta-feira, 3 de setembro de 2025

Desenhar

 Sassá adora desenhar.

A mãe abre o computador e coloca imagens para ele desenhar.

Ontem, quando cheguei em casa, ele estava todo orgulhoso, pois havia acabado o caderno de desenho e estava desenhando nas folhas.

Quis desenhar bichos da Austrália. Então desenhou casuar, canguru, diabo da tasmanina, raposa vuadora, ornitorinco...

Estava todo feliz.

Mostrou os desenhos todo fofo.

Então fui deixar ele na escola.

Conversamos sobre a minha manhã.

terça-feira, 2 de setembro de 2025

Bogabens

 O silêncio do ser,

O existir refletido...

Manhã, tarde e noite,

Madrugada, aurora, crepúsculos...

Uma noite estrelada,

O mar...

E a pergunta fulcral

Quem sou eu?

O que sou eu?

Em que momento desperto para o meu ser?

O calor do afeto,

O frio da saudade...

A necessidade de Deus,

Que pode ser mais humano?

A razão.

Os pares de opostos

Bom ou mal,

Belo ou feio,

Justo e injusto...

Que horas desperto pra tudo isso.

É o começo do fim.

A inocência que é perdida ao despertar para a vida.

Ser um ser de relação.

Ser e existir...

Uma condição única a vida com razão.

Divagações

 A tarde nublada e ventilada cai suavemente.

No horizonte um navio passa lentamente.


As ondas vindo vindo vindo 

Alegram a alma.


Penso nas Maracanãs que sempre ouço aqui.


Ouço uma patativa, um bem-te-vi.


Vinícius alegre fala sozinho.


Tem quatro anos.


Zildo o homem dos guarda sol se foi.


Descansa depois de mais um sábado.


Uma barreira feira pela maré aqui está.


Areia quente e seca 

Anuncia o verão.


Quanta coisa boa.

30-08-25


Escrito em na praia de Cabo Branco, num lindo sábado.



Eu te amo

 Sassá acordou cedo!

Estava com muito frio, o ar estava gelado.

Então se levantou e foi me encontrar na cozinha.

Reclamou do frio. Levei-o ao banheiro para ele fazer xixi.

Depois voltou e começou a conversar.

Tanta coisa boa ele conversa.

Sobre bichos. Ele ama os bichos. Quer ter o mundo.

Risos.

Abraço, cheiro ele e peço a benção.

Enquanto tomava banho ele contava os seus planos.

Então após arrumado.

Ele me abraçou me beijou e disse que me amava.

E me fui.

Sentir o eu passado

 Algo em mim tenta falar comigo.

Como se meu eu do passado quisesse dizer algo ao presente.

As tardes sublimes de minha juventude já sentiam esse oco metafísico.

Nem imaginava este mundo que agora vivo.

Mas algo naquelas tardes no corredor de nossa casinha, apontava para isso.

Algo eterno ficou em mim.

Conceitos éticos, religiosos, além do físico.

Sinto como se aquele eu estivesse olhando para mim.

E espreito, como se pudesse olhar para ele naquele tempo...

Uma tarde, nunca cadeira, li alguns conceitos que deixaram muito em mim.

Ideias... a imortalidade de Platão.

A não violência de Gandhi.

Só sinto.

segunda-feira, 1 de setembro de 2025

Sábado

 Sábado fomos ao jardim botânico.

Fizemos a trilha pequena;

Engraçado que Sassá já reconheceu e perguntou porque vamos fazer a trilha pequena.

Queria ver bicho.

Vimos apenas dinoponera.

Ficou satisfeito.

Depois brincamos muito, fotografamos, vimos as abelhas.

Foi muito sossegado o fim de semana de Sassá.

Te amo

Levei Sassá ontem a minha sala. Ele disse que havia ido lá pela segunda vez. Perguntou sobre o meu Chefe e nem sei de onde ele tirou isso. M...

Gogh

Gogh