sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Chuva caiu

Fazia dias que não chovia. As plantas já estavam sedentas por água. O sol escaudante brilhava intensamente todos os dias. Fazia um calor infernal. Então hoje o fim da tarde ficou nublado, o céu sumiu, azul escuro, de nuvens. E assim escureceu. Achei que não iria chover, pois ventou um pouco, mas mesmo assim fazia muito calor. Então pingo a pingo foi caindo a chuva, foi engrossando e a orquestra se animou, não foi aquela chuva, foi algo tímido, mas veio desliguei até o ventilador. A natureza muitas vezes nos surpreende, nos traz coisas boas e a chuva pra mim é uma delas. Agora a noite segue escura, mas úmida ao sabor do som de gotas que despontam das folhas das árvores, dos fios. É a natureza da mãe terra atraindo para se a fonte de vida a água.

passa

O cão ladra na rua vazia,
cães respondem quebrando o silêncio.
O vento assanha as folhas da acacia.

A manhã passa!

Bom dia

Mal amanhece e toda a passarada já está numa cantarolada,
o cheiro da magnólia entra pelas frestas da janela e perfuma meu quarto.
Meu quarto parece está vivo, pois está tão quente,
deixo-o a meia luz só pra ver a chegada do sol.
Ronca ônibus no começo da rua e logo passa.
Canta forte o sanhaçu, bem do meu pé de acacia.
Canta o galo longe.
Ligo o rádio baixinho pra ouvir as notícias, e não desconectar da vida lá fora,
do som das aves.
Assim começo meu dia.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Músicas

Meu gosto por música não é lá apurado, nunca foi, aliás faz tempo que não ouço música. Na verdade quando morava em Serrinha, não tinha muitas opções, ou melhor, não tinha opções. Tinha uma ou duas fms e um monte de fitacassetes. Basicamente o que ouviámos era música brega, forró e sertanejo. Alguns cantores marcaram muito minha infância um dos que mais lembro e de Amado Batista, mais tarde vieram as duplas sertanejas e a minha predileta era Leandro e Leonardo. O grande sucesso "entre tapas e beijos" foi muito marcante pra mim, estourou no ano de 1988. Lembro porque na época vendia dindin no Porção, uma comunidade próximo a Serrinha do Canto, nessa época tinha nove anos. Era o climax das pessoas irem para São Paulo fazer a vida. Com a baixa escolaridade das pessoas pouco conseguiam, pois os empregos não ofereciam muito. Então era febre ir para longe e voltar no fim do ano com tênis de marca, camisas da hora, e um dois em um, e muitas fitas. A mulherada ficava maluca, com os patrícios vindo do sul. E o que tocava era a dupla Leandro e Leonardo. Eu pensava um dia irei pra lá e vou voltar pra namorar todas as meninas. E sonhava ouvindo as sertanejas. Nada disso aconteceu. Desgostei das músicas. Mais ainda quando ouço tenho boas recordações.

Música


Hoje quinta-feira houve apresentação da orquestra sinfônica da Unicamp no saguão ao lado da DAC, onde foi apresentado quatro músicas. A primeira foi uma música de uma peça de Shakespeare A megera domada, a segunda foi de um compositor alemão, a terceira uma opera de titulo O segredo de Julia e por fim uma composição de Gustav Holst. A orquestra sempre se apresenta as primeiras quintas do mês. Acho um espaço muito interessante para conhecermos mais sobre música, um momento pra contemplar a bela música. Bem que poderia ser mais frequente, mas já está bom. Assim mesmo.

Convolvulaceae

Ipomoea, Merremia, Jaquemontia, Evolvulus fizeram parte de minha infância,
mas como sendo diversas jitiranas.
Não é impressão não no sítio onde morei as estrelas caiam do céu pela manhã e se transformavam em plantas de estrelas. Transformavam-se em flores, azuís, como Ipomoea nil, Ipomoea parasitica, Evolvulus cordatus; rosas como Ipomoea bahiensis, Ipomoea incarnata, Ipomoea asarifolia; brancas como Merremea aegyptia, como Jaquemontia densiflora. Foi na infância que me apaixonei pelas flores. Fui um apaixonado pelas estrelas, fui amante das Ipomoea.
Lembro de ver verdadeiros céus de flores dia a dia. Quando no fim do inverno o céu tornavam-se bem mais azuis e os carrascos com mameleiros cobertos por Jitiranas tornavam-se rosados.
Aprendi a trabalhar, colhendo ramas de Ipomoea pra alimentar os porcos. Sim foram nas folhas de Ipomoea que descobri a forma do coração.
Foi as Convulvulaceae que me fizeram botânico.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

O curral

Desde que sou gente, vejo como meu pai dar um jeito nas coisas lá de casa, nas portas, na cangaia, nas ancoretas em tudo. Meu pai sempre arrumava as coisas com um pedaço de arame e a troquesa velha. Nunca vi uma troquesa igual só papai tinha ali naquele povoado, as pessoas tinha alicates, mas troquesa so papai. Enfim não era diferente no curral. O curral de nossa casa ficava a uns 300 metros de casa, não dava sequer para ouvir o badalo do chocalho tinindo. Só as vezes quando a vaca paria e ficava lambendo a cria. Quando as vacas estavam prenhas, uma forma de saber se o bezerro nascera a noite bastava ouvir o soar intermitente do chocalho e já sabíamos que a vaca pariu. Então papai como era homem corajoso, saia na escuridão para conferi. Levava na mão uma lamparina, não deixava nos irmos juntos, ia sozinho. E quando chegava anunciava que era bezerro ou bezerra. Era muito bom saber que a vaca parira porque em pouco tempo teríamos leite a vontade pra tomar com café, pra comer com cherém de milho ou com cus-cus. Uma vaca era uma fartura. Papai sempre teve um gadinho pouco mais tinha. A primeira vaca que tenho na memória que papai possuiu foi careta que tinha esse nome por ter a cara branca e o corpo preto, parecia que fazia caretas. Foi a melhor vaca que papai teve. Era muito boa de leite e muito mansa. As vezes mamãe ia tirar leite e ela mesmo que arriava as pernas de careta. Nunca deu um coice. Já a filha de careta a novilha que mancava de uma perna era muito arisca corria atrás de quem era mole. Não gostava da novilha, lembro que papai vendeu e mataram ela lá no curral mesmo. Nunca gostei de ver matarem animal. Não olhava nunca. Papai também não gostava de ver. Depois papai vendeu careta não por açougue, vendeu a um comerciante, não queria saber que mataram careta. Papai gostava muito daquele animal. Bem outra vez papai comprou uma vaca velha, muito boa de leite, com chifres grandes. Veio o inverno e papai foi para São Paulo e colocou ela no sertão numa manga. A vaca já era velha e morreu no certão, parece que ela comera tinqui, uma planta venenosa, que mata o animal de barriga inchada. Uma vez papai comprou uma vaca preta de Levi lá em Pau dos Ferros essa vaca era muito boa de leite, e mança. Na seca de 1993 a situação ficou muito ruim papai vendeu todo o cercado e ficou só com essa vaca e a bezerra dela. A coitada passou muito mal comia rama árvores que ia buscar na cerra de Zé da Maniçoba. Comia rama de Anemopegna e de Copaifera não sei como não morreu. Papai comprava um saco de resídio era com que escapava, dava pouco leite isso mesmo tinha o gosto forte das plantas. Por não lembro mais do gado de papai. Lembro do curral. Aquele curral velho e simples. Com madeira velhas e tortas sustentando a cerca. Uma cocheira que caíra várias vezes, mas papai ajeitava sempre novamente. O curral era dividido em duas parte uma para o gado solteiro com uma cocheira divida em dois lugares um para colocar água e outro para por ração. E o lado maior para as vacas leiteiras. Tinha uma porteira velha no nascente e o poente era fechado sempre de cochete. divida por uma porteira que papai fazia.
O solo tinha barro vermelho, e era preciso quase sempre tirar o pau originado das fezes das vacas. Aquele pau quando estava seco cheirava muito. Gosto do cheiro de esterco de gado. Era alí que nos tirávamos parte de nossa alimentação de nosso sustento, quando era inverno sobrava leite, então lá ia eu vender leite na cidade, pra comprar alguma coisa pra casa. Eu era péssimo vendedor, tinha vergonha de gritar pra freguesia anunciando a mercaduria. Imagina que já cheguei a voltar com leite. Era muito ruim vendedor. Eu e minha vergonha. Dinheiro branco. O dinheiro do leite e dos ovos que vendíamos eram sempre da mamãe, pai nem via a cor. Foi do curral que tiramos dinheiro, foi de lá também que tiramos pau para adubar a terra de nosso sítio.
Naquela vida todos que ali moravam viviam da mesma lida. Era o curral uma forma de economia rural.

Contemplar

Só sei contemplar,
nunca aprendi a conversar,
minha vida sempre foi contemplação,
não sei descrever a natureza,
não sei descrever a beleza,
sou como a natureza contemplativa,
contemplo como a estrela que contempla,
como a lua que contempla,
e como a poesia que concretiza a completude.
e ensina a contemplar.

Contemplar

Só sei contemplar,
nunca aprendi a conversar,
minha vida sempre foi contemplação,
não sei descrever a natureza,
não sei descrever a beleza,
sou como a natureza contemplativa,
contemplo como a estrela que contempla,
como a lua que contempla,
e como a poesia que concretiza a completude.
e ensina a contemplar.

Contemplar

Só sei contemplar,
nunca aprendi a conversar,
minha vida sempre foi contemplação,
não sei descrever a natureza,
não sei descrever a beleza,
sou como a natureza contemplativa,
contemplo como a estrela que contempla,
como a lua que contempla,
e como a poesia que concretiza a completude.
e ensina a contemplar.

Só a fé

 É certo que morreremos, mas quando vários conhecidos e queridos seus partem num curto tempo. A gente fica acabrunhado! A luta do corpo com ...

Gogh

Gogh