sábado, 25 de fevereiro de 2012

A noite

A noite chega e trás o silêncio.
Ela cobre tudo com seu mando
negro e tudo fica escuro.
A noite parece fria.
Ela oculta as formas
e as cores.
Quando a noite chega,
quando estou sozinho,
não sinto amizade com a noite,
seu silêncio abafa o meu ser.
A noite cala tudo.
As vezes quando é lua crescente
a lua parece sorrir.
Não vejo graça na noite,
não vejo vida na noite,
será se é porque não consigo
ver as flores?
Sei lá.

Riso da tarde

No fim da tarde a chuva caiu leve.
Enquanto os pingos caíam
das folhas podres do meu jardim,
um doce aroma era exalado.
Fui a janela e traguei
profundamente aquele doce
aroma.
Contemplei a chuva.
Percebi que as folhas
das ervas e da árvore
estavam viçosas,
pareciam rir...
A chuva molhou
meu passeio, mas veio
tão deliciosa.
Tornou a tarde mais bela...

Singela flor

O que por trás das coisas?
Quando olho para uma flor
o que vejo na flor?
Eu vejo formas e cores,
sinto aromas bons ou ruins.
Quando olho para uma flor,
desencadeia em mim
uma série de sensações,
de lembranças boas ou ruins.
Mas não sou um beija-flor
que tem preferências
ao que parece preferem flores vermelhas.
Não, não sou um beija-flor.
Nem sou uma abela que adora as flores coloridas.
As abelhas são capazes de verem as flores
muito antes do sol nascer,
elas sim tem muita afinidade com as flores.
E os besouros e as mariposas
parecem que sentem os aromas
das flores.
Sim estes animais noturnos,
certamente tem algum sentido
apurado que os guia até
as flores, creio que seja o aroma,
ou a coloração branca das pétalas.
Não, longe disso...
Sei que as flores após fecundadas
transforma-se nos frutos mais saborosos
ou amargos.
Sei que as flores representam
a mais singela expressão divina.
Sei que é por meio das flores
que os vegetais se reproduzem
se multiplicam.
Sei ainda que as flores no verão seco
representam a promessa da chuva que logo
virá e regará a planta para o desenvolvimento do fruto.
Sei muito pouco sobre flores,
sei muito pouco sobre os mistérios
da natureza.
Mas entendo que a natureza se revela
constantemente, no ato de reproduzir,
de renova-se e são as flores
e são os polinizadores
que se encarregam
para que não haja
jamais ausência de esperança,
de beleza,
de agrado.

Desordem

Às vezes acordo e sou tomado por meus pensamentos acelerados e desorganizados. Fico um pouco na cama, mas logo sinto um calor espalhando em mim, sinto-me incomodado. Então sou obrigado a levantar, como as minhas ideias costumam ser reticuladas, não consigo articular meus pensamentos. Tenho que aprender a tornar meu pensamento linear. Ideias confusas nos impedem refletir, nos sufoca. Vou a janela, abro-a e contemplo meu jardim que é vivo e viçoso. Gosto de sentir a energia emanada por minhas plantas. Estas pois crescem incessantemente e lentamente. Quando as observamos diariamente, parece que nada acontece, mas basta que nos ausentemos por algum tempo e logo se percebemos como mudou de sua fisionomia do jardim. Ao abrir a janela do meu quarto, fiquei surpreso ao ver como cresceram minhas plantas a Dichorisandra e o Triplaris. Minha Petivria aproveitou-se de minha ausência para florir. Não gosto que ela solte flores, pois tem um aroma muito forte, por vezes desagradável. Vejo que meu quintal precisa ser varrido e organizado. Se os meus pensamentos pudessem serem varridos como o meu quintal, seria mais fácil. Os pássaros até sumiram na minha ausência, acho que é por não ter quem colocasse frutos para eles. Ontem pus uma banana, mas eles não apareceram, só vieram aparecer hoje. Chegaram mais felizes, acho que é por está de volta.
Quando se está só, fica-se ansioso. E assim pensa-se de tudo... Acho que sempre foi assim. Quando morava na moradia, em Natal, nos sábados como hoje, eu tinha roupas para lavar e não tinha máquina, então passava meu tempo e livrava-me de meus pensamentos na lavanderia. Atualmente não é bem assim. Fui infectado com o vírus da contemporaneidade e acordo pensando em trabalho. E como me livrar de meus pensamentos. As vezes leio, escrevo. Estou lendo Ecce Homo, de Nietzsche. Está funcionando. É assim mesmo, temos que ir experimentando, e assim se aprende.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Sexta

Para quem está só e nada espera, a sexta-feira é apenas um dia longo que se arrasta até a noite.
À tarde passa bem devagar, passa na velocidade de um caracol a cruzar o jardim. Ainda mais se a tarde é cinzenta e o sol desaparece atrás das nuvens e a noite chega desolada. Uma das coisas que nos alegra é passar na barraca de pastel ou ir a pizzaria. É bom ver o  movimento dos donos acelerando seu serviço para que todos tenham pasteis quentes e refrescos gelados. Vai um vinagrete? Pedi dois pastéis, sabor de pizza, meu favorito, comi-os ali mesmo com um guaraná. Sai satisfeito pedalando.
Quando estava na faculdade sexta-feira tinha jantas fartas. Como não tinha dinheiro, chegava em casa ou ia estudar ou via uma novela, mas não tinha muito o que fazer. As vezes era um tédio, então para matar o tédio, íamos para a cozinha e ficávamos lá confabulando nossos sonhos...
Hoje pouco mudou. As vezes tenho a impressão que a vida é um sonho, ou é ilusão?
Sei lá...
Hoje é sexta-feira, quem pensa nisso, senão os solitários.


Meu jardim e o meu ser

Descobri a pouco um sintoma da minha velhice. Creio que o seja. Saio de casa e ao largar meu cotidiano, meus objetos, meus hábitos já me faz muita falta.
Descobri que meu jardim me faz mais falta que antes. Que minha cama, meus livros, meu quarto é mais agradável que todos que vou, porque tem o meu jeito.
Antes, não era assim, sentia-me bem onde eu ia e se não me sentisse, não estava nem ai. Não me importava muito com esses fricotes. Naquela época o que valia era a emoção, a nova sensação, as descobertas o inesperado. Não tinha muito medo das consequências. Eu queria era ser feliz, mesmo que desse errado e se desse e daí. Eu tinha a impressão de que era eterno.
Hoje estou muito mudado, não tenho a sensação que posso perder meu tempo, valorizo mais as coisas, valorizo mais a mim. Sou menos tolerante. Prefiro o conforto de minha cama e a organização desorganizada de meu átrio. E quando saio, já não deixo tudo para trás. Não eu lembro do meu jardim, dos meus amigos, da minha rua.
É estou realmente assumindo essa face e não sei se é bom ou ruim. Não sei mesmo. A natureza molda suas faces. Nos moldamos nossas faces e assumimos o que melhor nos convém.
A nossa memória as vezes é traiçoeira, pois lembramos de coisas distantes nos dar uma sensação de velhos.
O bom de tudo isso é que sempre podemos recomeçar e como experientes, já sabemos quais os passos a não serem seguidos.
Adoro o meu jardim, mesmo com suas imperfeições e as aves que os povoa e as plantas e o meu horizonte encerrado por sucupiras. 

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Passagem

E a tarde caiu preguiçosa
e aos poucos foi esfriando
e o sol foi partindo.
Sentado no jardim
sentia a brisa suave
que passava alegrando
o ramos das ervas
e arbustos...

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Fortificou

Estava tão seco,
a tarde a chuva caiu,
e regou as ervas
e os arbustos.
A tarde quando a chuva caiu,
o tempo esfriou.
A chuva molhou
a rua e a água
escorreu lavando
as pedras das calçadas.
E tudo que era seco
umedeceu,
e a vida se fortificou.

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Feiras-livres


A Feira-livre é uma reunião de pessoas que ocorre semanalmente em um determinado espaço público, onde ocorrem relações comerciais. Nas feiras são comercializadas mercadorias são tanto de origem animal quanto origem vegetal. Muitas vezes as mercadorias são confeccionadas artesanalmente. É nas feiras onde ocorrem encontros das pessoas das mais diversas habilidades e localidades. As feiras-livres, geralmente, são ambientes que proporcionam uma grande diversidade de coisas, de gente e de situações. As pessoas quando vão às feiras apreendem sobre o nome das frutas, dos cereais, dos legumes, das hortaliças, dos animais e de muitos objetos, aquelas pessoas se encontram com conhecidos, discutem sobre os fatos acontecidos, se comunicam e ficam informadas sobre as situações locais, além de obterem suprimento para sua alimentação durante o período da semana. As feiras-livres, antigamente, eram muito mais freqüentadas. Ali iam os cantadores de viola, os vendedores de cordel dentre muitas coisas que poderiam ser vistas. Hoje tudo mudou, quando se vai a uma feira, já não se vêem tantas pessoas, muitas vezes as pessoas vão a feira apenas em busca de algo. As mercadorias encontradas nas feiras, além de serem mais caras, apresentam ainda menor qualidade. Atualmente, poucos comerciantes resistem a pressão dos novos grandes mercados. Hoje existem as grandes redes de supermercados que são bem dotadas tecnologia de conservação dos produtos. Estas novas tecnologias usadas pelas grandes redes de supermercados, além de reduzirem o custo dos produtos, faz com que tenham maior qualidade. As grandes redes de supermercados, em sua maioria de origem estrangeira, foram suprimindo as feiras-livres. Estas são hoje reduzidas a pequenos espaços em poucas cidades.
As feiras que existem estão fadadas a extinção. A propósito gosto de feira e hoje fui a uma feira, no Luizorte em Uberlândia, onde vendem um pastel muito bom. Confesso que fiquei muito triste, pois vi que as mercarias não eram de boa qualidade e eram caras. Percebi ainda que apenas pessoas com baixo poder aquisitivo freqüentavam aquele ambiente. Em seguida fui a um grande supermercado que estava cheio de gente comprando tudo industrializado ou não industrializado, mas em melhor estado de conservação. Percebi quanto é triste esta situação. Na cidade de onde vim a muito tempo que as feiras acabaram, pois o investimento em uma feira traz é prejuízo.
A extinção das feiras-livres é uma coisa muito triste, pois com esta extinguem-se todas as relações sociais que tanto nos humanizavam.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Noite

E a noite arde em calor,
e a brisa entra janela a dentro,
sinto-me suave,
leve feito bolha de sabão
ao vento...
O grilo canta a noite
e a rua vazia
anuncia que é hora
de anoitecer os olhos
e descansar a alma.

Só a fé

 É certo que morreremos, mas quando vários conhecidos e queridos seus partem num curto tempo. A gente fica acabrunhado! A luta do corpo com ...

Gogh

Gogh