sexta-feira, 7 de março de 2014

Alegria que contagia

Quão feliz é a manhã!
O sol nem despertou,
Mas que intensa é a alegria dos animais,
Cantam intenso todas as aves,
As cigarras que fazem a madrugada pulsar.
Será que estão feliz por sexta-feria?
Será que cantam pelo calor?
Quem poderá saber.
Só sei que sua alegria
Me contagia.
Acordei e já estou feliz.

quinta-feira, 6 de março de 2014

Noite de março

A noite,
O som do apito longe,
Grilos cantando,
Estrelas piscando.
Minha rosa do deserto de corola dobrada desabrochou
Uma linda flor vermelha maravilhosa,
Folhas deitadas pelo chão,
O eco do mundo.
Ouço Liszt.
Tudo parece tão perfeito...
Exceto pelo calor.
E a noite de março passa.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Definições

Talvez uma coisa boa esteja me acontecendo
Ou talvez não esteja acontecendo nada.
A brisa frouxa cruza a janela,
Noite de estrelas e nuvens frouxas.
Eu, minha existência e os meus hábitos.
Quem eu sou?
Definiria-me através de meus hábitos.
Mas parte de mim é essa matéria
Esse corpo a quem habito.
Esse corpo que se consome
E se deteriora dia a dia..
Tenho noção disso
E aos poucos o tempo e a realidade são reflexos num espelho dourado.
Por isso inicio o texto com um talvez,
Por isso falo da brisa,
Do céu e das nuvens... Nada meu.
As mesmas sensações voce que agora ler as possui,
Mas a sua maneira.
Sensações são tão subjetivas quanto emotivas.
A nossa existência é tão breve para não perceber as coisas simples do mundo.
Eu sou o que o mundo me fez,
Eu sou minha maneira de perceber e se expressar,
O suspiro que sempre segue futuro a dentro,
Passado afora e presente...

Breve chuva

Agora, breve manhã,
Chove.
A chuva chovendo é tão agradável.
As coisas são agradáveis quando estamos seguros.
Lá fora, nas ruas, nas estradas e construções
A chuva, talvez não agrade.
A mim, agrada tanto quanto agrada as plantas,
Ao seco sertão.
A falta de chuva me ensinou quanto podemos amar o que não temos.
Cai água, derrama-se nesse solo fértil
E faz germinar a semente,
E faz das folhas adubo,
E dá a condição para a flora florir.
Pingo a pinto o solo absorve,
E tudo vai ficar mais lindo após a chuva.

domingo, 23 de fevereiro de 2014

Impressões

Uma manhã nublada,
A brisa fresca,
O canto das aves,
As a flores rosas das plantas nos vasos floridas,
O branco das paredes,
As folhas verdes do coqueiro,
E toda paz do domingo
Inundam o meu ser.
Talvez quisesse está em outro lugar,
Em outro tempo,
Em outro momento,
Mas aqui estou,
Ontem estive em Brasília,
Anteontem em Campinas...
Agora aqui estou, agora sou.
Amanhã quem sabe.
Sabe, a gente sente um vazio no peito
Certas vezes e desconhecemos as causas.
Certas coisas não tem causas.
Com a vida é assim,
Simples e lógica
É ou não é.
Chopin, para mim, expressava tudo isso.
Mais nada.

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

A passagem do tempo

Os anos que passam me ensinam tanta coisa.
São tantas as experiências.
Os anos por passarem nos separam das fases da vida,
Os anos que passam apagam da memória coisas boas e coisas ruins.
Os anos passam e com essa sucessiva paisagem
Temos muitas vezes que mudar,
Todos se vão com o tempo.
O tempo está presente do desabrochar da flor
Ao amadurecer dos frutos,
Na semente, na árvore...
Em tudo.
O tempo é intuição.
Começo a desconfiar que não consigo domar o tempo,
Então só me resta domar a mim mesmo
E mesmo que não o faça o tempo se encarregará de tal proeza.

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Consciência

O tempo,
O espaço,
O mundo,
A matéria,
A substância,
A matéria,
Os corpos,
As cores,
Os cheiros,
As formas,
A vida.
Nossa percepção de mundo,
Nossa cultura,
Nossos hábitos.
Quem somos nós mesmos?
Somos livres realmente?
Não dependemos do todo para existir?
A propósito consigo respirar com dinheiro?
Posso, devorar um boi numa refeição?
Eu consigo desfrutar e fazer tudo que eu quiser de uma só vez?
Como pessoas que prejudicam os outros por interesses consegue dormir?
Por acaso não crê que vai morrer?
Não imagino.
Alguns homens tem mais consciência de sua existência passageira que outros.

Canta sabiá

É de manhã,
Após a noite,
O sol clareia a floresta
E um sabiá contente está a cantar.
Canto belo o canto do sabiá,
Canto alegre, canto feliz.
O sol desponta sobre a floresta
E os raios dourados alumiam as floras da aroeira
Lindo Schinus terebinthifolius.
Canta sabiá,
Canta sabiá.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Acordar

Hoje, quando acordei,
Foi tão bom.
Senti a vida pulsando,
Senti uma alegria gritando,
Dentro de mim,
Igualmente ao canto das aves
Que cantavam
Como se estivessem felizes
Como se cantassem para o sol que nascia.
Hoje, quando acordei,
Percebi que o sol ainda ia nascer,
E me senti renovado como se tivesse renascido com o sol.
Senti a brisa da manhã invadir o meu corpo,
Senti aquela brisa que vindo mar, ou além do mar
Fazer parte de mim, mesmo que nem percebesse, mas hoje percebi.
E ao levantar e ao caminhar até a cozinha senti as minhas pernas,
E percebi quanto é bom poder de deslocar.
Enchi o copo com água.
Água pura, sem gosto, geladinha
E tomei todo o copo e senti e percebi que aquela água que estava na geladeira
Naquele instante me constituía.
Esqueci o mundo, não liguei o rádio e li uma máxima  de Epiteto...
Matutei por um certo instante.
Fui a janela e contemplei as minhas flores.
E tive um dia tão diferente.
E assim vivi.


segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Descoberta

Quando a chuva se vai,
Os pingos ecoam
E se derramam por um bom tempo,
E a brisa passa
Enquanto isto o solo ainda tem o espelho da água que caiu da chuva.
As folhas gotejam generosamente a água que poderia absorver,
Mas cabe a raiz beber a água da chuva,
A folha apenas respirar e purificar o mundo quando é dia.
Shodtakovich tornou a noite ainda mais harmoniosa,
Nem quero ir dormir, mas devo...
Minha natureza necessita recolher e reenergizar
para o novo dia,
Mais uma rocha a Sisifo.

Momento sublime

É noite!
A noite já está alta.
Faz muito calor,
Embora chova neste instante
Nem por isso a temperatura diminui,
Contudo a chuva chovendo é um espetáculo,
A minha rosa do deserto desabrochada, mesmo agora.
A noite vai passar,
A chuva vai parar,
E a rosa vai murchar,
Mas agora a noite, a chuva e a rosa
Tornam este momento completo, sublime.

domingo, 16 de fevereiro de 2014

À tarde!

A tarde cai serena e iluminada.
Esta tarde que é benção,
Mas que por ocasiões da vida
É o fim para outros...
Quantos viram o dia nascer,
Mas não verão a noite escurecer.

Sol que se desloca e se encanta no poente.
Este sol que vai minguando a cada instante que se vai totalmente, completamente.
Essa tarde, esse sol são iguais àquela tarde que Jesus entrou para a eternidade.
É a mesma luz e semelhante tarde que iluminou o mundo para Borges,
Esta tarde essa luz é a mesma luz que encantou Gogh.
É a mesma tarde que Beethoven teve a epifania que lhes permitiu concluir uma sinfonia.
Certamente é a semelhante a tarde que Eistein pensou e solucionou a teoria da relatividade.
O tempo é uma intuição interna,
O espaço uma intuição externa,
Visto isso, se todos somos humanos!
Se todos estamos vivos. Por que nos angustiamos nas tardes de domingo?
As vezes temos motivos e as vezes temos indisposição.
Essa luz desta tarde que tantas belezas ilumina
É a mesma luz que vigia as tragédias que amanhã
Serão notícias nos jornais.
Sol esse ser maior sob sua luz nada se oculta,
Que a todos compartilha sua luz, sua energia...
Eis o ser maior, eis o ser superior.
Vejamos o mundo não nos comparemos com os outros, mas com o melhor que podemos fazer.
Tenhamos cuidado com as ilusões do mundo.
Posto que podemos admirar o que está a nossa volta,
O sensível e a partir dai possamos entender tantas questões.
A luz do sol da tarde de domingo,
Que se sinta feliz por ver e por viver...
Porque uma tarde passada não volta jamais.

sábado, 15 de fevereiro de 2014

Generosidade

Na noite escura,
O céu é o firmamento das estrelas,
Da lua.
O céu é tão grande e magnífico que não cabe no meu olhar.
Meu olhar se perde 
Entre tantas estrelas belas,
Na profundidade escura da noite.
E a brisa que sinto que me afaga
Que faz as folhas das árvores cantarem para mim.
O universo é tão perfeito e generoso
Que compartilha comigo este momento de existência.

Aqui, sábado a noite

A noite de sábado é tão vazia e silenciosa.
As ruas estão tão vazias,
Cães latem longe.
No meu prédio,
Além de mim não há ninguém.
A brisa sopra suave,
O somo me envolve,
Vou dormir e fechar a minha noite.
O mundo lá fora é uma selva
Na qual não me aventuro a passear.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Predicados noturnos

A noite cai enluarada,
Silenciosa e ventilada.
E a chuva caiu!
E espalhou no mundo
O cheiro de molhado.
O grilos cantaram,
E a lua se escondeu atrás das nuvens.
E veio o calor e o vento.
E tudo passou.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Prazer da vida

A vida que é cheia de descobertas, nos revela que viver é conhecer. Descobrir é conhecer. Às vezes, somos tomados por um grande desespero que não entendemos e sua origem e portanto nos faz sofrer. Este desespero surge de nossa insegurança. Bom com a experiência aprendemos que o desespero passa e que sobrevivemos e que a vida continua... E é como nadar na praia sempre virão ondas sucessivas e aprendemos, então a gostar das ondas e a descobrir o prazer da vida nas pequenas coisas.

domingo, 9 de fevereiro de 2014

Chuva e a noite que caem

A noite calma que passa suave
Está tão gostosa,
Por hora desfia do céu uma fresca chuva
Chuva que se derrama por benção
Cai e mata a sede das ervas e árvores,
E permite que a natureza do amanhã
Seja distinta do que foi hoje.
A chuva que cai canda para minha alma,
Seu canto doce eco me faz feliz.
Pingo a pingo ecoa num doce som,
Ecoa num só tom
E a brisa molhada invade minha sala seca.
E o meu ser é todo cansaço
E a cama meu altar
Trará energia para um novo dia...
E a chuva cai, como a noite
Suave e lentamente.

sábado, 8 de fevereiro de 2014

Através da tarde

A tarde que passa
A tarde que passa ensolarada,
A brisa que passa pela janela aberta,
E me afaga,
A luz que da tarde que me revela as cores e as forma coisas,
E o que sinto agora é diferente do que sinto pela manhã ou pela noite.
Sensações que me fazem sentir pleno nesta hora.
Pensamentos que norteiam meu ser e minhas ideias
Pensamentos os quais conheço e por isso tenho que avalia-los sempre
Para não perder meu norte...
Consciência de mim,
Aquilo que também adormeceu em meu ser,
Após meu cochilo, parece adormecido em mim,
Nem parece que agora me constitui,
Parece o movimento que Sartre chama de consciência,
A consciência é nada,
Certos conhecimentos fazem parte de mim, mas que muitas vezes se fazem reticentes.
Agora, estou pleno...
Agora que ouço Bethoveen, o chiado das folhas de coqueiro e o canto da patativa e do sanhaçu...
Reconheço cada som a minha volta, as formas e as cores...
A parte isso, o que existe é um monólogo consciente do meu ser...
A tarde esse movimento que se desfaz para dar origem a noite,
É necessário nagar a se para da origem a si em plenitude sendo quem é.
Como a tarde, como a ignorância...
Como nada.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Breve

Sexta-feira, chego cedo na minha sala. Acordo bem cedo, assim posso desfrutar de coisas que adoro: o sol nascendo, o canto das aves, minhas leituras breves, assim como meus pensamentos breves, meu café, meu chá. Bom ai venho para a universidade e me divirto com as coisas simples, as pessoas caminhando na praça da Paz, pessoas indo comprar pão na padaria da esquina, as crianças entrando no carro para ir para a escola, sonolentas...
E chego a minha sala, sento, ligo o computador... Leio Loiola.
E ouço um sabiá cantando na aroeira em frente a minha sala
Aos poucos se inicia uma chuva...
Sinto uma paz... E penso bem que isso poderia durar uma eternidade,
Mas sei que o que é bom é bom porque é breve.
E a sexta segue com suas ações.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Voltar a si

A gente se perde no dia,
A gente tenta muito fazer o possível
O que parece impossível,
Nem sempre cumprimos nossas prioridades,
Procrastinamos...
E percebemos apavorados que o tempo passa
E quanto o tempo passa
E quantas vezes nos perdemos...
É preciso voltar a si...

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Saudade

Às vezes nossos sentidos congelam com imagens,
Sons, cheiros de algo que fazia bem e não que existe mais,
Desapareceu e só existe a luz de nossas lembranças.
Sensações vivas do passado que nos faz  reviver...
Um beijo, um abraço, caminhar pelas ruas,
Olhando as casas, as árvores com suas flores,
A manhã que sempre se revelava linda com ou sem chuva...

E ter tudo aquilo está ali vivo em nossa memória mas que não existe mais.

Como dói a saudade.

Quando temos muitas saudades, certamente estamos cada vez mais experientes e não velhos.

É interessante como alguns lugares nos fazem tão bem...
Essa é a minha impressão que tenho de Campinas,
Quantas conquistas não consegui em terras tão distantes,
Amigos, uma namorada, uma boa morada... Uma segunda mãe.
Uma maior compreensão do mundo, amizade...
Todo o conjunto...

Certamente, tens algum lugar que te faz sentir assim...
Quando quero viver em Barão ouço Schumann,
Quando quero viver São Paulo ouço Holst...
Quando quero viver Brasília ouço Chopin,

Creio que selecionamos nossas memórias...
E quando quero viver Serrinha o que ouço?
Leandro e Leonardo.
De lá pra cá parece algo tão longe...

Ainda tenho lembranças de quando sai de casa
Com a cara e a coragem e magreza...
Meu Deus como a vida é louca.
Olhando aqui de cima, vejo que lá de baixo nunca pensei em chegar aqui...
Acho que sempre fui um perdido das ideias,
Talvez todos sejamos assim ou não...

Não sei,
Mas será que existe algo em mim que se expressa sem que perceba?
Vez por outra, mas diante da razão me pego místico...
O que explicaria esta saudade?
Vago... vago universo.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Adeus ao tempo

Adeus
Flor do campo que ontem floriu,
Céu azul de janeiro,
Férias de verão,
Meu ser e sua expressão...
Tudo parece melhorar amanhã,
Mas todo tempo é muito para quem espera.

Agora o sol brilha tão forte
Quem nem parece que hoje é irmão do ontem
E ontem chovia tanto...

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Pensamento oco

A manhã, a chuva, as árvores molhadas,
O cheiro de madeira e folhas em decomposição,
O som da chuva, 
O lugar quentinho,
O som de piano, Chopin ou Schumann...
O vento que sopra suavemente flamejando
O ramos das árvores,
Tudo isto me soa tão saudoso,
Boas recordações profundamente subjetivas,
Sempre que se repete,
Simplesmente exito, simplesmente sou...
Perco-me no vazio de nada pensar,
Sou só sentidos.
Sei, entrementes, que não são coisas raras na natureza,
Mas que fazem toda diferença em minha breve vida,
Porque amo a chuva,
Porque amo a manhã,
Porque amo a vida,
Porque a vida é uma eterna e incessante construção,
Como o quebrar das ondas na praia,
Como a correnteza do rio,
Incessante é a vida...
Enquanto cai a chuva vago...
E para onde vão as perspectivas de quem morre?

Sei lá...enquanto chove, agora, escrevo algo, que sei lá quem vai escrever...
No caso você que ler agora, visto que a leitura é algo sempre feita no presente momento,
talvez nem tenha cruzado os primeiros versos...
Que sentido terá o que escrevo, para onde mira meus pensamentos,
E o espelho de minha memória o que me mostra...

Vejo a chuva caindo no barro vermelho,
Vejo pedras escuras soltas,
Sob o cajueiro um monte de caju,
Junto a meu pai a descastanhar o caju e a castanha melados de nódoa e água
E o meu pensamento oco como agora.

sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

O mar

A água salgada,
A areia úmida
E lambida das ondas do mar,
A linha do horizonte tão planta,
A brisa a soprar,
As algas ancoradas na praia,
Uma ou outra caravela,
O céu e o continente dois oponentes,
Coqueiros a balançar,
Pra lá e pra cá...
Já não desconheço,
Mas pouca intimidade tenho com o mar.

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Boa impressão

João Pessoa é uma cidade que me surpreende sempre, oras são as matas conservadas, oras praias, oras as pessoas e agora o conjunto arquitetônico histórico desta cidade. Hoje fui surpreendido ao visitar o centro histórico, pois não sabia que haviam igrejas tão belas em João Pessoa. À propósito fui conhecer o Centro Histórico fiquei surpreso com as igrejas que visitei. Igrejas construídas no século 16, cheias de beleza difundida em suas fachadas, pinturas, santos, toda um patrimônio sacro maravilhoso que nos ajudam a imaginar e tentar, resgatar como foi esta cidade no passado. Iniciei meu o roteiro pela igreja Nossa senhora do Carmo, em seguida visitei Igreja de São Francisco e por ultimo a Academia Paraibana de Letras. Detenho-me aqui a visita das igrejas embora a visita a Academia Paraíbana também seja importante, no entanto o conjunto sacro me atrai mais atenção, até mesmo pelo gosto que tenho a arte sacra. Fiquei maravilhado com as construções, os painéis, os santos e todo o conjunto. Ambas igrejas são belíssimas e vale a pena visita-las. Em ambas somos extremamente bem recebidos. Na igreja São Francisco pagamos uma quantia irrisória de quatro reais para visitar, mas vale a pena. Temos uma coleção impressionante.
Ao longo dos anjos que haverei de viver aqui, procurarei descobrir mais sobre estas igrejas e suas histórias.

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Dias de verão

Mais um dia quente de verão se passou.
Nos dias de verão o sol brilha intenso,
Nos dias de verão as chuvas são escassas.
Nos dias de verão as ervas torram sobre a areia escaldante.
Nos dias de verão formigas trabalham sem parar.
Nestes dias as tardes são fagueiras
O açúcar do suco é tão doce,
O sono se faz presente durante o dia e escapa durante a noite.
Ficamos muito ociosos nos dias de verão,
Temos mau está no corpo,
Bebemos muita água, fugimos do sol...
E sobrevivemos na esperança
De que o inverno venha e a tudo apague,
A cinza do pó das ervas,
O pó que cobre o mundo...
O pó que cobre a vida.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Sem propósitos

Após o meio dia, 
É preciso ter paciência,
O sol arde lá fora,
Através da janela
Fugo de meu tédio,
Sinto-me ocioso, enfadado,
Então olho através da janela
E vejo a aroeira  de ramos longos 
Balançados ao vento,
Quem dera ser o vento
E vivesse sem propósitos,
A assanhar os cabelos das meninas,
A embalar os carros nas estradas,
Viver uma vida desregrada,
Sol, horizonte e praia.
O que me resta é ser feliz
Olhando através da janela
A aroeira embalada pelo vendo.

Cada flor

As flores desabrocham ao amanhecer,
Há aquelas que duram poucas horas,
Nem chegam ao meio dia,
Entretanto há aquelas que permanecem por dias.
Cada flor tem sua história.
Cada rosa, cada geranium, cada pelargonium.

domingo, 26 de janeiro de 2014

Relações

A vida é todo esse movimento,
Desde a tomada da consciência do mundo,
Do tomar posse de si,
De compreender,
De reagir,
De lutar e correr em busca daquilo que nos faz bem.
E neste movimento existem tantos hiatos.
Tantos desgostos, fulcros que inconscientemente
Se cristalizam e nos tornam quem somos.
E quem somos nós?
Uma mistura de encontros e desencontros,
O desfiar e acontecimento e desacontecimento
Das relações.

A vida é um dia

A vida termina.
Em pouco tempo a vida se vai.
O suspiro que surgiu do amor
E se desenvolveu e veio a ser e é
Tem um fim.
E como explicar os hiatos da vida?
Momentos de profunda tristeza
Ou até mesmo de profunda alegria.
Os encontros casuais entre as pessoas,
E os desencontros seriam casuais?
Como explicar o gostar, o sentir, o carinho?
Serão apenas sensações humanas?
O espirito que rege a razão humana?
O espirito humano que ecoa entre gerações.
A vida termina.
Serão nosso instintos animais que nos oculta esta máxima.
Será que nossa ergia vital dissolve esse pensar?
A vida é um dia.
E a luz que emana do sol
Ilumina todo que vemos, percebemos
E vemos a realidade,
Mas a ignoramos...
Não é belo o canto de um pássaro,
E as paisagens que vemos?
E não nos assusta saber que a vida acaba?
Talvez se aceitarmos a realidade
A vida será mais agradável.

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

A noite e nossos desejos

A noite,
O vento soprando do mar,
O céu azul marinho,
Estrelas piscando,
Grilos a ciciar,
O ponteiro do relógio a se mover
Segundo por segundo sem que percebamos.
A noite nos convida, antes de dormir
A comer.
Nosso espírito de barata que nos faz lembrar,
Do chocolate no armário,
Do doce na geladeira,
Dos biscoitos...
Hum! é preciso ser muito forte,
É preciso fugir deste pensamento,
E fugimos para outro pensamento
O sexo, nossa, nestas horas é péssimo está sozinho,
Sem comentários,
Já não há leitura em que nos concentremos,
Graças a Deus nem novelas e nem filmes,
Agora só me resta dormir,
Mas os desejos da carne,
Cortam na carne.

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Pressão

Às vezes somos tomados por um vazio que nos impede de pensar.
Este vazio seria refente ao cansaço mental ou a pressão que o mundo exerce sobre nós?
Este vazio, parece ser a ausência de capacidade de se concentrar em determinada coisa fugindo assim daquela ideia que nos consome. Seria então a pressão?
Diariamente, somos bombardeados pelos meios de comunicação que mostram pessoas vencedoras, pessoas lindas, pessoas alegres, pessoas felizes, pessoas com um ótimo emprego, pessoas que consomem as melhores roupas, que vão aos melhores salões, que são cultas e inteligentes...
Ou seja o padrão que nos espelhamos é um padrão que não condiz com a nossa realidade.
Então nos lançamos em direção a este ideal, em busca de todas as qualidades, em busca deste ubermam, de maneira que não conseguimos respeitar nossos limites. E somos consumidos por tal espirito do tempo, e nos tornamos vazios, cheios de pressão, cheios de medo.
E parece que não encontramos uma solução para isto, na religião, na medicina, na psiquiatria em lugar algum.
A busca pela felicidade que é a mensagem ai imbuída, um ideal utilitarista nos impede de vivermos,
de sermos e de nos afirmamos como seres capazes e capacitados a exercer nossas funções como seres humanos.
Haveremos de neste momentos, como dizia Pessoa, nos atermos aos nossos sentidos, sentir o mundo em si, pensar a vida em sim, nos percebemos como animais, como seres... E quem sabe assim, assumindo a prioridade do viver em si, não estejamos livres do cansaço mental. 

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Alma, tempo e vida

A hora que se passa no relógio,
O sangue que segue entre artérias e veias,
A luz que acende o olhar,
A brisa soprada do mar,
A música decifrada das notas,
A intuição a guiar nossas ações...
Nosso ser nossa constituição,
Nossos impulsos e desejos e reflexos,
O eterno vir a ser,
O desejo de melhorar,
O tempo a nos consumir,
O sangue a nos alimentar,
Entre nossa hora primeira
E nossa hora última nosso movimento,
Nossa história, este eterno devir,
Que se precipita na morte,
Mas enquanto ela não chega,
Viva de maneira cada vez melhor,
Aceitando a hora,
O rios que correm em seu corpo
E que aquece sua alma...

Sonho pueril

Um menino sonhou,
E o seu sonho o alimentou,
Alimentou e nutriu seu espirito.
E seu espirito desabrochou,
E a vida seguiu como segue para todos,
E espectador de sua vida, aquele menino cresceu,
Muitas vezes como figurante de sua vida,
Só em seus sonhos era protagonista,
Por isso aquele menino nunca tomou posse de sua vida,
Mas fez de tudo para existir,
E não aprendeu a tomar as rédeas da vida,
Mas percebeu que sonhar era o norte que guiaria sua vida,
Teve fé, teve disciplina, no entanto certas coisas são independentes de seu ser...
Sonha querido menino, sonha que é noite profunda,
Dorme e sonha,
Só em sonho se é plenamente feliz.

Oculto, mas não silêncioso

Distantes,
Não posso mais sentir o teu olhar,
Nem ouvir a tua agradável voz,
Está tão distante e se distancia cada vez mais,
Para longe de mim, para longe de meu ser,
Não esperei que fosse assim,
Não achei que fosse tão ruim.
Hoje converso com a noite,
E a noite parece está sempre triste e só.
A partir de agora, vou escrever uma nova história,
Mas as conchas de tudo que voce deixou,
Levarei como tesouro que me destes,
Cada concha, e as pérolas que nos produzimos,
Tudo agora são memórias, doces memórias,
E me pergunto onde nos perdemos,
Porque sei onde nos encontramos,
E nosso encontro foi tão lindo,
Tão pueril e por isso houve um rompimento,
E agora sinto a noite, o silêncio da noite,
Porque talvez buscasse isso e quisesse isto,
A vida é pragmática,
Devemos então seguirmos em frente,
Partimos para uma nova história,
Escrevermos um novo livro,
Confesso que com o passar do tempo,
Os casos de paixão ou a promessa de amor passa a ser ilusão.
O ceticismo nos toma por razão...
E o que tenho são memórias e medo e a certeza
do meu fim.

Silêncio noturno

A noite silenciosa de luz,
O som intermitente de insetos, grilos
De frequência semelhante ao pulsar das estrelas.
O apito do guarda,
Vozes indecifráveis,
Latido dos cães,
O som distante do deslocar de carros,
Ouço a voz da noite,
Sinto a brisa da noite.
Como voce percebe a noite?
Noite de um dia de semana,
Voce que está na labuta
Ou que descansa,
E os grilos continuam cantando noite a dentro.
Sem que entenda significado algum,
O cansaço de meu corpo, quiçá de minha alma,
Só percebe o silêncio da luz e ausência lunar.

http://www.youtube.com/watch?v=ikBD3DcSGFM

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Exemplos humanos

Borges meu querido Borges,
Jorge Luis Borges,
Sua vida, sua obra,
Contos, poemas, ensaios...
Tanta coisa o caracteriza,
Sua vida foi uma obra,
Sua vida uma batalha,
Enfrentou a cegueira com energia
E profunda sabedoria,
E sua vida continuou,
Foi ali, no escuro de seu corpo
Que o brilho veio a sua vida,
Sofreu, sofreu com o amor,
Com a dor da perda...
E no final da vida um câncer enfrentou,
Um câncer o consumiu,
Consumiu seu figado,
Consumiu sua vida,
Seus pensamentos, Sua obra,
Seu exemplo...
Encantam-me a força e a disposição com a qual enfrentou a vida.
Ao ler sua biografia,
Ao ler sua obra,
Tenho a sensação da universalidade humana,
Embora possa ser um ser de extrema brutalidade,
É capaz de universalizar-se em sua obra...
Que o diga aqueles que me fizeram enxergar além dos meus sentidos,
Gogh que ampliou minha maneira de perceber as cores,
Mozart ampliou minha maneira de ouvir a música,
Sócrates que me ensinou a questionar,
Nietzsche a me ater aos pequenos aforismos...
Borges me alegrou ao tentar escrever,
E tantas outras coisas me fizeram avistar a razão...
Kant com sua BOA Vontade,
Gilsão com suas leituras reflexivas e simples...
Aprendo tanto com a vida,
E com pessoas vivas e com pessoas imortalizadas por sua obra,
Francisco de Assis e sua obra,
Padre Antônio Vieira e seus Sermões,
Cristo e sua eterna coragem...
Tolstoi e Gandhi me ensinaram a força da não violência...
Só a maturidade e a experiência, a idade da razão Spinisiana
Nos faz entender a importância da tristeza e da felicidade.
E assim vou seguindo minha passagem pela terra,
Com amor no coração.

domingo, 19 de janeiro de 2014

Definição subjetiva de mar

O horizonte distante,
No mar e no céu,
Ondas vindas de lugares distantes
Se acabando na areia,
O céu azul,
O mar salgado,
De águas que se vertem na praia
E vão e voltam
e se infiltram na areia...
O som do mar,
O frescor da brisa,
A textura da água e da areia,
Estou onde quero está?
Vejo o que quero ver?
Sinto o que quero sentir?
Ou sou um prisioneiro do meu corpo
E da distância...
Certamente algo que está distante me faria feliz,
Talvez esteja feliz com o mar,
Talvez o mar me faça pequeno e solitário,
Um grão de areia numa praia
Que vive, que sente e se exprime,
Não fala, apenas traça monólogos,
Se muito fala apenas
tira da carteira o dinheiro e paga o ônibus,
A água de coco,
E saboreia a água, a paisagem, o mundo colorido e vivo da praia.
Algas são derramadas na praia,
E a mente vaga entre tanta coisa a ser pensada,
Tanta coisa a ser vivida,
A vida pode está apenas começando,
Mas pode já ser tardia,
Ou está no fim,
A praia é tão larga,
Tem tanta água salgada no mar,
Que conseguirá entender o mar?
Quem conseguirá entender a vida...
Talvez numa poesia,
Se defina o mar.

Que constitui o tempo?

O que constitui o tempo?
O tempo seria uma medida que separa os fatos.
Desde o dia que comemorei com meus amigos
meu último aniversário, me distancio cada vez mais deles,
Me distancio cada vez mais do último dia que conversei com minha avó,
Me distancio cada vez mais do dia que nasci,
Me distancio cada vez mais da primeira vez que fui embora,
Me distancio cada vez mais das pessoas que hoje dormem na eternidade,
E ao mesmo tempo me aproximo cada vez mais do dia que pode ser o meu fim.
O tempo permite que me aproprie da razão,
Mas ao mesmo tempo me desaproprio de tudo que me ligou e liga a vida.
O tempo é a medida de nossas BOAS ou má vontades...
O tempo é o eco e é saudade...
O tempo me aproxima e me distancia...
O que constitui o tempo são as nossas memórias...
Mais nada.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Devir

Breve a vida passa,
Nossos sentimentos de apego e de desejo,
Nosso desprezo pelo vazio,
Nossos maiores inimigos, nossos medos
Tudo a acontecer,
Ser, vir a ser, ser,
O não ser...
Aquilo que nos constitui,
Aquilo que nos divide,
Aquilo que admiramos,
Suportar as coisas da vida.

O tempo passa
E quando passa nos separa,
Nos opõe a vida,
Mas enquanto vida tudo há...
Paixão, sensação, desejos, ação.
Tudo suporta e segue para o fim.

Existencialismo

Somos, enquanto vivos, ação,
Quando descobri isso,
Nem me lembro,
Nem refleti.
Somos ação,
Vir e devir,
Sujeitos e objetos,
Alteridade o que é?
Vivos, vivemos e tudo podemos,
Tudo podemos se planejamos,
Tudo podemos se projetamos,
Somos livres,
E o mundo acontece
Sob o suor e a convicção.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Onde estou?

O sol intenso da manhã
Que despenca para o meio dia,
O canto da cigarra sertaneja.
O mundo é só energia,
Pedras soltas no chão,
Ideias perdidas no azul do céu.
Existe o aqui e agora que pode ser em qualquer lugar.
Estou onde projeto está
Ou estou em qualquer lugar...
As sensações me levam a está onde estive
E são reconstruídas sempre.
Aqui, ali ou acolá.
O sentido está onde o coloco,
Está onde me atenho aos sentidos.
O sol intenso,
A vida singela,
O canto da patativa...
Seremos eternos saudosistas?

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Através da janela

Sentado, olho para a janela
E bem, vejo através da janela,
As árvores a balançar,
Sei que a brisa está a soprar.
Perceber o mundo externo
É muito fácil, embora só vejamos o que queremos...
Mas perceber o mundo interno
É extremamente difícil,
Pois sempre nos comparamos por cima,
Sobrestimamos sempre...
Como compararmos, com os outros.
As vezes, paro e penso na vida,
Procuro ver o que me rodeia,
Nem sempre encontro um pensamento vigoroso,
Ao menos tento.
Tento me nortear através dos livros...
Talvez me perca mais que me encontre,
Talvez nunca consiga,
Mas persigo assim mesmo uma autonomia
Intelectual...
Talvez tudo seja em vão.
Pelo menos tenho a mania de ver as coisas
Mesmo que seja através da janela.

O canto da manhã

Rouxinol cedo cantou,
Cantou na minha janela,
Rouxinol anunciou,
Que aurora já viva,
Que o sol em breve viria,
Cantou, cantou, cantou,
E encheu meu coração de alegria,
E anunciou o novo dia,
E expressou a presença de Deus
Na beleza de seu canto.

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Despedida

Partiu?
Partiu quando?
A que horas?
Para onde?
Estava feliz ou triste?
Chorou?
-Partiu sim,
-Partiu antes de você sair.
-Era cedo para a noite.
-Foi para onde sopra o vento.
-Estava vivo, nem percebi.
- Se chorou? Não sei.
-Só sei que partiu.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

O mundo

O mundo que vejo é um mundo de substantivo,
É um mundo de coisas e de nomes.
Eu percebo o mundo e aprendi a nomear as coisas
Em categorias científicas, em categorias literárias,
Eu vivo o mundo e sinto o mundo e conheço as palavas,
Mas sou oculto no mundo,
Não sei trançar as palavras,
Sou quase mudo tudo em mim é alteridade,
Não sei relacionar as palavras,
O mundo que me comunico é extremamente subjetivo,
Morre comigo se morrer,
Não passará além-túmulo,
Embora tente lutar contra isso,
Sinto que o universo todo cala meu verso...
Quem sabe um dia, chegue a algum conhecimento
Categorizado por Spinoza
Ou serei sempre mudo das palavas...
Não seria minha intenção.
Vou continuar vendo o mundo
E quem sabe um dia expresse o mundo.

Heidgger

O que leva o pensar para esquecer do ser?

Dúvidas

Como ouvir o coração?
Como ouvir a alma?
Nossos corpos cheios de desejos,
Cheios de paixões.
Em nós há uma guerra interna
E travamos cada dia uma batalha,
Nem sempre vencemos,
Nem sempre perdemos,
Seguimos sempre em direção
Àquilo que melhor nos convém,
Mas o que nos fará bem?
Eis ai a vida,
Se somos condenados a liberdade,
Se a liberdade gera em nós angústia,
Viver é se angustiar,
Ou renegar os desejos.
Mas renegar os desejos
Não seria renegar a vida?

domingo, 12 de janeiro de 2014

Aquilo que me toma

Quatro paredes brancas,
Janelas claras,
O vazio da sala,
Um corpo vivo sobre o chão,
A brisa que passa,
Na mente inquietação,
Apatia ao tédio,
Apatia a luz,
Apatia ao dia,
Solidão...
Tédio,
Tantas coisas parecem desprovidas de sentido,
O som desconexo das aves,
A luz quente do sol...
Tantas coisas criativas a serem pensadas
Ou apenas assimilada,
Mas absorvo o brando das paredes,
A luz quente do sol,
E o que sou e o que me faço?
Sou tédio,
Sou nada, quando me disponho
A não fazer nada,
Poderia ser pior,
Mas poderia ser melhor,
E o que me falta?
E o que me toma?
Desprezo.

Sol

O sol brilha intenso,
As folhas viridescentes
Brilham intensamente.

sábado, 11 de janeiro de 2014

Angustia da existência

Noite escura,
Noite profunda,
Um pouco de doce à solidão,
Um pouco de doce a escuridão,
Dos olhos fechados,
Do peito apertado,
O cheiro das flores colhidas na noite anterior,
A ausência de sentido em tudo...
Ao menos as memórias,
Ao menos as ideias!
Nada, absolutamente nada faz sentido,
Talvez fizesse, se despencasse,
Mas tudo continua como
A noite segue.
Grilos, estrelas, escuridão
E a Desilusão,
E nada mais.

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Compreender-se

E a tarde cai,
E o sono cai,
E a vida cai,
E o tempo passa,
E os desconfortos não de passar,
Desconforto do que se come,
Desconforto do que se consome,
Desconforto de existir...
É preciso educação,
É preciso reduzir o pão...
Silêncio,
E reflexão.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Simone de Beauvoir

Simone de Beauvoir, nasceu em 1908.
Francisco Raimundo, nasceu em 1908, meu avó.
Ela em Paris.
Ele em Martins.
Ela filha de advogado.
Ele de agricultor.
Mesmo sendo mulher, ela foi educada e instruída, mundialmente conhecida.
Mesmo sendo homem, nenhuma liberdade
De educação tinha apenas seu instinto de justiça.
Ela leu milhares de livros,
Ele nem sabia ler.
Ele casou-se aos 22 anos e teve uma família enorme.
Ela teve um relacionamento aberto com Sartre...
E tudo isso aconteceu no mesmo século,
Em  lugares extremamente distintos.
Ela está em qualquer lugar que tenha mídia.
Meu avó que morreu dois anos depois em 1988,
Hoje nem nome na lápide têm,
Faz-se oculto até mesmo dentro da família...
Resta-lhes esta singela lembrança.

Sentir

A manhã vazia de sol oculto pelas nuvens,
Prédios vazios, o silêncio das palavras.
Cantam as aves lá fora,
Aqui dentro, soa Debussy.
E dentro de mim, há um universo,
Oras fluído, oras engessado,
Feito estalactite se desfazendo
E se fazendo...
Algo em mim quer ser expressado,
A palavra? A ação?
Algo indefinido grita...
Será a manhã ou a solidão?
Talvez nada...

A senhora e a menina

Elas moram no mesmo lugar,
Suas casas se encontram uma frente a frente.
A senhora vivida, experiente e já de idade,
Adora brincar com a menina, novinha e inexperiente.
O tempo não importa, pois ambas tem
A mesma idade que se conhecem.
E ambas se abraçam,
E ambas riem
E ambas são felizes
Com as pequenas coisas que vivem,
Com a graça do existir e viver o presente,
Excluindo o passado e o futuro.
Cheiros e afagos amigos,
Um dia ambas seguirão caminhos
Diferentes, mas são feliz neste momento
Em que estão juntas, amigas e felizes.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Manhã cantarolada

Que encantada manhã de janeiro,
O vazio de um enorme espaço
Completamente em silêncio de fala,
Apenas o maravilhoso cantar das aves
E o ronco do ar a refrigerar,
Saudosa manhã de janeiro,
Em janeiro tudo é tão fagueiro,
Será, apenas minha tal impressão?
Esta manhã seguirá até o fim,
Como as coisas seguem para o fim
E o tempo para o infinito,
Mas como é belo o canto do sabiá,
Do roxinó...

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Além

A noite escura,
Estrelas brilham no céu,
Grilos cantam no jardim.
Grilos sempre cantam a noite.
O sol brilha e é dia.
E sinto a água fria refrescar meu corpo,
O doce verde da uva,
O açúcar vinho da uva,
E a noite segue,
E a vida segue,
Sem mim. 

Que resta?

O tempo ecoa,
O vento soa,
Quão profundo é o tempo,
Quão rasa é a memória,
Dura menos que uma geração,
Não vi meus bisavós dormir,
Pouco vi meus avós sorri,
E o tempo passou,
E o tempo lhes calou.
Ecoa o tempo,
E o que me resta são escritos,
Palavras, frases e histórias,
E por momento o tempo,
Habita minha mente,
E o tempo me inquieta,
Porque fora de mim,
O que é o tempo, além do subjetivo?
Agora o tempo me usa para se materializar,
Agora uso o tempo para cristalizar
Este momento.
Amanhã, quiçá desfaz a minha matéria,
mas estes versos, serão eternos
enquanto puderem ser lidos,
No mais, que resta?
Nada.

Tarde de janeiro

O ano passou 
E outro iniciou,
E como todo início
Tudo é tão incerto,
De certeza apenas uma há,
Tudo certamente passará.
E à tarde que cai devagar,
É encantada ao som de sabiás,
Sabiás cantam sem parar,
No interior da mata,
Marteladas na parede dura,
É preciso destruir para reconstruir.
Tudo início é muito incerto,
Há de passar,
Como a tarde que cai
sossegadamente ao canto de sabiás

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Paciência

A noite,
A coceira na traqueia,
O incomodo nas narinas,
A dor de cabeça,
O calor,
Quanto incomodo,
Apego-me a certeza que tudo passa,
Enquanto isso,
Paciência.

domingo, 5 de janeiro de 2014

Domingo primeiro

Primeira tarde de domingo de 2014,
Parece que o mundo parou,
Ruas vazias, só o vento ocupa o vazio das ruas,
Vento frio.
O céu azul, com tingimentos de vermelho,
Barulho algum ecoa,
Caminho vagando,
Olhando as coisas do mundo,
As pedras do calçamento,
Os muros com plantas floridas,
Olhando para ver se encontrava algo
encantador além da beleza
E a noite chegou,
E a tarde passou...
Nada demais ficou.

A última flor

Na janela descansa um jarro
Que abriga uma rosa do deserto,
Suas folhas verdes viridescentes
E vivas e a última flor desabrochada,
Aquela que fui o último botão,
Que existe e foi a última a existir,
Que não participou do vigor
Do último cacho.
Aquela linda flor,
É mais bela por ser a última,
Assim como foi a primeira.
Está no ramo bela,
Efêmera flor,
E logo se vai,
E logo se foi...
E nada ficou...
Da florzeira,
Que restou?
A força e o vigor,
Ser flor.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Tudo e nada

A mata do Campos,
A estrada por terra,
A areia solta coberta de folhas enxombradas,
O aroma dos fungos,
O céu nublado,
As mudas de plantas,
O canto do Sabiá,
Sabe-se lá...
A tarde fagueira,
E o tempo a escorrer
Em direção ao infinito.

Consciência

A manhã nublada,
Meu ser nublado,
O frio vivo,
A saudade viva,
Saudades dos amigos,
Dos lugares do que fui,
A distância e o tempo hoje me separa
E me une ao que fui e ao que sou...
A oportunidade de me deparar
Com o novo e renovar,
Ser, ser...
Enquanto cai a chuva,
Enquanto as aves cantam.
A manhã de quinta-feira se passa
E levo em minha mente um turbilhão de pensamentos,
Oras próximos, oras distante...
Esse fluxo contínuo que me constitui,
Me faz e desfaz.
Oras é, oras não...
Consciência da vida.

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Pobres palavras

Conhecer do desconhecido,
Viver o não vivido,
Viajar,
Sonhar,
Está aqui ou acolá,
Desvendar o mundo,
Ler um livro,
Ouvir uma música,
Ver o mundo,
Ser do mundo,
Se fazer do mundo,
Porque tudo passará
E um dia,
Estará preso ao corpo,
E um dia nem corpo mais habitará,
Será o nada,
E essas pobres palavras...

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Presente e passado

A lua cheia,
As nuvens frouxas,
O vento,
A noite,
As árvores balançando,
A janela aberta,
A luz florescente,
Os pisca-piscas,
Os himatantus,
As pessoas estudando ou descansando,
Tudo isso em plena terça-feira,
No dia dezessete de dezembro,
Do ano de 2013,
Que logo será só um fato,
E nunca mais voltará no tempo.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Não, não, não...

Não,
Não,
Que me perdoe o sabiá que canta,
Mas não consigo ouvir,
Que me perdoe o sol que brilha e aos poucos
O poente o apaga, seus raios crisos,
Seus raios crisos,
Que me perdoe o meu corpo,
Que me perdoe as minhas pernas,
Que me perdoe o meu ser,
Porque a minha alma está em trapo
E não sei como me reconstruir,
Esse momento que toma conta de mim...
Onde está a minha calma, 
Onde está o meu domínio,
Neste instante um vazio,
Neste instante sou pequeno e incapaz,
Quem sabe após a noite,
Pois após a noite vem a energia,
Há de haver mais alegria,
Porque neste instante,
Nego minha existência,
Preciso sarar,
Preciso rezar, orar,
Sabe-se lá,
Verbalizar...
Não, não, não....
Tudo isso vai passar.

sábado, 14 de dezembro de 2013

Sábado que passa

Sábado, 14 de dezembro de 2013...
Que dia beirando a perfeição,
Sol a todo vapor,
Vento frouxo,
Muito calor,
O coqueiro do quintal tem suas folhas agitadas,
A patativa pousa no cacho de flores
Feliz a cantar, beija as flores,
E colhe feio de fibra para seu ninho confeccionar
E canta, e canta, e canta...
Eita pássaro pequeno que canta e encanta o sábado.
Vou à janela e vejo o mundo
Esse mundo tão profundo,
Vejo as nuvens, vejo as árvores e não vejo ninguém,
Se conhecesse minha vizinha talvez fosse feliz.
Vejo que o sábado passa por um triz,
Vou a porta e olho o quintal da casa ao lado
Onde uma pimenteira se pintou de vermelho,
Olho para o vento e nada vejo,
Sinto apenas seu afago...
E fico aqui só, sozinho...
Vendo o sábado passar.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Centenário

A cem anos atrás nasceria aquela que geraria minha  mãe. Severina Maria da Conceição, popularmente conhecida como Sinhá. Em 13 de dezembro de 1913 na cidade de Martins, Rio Grande do Norte. Filha de João Gato, Papai João. Cresceu nas cercanias da Lagoa num sítio que hoje foi fragmentado e grande parte dele urbanizado. O sítio ainda têm plantas daquela época, jaqueiras, cajueiros, cajazeiras... O solo é argiloso e escuro. Pouco conheço daquele ambiente, apesar de ter morado metade de minha vida lá. Em um dos escritos, de minha avó, que encontrei, havia registros de datas e sentimentos. Ela escreveu a data que nasceu, a data que sua mãe e seu pai faleceram, além de expressar suas saudades.
Minha avó teve uma vida de privações. Teve 16 filhos, mas apenas 10 chegaram a idade adulta.
Após a morte de meu avó, minha avó se desapegou de tudo e foi morar com as filhas. Morou um tempo conosco, foi quando tive a oportunidade conversar tardes inteiras. Aprendi muito com ela. Contou-me muito sobre a história dela.
Adoraria dar um abraço nela hoje.
Fica a saudades

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Tarde infinita

A tarde cai lentamente,
Posso ouvir do silêncio de minha sala
O canto do sabiá,
Uma patativa (cambacica) canta longe
Tão longe quanto a luz do sol
Que se vai,
Que se vai,
Como a vida se vai,
A tarde se vai,
A inocência se vai,
A juventude se vai,
E tudo passa
E a tarde continua
A existir para a eternidade finita de nossos olhos.

Viva a vida

O sol desponta no nascente
Leve, suave e a luz acende o mundo,
E a luz acende o dia,
E a luz revela o mundo belo...
E as aves cantam encantando o mundo,
E as flores desabrocham embelezando num ar profundo.
Cora Coralina que linda,
Drummond que doce...
Vida que mistério e graça.

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

O silêncio do calor

À noite escura e quente,
O calor parece por tudo em silêncio.
O incomodo que não permite dormir,
Do calor, do que penso, do que temo.
Temo ser mais forte,
E fugir daquilo que me poe medo...
Enfrentar o outro, alteridade...
Porque desconheço o outro,
Como oculto são os atos a sombra da noite...
Calor, silêncio...
Mais nada.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Memória...A noite e suas lembraças

A noite escura,
Cães a ladrar,
O vento sobre pela janela,
Estrelas piscam no céu,
Motos roncam ao longe.
Quero-quero canta longe,
Há um silêncio intermitente,
O guarda que passa assoviando,
O barulho do mar aqui não há...
Hoje o dia foi quente e intenso,
Amanhã, após a noite dormida
Quem sabe não será melhor,
A noite de amanhã e depois de amanhã...
Lembrei instantaneamente de Barão Geraldo,
De dia lembrei de Brasília,
Meu passado recente sempre me visita
Ainda mais a noite...
Já fui esquecido,
Não componho mais a paisagem
Como transeunte de Campinas,
De São Paulo ou Brasília,
Não estou mais tão só. Estou?
Saudades dos amigos, da Ana...
Tudo que me fez bem,
Como a noite,
Como agora,
Vou em boa hora.

domingo, 8 de dezembro de 2013

Breve

Como é breve a vida,
Tão breve quanto a brisa que passa, à tarde,
Tão breve quanto a passagem da ave que voa só.
Não seria a vida um breve sonho?
Quanto tempo já vivemos?
Os anos passados foram tão curtos,

Com o passar dos anos vemos a brevidade da vida,
Devemos apreciar cada momento,
Pois, apredemos que passam rápido.

sábado, 7 de dezembro de 2013

O sábado

A manhã de sábado,
O sol pleno,
O vento vindo do mar,
As folhas de coqueiro a balançar,
A cama e os livros enfeitando o quarto,
A leitura e o sono,
O pensar,
A casa por arrumar,
Borges, Debussy, Lao Tsé, Gandhi,
Amadeus, Shiva e Ganesh,
Força para levantar e fazer tudo acontecer...
E o sábado segue,
Ardente e vivo
Até o sol se por no fim da tarde.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Como a brisa da manhã

A luz do sol acende a manhã,
O canto das aves desperta o mundo.
A brisa sopra suave,
Janela a dentro e espanta o calor.
Manhã de sexta-feira,
Manhã cheia de alegria...
A vida passa e nem vemos passar
É tanta coisa por fazer,
Rir e viver...
E logo passa o fim de semana.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Quinta-feira

A tarde quando cai,
Cai bem devagar,
E se arrasta até as 15 horas.
Aves silenciosas,
Sol ao pino,
Que canseira fagueira.
Tarde de quinta-feira.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

A sombra do amanhã

A noite não há flores,
Não há o canto das aves.
Há o silêncio,
Sapos cantam no molhado,
Grilos cantam enamorados.
E esse sangue que circula em minhas artérias,
E retorna veias coração a dentro.
Célula a célula alimentada.
A massa cinzenta em minha cabeça grande dura,
Essa massa parada, eletrizada,
A decodificar o mundo, a noite...
Sou um ser vivo,
Sedes um ser vivo.
Que respira ao ler,
Que pensa ao ler,
E só ler porque pensa...
A noite as flores são pardas,
Perfumadas por vezes.
O relógio soa mais alto,
As gotas da torneira,
O silêncio que nos atormentam.
O coração a bater,
A pulsar...
Agora tudo está se passando,
O amanhã passará,
E o que acontecerá,
é um segredo que nem podemos esperar.

Juntos

E a tarde vai caindo devagar,
Enquanto, lá fora canta o sabiá.
E aqui ouço Debussy...
Quanta coisa increada para crear,
Quanta coisa por fazer.
As coisas serão feitas,
A quem as fizer sentido,
Agora o que faz sentido
É o doce canto do sabiá
E o som de Debussy.
E a tarde vai quente,
Bem que poderia levar meu resfriado.
E a tarde cai,
Como sempre caiu,
No mês de dezembro...
Se vovô fosse viva faria 100 anos,
Daqui em 11 dias,
Mas descansa em paz
Junto ao meu avó...
Quantas tardes ao som do sabiá
Não terão ouvido juntos?
Sabe lá.

domingo, 1 de dezembro de 2013

Ana ou Davi

A bela rosa,
Minha querida rosa,
Agora não está mais sozinha,
Em teu ventre é gerado um novo ser,
Que alegria,
Que maravilhosa poesia,
Ana ou Davi,
Seja bem vindo ao mundo,
Será e já motivo de muita alegria,
É docemente motivo dessa alegre poesia,
Será mais uma flor do cerrado,
Teu nascimento por todos nós será celebrado,
Será tão especial quanto a doce rosa,
Sua vida será uma prosa,
Com certeza irá contemplar
Nossas conversas de idosos,
Sei que dará significado a sua vida,
Bem vindo a vida,
Ana ou Davi.

Cheios de emoção

Não há sentimento mais humano que a emoção.
Emociona-se com qualquer coisa:
Com a beleza e o perfume da flor.
Com o diálogo das crianças no parque, nas ruas, na escola,
Como são sérias as crianças quando conversam.
Com a voz cansada dos avós,
Com o caminhar lento dos idosos,
Com a proteção feminina,
Com o miado de gato novo
Ou o grunido do cão novo chorando por sua mãe.
Ou o piado desesperado de pintos desgarrados no  início da chuva,
Coisas tão simples
Que enche nosso coração de alegria ou de tristeza
Somos seres cheios de emoção.

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Despertar

Eterna aurora,
Nunca mais ti vi,
Que sol ligueiro,
Antes que desperte,
Oh, Apolo já desponta no nascente,
E as aves cantam sua bondade,
Cantam sem parar,
Vivos e agitados cantam
de lá pra cá e de cá pra lá,
Suave manhã que passa,
Abraça-me e me desperta,
Ao afago da brisa
E ao canto das aves...
Ensina-me a ser útil a vida,
Logo mais não estarei aqui nessa lida,
Mesmo assim quero cantar
Como fazem as efêmeras aves.

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

A preguiça

A sombra da mata,
O vento fresco,
A estrada de terra,
O verde da mata,
A preguiça quase se arrastando.
Pequena, magra e cinza,
Mais parece uma criança.
Ia passando e ela na indecisão,
Cruzar ou não cruzar a estrada,
Ajudei-a...
Tão magrinha.
A sombra da mata.
Os ingas...

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Pisca-pisca quase natal

A noite esta quente e escura,
O céu estrelado,
E o vento sopra através da janela.
O tempo passa depressa,
Já estamos novamente no fim do ano,
Nas ruas pisca-piscas piscam
todos coloridos azuis, verdes e vermelhas
Piscam, piscam noite a dentro
Anunciando o Natal...
O silêncio da noite...
Todos distantes, meus pais, meus irmãos meus sobrinhos, meus amigos.
A minha mente vê a poeira das estradas
que povoavam minha infância
os galhos secos.
A embauba que de longe ganhava verde das folhas,
O açude que seca se preparando para a chuva,
A barra mais limpa a cada manhã,
Meus avós vivos envelhecendo,
Meus pais jovem e fortes
E nós crianças crendo em papai Noel,
Nunca ganhei presente de Natal,
Mesmo assim gostava de saber que papais Noeis existiam na televisão.
A noite está escura,
Minha mente também,
Só sob a luz de lembranças da vida.

domingo, 24 de novembro de 2013

A arca de Noé

Na minha infância à noite saíamos para a casa de algum vizinho. Geralmente íamos a casa de Chico Franco.
Caminhávamos no escuro silenciosos, olhando para a lua, pisando na poeira vermelha da estrada. A noite era um breu. As vezes encontrávamos alguns vizinhos indo fazer boca de noite na casa de outras pessoas e as vezes  nos reuníamos numa só casa. Naquele tempo não tinha televisão a conversa era a unica distração, quebra do tédio. Na casa de seu Chico tinha um quadro que adorava olhar. Era uma representação da Arca de Noé. Uma arca em forma de navio com uma estrada que levava todos os animais para o seu interior da arca. Aquela pintora era a unica forma de ver animais africanos elefantes, leões, zebras... Todos eles emparelhados me seduziam e me tomavam a atenção. Enquanto isso os adultos conversavam, vez por outra saia um café. E a conversa ia até tarde as 21 horas. Depois voltávamos para casa e levava na imaginação como tantos animais se acomodavam em uma arca.

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Um dia

Que se passava na cabeça de Borges,
Uma cabeça cheia de ideias, de memórias,
De livros lidos e apreendidos.
Uma cabeça em que os sonhos
Se confundem com a realidade.
Amo tanto os livros,
Amo as ideias,
Ideias engendradas
nos giros e circunvoluções cerebrais...
Dos mais sábios dos homens.
Quanto sabemos?
Sabe-se lá...
Ainda muito pouco, mas é assim...
Um dia saberemos quem sabe.

domingo, 17 de novembro de 2013

Noite

A noite enluarada e silenciosa,
Becos vazios, perfumados por quisqualis,
Sobre os muros Himatanthus florescem
Flores brancas,
Fauces amarelas.
Que bela noite...
Que silenciosa noite,
Vazia noite de domingo.

A flor

A flor que nasce no campo,
Nasce no campo,
A flor perfumada,
Flor desejada,
Flor ornamentada,
Flor colorida,
Flor querida,
A flor que nasce no campo,
É uma flor estimada...

sábado, 16 de novembro de 2013

Profundidade

Uma canção perdida no ar,
O vento que a tudo afaga,
As flores que doam sua beleza.
O mar com seu horizonte ilimitado,
O céu com o sol ou suas estrelas,
A noite com sua profundidade,
O homem com sua visão limitada,
O desejo consumido,
Coração partido,
A partida...
O querer objetivado,
Algo de tudo isto nos compõe,
Algo de tudo isto nos faz ser quem somos.
Mais nada.

Acontecer

As flores desabrocham dos botões,
Flores vermelhas, flores brancas, flores amarelas.
O sol no céu azul.
Schumann tocando no sábado.
A solidão,
Alvo sótão,
O vento soprando,
Peito perdido,
Emoção,
Lágrimas...
Luz.
Flores e a solidão.

Como bolas de sabão "existência"

Quem eu sou e como me definir?
Não sei quem eu sou e nem como me definir.
Viver não me diz quem eu sou nem me define.
Ser para mim é viver, não preciso de uma definição.
Mas para o outro aquele que me desconhece,
Aquele que é. O vejo e o defino.
Nem um espelho nos define.
Nos definir seria nos conceituar,
Nos categorizar...
Não sei quem eu sou,
E todos os dias me descubro, forte ou fraco, bom ou mal, amigo ou inimigo.
Como saber, para o meu eu atribuo sempre o melhor,
O que não condiz com a alteridade.
Sou um pouquinho de cada um daqueles que me cerca,
Sou um pouquinho daquilo que aprendi a perceber...
Ser... Este fluxo que se esvai, essa ampulheta que conta os meus dias,
Meu construir existencialista...
As vezes me definem Borges, Pessoa e Drummond, e Adelha...
As vezes eles me indicam um caminho,
Quando os leio me vejo ali em suas palavras.

As vezes me encontro em meus pais,
As vezes numa máxima avulsa.

E tenho medo de existir e de desexistir.
Sei que amanhã não serei nada,
Nem este corpo que respira que age,
Que sigo para ser prisioneiro do meu corpo,
Caso não desexista primeiro.

Um gole de água, o sabor de uma fruta, o perfume de uma flor.
A paixão pelo perfume de uma pessoa que me prende,
Sabe lá por que? Química louca da vida,
Sem explicação...
Eu me defino na maior parte das vezes para o outro
E não para mim...
Uma definição seria a alma, a história de vida, saber agir...
Quem sabe,
Palavras avulsas como bolas de sabão.

O congresso

O encontro
Ainda é noite ou madrugada ou dia quando partimos,
Malas cheias, coração a mil.
Quantas expectativas!
E partimos de muito perto ou de muito distante.
Aos poucos vão surgindo rostos amigos,
Risos, abraços e beijos...
O grande encontro.
Encontro que já imaginávamos no passado,
Encontro do amigo querido, quase irmãos...
De quarto, de copo, de dificuldades, de estudo, de afinidade.
Aqui, faz-se amigos, renova-se a amizade, mata-se a saudade...
E aumenta a saudade daquele que ficou,
É festa, gente de todo o Brasil,
Gente que nunca se viu, mas que agora,
É parte de nossa existência,
Conversas, trocas de experiências,
E é cansativo, mas é gostoso,
Mas o tempo voa,
E já temos que partir, mesmo sem mochila.
E partimos de volta,
Cada um a sua maneira...
Ano que vem quem sabe, estaremos juntos novamente neste grande encontro.

Um maravilhoso congresso.

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Povo mineiro

Belo Horizonte,

Que grande cidade,
lá encontrei a praça da Liberdade,
Um lindo jardim,
Cheio de cores das flores.

Prédios da década de vinte,
Estátuas de bronze de Bernardo Guimarães,
Arachis repens e Arachis pintoi...

Os meus passos calmos, meu olhar atento,
As formas e as cores...
O que eu vejo e o que senti na praça...

A arte mineira depositada nos museus,
Quanta coisa maravilhosa.

O povo mineiro valoriza a arte e a praça,
Sou mineiro de coração,

Sou brasileiro, senti um orgulho desse povo
bonito e culto, meus irmãos mineiros.

Sentir Minas

Minas Gerais,
Belo Horizonte,
As ladeiras,
Os bares,
As árvores,
O sotaque!
Quantas riquezas há em Minas?

O mercado central,
Gente bonita e hospitaleira,

Museus, a Pampulha...

Minas Gerais,

Drummond, Adelha prado de Divinópolis,

Milton Nascimento,

Pelé... Badine...

O paulista mais mineiro João Aranha,

As montanhas, a cachaça...

A arte sacra...

Que sei eu para falar de Minas,

Nada só vindo aqui

Para sentir.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Incognita

No deserto choveu,
Uma semente dormente geminou,
E choveu novamente,
E a semente numa planta,
Se transformou,
Se cresceu quem sabe?
O deserto é tão adverso.

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Sensações cotidianas

O dia ensolarado,
Nuvens que passam carregadas e escuras.
O vento frouxo na rama das árvores e bambus.
Flores desprendendo de seus cachos,
Colorindo por um breve espaço
O vazio do mundo.
Tanta coisa me impressiona.
A vida é tão maravilhosa...
Que dizer da vida?
Vivemos fazes.
Cada uma destas fases devem ser vividas com intensidade.
O tempo é irreversível.
Devemos aprender com os dias que passam,
Com os dias presentes e tentarmos ser feliz
E valorizar tais instantes.
Há momentos que penso, poxa a vida poderia se cristalizar aqui,
Mas tudo passa...
Cuidado com as vaidades,
Cuidado com as vaidades.
Um dia ensolarado,
A saúde perfeita,
Flores florindo,
Que pode ser melhor?

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Envelhecer

É doce ver o mundo e ter uma opinião sobre este.
O tempo nos dá este sabor, mas tira-nos os dias que nos resta.
Cada manhã vivida é uma manhã perdida.
Cada tarde que se passa não volta mais.
O tempo é irreversível.
A infância passa,
A adolescência passa,
Nos tornamos idosos e nem percebemos
Que consumimos nosso tempo iludidos com nossos sonhos,
Muitas vezes nos esquecemos de viver.
Viver é conhecer,
Viver é consumir cada inspiração e expiração.
Coragem! O medo nos consome, mas temos que ir
De encontro com este e façamos os dias melhores,
Vivamos com intensidade,
Tudo é incerto,
Inclusive o amanhã.

Em algum lugar

Nascestes ali, naquela casa de tijolo cru caiada de branco, onde tudo era rústico por natureza. A frente dá para a estrada de poucos transeuntes e a cozinha da para um vale que depois de cruzado dá numa linda montanha. Seu horizonte tem um limite, mas quem precisa de um amplo horizonte se ali se concentra toda a beleza do mundo nas formas das rochas, na neblina frouxa das nuvens. A casinha simples rodeada de terreiros de terra branca. Uma pequena planta cresce no rodapé da casa botando cada flor linda e colorida.
Ai há silêncio, tudo é silêncio exceto quando a barra é quebrada, quando aurora surge e anuncia a chegada do sol. Um jatobá faz sombra sob o céu e o sol azul. A água se derrama montanha abaixo.
Tudo é silêncio. O tom azulado das rochas na montanha. Ode casa! E lá vem uma pessoa adorável e doce e nos atende com a paciência de um tibetano. Oferece-nos um café. A brisa fresca nos dar uma sensação de paz. A voz abreviada e tímida moldada pela montanha e pelo silêncio. Gente ali fica feliz quando ver gente.
A vida ali é calma e longa...

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Doce Anonna

O branco doce da Anonna squamosa (pinha).
Desmancha na boca.
Na pinheira, quando há pinha madura,
É sempre festa, cantam sabiás, sanhaçus e patativas.
Voam lerdas as arapuás.
E de longe, sempre malandro, buscava sempre
uma festa da passarinhada,
Ali, encontrava sempre a doçura gerada da terra.
Pinheira nova e viçosa, com ramos crescendo
Fugindo da sombra dos cajueiros,
E lá estava ela uma, duas enormes pinhas,
Doces pinhas, que frutos doces,
Sementes negras,
A casca enrugada.
Vai o doce e ficam as cascas,
e lá se vai em busca de outra passarinhada.

Vinte

Pela manhã, saia do meu apartamento de número 20,
ouvindo a bandnews e caminhava para a Embrapa
Até a sala de número 20.
Chegava, abria a porta de número 20,
Entrava e abria o computador,
Ligava na tomada 220 volts.
E punha uma música, de Mozart.
Então, ela vinha de um lugar que não era de número 20.
Mas entrava pela porta de número 20,
Ela que não tinha 20 anos ainda.
Abria um sorriso maior que a lua cheia quando nasce.
Nos abraçávamos, seu cabelo dela cheirava a mel.
Sua voz suave. Comentava o que acontecera fora da sala 20.
Ouvia e ela perguntava o que ouvia. 
_ Mozart respondia. -É óbvio.
Ela pedia para colocar Chopin.
Como poderia negar aquele olhar e aquele riso.
Então ao som de Chopin sorria  a sala 20.
E assim, Senhorita Stêfani,
Vicie-me em Chopin,
Na sala de número 20,
No meu apartamento de número vinte...
Soa suave agora no 303...
Em algum lugar do mundo.

É isso o tempo

 O sofrimento dilata o tempo! O tempo não existe! O tempo é um conceito. Eternidade é a ausência de tempo. Vinícius de Morais cunhou a frase...

Gogh

Gogh