sexta-feira, 11 de abril de 2025

Despertar da fumaça

 Acordei cedo como de costume. Deitei na rede e comecei minhas orações. Então, ouvi o som de um caminhão passando  na rua. O som de um carro grande e pesado a julgar pelo rangido da carroceria. O som persistiu, pois o motorista estava estacionando. Fui conferir e nada vi. Entretanto, rapidamente senti o cheiro do diesel e exposto na fumaça! Eureca! Minha mente repentinamente despertou e acessando memórias muito primeiras. E não é um passado que se repete não é um passado encerrado. Pois bem aqui estão  minhas memórias.

Minha mente voltou no tempo. Num tempo muito saudoso, por já ser perdido. Sim quando na casa onde morei toda a infância a estrada era de barro. Então a gente sentia o cheiro do diesel misturado com o pó da estrada. No entanto de madrugada a poeira era fria. Naquela época, chegar a cidade maior, Pau dos Ferros era um sacrifício então tinha um ônibus que fazia a linha. Era o ônibus de Ci de Damião. Todas as manhãs as cinco horas, na estrada lá vinha o ônibus gemendo, levantando o pó e deixando a trajetória de pó, fumaça e o cheiro do diesel. A gente aprendeu a saber quando, ficando atento ao barulho do motor com seu timbre e pela forma peculiar do motorista dirigir. 

Entretanto, nesta cena havia outro caminhão, ai sim, um mercedes 1113, vermelho de Nego de Zé de Lindolfo. O caminhão 1113 vermelho, desejo de todo menino, passava carregado de Caixão de frutas, tiradas na serra, nas terras de Zé de Euzébio. Lá vinha o carro cheio de sobreviventes de jornada dupla sendo agricultor na semana e feirante no sábado. Coisa muito peculiar de Serrinha. Lá ia tio Michico o amante do som, amava cantoria e passarim, seu Duca, saudoso seu Duca com uma voz gostosa tremida e peculiar, Zé Bianca, saudoso Zé Bianca, Júlio Souza, Tio Dico, também memorista e artesão e agricultor e pedreiro, Juca...

E por ai se vai.

Esses heróis cada um com uma família maior que outra, trabalhavam incessantemente.

Às sextas-feiras desciam atrepados nos caixões de frutas em busca de um dinheiro a mais.

E eram felizes, pela amizade, pelo valor em comum cultivados.

Quando o 1113 passava a poeira cobria e o cheiro de Diesel e a poeira e a fumaça tomava conta de nossas imaginação. Quem não queria dirigir um focinho de porca vermelho.

Aquele circulo estrelado na venta, aqueles lindos faróis redondos concebidos o modelo na Alemanha, produzidos no ABCpaulista, Servindo ao povo humilde da Serrinha Grande.

Então despertei e pensei em compartilhar essa memória com voces. 

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