segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

3. Quer um pão

 Ele caminhava com passos arrastados,

Já tinha o corpo cansado,

E a idade corou sua cabeça com a bela cas e uma linda calvície,

Sua vida era aquele lugar,

E aquele lugar sua vida,

Ir e vir... nos esperar.

Brincar com Negão, Sherlock,

Deixar os gatos sossegarem em seu colo,

Enquanto cochilava ou via televisão.

À tarde costumava sair para comprar pão,

Ia a passos lentos,

Sabe lá o que pensava ou imaginava,

Ele ia e a todos cumprimentava,

Ia lá em Juninho de Viola,

Em pouco tempo chegava,

E amavelmente me perguntava:

- "quer um pão".

E eu comia porque sabia que aquilo

O deixava feliz,

Fazia um café

E a gente esperava o amigo Raimundo de Lulu,

Francisquin,

E a tarde se passava 

E a gente nem via a noite chegar.

Que delícia esta presença maravilhosa...

 

2. Tua presença

 Ainda sinto tua presença,

É como se estivéssemos os dóis,

Eu na rede e o senhor na área,

Seu olhar sonolento,

O escuro da sala,

O claro da área,

Suas havaianas marrons,

Suas camisas surradas

E seus bonés estilosos,

Sua presença completa,

Sua energia,

Suas memórias,

Seus pensamentos,

Que falta me faz,

Quanta saudades...


sexta-feira, 1 de janeiro de 2021

1. Matemática da vida

  Obrigado senhor

Pelo maravilhoso pai que me deu a vida,

Que esteve sempre presente,

Que esteve sempre ao meu lado,

Que respeitou minhas escolhas,

Meu coração está terno e cheio de amor.

Muito obrigado pelos seus longos anos de vida,

Pela sua vida com saúde,

Muito obrigado senhor

Muito do que sei foi ele que me ensinou,

Respeito e amor aos animais,

Com as plantas, as matas,

Compreensão e paciência...

Então quando meu filho nasceu,

Quando peguei nos braços,

Chorei de tanta emoção,

A cabecinha só me fez lembrar de papai.

Ali, com entre pessoas incríveis 

Que trouxeram meu filho a vida,

Chorei ao ninar pela primeira vez  meu filho

E prometi ser tão bom pai quanto papai,

Chorei e ri,

E falei tantas coisas bobas,

Que fez toda a equipe sorrir,

Com Vinícius nós braços,

Embalado me olhando e ouvindo,

Senti uma explosão 

Uma catarse de emoção.

Se estivesse aqui teria ligado pra ti 

Teria ouvido um alô com sua linda voz

E com uma frase diga autarquia

Teria contado tudo

Que aqui estou contando,

Sabe, aquele são Francisco que comprei

Na feira de Tambaú, aquele...

Lembra você estava comigo,

Tá na minha estante perto da cabeceira,

Dayane sempre acende velas e ora para nossa proteção,

A gente ora na alegria e na tristeza...

Lembra da promessa...

Terminei biologia e fui ao Canindé,

Quando puder vou levar Vinícius e Dayane lá.

Sempre quis ir com o senhor,

Respeitava e admirava sua fé

Que é minha fé

Quero que seja a de Vinícius,

Papai está aqui no meu peito,

Ainda choro sua partida,

Choro de amor e gratidão,

Muito obrigado Senhor,

Por tirar e dar,

Obrigado por ter me dado um pai fabuloso,

Espero ser tão bom quanto o senhor foi.

Um beijão,

Não se esqueça TE AMO pai Chico e filho Vinícius.




quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

16. Avó, pai e filho

 Meu filho,

É noite,

Última noite,

Últimos minutos de 2020,

Algo te incomodando e não sei o que é.

Então afago tua cabecinha linda e perfeita,

Minha face se banha em lágrimas,

Assim afaguei Papai este ano,

Cheirei e beijei,

Meu amor,

Agora só tenho você,

Paizinho se foi,

Tudo agora gira em torno de ti,

Ontem antes de nascer

Era eu,

Agora sou papai e você,

Enquanto viver,

Papai Chico Raimundo tem os afagos de vovó e vovô,

Aos pés de Deus,

Agora somos você Vinícius,

E eu Rubens,

Ainda meio dividido,

De coração partido,

Mas todo o meu amor

É todo teu,

Tua cabecinha é igual a minha e a de papai,

Então quem somos nós

Somos seres,

E o que somos nós,

Uma concepção do amor,

Te amo muito e eternamente papai,

E você Vinícius

Agora é minha vida.




quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

16.Diferente fim de ano

 Que grande é o vazio frio que deixou,

O sol nasce na manhã e dorme na tarde,

A noite que o sucede estrelada ou enluarada,

Partiu no verão,

Fico imaginando,

Partiu...

Ondes está...

Por onde estás?

Aquela voz,

Seus pensamentos,

Suas ideias,

Suas memórias...

Sua presença.

Por muito tempo estará no primeiro e último pensamento do dia.

Seus abraços,

Seu cheiro,

Sua alegria...

Agora se encantou.

terça-feira, 29 de dezembro de 2020

15. Tua voz

 Hoje a saudade apertou o peito,

Senti saudades de ti,

Queria ouvir tua voz,

Falar qualquer coisa boba,

Saber que estavas bem,

Saber como estão se comportando 

Sherlock, o loro, Boris, Belinha e Romeu,

Queria saber se estava nublado ou ensolarado,

Quente ou fresco,

Queria ouvir sua vez,

Hoje queria seu abraço,

Queria que sentasse a mesa,

Mascando seu pão ou tapioca,

Me olhando comer

E rindo com o apetite de Dayane,

Queira te ajudar aguando alguma planta,

Queria ouvir me perguntar se tinha ido a matinha,

Queria comentar sobre a florada dos catolés,

Ou como tem coco no chão,

Queria falar sobre os preás,

Queria elogiar a beleza das palmas,

Das flores de feijão brabo,

Queria dizer que a madrugada ouvi a passarada cantar,

Queira ouvir seu arrastar de chinela,

O som do barulho de ti varrendo o terreiro,

Sabe pai, podia ter dito, mais vezes, que te amo ao longo da vida,

Ter te abraçado,

Mas é isso mesmo,

Tudo que vejo aqui tem um pouco de ti,

Mas sei que as paisagens mudam,

Sei que a chuva para,

A ventania vira brisa,

E tudo que me ocorre são fenômenos intensos da natureza,

E que tudo passará um dia,

Mas a nossa amizade,

Nossa intimidade,

Essa só nós saberemos,

Nossa cumplicidade,

Hoje, só queria ouvir sua voz,

Seria bom se soubesse descrever,

Para mim a mais amada,

Saudades... Saudades....


14. Terrinha

 Nossa terrinha amada e querida,

Não houve uma ano em nossas vidas,

Um ano sequer sem plantação,

Tirávamos mato na enxada e na mão,

Não teve um metro sem cultivar milho e feijão.

Todo ano essa terra sagrada,

Nós dava o que comer e vender,

No inverno era milho e feijão,

Mandioca, arroz, jerimum e fava,

Seriguela, cajarana, pinha, araçá, goiaba,

Coco, acerola, mamão,

No verão tinha caju,

Comia no almoço arroz com feijão,

Na janta xerém com leite,

Da terra todos comiam,

Todos nós e os animais,

O cachorro, o gato, o louro, a galinha, o porco e

A vaca...

Ah, essa terra sagrada,

Essa terra amada,

Um metro não ficou sem cultivar,

Ano após ano,

No solo macio e plano,

No solo de barro inclinado,

Pedregoso de mato avolumando,

Se brocava e fazia o roçado,

E a gente produzia o que se comia,

Era pouco, o pouco com Deus é muito,

Pra vida melhorar,

Tivemos que buscar suplementar a renda,

Primeiro foi Beg,

Segundo Rosângela,

Terceiro Meire,

Quarto Lidiana,

Quinto Rubens

E sexto Roberto,

Porque comer e sobreviver

Se faz quando criança,

Está cheia a lembrança,

Dessa terra cansada

Que agora descansa 

Como papai...

Aqui a vida continua,

Tem até nome de rua,

Mas as coisas são as mesmas,

Como nós os mesmos,

Com nossas vidas,

Nossos filhos e amigos

Até o dia final.




segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

13. Trovão

 Quando caia a chuva

A terra seca toda água bebia,

Alegre papai sorria,

E se tinha relâmpago e trovão,

Mudava logo a expressão, 

Se sentava numa cadeira

E dali não saia mais não,

Mamãe gritava véi frouxo,

Mas ele nem aí estava,

Apenas ouvia a chuva chover,

E a gente molhado do banho de chuva,

Se secava e ria do medo de papai do trovão

E quando a chuva passava,

Em seus lábios se percebia,

A reza da ave Maria,

Gesto de gratidão,

Papai como a asa branca,

Se ia,

Mas nunca deixou o sertão,

Mas sempre se apavorava com trovão.

12. Teu sorriso

 O teu sorriso é lindo e maravilhoso,

É tímido, é doce...

É como a nuvem de chuva no verão,

É como o botão numa árvore virgem de for,

É como o vento nordeste,

É como o canto das aves na Aurora,

É como o solo molhado pela primeira chuva no fim do verão.

É sincero,

Mostra as lindas rugas na face,

Expressão de felicidade,

O teu sorriso papai,

Inundava meu peito de alegria,

Porque a tua felicidade

Era pra mim vaidade,

De um pai tão bom e jovial,

Que no final não deixou de a todos surpreender,

A tua paternidade me fez maior a vontade

De ser um pouco do que fostes para nós,

O teu sorriso misterioso,

Desgastado pelo tempo,

Era o sorriso mais belo

Que como a lua 

Será jovial e eterno,

Enquanto pulsar este coração,

Que agora espremido de saudade,

Tem em ti grande vaidade

De ter tido o melhor pai,

E um sorriso misterioso,

Um sorriso grande e amoroso,

Minha grande vaidade,

Ter vivido até está idade,

Amando e sendo amado,

Vai pode ir sorrir para o nosso senhor,

Sois prova de amor,

Amor fraterno,

Amor filial,

Amor do seu amor

A quem nunca abandonou,

Seguiu no riso e na dor,

Até o fim.

Fiquei triste quando te vi sem sorriso,

Papai aproveite o paraíso,

Que aqui guardarei o teu sorriso.







domingo, 27 de dezembro de 2020

11. Conformação

 A voz é a substância da palavra já dizia Borges.

E quando a voz se cala e a palavra perde a substância.

O corpo já não se pronuncia, não se expressa.

O que resta senão os pensamentos,

A energia dos pensamentos,

A memória,

As ações e expressões que o tempo se encarrega de apagar.

Por muito fica o vazio da presença que se fez ausência,

Da ação que se tornou inação,

Não há mais cansaço, medo, preocupação, desejo, angustia, paixão, amor ou dor...

Acabaram-se as relações...

E nós somos o que senão um continuo que avança,

O amor materializado,

Produto de um momento,

Imanente que se fez,

E continua a evoluir...

Um dia

 Um dia não estarei aqui. Pode demorar, Pode ser logo. Quem sabe! Bom agora estou pensando isso. Foi um vídeo de uma manbu que me fez pensar...

Gogh

Gogh