Papai amava a natureza,
A gente se combinava,
E se eu gostasse ele aprovava,
Uma nova planta era preservada.
Um pé de Jucá,
Uma cajaraneira,
Um mororó,
Uma aroeira,
Um feijão-brabo,
Um mandacaru,
Um cumarú....
E o sítio ficou a nossa cara.
A concepção de mundo é subjetiva, sendo a experiência sua fonte capital. O mundo é representação. Então, não basta entender o processo aparentemente linear impressão, percepção e o entendimento das figuras da consciência. É preciso viver, agir e por vezes refletir e assim conhecer ao mundo e principalmente a si mesmo. Aprender a pensar!
Papai amava a natureza,
A gente se combinava,
E se eu gostasse ele aprovava,
Uma nova planta era preservada.
Um pé de Jucá,
Uma cajaraneira,
Um mororó,
Uma aroeira,
Um feijão-brabo,
Um mandacaru,
Um cumarú....
E o sítio ficou a nossa cara.
A saudade aperta o peito.
Quando lembro de ti papai,
Quando lembro de ti mamãe.
Tantas vezes juntos,
Tantas vezes compartilhamos nossa existência...
Tantas vezes fomos felizes.
Agora estou aqui seguindo a vida sem vocês dois.
Mas um dia estaremos juntos na eternidade.
Vieram primeiro e foram primeiro.
Assim é.
Ontem, Sassá conheceu o coloral. Uma semente tirada de um pé de urucum. A mãe dele o apresentou.
Não sei qual foi a reação não o vi. Só sei que ele usou o pilão que usaram para pilar as sementes para fazer um aquário.
Ele só pensa em aquário.
Faz aquário de tudo.
Garrafa pet, garrafa de água, copo, e agora até o pilão.
Ontem amou o livro que ganhei um catálogo de animais da Paraíba!
Vimos todos os bichos do livro e empolgado, gritava os nomes dos bichos que conhecia.
A noite cansado! Pediu colo. A mamãe leu para ele e finalmente dormiu.
Ontem à tarde, sai para pegar o meu filho na escola. Fui à pé, pois preciso caminhar para melhorar minha saúde. Parecia que tinha despertado de uma noite longa, parecia que tinha sido curado de uma doença. Tamanho foi o prazer de caminhar e sentir o mundo com o nariz, com a pele, com os ouvidos e com os olhos. Até atravessei a rua só para pegar uma flor de jasmim. O cheiro do jasmim manga me recorda a infância. Recordar é algo interessante e mais quando a gente tem memórias da infância! quando a gente recorda, parece que estamos despertando para o mundo. Parece que nossa alma volta ao mundo ou vem ao mundo porque começamos a ver o mundo com nitidez. Parece que a gente desperta para a coisa, para as ideias... Tudo estava ai, sempre esteve ai, mas um determinado momento a gente sente! E percebe! e conhece!
Que potente isso.
Então desperto sai caminhando.
Vi um cachorro rajado que sempre vejo. Ele latiu para mim. Vi um cachorro preto mais a frente que olhou para mim. E acho que ele sentiu o meu medo.
Vi um pinheiro budista que acho lindo...
Vi árvores de Carolina.
E fiquei impressionado com a beleza.
Caminhava devagar, parecia pisar nas nuvens...
Peguei o meu filho e voltamos caminhando.
Ele sentiu a textura da malha de serpente da casa 191 da rua da flipper.
Passamos na praça da vacaria,
Sob grandes gameleiras...
Senti uma certa fraqueza nas pernas.
Chegamos em casa.
E isso foi tudo.
A aurora vinha vindo,
Anunciava a chegada de Apolo
Que clareava a mata de verde.
Por ali passava uma forte mulher com cabelo cor de fogo, sua pele de canela,
Vinha caminhando e se expressando...
Suas palavras cheias de vitalidade, falava o com inteligência...
A sombra da manhã a tornava mais curiosa!
Quem és?
Josenilda Felix Santos
De onde vens? De algum lugar em João Pessoa,
Mas sua terra natal era Pirpirituba!
Só a vi passar...
Sempre ir e nunca voltar.
Voltava com a tarde.
Mas ontem ela dormiu na eternidade.
Fugaz a sua existência.
Assim como surgiu,
Desapareceu.
Oculta para o mundo.
Mas não para minhas palavras.
Descanse em paz.
Cheguei em casa para o almoço, e encontrei Sassá orgulhoso.
A médica pediu para fazer alguns exames e ele corajosamente foi ao laboratório para tirarem o sangue.
Ele resistiu a picada da agulha e falou que era uma picada falsa porque não tinha sentido nada.
Após o sacrifício é lógico que pediu um sorvete por seu esforço!
A mãe assim o fez.
Ele queria mesmo era uma casquinha, mas a ainda não havia aberto os estanderes de casquinha.
Então me contando que não tinha comido casquinha.
Eu prometi que na próxima ida ao shop ele comeria a casquinha.
Espertinho Sassá.
Falei que ele iria ganhar a casquinha por sua bravura.
E assim ele se sentiu muito orgulhoso.
Sábado, fomos a Bica, mas foi diferente!
Dona Lenita não estava lá! Achamos estranho, pois foi a segunda vez seguida.
Então entramos tudo bem. Passeamos junto ao fluxo. Cedo a Bica estava lotada.
Era 10:30h tinha ido ao banheiro e quando voltei para o recinto da leoa quem encontrei conversando com Dayane e Vinícius?
Dona Lenita nossa amiga (Maria Helena Nobrega de Oliveira).
Nossa amizade começou a uns quatro anos atrás quando Vinícius era bebezinho.
A gente sempre comprava água a ela.
Ela ficava ali n frente da Bica!
Vivemos coisas juntos. A doença e morte do marido dela.
A morte de minha mãe.
A gente até trocava brindes, carrinhos, pratos, xícaras.
Dona Lenita era o nome da minha segunda professora da 2 e 3 série.
Assim, demos um estojo de copos e nos despedimos com abraço e choro.
Dona Lenita não vai mais vender água.
Fizemos uma fotos e nos perdemos na multidão da Bica.
Dona Lenita é de Campina Grande!
Já faz cinco anos que recebi de meu pai o parabéns pela paternidade!
Papai não conheceu Vinícius, meu filho, mas ele sabia que Dayane, a mamãe de Vinícius estava grávida.
Ainda no calor e terror da pandemia! Passamos um mês ou quase isso juntos. Foi o mês de junho de 2020.
Em agosto, exatamente no dia dos pais ele me ligou. Conversamos e eu o parabenizei pela última vez pelo dia dos pais e ele me parabenizou pela primeira vez pelo dia dos pais. Não sabíamos deste ápice! E assim Deus o quis.
Guardo com carinho este momento.
Guardo com amor a memória de quem me gerou.
A figura em quem me inspirei!
Aquele que me moldou profunda e eternamente.
Tive um pai sem precedentes! Um pai tão presente quanto os versos em um poema,
Tão presente como doce cheiro de uma rosa,
Tão presente quanto a beleza no canto do sabiá...
Estivemos juntos por vinte anos de minha vida!
Sabe que é isso! Absorvi profundamente os seus valores como amor e bondade pelos seres vivos, animais e vegetais, o respeito ao outro, ao preservar sempre a amizade e o respeito.
Aprendi que papai era humano e por ser humano eis uma eterna luta na busca pelo perdão, na busca pelo melhor, na busca pela justiça, no fé em Deus e na coragem de enfrentar a vida.
Silencioso enfrentou uma doença que o venceu, mas nunca reclamou de Deus!
A noite ele rezava, silencioso... antes de rezar nós o abraçavamos e o confortava com um eu te amo...
Assim foram seus últimos dias. Descansou em paz.
Deus me deu o maior presente de todos que foi a paternidade!
E só quem é afetado profundamente por isso é quem é pai.
O germe do amor ou o amor em potência mostrou sua intensidade na noite que nasceu o meu filho.
A lua estava cheia, o ano estava quase vencido!
Então nasceu meu filho... E eu chorei, pois havia perdido meu pai 11 dias antes, mas ganhado a paternidade.
E desde então eu amo.
Descobri o amor.
Pessoa disse num lindo poema que "Amar é a eterna inocência".
Amar é não pensar.
Amor é sentimento e não razão.
Ser pai é amar
Ontem, estava bem melhor da mente e pude brincar com Sassá.
Desenhamos, e fomos brincar com o locutor um lobo de borracha grande e tirando um dinossauro.
Quando Sassá era menor eu costumava brincar que o locutor ia narrando as atividades que Sassá fazia.
Ele virou bundacanacha e ele virava...
Brincamos também com o carrinho que ele construiu com a mãe dele.
Brincamos de rima com as palavras.
Depois banhei ele.
Depois disso a mamãe dele assumiu o cuidado dele.
Sassá comemora o dia dos pais.
Fomos convidados para ir ao colégio para uma atividade de dia dos pais.
Nos divertimos muito nos jogos entre os coleguinhas.
Foram cinco jogos muito divertidos.
Ontem, 5 de agosto, foi feriado. Sassá dormiu até quase 10h. Quando ele acordou, veio ao quarto onde estava então eu o abracei e dei aquele cheiro. E dancei com ele nos braços como vazia quando era bebezinho. No feriado nós brincamos, exploramos o guia turístico do México, desenhamos. Brincamos na cama... Almoçamos e saímos para passear. Ainda, fomos ao mercado.
A noite já na cama ele me deu um beijo e me disse "Eu te amo papai".
Foi maravilhoso.
Te amo Sassá.
Senti saudades de um lugar onde passei. Não morei alí, mas algo ali encheu meu coração de alegria.
Será a estrada de areia branca
Ou o cinzento da mata branca.
Cinzento das catingueiras, dos mufumbos e marmeleiros...
O que será?
Minhas primeiras impressões de existência.
A vontade de conhecer papai era novinho e mamãe também e nem dava por isso.
Vovó e vovô adultos feitos com sua casinha modesta de terreiros alvos e limpos, de telhas e paredes velhas. No quintal as Pinheiras cresciam para adoçar no inverno e as algarobas para refrescar o calor do sol.
Na baixa de moreninha crescia a cana docinha... Doce só de frutas e cana.
No terreiro as galinhas exploravam e ovos lhes davam e um peru a cantar e guines a cacarejar.
Pouca água e muita disposição...
Saudades do meu sertão.
Senti que o tempo passa.
Sabia que passava, mas tinha esperança.
Sentia-me imortal.
Só amadurecia e entendia o mundo.
Estava em ascensão.
Não achei que iria envelhecer.
Mas o tempo todo revela.
O tempo é o mesmo eterno.
Nós o consumimos e vamos descobrindo a vida.
Não se entende como se dá a vida racionalmente, mas é preciso sentir.
A experiência vai nos forjando para além de nossas crenças.
O tempo me deu muito, só agradeço, mas primeiro levou meu pai. Meu primeiro vazio. Mas me preencheu com o meu filho e me tirou minha mãe.
Três anos atrás destes fatos, chorei olhando o campo florido e entendendo que depois vinha a seca e tudo seria pô.
Depois o tempo levou minha mãe e veio o segundo vazio.
E todo o meu mundo infantil está ruindo feito uma casa abandonada.
A gente sente que de repente pode ser o fim.
Enquanto aguardava o tempo passar bem ali na bananeira, um cacho de banana me cativava.
Eu o olhava e de tão belo o desejava.
Bananas docinhas bem madurinhas.
De tantas bananeiras apenas aquela eu mirava.
O tempo passou e me fui. Nunca mais verei sequer comerei, mas aquela bananeira me cativou como tantas coisas me cativam.
Onde está o gatilho que desperta a vontade e assim se transforma em desejo?
26/7/25
Olhei para o tempo e não vi um chão.
O mato seco o céu azul.
O calor do tempo.
A terra seca vermelha.
A poeira...
As memórias.
Meu irmão volta a são Paulo.
Essa viagem tem feito tanto em sua vida.
Foi embora em 1989.
Ficou lá por dois anos seguidos. Depois vem anualmente desde 1991. O que somaria 34 viagens, sendo esta a 34. Ele tem 55 eu tenho 45. Foram vários os anos afortunados. Digo assim pois contava com papai, mamãe e a mãe de sua esposa.
O Verão está chegando. Como choveu pouco este ano, as fruteiras estão sofridas. Vingaram, mas as frutas não cresceram... Uma bananeira cum belo cacho de banana. Um picapau pica o cajueiro e um galo de campina corrochia no cajueiro.
Dias cheios de luz e vento. O vento frouxo levanta poeira.
A vegetação doirando-se de folhas secas.
A palha seca do milho e do capim.
A aroeira chumbada.
O vináceo ao verde das folhas.
Os picapaus e casacas de couro se aninhando.
A cigarra cantando.
A vegetação silenciando.
E julho se entrega a agosto.
Termina o inverno e começa o verão.
Vai embora meu irmão.
26/7/25
Meus pais morreram,
Mas a casa continua viva.
Vive em minha irmã.
Aqui meu espírito se materializa.
Tudo é memória...
Uma castanha encontrada lembra papai, o guarda roupa
Lembra mamãe...
Memória desperta é vida acordada.
Saudades de vocês meus amores.
25-7-25
Conclui a leitura do genesis. Um livro surpreendente maravilhoso e profundo. Cada um dos capítulos li sete vezes e confesso que ficou muita lacunas. Foi um filtro que me permitiu entender e conhecer muito, mas é preciso ler muitas vezes mais. Compreendi que no princípio já se encontra o delineamento e a lógica de como buscar entender o curso da evolução desse povo, desta cultura. Entendi a humanidade do povo de Abraão, Isaque e Jacó. E o que aconteceu com Ismael? Com Esaú?
Confesso que me encantei com José de Israel.
A história de um povo contada oralidade e depois escrita deixou muitas lacunas. A tradução mesmo do hebraico para o grego, do grego para o latim...
De qualquer forma foi extremamente enriquecedor. A ideia que fica da unidade na moral, nas relações interpessoais e na fé são ímpares. Saio maior em espírito cristão.
25-7-25
O vento frio de julho
Chuvas torrenciais.
Pensar a vida,
Memórias,
Meu Filho ainda criancinha,
Os anos caindo da partida de meus pais.
Vigoski, Borges, Spinosa.
Essa certeza da humanidade em nós.
Me apavora,
Me assusta.
Fetonte.
A internet, Instagram...
A certeza que amanhã será outro dia...
O tempo passou e não para de passar.
A fé em Deus pai, filho e espírito santo.
E a vontade da eternidade.
13-7-25
Hoje é noite de São João. O ano é 2025. O lugar é Serrinha dos Pintos. Meu nome é Rubens Queiroz.
Aqui, tantas vezes, ajudei meu pai a fazer a fogueira para a noite de São João. A gente saia pelo sítio para procurar madeira. Achavamos madeira de cajueiro, cajarana, e fazíamos aquela fogueira. Era bom trabalharmos juntos.
Serrinha dos Pintos, 24.6.25.
Ontem, trabalhamos na contratação da fogueira, Vinícius e eu. Selecionamos as madeiras de cajaraneira, coco catolé, feijão bravo, Pinheira, timbaúva, angico. Fizemos uma bela fogueira. Depois passamos o dia todo em casa. A noite acendemos a fogueira, soltamos bombinhas e fogos. Comemos bolo e pamonha.
Em Serrinha a natureza é tão ampla
Vimos vários bichos
A alma de Gato me impresssionou
Pensar,
Algo direcionado,
Alinhado,
É preciso dar início
Fixar uma ideia
Descreve-la,
Desenha-la e
Desenvolve-la.
Escrever algo tão aberto.
É sinal de desespero
Sinto amor por tudo aqui na minha terra natal.
Do nascer ao pôr do sol meu peito se enche de alegria tão fàcil e rapidamente.
Aqui sou eterno.
Aqui sei quem sou num instante.
A natureza fez morada no meu peito.
Eu entendo a vida rapidamente aqui.
Aqui dormem Queiroz e Teixeira...
Aqui durmo plenamente.
Aqui sinto que sou mais forte.
Ontem mesmo fui com meu filho num lugar que há décadas não pisava o chão,
Mesmo assim tudo me é familiar,
Porque tudo habita em meu peito.
As matas de marmeleiro e juremas.
Sim! Aqui nem preciso pensar.
Tudo é sentimento.
Amo tudo e tudo se faz eterno.
As vacas serão sempre caretas, os cães dogues...
Fui a casa de vovó Chico me senti bem.
Os poucos que me restam e os que existem me apego ligeiro....
Porque sei que somos só um, apesar de sermos muitos.
23-6-2025
Sábado, fomos a Bica só Sassá e eu. A mamãe ficou passando ferro nas roupas.
Nós vimos os rapinantes.
Vimos os peixes,
Vimos as serpentes,
As aves coloridas,
Os emus.
Vimos os jacarés,
Os macacos capucinho.
Os gatos pintados.
Andamos até o lago.
Lá comprei uma pipoca bocos.
Sentamos e ficamos ali.
Observando a natureza com a paisagem do açude.
A venda de sorvete com crianças tomando sorvete.
Pais, avós e netos conversando.
Gente indo e voltado.
Na nossa frente um pai com dois filhos uma menina e um menino.
Todo orgulhoso, pois tinha comprado uma batata frita e um litro de coca-cola.
Sassá nem imagina a potência do gosto da coca.
Ele espremia o catchup e mandava os meninos comerem.
O garotinho sentia falta da mãe.
Até falou em levar batatas para a mãe. O pai até se irritou, dizendo que a mãe não queria eles juntos.
A menina era mais nova...
Me atentei aquele momento.
Sassá olhava Arthur andando de pônei.
Olhava um casal com três crianças tomando sorvete.
Ele ama sorvete, mas não pediu.
Depois comemos a pipoca e voltamos para irmos almoçar.
Despertei ainda escura madrugada. O quarto parcialmente era clareado pela luz do ar. Então procurei Vinícius em nossa cama. Dava para vê-lo ao lado da mãe. Então lembrei de quando pegava seu pé de bebe. Senti então que seu pé havia crescido muito, ganhado a aspereza das atividades, a rigidez dos ossos e a forma de nossas famílias. Continuei sentindo seu pé. Parei para contemplar sua face. Então pensava, mas voltava a olhá-lo como fazia quando pequeno. Ficava olhando para ver algo. Lembrei de quando era bebe, mas apenas em trÊs anos tudo mudou. Agora ele ganhou um universo particular. Então vi que a luz, já luzia lá fora. Levantei, peguei a coberta que meu pai Chico me deu. Fui para a rede ouvir minhas orações, ler os salmos, provérbios, genesis, números e eclesiastes. Depois fui ver tao te ting, a decadencia do ocidente, Vigoski. Ai levantei, preparei o meu chá enquanto o dia despertava.
Ontem foi o primeiro dia de aula de Sassá após as férias.
Cortou o cabelo.
Fez um cartão para a professora.
Estava muito feliz.
Nós mais ainda.
Vai Sassá aprender sobre o mundo.
Vai saber abstrair da realidade esse mundo novo.
Vejo uma imagem de tarde...
Uma tarde única eterna, atemporal.
Uma tarde onde tantas vezes despertei para a vida via abstrato.
Despertei tantas vezes ao ler.
Após o almoço, quando a tarde chegava, mamãe costumava dormir.
E a casa parecia dormir junto, pois se fazia silêncio.
Naquela baixa tudo era silêncio e calor e luz e tarde.
No silêncio viajava em meus pensamentos.
Começava uma leitura e me perdia em meus pensamentos.
Eu era orgânico e natural.
Era como um garoto aprendendo matemática encontrando um sentido nas ideias.
Eu descobria as ideias nas palavras, nas frases nos textos.
Foi fortemente afetado por um livro de Gandhi encontrado num baú antigo.
Sem dúvida pelo novo testamento distribuído pelos evangélicos...
Fecho o texto sem concluir, escurecendo e esfriando como a tarde eterna.
Na última ida a Martins, revi duas aves muito interessantes. Um sanhaçu-de-coqueiro e um surucuá.
O Sanhaçu foi na serra e o Surucuá foi na caatinga mesmo da serrinha.
Ontem, quarta-feira, 30/07, foi o último dia de férias de Sassá. Acordou tarde e tomou um bom café. Depois foi desenhar. Passou o dia desenhando. À tarde, saímos para passear. Ao sair do prédio, no jardim arranquei um quebra. Sassá pegou a planta e foi brincando o tempo todo. Só no mundo da imaginação. Fui observando, sem intervenção. A certo momento pensei como cresceu e se tornou independente. Já tem objetivos. Queria ir a praça da paz e fomos. Lá foi escorregar na pista de esqueite. Tinha três garotinhas e três garotinhos. Interagiu com todos, mas a chuva chegou e tivemos que ir embora. Passamos a chuva e fomos a padaria comprar o pão dele. Fomos por outra rua e ele percebeu e disse que nunca tínhamos ido por lá. De fato! Na padaria o rapaz já sabia qual era o pão que ele gostava. Pegou, queria água, mas deixei para beber em casa alí muito perto. Chegamos em casa junto com a mamãe que tinha ido a academia.
Então foi desenhar.
Ontem, saímos para caminhar Sassá e eu. Fomos caminhando e Sassá tentava me convencer a comprar um lagarto da água para ele. Foi do início até o fim tentando me convencer. Nem pediu pão. Oras sabia o nome do lagarto ora se esquecia. Uma das justificativas era levar o lagarto para a casa da tia Li para este comer os insetos. Os argumentos eram interessantes. Na rua nem percebemos muitas coisas... Eu estava perdido nas minhas ideias.
Enfim!
A noite é longa para quem não consegue dormir.
Somos bombardeado de tantos pensamentos que ficamos atordoados.
Quando o sono chega e precisamos nos levantar.
Então o dia já não é tão pleno e completo.
Como lidar com as dificuldades criadas por nossas mentes?
No fim do ano Sassá ganhou uma bicicleta vermelha.
Na hora de montar, pensamos em nomeá-la. Qual seria o melhor nome. Argutamente um garotinho que observava falou flash. Pronto a bicicleta passou a se chamar flash.
Como estamos na época das chuvas, a mais de um mês flash estava parada.
Ontem a mamãe saiu com Sassá. Andaram muito lá na praça atrás do Aruanda nos bancários.
De capacete azul Sassá parecia uma mistura de Flash com Sonic.
Só Deus o que imaginava Sassá ao pilotar Flash.
Ontem, fui com Sassá a borracharia para fazer o rodízio dos pneus.
Ele me perguntou o que é rodízio.
Tentei explicar várias vezes, mas foi infrutífero.
Ele viu Nil trocando os pneus.
Vendo ele entendeu.
Depois saímos para passear (caminhar).
Foi maravilhoso. Vimos várias coisas.
O final do passeio foi na praça da paz onde escorregou com coleginhas na pista de skate.
Gostou tanto que saiu chorando.
Foi a soma de cansaço e fome.
Chegou em casa, jantou, tomou banho, escovou os dentes e dormiu.
No fim de semana recebemos uma maravilhosa visita de meu amigo Rogério, Dalila, Geane e Odilia. Foi maravilhoso, pois Sassá aprendeu mais a socializar. Eles brincaram muito. Não é fácil Sassá dividir seus brinquedos, mas ele precisa aprender isso. Então a realidade dá uma maozinha. Ele dividiu os brinquedos e acabou com o ciúme dos mesmos. Quando eles foram embora restou a saudade. Ele sozinho arrumou a bagunça dos brinquedos.
A correria!
Ontem, saímos para caminhar!
Sassá está com muita energia!
A felicidade dele é ganhar algo.
No meio do caminho o que voce vai comprar para mim.
Bom prometi um pão.
Na primeira padaria não deu certo.
Na segunda deu certo!
Ficou muito feliz.
As férias de Sassá é aproveitada para passearmos.
Sassá está de férias e assim, os dias são longos conosco e ele. É cansativo, mas maravilhoso. A gente percebe mais no nosso entorno quando não tem opção de sair.
Cheguei em casa, estava ativo, indo e voltando feito leão na jaula.
Então, almoçamos e fomos ao shop, abasteci o carro, calibrei os pneus, ele sorrindo e me olhando.
É bom.
Depois chegamos em casa. E ao chegar ele ganhou um presente de uma amiga de sua mãe.
Uma coleção de lápis de cores. Desenhou...
Ai fomos passear, coletamos flores de jasmim, de hibisco.
Ele viu um número e falou em inglês 118.
Depois, ele perguntou porque uma moto na esquina estava para vender. Não entendi como tomou ciência daquela informação.
Ai, fomos indo.
Vimos um fusca preto com detalhes beje.
Ai, fomos disse que ia comprar algo para ele.
Ficou curioso e quis, pegar um atalho na rua.
Andamos, passamos na casa do jasmim,
E quase chegando em casa, comprei um aquário para Apuleu.
Esse menino ficou radiante!
Muito bom.
Acordei de madrugada, fui a varanda e contemplei as três Marias o cinturão de oreon.
Vi naquele momento a eternidade.
Igualzinho a primeira vez que o vi, não sei quando, mas sei onde. Na casa de meus pais. Olhar para o céu é olhar através do tempo.
Um dia de tanto observá-lo percebi ordem, beleza e uma conexão que transcende o pensamento, a realidade e o tempo.
O vento frio de julho
Chuvas torrenciais.
Pensar a vida,
Memórias,
Meu Filho ainda criancinha,
Os anos caindo da partida de meus pais.
Vigoski, Borges, Spinosa.
Essa certeza da humanidade em nós.
Me apavora,
Me assusta.
Fetonte.
A internet, Instagram...
A certeza que amanhã será outro dia...
O tempo passou e não para de passar.
A fé em Deus pai, filho e espírito santo.
E a vontade da eternidade.
Fui à feira de orgânicos na UFPB. Acontece sempre as sextas da semana.
Ir a feira é sempre algo muito rico.
Lá encontramos mercadorias, comidas, músicas e histórias.
O cheiro da tapioca e o som do pífano se faz sempre presente e o balfafar de tantas conversas ocorrendo ao mesmo tempo.
A feira é semelhante a uma panela de feijão cozendo onde o calor do fogo engrossa o caldo e amolece o grão. Essa mistura de feijão e água e fogo dá comida para o corpo e para a alma.
Temos conversas com os feirantes que cultivam os alimentos e nos trazem fresquinhos.
Temos como comida de derivados vegetais tapioca, frutas, hortaliças, carne de bode.
Temos as histórias da semana,
As histórias locais e universais.
O olhar, o jeito de pensar...
Ir a feira...
Cada um encontra o que busca e muito mais.
Ontem, choveu o dia inteiro.
Sassá nem pode sair de casa.
Só no fim do dia fomos ao mercado.
Pegamos coisas favoritas dele como bolo, chocolate, iogurte e morango.
A mamãe comprou tintas então, após a janta fomos pintar.
Ele pintou um tatu.
Depois fomos para a cama ele me puxou para lá.
Não sei o que aconteceu, pois adormeci.
Sei que a mamãe teve muito trabalho, pois quando acordei
a chama estava cheio de livros.
O mundo abstrato está tomando conta da cabeça de Sassá.
Tem livros e gibis espalhados pela casa toda.
Passei o dia inteiro fora!
A tarde quando cheguei Sassá estava dormindo.
Nem fomos ao mercado.
Em função das muitas atividades do dia ele dormiu profundamente.
Dai ele acordou perguntando por mim.
- Papai já chegou?
Perguntou até eu responder.
Dai levantou, foi para o sofá e ficou mirando pelas pontas dos olhos com a cabeça nas almofadas.
Senti amor... um profundo sentimento de gratidão.
Dai, aos poucos foi se chegando.
Veio, me abraçou e me beijou e eu repeti tudo.
Dai ele e eu ficamos deitados na rede.
Ser é amar.
Borges soube ouvir e não era cantor.
Ventania não soube ouvir, sendo cantor.
A semelhança entre os dois é que ambos compunham.
Um poeta e um cantor.
Ambos compositores...
Um de versos e um de canções.
Jorge Luiz Borges o leitor, aprendeu a ler criancinha na grande Buenos Aires.
Eliseu Ventania o compositor, certamente demorou a ler, nasceu na rua das canto em Martins, RN.
Ambos não fizeram faculdade.
Ambos viveram da arte!
Um mundialmente conhecido,
Outro regionalmente conhecido...
Em ambos suas obras continuam vivas universais e eternas.
Ambos ficaram cegos.
Borges encarou a cegueira sem desânimo.
Eliseu ficou profundamente angustiado.
Um tinha o carinho e o conforto da grande fama.
O outro o carinho e conforto de sua fama.
O que tem mais em comum?
A capacidade de síntese na viola e nos textos...
Um leu Schopenhauer e todos os tratados de psicologia.
O outro leu o senso comum, o povo...
Não dar para saber qual eu gosto mais.
Mas uso o grande para dar luz o pequeno que de pequeno não tem nada.
Conheça!
Sassá e eu saímos para caminhar.
Andamos devagar.
Prestando atenção em tudo, nos números das casas, nas plantas dos jardins,
nas rochas, nos fios, nos pássaros.
Ontem, vimos uma coisa que nunca vi.
Um casal de patativa dançando.
Eles se encontraram no fio de alta tenção.
E dançaram e dançaram e depois foram embora.
Foi uma surpresa para mim.
Mas a frente vimos um bando de jandaias.
Eram 10 bichos. Ora voando, ora pousada nos postes, ora gritando.
A coisa mais linda verdes, com o pescoço e a cabeça amarela.
Os machos com parte das asas vermelhas.
Ai, falei que ia comprar um pão doce para ele.
Ficou muito feliz. Da mesma forma que ficava quando papai comprava confeito para mim.
Fomos numa padaria mas só tinha pão doce com creme e goiaba.
Ele não quis, disse que não gostava de goiaba.
Dai fomos para a padaria perto de casa onde o povo até conhece ele.
Compramos e fomos caminhando e ele comendo.
O céu estava pálido e cheio de carneirinhos e nele a lua aparecia.
Então voltamos para casa.
Ontem Sassá foi a pediatra após um ano.
Graças a Deus tudo está bem.
Seguindo a média de crescimento.
Cognitivamente bem. Estamos muito felizes. Graças a Deus.
Ao final da consulta a doutora Gilka Carvalho deu um certificado da coragem.
Ele ficou encantado com o certificado.
Quis levar até em casa.
Agora fazer uns exames para ver como anda internamente.
Ser pai é tão bom.
Sassá recebeu em casa seu tio Beg e sua tia Suzi.
Pense num fim de semana que ficou feliz.
O tio deu para ele sorvete e picolé.
Foram a vários lugares bonitos.
Tiraram inúmeras fotografias.
Ontem na missa, após uma manhã na praia, dormiu o tempo todo.
Estava feliz.
Até se comprometeu em ir para o interior, com a mamãe.
Enfim. Foi maravilhoso.
Sassá não cabe em si de tanta felicidade.
Ontem ele ganhou um peixe.
Sim um peixe vivo que não é para comer.
É para contemplar.
É um berta azul.
Parece um bailarino dançando com um lençol azul.
A gente deu o nome de Apuleu blue.
Antiontem, prometi que ia dar para ele um peixe quando fossemos a Recife pegar o tio Begue e tia Suzi.
Ele ficou radiante. Ansioso.
Foi dormir tarde.
Ligou para o tio que cria peixe para dar a notícia.
Então, nem almoçou direito.
Então, na viagem já estava muito ancioso.
Chovia quando chegamos lá e no local onde sabíamos que tinha estava fechado.
Que balde de água fria...
Mas a esperança é a última que morre.
A mamãe achou um lugar.
Fomos na Varsea, no bairro, e encontramos um lindo peixe.
Está todo feliz.
Spinosa pensava enquanto polia lentes.
Spinosa lia o talmude.
Spinosa lia Descartes.
Embora no século XVII
As idéias o escolherem para virem a luz...
Será que lia Platão?
Esse farol do ocidente!
Ah Platão.
Leria Aristóteles?
Alicerce do realismo.
Sou cego em matéria de deveio spinosiano.
Por isso me encanta.
Junho deu adeus...
Alegre, colorido, vivo e quente.
Muita alegria!
Coisas simples enchendo o coração.
Uma fogueira de São João,
Chuva de fim de inverno.
Junho parte,
Deixa saudade...
Ano 2025...
Pensar é negar a realidade.
Esta realidade que muda...
Realidade estado,
Realidade devir,
Realidade deveio.
Estive em terras distantes,
Andei onde nunca pensei,
Vi coisas que nunca a ver voltarei,
Aprendi e esqueci.
Aqui estou,
Aqui estou,
Mais velho, mais cansado,
Tentando entender o que aconteceu.
jul. 2024
Sassá de férias, os dias são todos nossos ou parte deles.
Ontem levei um guia do México para ele.
Adorou viu todas as páginas.
Depois vimos vídeos de aves.
Desenhamos algumas aves.
Foi ótimo.
Chove!
Venta,
As árvores parecem dançar.
Frio,
Sombra,
Som de piano.
A distância torna-se ainda maior.
Vamos tomar um café.
Spinosa polia lentes e pensava,
Papativa do Assaré campinava e pensava.
Borges lia e pensava.
Quem era mais leve e suave?
Spinosa filosofava,
Patativa criava versos,
Borges queria entender o absoluto.
Spinosa viveu no século XVII,
Borges foi contemporâneo de Patativa.
Spinosa era judeu.
Patativa Cearense,
Borges Argentino...
Cadê o sentido deste texto.
Patativa viveu na miséria, perdeu uma filha para a fome.
Spinosa foi excomungado.
Borges ficou cego...
Pensar é o elo,
A ideia que reúne tudo isso.
A chuva chegou,
Nem parecia que ia chover.
Mas ela chegou
E cantou com a mata.
Tão sonoro ouvir
Frases escritas por Pessoa...
A chuva chovendo!
É tão bonito isso.
A chuva chovendo agora.
A chuva eternamente choverá.
Eu, em algum momento desço da estação.
Alguém poderá achar belo como achei.
A chuva chovendo.
Ontem, fomos caminhar Sassá e Eu.
Fizemos o mesmo percurso ou quase.
Sassá já tem muitas curiosidades a respeito da natureza,
Principalmente dos bichos.
Adora saber sobre bichos...
Quais os bichos vamos encontrar?
Vimos jandaia, maracanã, bemtivizinho, gavião...
Nas ruas não colhemos tantas flores, apenas algumas.
Nós contamos os números das casas em inglês...
Na frente da escolha contemplamos o dinossauro enrrugado.
Na escola dele, leu a placa K A R L R O G E R S.
Confundiu a esquina da sorveteria.
Viemos pela praça do Rapaz, na esperança de encontrar um coleginha.
Acabamos pegando uma nebilina.
Assim foi.
Esse fim de semana foi atípico para Sassá.
Sem Bica, sem praia...
Como precisamos ficar em casa para o concerto do ar.
Então, tivemos que improvisar, desenhar, ficar em casa.
Apesar disso, fomos a loja de Material de construção, ao restaurante pegar almoço e sábado a noite,
Fomos ao Mercado Mateus para compensar a falta de passeio.
Comemos, observamos os peixes e eu comprei camarão para Sassá.
Ele adorou!
Domingo mamãe não podia sair então ficamos em casa novamente.
A mamãe tinha que fazer uma prova, então bom, fomos deixar ela na escola.
Na volta, passamos no atacado Brasil, onde compramos coisas muito legais.
A tarde, nos deitamos, ficamos de boas.
Ai fomos a missa só nós. Não deu trabalho.
Na missa até explicou porque a mãe não pode ir.
Dormiu a cerimonia toda.
Depois fomos comer um dogão.
Como ele ama.
Comeu e fomos para casa...
Nem sei que horas foi dormir.
No São Sassá viajou para a terra natal da família de seu pai em Serrinha dos Pinos, RN. Foi uma viagem excelente. Nesta viagem, o pai dele e ele fizeram várias coisas boas juntos. Andaram no mato, viram raposas, alma de gato, anum preto, anum coroca, anum branco, martim-pescador, socó-boi, carneiros, jumento, porco, bois...
Fizeram a fogueira juntos, soltaram bombinhas, comeram pamonha...
Uma frase me afeta e me faz pensar.
Uma sensação me afeta menos, mas também me faz pensar.
Tudo depende da intensidade, da entonação e da forma como foi percebida.
Ler Pessoa, o poeta, pode ser profundamente afetado,
Mas necessita saber ler,
Sensibilidade.
Ver uma tela de Gogh pode ser muito mais impactante.
Todavia acho que o que mais nos afeta são nossos sentimentos
Que se alinhado com uma realidade
Pode ser sentido como verdade.
A tarde caiu na fria noite,
Caiu encarnada,
Tal qual a luz da lenha na parede de barro cru.
Expressando o belo segundo crepúsculo.
A chuva ora caia, ora sumia.
As paredes úmidas,
O piso gelado
Faz a gente pensar nessa existência bruta.
Faz a gente pensar nos eventos recentes,
Nos eventos distantes...
O tempo ora contraindo, ora dilatando em nossa mente,
Os nossos sentimentos ora aquecendo, ora esfriando...
Tentando entender a fragilidade da existência...
O vigor infantil, a sabedoria senil,
Tempo por vir,
Tempo ido...
Tanta coisa tramando nossa consciência...
Constituindo quem somos,
Quem queremos ser,
Quem fomos...
errinha dos Pintos, 24.6.25.
Ontem, trabalhamos na contratação da fogueira, Vinícius e eu. Selecionamos as madeiras de cajaraneira, coco catolé, feijão bravo, Pinheira, timbaúva, angico. Fizemos uma bela fogueira. Depois passamos o dia todo em casa. A noite acendemos a fogueira, soltamos bombinhas e fogos. Comemos bolo e pamonha.
Hoje é noite de São João. O ano é 2025. O lugar é Serrinha dos Pintos. Meu nome é Rubens Queiroz.
Aqui, tantas vezes, ajudei meu pai a fazer a fogueira para a noite de São João. A gente saia pelo sítio para procurar madeira. Achavamos madeira de cajueiro, cajarana, e fazíamos aquela fogueira. Era bom trabalharmos juntos.
Sinto amor por tudo aqui na minha terra natal.
Do nascer ao pôr do sol meu peito se enche de alegria tão fàcil e rapidamente.
Aqui sou eterno.
Aqui sei quem sou num instante.
A natureza fez morada no meu peito.
Eu entendo a vida rapidamente aqui.
Aqui dormem Queiroz e Teixeira...
Aqui durmo plenamente.
Aqui sinto que sou mais forte.
Ontem mesmo fui com meu filho num lugar que há décadas não pisava o chão,
Mesmo assim tudo me é familiar,
Porque tudo habita em meu peito.
As matas de marmeleiro e juremas.
Sim! Aqui nem preciso pensar.
Tudo é sentimento.
Amo tudo e tudo se faz eterno.
As vacas serão sempre caretas, os cães dogues...
Fui a casa de vovó Chico me senti bem.
Os poucos que me restam e os que existem me apego ligeiro....
Porque sei que somos só um, apesar de sermos muitos.
Em algum lugar de Serrinha dos Pintos, um jovem passa a tarde quente e ensolarada. Após uma manhã perfeita, pois cumpriu todo o seu dever com sucesso. Almoçou e a tarde caiu curta, pois são muitos os propósitos de sua mente, aprender inglês, matemática, literatura, português, química, física e Biologia. O jovem rapaz ver um pouco de tudo com pressa. Sua pressa tem um motivo que é passar no vestibular. Certo dia ele se depara com um livro de Gandhi. Podia ter se encantado com a bíblia ou simplesmente dormido a tarde inteira.
Ele queria tudo, mas tudo é demais.
Assim tarde após tarde, ano após ano, conseguiu passar no vestibular. E um dia foi embora.
Novos mundos foram descobertos... E ele percebeu a impossibilidade de se conquistar o mundo.
A gente está sempre mudando a medida que estamos aprendendo.
Fui na lada do biscoito terei um ficou 18.
Andando no sítio de papai estou num lugar onde vivi tantas coisas maravilhosas,
Tantos desesperos existenciais.
Andando no mato com meu filho, encontrei uma concha de caracol.
Estava parcialmente enterrada, tinha a cor de leite. Na concha um desenho de uma espiral. Então voei na imaginação. Em que parte desta espiral me encontro?
Não tão ignorante nem tão iluminado.
Onde estou e o que é a suficiência?
É no tempo que ocorrem os fatos. Ontem, hoje e amanhã.
E é em sua espiral que vão se imbricando e se desenovelando.
Se imbricando no passado se desenovelando no futuro.
O espaço é eterno.
Nos seres casuais tecemos nossa existência no tempo e no espaço.
E isso é apenas um pensamento.
19 de junho de 2025
Estou em Serrinha na casa que pertenceu aos meus pais. Neste momento sento uma cadeira de plástico que mamãe comprou. Estou sentado na frente da casa. À tarde é o melhor lugar para ficar por fazer oposição ao sol e assim é o lugar mais fresco. Além disso, a frente fica voltada para a estrada. Aqui sentamos tantas vezes neste horário. Aqui pensei tanto na vida. Antes havia apenas sítio, mas agora tem casa e ponto comercial. Agora tem um pé antigo de mais de 40 anos de açucena, uma soca de coqueiro, um pé de araçá, um pé de Jasmim, uma espada de são Jorge, um cumarú.
Aqui vivi tanta coisa. A vovó sinhá morou conosco depois que vovó se foi. Festejamos o casamento de Begue 😌, e nossos aniversários meu, de Rosângela, Meire, Li, e Roberto. E de papai Chico e mamãe Didi.
Estudei para o vestibular, comemorei a aprovação. Plantamos no inverno, colhemos no verão. Vários anos passamos aqui. Dormi tantas vezes nesses quartos.
Eu me fiz aqui.
Andei perdido aqui.
Somos apenas consciência...
Tudo deveio e não restou nada.
Agora tento me resignificar.
Minha mulher e meus filhos estão me ajudando.
É isso
O meu passado vez por outro é sentido.
Alguma sensação repetida faz acessar minhas memórias mais pretéritas e de alguma forma reafirmamos esta memória quando expressamos.
Hoje mesmo recontei não sei quantas vezes, mas já o fiz várias vezes. Que tinha medo de flores de Jasmim pela forma da flor? Pelo odor liberado. Na minha cidade usava flores de Jasmim para enfeitar os mortos.
Minha primeira experiência foi algo muito intenso. E não entendia aquele monte momento. Muita emoção, muito choro, muita dor. Uma exploração de sentimentos.
Tudo isso ficou gravado na flor do Jasmim. Desconstruir, mas nunca me esqueci.
Sassá convidou Pedro seu amiguinho para vir lá em casa. Pedro é irmão de Júlia que quis vir também. A mamãe foi buscar eles, como o papai se atrasou, seu Zé avó de Ravi deu carona. Quando chegaram lá em casa. Ravi quis ficar também e ficou. Foi a maior festa. Nunca vi tanto menino junto. Pula pra cá. Pula pra lá. Foi a maior alegria que durou tão pouco. Logo as mamães vieram buscar os meninos. Logo Sassá foi dormir. Jantou, mamou e dormiu. Tava numa reunião e nem brincamos. Assim foi.
O silêncio preencheu a minha mente
Não era ausência de som,
Mas ausência de pensamentos
Não era presença de memória.
Era o aqui e a gora
O ser e existir em mim.
Fim de semana passei todo com Sassá!
Ficamos em casa e nos divertimos muito brincando com duas pantufas monstrengas.
Desenhamos e brincamos muito.
Hoje acordei,
Sassá vai para a escola e adora ir perfumado.
Ele aprendeu na escola a ser abraçado pela professora, pela coordenadora e pelos amigos.
Ele aprendeu e gostou de ouvir que está cheiroso. Então comprei uma porção azul da coragem.
Ele usa todos os dias antes de ir para a escola. Gosto de pentear o cabelo dele. Acho que ele aprendeu também, mas ele gosta de cabelo grande e dá trabalho.
Ontem comprei uma porção amarela da amizade. Ele amou.
Na verdade, fui comprar uma lembrança para a mamãe dele, mas adivinhe.
Ele acabou ganhando também.
Pai e mãe é bicho besta.
Nem lembro mais quando comprei algo para mim.
Coisa de vaidade já era.
Agora é Sassá.
Ah. precisa comprar uma chinela.
Fazemos com amor.
Ontem, quinta a manhã estava linda fresca e de céu azul.
Preparando o café ouvia as ararinhas maracanãs vocalizando.
Elas veem sempre aos pés de jambo que tem tem na rua da frente e da frente do lado.
Ao sair para o trabalho, vi duas lindas. Lá no olho do pé de jambo.
Elas gritavam. Ai olhei no pé de jambo e só consegui ver o casal por causa da máscara branca que elas tem.
Suponho que fosse um casal. Quase imperceptível entre as folhas do jambeiro.
Pensei, nessa parceria, nessa relação da maracanã legitimamente brasileira com o jambo legitimamente indiano.
Quando chegou aqui e por onde chegou?
Com certeza pelo mar.
No sudeste ou no nordeste?
Hoje é uma planta tão comum. Aqui era abundante nas casas, mas aos poucos as casas estão virando prédio e os jambeiros estão com os dias contados nas ruas. Principalmente aqui nos bancários...
Essa bela relação unilateral do jambo com a maracanã.
Será se irá durar?
Um dia um casal conheceu um pé de jambo que estava repleto de frutos. Pousou e comeu até ficar de papo cheio. Foi embora, mas aprendeu onde ficava aquele pé. Então na outra estação teve filhotes e trouxe os filhotes e esses ficaram adultos e tiveram filhotes... E essa relação se estenderá até quando?
Enquanto não cortarem o pé de jambo...
Que interessante!
Sassá perdeu o medo de nadar com a mamãe.
Comigo não dava certo.
Estou muito feliz por ele ter superado o medo.
Que ele avança na aprendizagem.
Excelente.
O meu passado vez por outro é sentido.
Alguma sensação repetida nos faz acessar nossas memórias mais pretéritas e de alguma forma reafirmamos esta memória quando expressamos.
Hoje, terça-feira de junho, mesmo recontei não sei quantas vezes, mas já o fiz várias vezes. Que tinha medo de flores de Jasmim manga pela forma da flor? Nada disso, sim pelo odor e liberado e pela cor. Na minha cidade usava flores de Jasmim para enfeitar os mortos.
Minha primeira experiência foi algo muito intenso. E não entendia aquele monte momento. Muita emoção, muito choro, muita dor. Uma exploração de sentimentos.
Tudo isso ficou gravado na flor do Jasmim. Desconstruir, mas nunca me esqueci.
Ontem, terça, a mãe de Sassá o levou a natação.
Ela falou com o professor e ele conseguiu fazer as atividades.
Fiquei feliz.
Agora acho que ele superará.
Isso me fez pensar sobre segurança.
É preciso está seguro do que se vai fazer e por trás de tudo isso tem alguém que passa essa segurança.
A mãe tem um laço muito mais intenso e cordial com o filho.
Com paciência se consegue ultrapassar e vencer certos sentimentos adquiridos.
Estou feliz.
Sassá gripou!
Garganta, pulmão...
Não perdeu a energia.
Noites mal dormidas,
Calor...
Foi ao médico duas vezes,
Na primeira nada,
Na segunda, sucesso!
Vários remédios.
Ganhou um pirulito,
Ganhou uma cochinha.
Coletou uma flor de resendá para a mamãe.
Chegou em casa feliz.
Descemos para deixar o lixo,
Aguamos as plantas e fomos dar uma caminhadinha na beira da mata.
Que bichos tem aqui.
Mosquito... sim começaram a devorar suas pernas.
Falei os que sabia.
Voltamos correndo para casa.
Tomamos banho e jantamos.
Está chovendo,
Se ouve o gotejar de pingos que se abraçam e se soltam
Se unem as folhas e se desprendem
Caindo no sobre a terra úmida e fria.
Está chovendo.
A chuva chovendo bem lentamente.
Um gavião vocaliza na mata
É um carijó.
Essa mata atlântica...
Essa semana de chuva.
Essa cidade pacata.
Me fazem sentir bem.
Sassá, passou o fim de semana comigo em casa. Nada de emoções. Estamos gripados. Só saímos para ir a missa.
Sábado nós fomos a bica e vimos nove novos gansos e uma traíra.
Foi maravilhoso.
Lá em Natal, Sassá fecha sua visita indo ao Bosque dos namorados. Esta visita significa muito para o pai de Sassá já que ir ali foi sempre um motivo de descoberta e aprendizagem. Um espaço de vegetais naturalmente estruturado. Entra boquiaberto com as plantas ali presentes, guabiroba, gameleira, copiúba, guoiti, guati, cumichá, jatobá, catolé, paubrasil, pau-ferro, ipê, peroba, jitai... A floresta, a serrapilheira. Os monumentos... Para além disto, havia uma exposição científica. Isso mesmo, um museu itinerante da UFRN. Ali vimos, as cinco das sete espécies de tartarugas marinhas, targaruga verde, olhiva, cabeçuda, pente, tartaruga de couro. Vimos crânios, modelos, cascos, ovos e o problema dos lixos nos mares. Brincamos nos vários brinquedos do parque e ainda fomos numa pequena exposição dali.
Ainda fizemos uma trilha sensorial.
Foi isso. Ficou vontade de voltar mais vezes.
No segundo dia em Natal, Sassá foi ao Aquário pela terceira vez. A senha está cara por 55 reais, entretanto vale o sacrifício. Então entramos ao grande recinto com vários peixes. Vimos baiacus uns três, inclusive tem um amazônico de água doce. Vimos várias variedades de peixe palhaço. O faca de palhaço, os ciclídeos africanos, o poraquê ou peixe elétrico ou Eletrophorus eletrans, as tartarugas orelha vermelha e muçuá. No grande aquário estava o pirarara, pirarucu e tanbaqui. Havia uns quatro exemplares de acará disco. Um aruanã. Um aquário de neons. Um aquário com peixe oscar amarelo. Um aquário com cavalos marinhos. U aquário com paru jovem. Um aquário com tucunaré, cari. Un aquário com cirurgião patela.
Noutra ala vimos jacaré de papo amarelo, jacaré de coroa.
As aves vistas foram Arara vermelha, arara canindé, papagaio, gavião pé de serra, avestruz, fragata, pinguins.
Mamíferos foram lobo guará, cachorro do mato, macaco prego, macaco bugio, macaco aranha.
Tinha até uma sereia.
Bom terminado o passeio passamos na lojinha e trouxemos o terceiro animal.
Na primeira viagem trouxemos manuel a arara vermelha.
Na segunda viagem trouxema caré o jacaré
E nesta trouxemos lentinho o jabuti.
Foi isso.
Sassá viajou para Natal e foram inúmeras as novidades vou falar de cada uma.
Primeiro, fomos ao museu Câmara Cascudo. Chegamos lá e entramos, para nossa surpresa era grátis. Vimos várias exposições. A primeira foi sobre aves, onde havia cartazes, animais taxidermizados e vídeos.
Na segunda era uma experiência cinestésica onde numa sala havia a simulação do interior de um lago.
A terceira foi uma coleção de fósseis.
A quarta ao subirmos a escada tinha um espaço de anatomia comparada onde havia esqueletos de diversos mamíferos. Amamos.
A quarta era uma sala de pegadas e cenas.
A sexta a coleção da artista Luzia Medeiros que esculpia em madeira de Commiphora leptophloes imburana de cambão, cenas do cotidiano nordestino.
E por último a sala com várias coleções indíginas.
Saímos lá morrendo de fome e fomos almoçar na UFRN.
Sassá amou.
Se só temos o aqui e o agora. Espaço e tempo. Todo instante pode ser o último, seja manhã, tarde ou noite. Que certeza temos do instante seguinte? Ver o mundo, sentir o mundo, cheirar o mundo, tocar o mundo! São ações que nos permite percebê-lo e conhecê-lo de alguma forma.
Conhecimento é consciência?
A consciência apresenta três figuras que são certeza sensível, percepção e entendimento.
Na certeza sensível o ser já é objeto?
Não seria apenas um ente?
Em seguida surge a percepção no reconhecimento das partes.
Por último o entendimento...
Na certeza sensível o ser é o ser.
Na percepção o ser é o ser incompleto. Aqui temos um universal condicionado pelos sentidos. As partes são convertidas em signos. Então surge o universal incondicionado na chegada da razão.
Tudo isso no espaço e tempo.
Ser assim - essência
Ser aí - existência
Sassá continua com medo de nadar.
Não sei como poderei ajudá-lo.
Hoje, quinta-feira, fomos para a piscina caminhando.
Foi levando ele nos braços até a praça do trilho.
Depois desenrolou. Chegamos lá e brincamos bastante.
Usamos os legos para fazer piratas de uma perna só. Senhorita Andorinha participou de nossa brincadeira.
Ela viu um universo todo de pirata então sabiamente falou.
Que tal adicionarmos um mocinho para salvar o dia!
Depois perguntou se não poderíamos adicionar uma arca...
Foi bem interessante. Falei ainda do mostro de muitos olhos.
Acho que o mostro foi um angrybird que destruiu os nossos piratas.
Tudo bem.
Acabou o horário da brincadeira e fomos para a piscina. Digo ele.
O pensamento passa a existir por meio da palavra. Vigoski
Pensamento é a ideia em movimento.
Ideia dizia Hegel é a soma do real com seu universal.
Em si e para si.
Em si - essência.
Então, o universal é um conceito, uma representação
Ontem, Sassá e eu estávamos desenhando. Desenhamos sobre a mesa ou sobre chão, mas era na mesmo.
Então Sassá viu que minha barba não estava feita e ele percebeu cabelos brancos na barba e na cabeça. Eram poucos, mas ele viu. Sabe que quem tem cabelos brancos são os idosos. Então ele perguntou por que tinha cabelos brancos. Respondi que era porque tinha aparecido. Parou e pensou, nem imagino o que. Todavia, pensei no tempo... no tempo que temos. Pensei em gastar o meu tempo fazendo coisas boas com ele e para ele. Tirar o foco de mim. Desenhávamos pássaros.
Hoje, fui para a natação com Sassá. Ele não superou o medo de afundar, mas a vontade de nadar é muito grande. Sim seu esforço é enorme, dentre os meninos ao seu lado foi o que mais praticou exercício de respiração, praticou sozinho na prancha. Diversas vezes. Seu esforço será recompensado. Basta ter calma e paciência. Também na leitura, vai indo muito bem. Inventamos um exercício de ditado. Ele dita a palavra e eu escrevo. Ontem, pegamos um livro sobre animais do fundo do mar e praticamos muito. Hoje praticamos com o livro de fazenda. Sassá é muito aplicado. Ah. já ia me esquecendo. Quando sai da natação, perguntei se ele queria ir comigo ao posto de saúde, eu precisava tomar duas vacinas. Ele disse que sim. Fomos. Então, ele estava temeroso, mas foi. Dai entramos no posto. Pedimos uma informação e fomos atendido. Depois passamos pela triagem. E ficamos aguardando a nossa vez. Até lá identificamos as formas num pôster de homem aranha, quatro formas: triangulo, circulo, losango e quadrado. Num outro pôster as princesas da disney. E ai nos chamaram. Ele estava com dor de mim. Então tentei disfarçar, e não consegui, estava com muito medo. Dai ele ficou firme. Dai, a mulher disse para ele segurar minha mão. Ele segurou. Tomei as duas vacinas e ficamos bem... Ao irmos ao banheiro falei para ele que era bom encarar nossos medos. Foi maravilhoso sua companhia.
Sassá foi a Bica desta vez, observamos as aves de rapina. O curucuturi estava mais perto deu para ver o quanto é grande. Chamou atenção uma menina fazendo anotações para provavelmente um trabalho da escola. Sassá preferiu olhar o carijó todo molhado, depois os gaviões pés de serra. Depois vimos a cutia pelo de fogo. Os patos reais, cinco patos quak quak, duas delas de rabo pro alto e cabeça no fundo do laguinho, forrageando. Vimos a marrequinha marinez, muito bem lembrado por Sassá e foi correndo queria ver de perto novamente ligeirinho o cágado de barbicha esfomeado, comeu uma banana que colocamos quase todo. Vi de relance o cágado CRIPTUS, só anda no fundo do lago, a mamãe e Sassá quiseram ver, mas nada. Ai fomos ver as araras que estavam numa barulheira só, por causa de seu Eduardo o zookeeper que estava limpando o recinto. Fomos as serpentes, aos emus, aos jacarés que nem tchum para nós. Depois gastamos um tempo vendo os tratadores capturarem os bugios que vão para a quarentena. Ah, no lago dos peixes na ilha dos macacos são seis macacos pregos curiosos e isolados ali. Depois vimos a leoa Doroti com seus cílios lindos repetiam as mulheres que ali chegavam. E foi assim nosso dia na bica.
A memória eterniza o tempo.
Acordei desejando, só se deseja o que se imagina ou se vive, comer aquela tapioca que mamãe fazia só com nata. O amor que ela colocava em não resistir e fazê-la com carinho. Aquela tapioca branca e amarelada com a gordura da nata. Aquele café quente com leite morno da vaca careta. Aquela voz terna, aquela casa amarela. Papai tirando mamãe de tempo nos fazendo rir e irritando-a.
O sol esquentando a areia quente a burra amarrada na Pinheira e tio Aldo bradando suas conversas bonitas. O fogão de lenha com o fogo dançando, as galinhas no terreiro passando. Nós assanhados, ouvindo atentos a conversa gostosa. Mastigando e salivando a tapioca deliciosa, com nata salgada, salgadinha, ouvindo tio Aldo contar histórias que não lembro mais. Um gole de café com leite nos despertando. Alma feliz e cheia de esperança de que tudo ia melhorar. Outro dia, era tio João, outro dia tio Itamar, outro dia no fusquinha tio Dedé e até Zé Vieira aparecia.
Assim foi! E não é mais. Tudo só acontece uma vez e por isso é raro e por isso é valioso. Cada um com sua história.
Ah uma tapioca com nata e café com leite da vaca careta.
O tempo é eternizado numa memória, numa fotografia. Ao vivermos compartilhamos nossas vidas, os momentos. Fechei os olhos para ouvir uma canção antiga e encontrar alguma memória boa ou ruim.
Voltar no tempo.
O tempo, o espaço e meus afetos.
A cada instante menos tempo. Tudo que se desvela e se imprime em fatos por via da percepção, da linguagem, do pensamento e da memória deixa algo em mim. Coisas que me impressionam como a cor azul, amarelo e vermelho, o dia e a noite, o sabor doce e salgado, o canto das aves, arranjos musicais de piano, arranjo de flores, um poema.
Borges, Platão, Kant... Como não ser infiel ao dar preferência a alguma categoria.
Sábado é um dia sagrado. Desenvolvi novos hábitos. Acordo, faço um café, e leio ou ouço alguma palestra de Borges. Palestras ministradas entre os anos 70 e 85 quando concebeu sua última palestra.
Uma das que mais ouvi foi sobre as mil e uma noite. Onde discorre sobre as muitas histórias daquela obra. Tenho uma empatia e entendo ou creio entender que não me canso de ouvir uma, duas, três ou inúmeras vezes.
Não sei quando ou se vou parar. Sei que minha alma fica plena de felicidade. Por que nem imagino.
O amanhã sempre chega e por isso envelhecemos.
Florzinha chegou aqui apenas um ramo. A mamãe plantou-a num vaso duma rosa do deserto. Ela enraizou e cresceu. Tinha muitas folhas, com o tempo floresceu. Então um certo dia veio o primeiro beija-flor, depois o segundo e nunca mais parou de ganhar visitas e beijos do beija-flor.
Hoje arranjei um nome.
Florzinha
Nota. Florzinha é uma Euphorbia popularmente conhecida como sapatinho de judeu.
Tecnicamente não é uma flor que ela produz, mas várias flores.
Hojé é sexta-feira, Sassá acordou mais cedo que ontem. Então decidi levar ele na feira da UFPB. Ele se arrumou e eu me arrumei. Descemos, entramos no carro e fomos. No carro ouvíamos a nossa trilha sonora de música infantil em inglês. Chegamos no estacionamento da Etidora ufpb e ao estacionar o carro vi que tinha um urubu-de-cabeça vermelha numa antena. Paramos para observar. Sassá perguntou qual era a cor do bico, respondi que era vermelho. Depois fomos para a feirinha que agora fica no centro de vivências. Antes de chegar lá vi uma embauba, então paramos para observar e vimos uma preguiça lá. Sassá percebeu ela se coçando. Dai seguimos, pedi uma tapica com um suco de acerola. Ele comeu ouvindo minha conversa com um psicólogo. Conversa ótima, mas para ele muito aborrecida. Então compramos limões e bananas. Fomos ao Departamento de Sistemática e Ecologia onde trabalho. Vimos uma lagarta onde paramos o carro. Fomos tomar um café com os amigos e conversar. Dai de lá vimos o crânio de uma baleia, as plântulas de jucá, de pera, a coluna da baleia. Viemos embora. Em casa desenhamos o urubu, a preguiça e assistimos Ice age 4.
Foi ótimo.
Levei Sassá a natação hoje. Ele desenvolveu uma grande fobia a piscina. Medo de afogar o tempo todo. Como contornar isso? Estou de férias e os dois dias ele acordou muito cedo. E haja energia. Vamos ver como resolver esse medo. Com paciência.
O tempo passa e engole tudo.
Que seria do tempo sem memórias?
Que seria do tempo sem momentos?
Tempo é tudo e nada.
Sassá está na natação!
Ontem estava tão feliz os olhos até chegavam a brilhar, pois o papai foi com ele.
Está com muito medo de afogar.
Mal fez as atividades.
Está fazendo tudo certinho.
Na natação e na escola.
Logo estará nadando e lendo.
O tempo é vento
O tempo é onda
Que não para de passar.
Alimentando-nos com experiências
Hoje minha irmã caçula faz 44 anos.
Está plena de felicidade, mas sente tanto a falta de papai e de mamãe.
Estiveram presentes quando fez 11 anos.
Estiveram presentes quando fez 22 anos.
Estiveram presentes quando fez 33 anos.
Agora não mais!
Segue a vida rodeada da gente, mesmo longe, mas presente.
Continua na casa que foi criada.
Vive rodada de memórias.
É o tempo vai passando.
A consciência abarcando o mundo.
E a gente crendo na vida.
A primeira vez que ouvi uma definição de morte foi em um velório. Como se era de esperar muita atenção neste momento. Nos velórios, estamos mais reflexivos e voltados para dentro.
O expositor cristão definiu a morte como o limite da vida.
A morte é o limite da vida.
...
Passado tempo, anos depois, noutro velório, outro expositor também cristão na sua fala definiu a morte novamente como o limite da vida.
Recentemente, numa das palestras que ouço sempre de Borges, J.L. este autor definiu morte assim:
A morte é vida vivida.
Pois bem! Anteontem um amigo nosso enfartou. Foi operado, passa bem, mas a morte bateu a porta.
Então hoje, li e fiquei atento ao poema 50 de Tao te ching, livro de Rhoden.
A morte é o regresso do existir para o ser.
Profundo!
Definições para morte são deveras muito profundas.
Sendo a morte um acidente da vida.
Sendo a morte o limite, o ponto final da vida.
Faz oposição ao nascimento.
A vida é o tempo vivido desde o nascimento até a morte.
A morte é o polo oposto?
Entrada e saída.
Inconsciência e consciência.
Dia e noite.
Início e fim ou fim início.
Par.
Estou de férias!
Agora Sassá pode ficar comigo todas as manhãs pelo menos até nove de junho.
Ontem, ele acordou e foi fazer xixi!
Ficou surpreso ao me ver e feliz, seus olhos até brilharam. Ele me agradeceu pelas minhas férias.
Trouxe um desenho que fez do jacaré e da paca, trouxe também o livro que comprei no sábado passado.
Trenzinho azul. Até sabia o desfecho do livro.
Propus que desenhássemos o trenzinho.
Ai li o poema trem de ferro Manuel Bandeira e ouvimos a música trenzinho paulista de Vila Lobos.
Ai foi só brincadeira.
Pela primeira vez ele ouvi o poema e a música.
A linguagem é produto do pensamento.
Todo pensamento é um ato de consciência.
A razão é a possibilidade de pensamento.
Razão é a capacidade de pensamento.
Se tudo muda o tempo todo.
Tudo está fadado ao fim.
E de que me serve essa consciência?
Então, quando sinto isto? Porque só sentindo a gente entende algo. Parece.
Creio que viver é essencial.
A experiência nos viabiliza entender esta afirmação, esta certeza.
Chegamos a essa conclusão ao que parece pela razão e não pela causalidade.
A soma de muitos fatos nos faz entender. Agora, as vezes esses fatos são isolados no tempo.
Ao que parece a consciência é a essência de tudo.
Consciência como apreensão de algo.
A mudança é essencial para que a consciência se eternize na espécie.
Consciência é razão?
Sábado, fomos a Bica, Sassá e eu. Não seguimos um roteiro. Seguimos as pessoas. As pessoas em grupo são como aroma fora do recipiente não seguem uma ordem, ao menos percebida. Então não seguimos aquela vontade de ver tudo, indo primeiro aos recintos das aves de rapina. Não foi Sassá quem nos guiou. Fomos em direção ao recinto dos patos, mas ao lado da fonte tambiá havia uma cutia pelo de fogo. Observamos ela e até fiz um pequeno relato de uma história de uma cutia. A manhã estava muito úmida e as paredes dos recintos estavam molhadas. Contemplamos os patos reais todos se coçando. Ali, conhecemos um senhor de Areia Branca no RN. Foi tão rápido que nem soube muita coisa. Só que foi vereador lá por 12 anos. Essa foi sua vaidade de contar. Ficamos ali olhando os patos, cinco patos reais, uma marrequinha e dois patos selvagens. Sassá viu a ninhada de ovos e alí perto um rolado, mais distante. Sassá quis conferir os ovos que estavam na outra semana sob as heliconias, mas já haviam sumidos. Fomos olhar os peixes, mas a água estava barrenta. Fomos então em direção as serpentes. As serpentes estavam todas bem a amostra, estava frio. Acho que estas, as serpentes gostam do frio. A sucuri juma estava na água, a giboia gigi estava fora da folhagem, as jararacas Dessa e Anda estavam curiosas olhando para fora do vidro, a cobra real até abriu a boca para Sassá. Sassá ficou com medo. A salmanta da amazonia hélia está exposta, a malha de sapo Bobo estava bem amostra, dormindo. E virgulina a cascavel caolha isolada, coitada. As pitons... Ka e kaela... apáticas. Bom depois interagimos com o jacu que mostrou a crista e o papo encarnado, mutum bertinho... Os emus eli, mindinho e ulisis...
Sassá viu uma jabutizada... denominou estes por estarem três jabutis de parea. Um grande importunando um pequeno, fazia moldes que queria morder a cabeça do bichinho..., mas este encontrou algo comível e dividiu com o maior. Jabutizada, parecia três fuscas 79 estacionados.
Então, não demos bola para os jacarés e fomos ver os macacos. Os bugios estavam se divertindo, os capucinhos também.
O macaco da savana jucié, coitado brincava com sua calda. O cachorro do mato evaldo estava de boa. E os furões sempre a correr pra lá e pra cá a gente chamou eles de sonic e flash... foi Sassá quem os nomeou.
Ah... Vimos pela primeira faz a Paca albina por ser galega. A coisa mais linda, maior que uma cotia, mais bonita, com uma cabeça maior e anda melhor ficando mais na horizontal seu corpo.
Amamos.
Ai ouvimos um barulho foi a queda do gato mourisco...
Fomos comprar água e comprei uma pipoca para sassá.
Pegamos e fomos ao recinto das aves de rapina. Sassá comeu sem pressa. Bebeu água.
E fomos fechar nosso passeio.
Assim foi.
A chuva chegou em João Pessoa! Dias mais frios e muito úmidos. Pensando nisso. Pedimos para Sassá usar um casaco na escola, mas como não tinha um da escola demos um outro. Falei antes de sair que a coordenadora talvez não deixasse entrar. Então ficou combinado que a decisão seria tomada lá na escola. No carro fomos conversando e ouvindo músicas. Chegando lá, Sassá falou que não era necessário, tirou a blusa e deixou no carro, mas ao chegar na escola vi que um coleguinha estava vestido numa blusa. Então perguntei a coordenadora se podia e ela respondeu que sim. Consultei se Sassá queria a blusa e ele com um mega riso no rosto assentiu que sim. Voltei no carro, peguei e coloquei aberto. À tarde quando foi pegá-lo na escola estava bem abotoado. A mamãe foi quem percebeu e perguntou quem tinha abotoado, respondeu que foi uma coleguinha. Ah. A porção mágica (perfume) que dá coragem está acabando e as chinelas. Vida de papai de filhotes que não param de crescer.
Sassá ontem, expressou carinho. Estava deitado na cama, então estávamos brincando. Então ele sem eu pedir, veio e beijou minha cabeça. Nem sei quando alguém me beijou a cabeça com amor. Senti o amor de Sassá.
Sempre digo que o amo.
Te amo Sassá.
Obrigado por tudo. Sua existência me completa.
O dia amanheceu! Após chover a noite toda e a chuva continuar caindo. Chego a minha sala no trabalho.
Tenho muitas ideias, muitas histórias para contar. Todavia sempre me falta o essencial a organização. A ação de iniciar, desenvolver e finalmente concluir.
Por crer em algo ideal, não consigo dar continuidade aquilo que comecei ou concluir com um bom parágrafo final.
Há dois elementos que creio me impede de concluir minhas etapas que são o ideal de perfeição e a impressão de aprovação. Todavia a filosofia e todo o corpo de sistemas e filósofos vem me ajudando. Destaco aqui Hegel e Schopenhauer. Ambos tendo como alicerce o grande Kant. Cada um com sua abordagem um sistémico outro mais moral... Não consigo beber nessas fontes, vou tentando comer um pouco de cada vez.
Enfim, não são eles, mas as questões que venho tentando entender desde sempre.
O que é o conhecimento?
Cheguei em casa e Sassá tinha desenhado um escorpião marinho. Não existe, mas ele encasquetou que tem. Então pergunta até a pessoa perder a paciência e afirmar. Risos. Fomos desenhar o escorpião até ele ir para a escola. Ele estava desenhando animais marinhos na folha. Assim, a gente desenhou até ir para a escola.
Escorpiões marinhos.
Sassá está lendo? A mamãe Biá me disse que ontem Sassá passou a manhã olhando gibis da Turma da Mônica. Estará lendo? Com certeza sim. Agora sua leitura é dos desenhos. Está vendo não só os desenhos, mas os movimentos dos personagens. Estes personagens já foram a muito abstraídos com suas personalidades peculiares. São muitas horas, vendo e ouvindo as historinhas lidas pela mamãe Biá. Agora nós estamos tentando, por uma necessidade que ele criou desenhar coisas, não são coisas aleatórias. São na verdade objetos que nos relacionamos em um passeio ou uma visita. Estamos construindo o que ele chamou de livro. E assim. Vamos criando os cenários, os personagens diversos do nosso cotidiano. Fui pegar ele na escola a pé. E me dei conta que podia usar este espaço riquíssimo que a rua para ensinar. Tornar abstrato o que é concreto. Ensinar o nome das plantas... Foi maravilhoso.
A gente nem ver a vida passar.
Condicionados pelos nossos desejos, filtramos a totalidade do mundo.
Não vemos, cheiramos, ouvimos ou sentimos senão aquilo referentes a nossa paixão.
Despertos a cada momento nos amgustiamos.
Essa certeza do fim que se aproxima.
O medo do desconhecido não tem porque.
Tenho certeza que morrer é como dormir.
Tudo é consciência.
A morte é o limite da vida disse um amigo meu num velório.
A morte é vida vivida disse Borges numa entrevista.
Fico com a segunda...
Fico com a segunda.
Talvez seja a que me machuque menos.
Ou que a vida ache melhor.
Tanto faz no final.
Sábado à tarde! uma linda tarde de maio. Estávamos na praia de Cabo Branco. Bem ali na altura do restaurante olho de lula. Estávamos contemplando o horizonte, brincando sentindo o cheiro do mar, ouvindo o som das ondas. A maré estava alta. O banco de areia da praia parece está alto, a borda da praia sinuosa pelo movimento das ondas e do vento. Pessoas passando, pessoas tomando banho, pessoas como nós com seus filhos. Muito sargaço na praia. Vinícius praticava e aperfeiçoava o fazer estrelinha. A luz estava bem dourada. O horizonte muito azul, quase atropupúreo.
Então foi quando percebi um homem alto, ancião. Ele usava uma bengala e uma camisa preta. Não lembro dos detalhes. Acho que na imagem tinha 1943. USA. Caminhou seguindo um formato de arco. Foi chegando! Chegando! Começou a interagir com a gente. Perguntei de onde vens! Ele falou que era da França da região dos Alpes. Me explicou, mas não consegui entender, pois estava tentando lembrar de um amigo que vive lá. Então falou que estava aqui a 40 anos, professor de língua francesa e germânica. E foi delineando sua conversa. Deveras muito interessantes. Falou que estava cursando italiano e que falava sete línguas entre estas destacou o grego e latim. Então como falar com uma sumidade. Restou-me ouvir. Conversamos sobre algumas teorias de nossas limitações realmente existem, no falar por exemplo. Temos apenas a boca para falar, então a combinação de fonemas varia de cultura para cultura, mas que algumas vezes a dificuldade é geral. Falou por exemplo que o Cebolinha da turma da mônica troca o R pelo L. E disse que os japoneses não conseguem pronunciar.
O mais interessante foi quando falou sobre a lei do menor esforço. E discorreu sobre isso, dizendo que nós do nordeste gastamos mais energia para falar "Bom dia" que outras pessoas do nordeste. Mas que apesar do esforço a gente pronunciava... Gostei.
E minha mente pensou na lei do menor esforço.
Viajei ai.
Vinicius não nos deixou mais conversar. Trocamos números e fomos embora.
Sassá teve uma crise de garganta de garganta no domingo de madrugada.
Sábado fomos ao jardim botânico. Agora ele quem está cuidando de mim.
Muito cuidadoso. Nós vimos muitas coisas no jardim botânico. Ele amou.
Observamos as plantas, as abelhas, as formigas, os frutos, as sementes.
Sábado a tarde fomos desenhar as coisas que vimos no jardim.
Desenhamos uma folha com imagens do que vimos lá.
Formigas, abelhas, o rio jaguaribe, a trilha, os poços, o teteu, o lago...
Sábado a noite fomos ao mangabeira shop para comprar o presente da mamãe.
Foi demais, ir a praia e depois ao shop, acho que a variação de temperatura provocou a crise de garganta.
Bem, domingo bem cedo, estava ancioso para ver o presente que compramos.
Logo que acordou, pegou a sacola e deu para mãe. Compramos um colarzinho.
Pra ele um livro de dinossauros.
Ele amou.
Fomos desenhar dinossauros.
E assim passamos a manhã, desenhando dinos.
Ontem, quinta-feira, Sassá estava maravilhado com a espada elétrica que ganhou. Uma espada que veio da China e a julgar pelo tempo que demorou a chegar, achamos que veio de bicicleta. Estava numa felicidade só. Então tive que lutar com ele, apesar do meu cansaço. Ele também estava muito cansado, pois acordou muito cedo. Abriu a porta para eu ir trabalhar. Imagina! Foi para a natação e para a escola então foi um dia muito puxado. Lutamos, desenhamos a mariposa que ele viu no caminho da natação.
Então, exausto ele se pediu arrego. Foi a cozinha e disse que queria dormir. Mameco, mamar. Mamou ouvindo a mãe lendo as histórias da turma da Mônica e capotou.
O medo da morte.
O que é isso?
Chega dar um arrepio frio na espinha.
Processo biológico de auto preservação.
A morte é vida vivida.
A morte é um fim de um processo breve ou longo.
O término orgânico de uma consciência.
Viver é querer,
Intuitiva ou racionalmente não ter um fim.
Ontem, à noite, fomos a uma festa maravilhosa.
Uma das bebidas servidas na festa me fez conduzir a conversa num sentido oposto ao da festa.
Suco de caju.
Entre todas as bebidas, o amarelo caju abacaxi me levou a deduzir que era suco de caju.
Tomei-o como quem tem sede. Não era o mesmo suco de caju que tomo à tarde, zero açúcar, nem era um suco de caju de sertanejo, mel. Era um suco de caju feito sob medida, como se tivesse sido supervisado por um nutricionista. Tomei vários copos, a esposa do meu colega de mesa também tomou bastante. O garçom muito gentil, nos serviu inúmeras vezes. Acho que fomos os consumidores principais daquela bebida na festa.
Minha mente trouxe a tona conversas dolorosas.
Sim, inconscientemente fui ao passado e trouxe a tona esse passado.
Como explicar isso!
Deixe-me tentar.
Das vezes que provei um suco com medida exata de açúcar e foram exatamente nos hospitais. Dos dissabores da vida, necessários o cuidar dos nossos pais quando mais precisam de nós. Com mamãe foi mais corriqueiro, com papai não.
Meus pais hospitalizados. Mamãe na HU em 2015, cirurgiada de rins, na refeição tinha suco de caju, para ela, mas ela amorosamente pediu para que eu tomasse. Memória potente.
Papai na Liga de Mossoró 2020, após cirurgia de estomago, o acompanhei, naquele dia serviram suco de caju na refeição. Não sabia que seria a última vez que compartilharíamos a companhia um do outro.
Agora olhando depois de horas. E refletindo o que conversei na festa com meu colega... o tema foi a Liga, Mossoró, a doença de papai, a importância do suco de caju em nossas vidas. O ranço de minha irmã por derivados de caju. Terá ela sido afetada pelo suco de caju?
Falamos essas coisas que dói. Por vezes, até pensei porque estou conversando sobre isso.
Lembrando que todo pensamento é um ato de consciência.
E as vezes a gente pensa sem querer. Dá pra parar de pensar?
Continuei e tomei vários copos de suco.
Empurrei o pé na jaca como se diz, comi doces a vontade e salgados.
Isso acontece pela disponibilidade dos recursos como dizia papai e na festa!!! Tinha demais.
Sobrou. Comentei... Doce sobrando.
Voltando ao suco de caju... Bebo diariamente, pois ao ler um livro sobre fruticultura Brasileira soube do teor alto de vitamina C e pelo custo do suco eu tomo. Mas zero memórias, porque não tinha a combinação feita por nutricionista. É só o suco espremido do caju e água.
Tudo precisa ter a combinação perfeita para gerar memória. As memórias estão ai, mas é preciso uma chave que é exatamente uma situação perfeita.
Pense numa loucura.
Primers primers.
Hoje, senti muito a falta de mamãe.
Ao me arrumar vi sua rede e suas chinelas.
Vi o pé de acerola.
Saudades de mamãe.
Lembrei de sua luta. Suas idas a clínica de hemodiálise.
Sua luta pela saúde.
Oh. Mãezinha entrou o mês de maio, mês das mães.
Como é ruim não ter mais você para compartilhar minha vida.
Você que me deu a vida e me criou e me educou.
Mamãe por se pai só assim descobri o que é o amor.
Agora sei o quanto me amou.
Aí. Indo buscar meu filho na escola, vi uma avó com o netinho. Olhei e falei. -É muito amor né. Quando percebeu. Repetiu três vezes. Muito amor, muito amor, muito amor.
Mamãe, mãe é sinônimo de doação, de sacrifício é o amor encarnado.
Mãe o deveio de tudo expresso aqui.
Ontem Sassá e eu tivemos lutas homéricas.
Ele usou a almofada de amamentação como machado.
Eu usei várias técnicas como técnica cabeça de carneiro para me defender.
Técnica do macaco engraçado para encontrar os pontos fracos e desestabilizar o oponente.
A luta foi grande no tatame da cama.
Tiveram ainda como técnicas como a técnica da jiboia para imobilizar o oponente.
Técnica do macaco aranha.
Depois de um bom banho. Sassá foi fazer a lição de casa sob protestos e risos.
Cansado fui dormir e ele ficou desenhando os bichos da bica.
Não sei ao certo quando soube disso que agora sei.
Vamos lá.
Em Campinas onde morei tinha muitos indivíduos de uma planta.
Essa planta já conhecia. Sim lá de serrinha da casa de Tica de Zezinho.
Bem na frente da janela do quarto da frente havia um indivíduo.
Descobri que era da família Rutaceae.
Em Campinas, mais especificamente em Barão Geraldo, as ruas eram cheias das plantas dessa mesma espécie. Fato que me chamou atenção. Sim na época das chuvas as ruas se incensavam com o cheiro de suas cores. Imagino que é o cheiro do branco já que suas flores são brancas. Isso me fez pensar sobre o seu nome. Cheguei ao nome de Murta. Mas na época era um materialista redondo e o que achava universal era o nome científico que cheguei usando a internet. O nome científico é Murraya paniculata.
Escrevi até aqui no blog.
Muito tempo depois, recentemente, após Campinas, mamãe ganhou uma muda de Murta de Ritinha que vendia roupas, casada com o primo de mamãe. Essa mudinha foi cuidada por meu pai.
Me ocorre agora que na casa de Vicente Paulo também havia uns pés.
A mudinha cresceu e estava florida no dia que a mamãe se foi.
No mesmo ano, no meu aniversário, Minha Amanda professora Janildes e seu esposo Antônio foram lá em casa. Conversa vai e conversa vem chego ao nome como esta planta se chama em Martins. Lá chamam de Jasmim de laranjeira.
E assim volto às origens e chamo como nos chamamos na minha terra.
Jasmim de laranjeira.
Jasmim imagino que significa odor adocicado proveniente de flores alvas.
Jasmim ou Iasmim é um nome próprio feminino.
Tanta coincidência nisso tudo.
Agora minha sala está perfumada.
Vinícius é menino de quatro anos e desenha lá no quarto.
Ouço um sino, cães latindo.
E esse cheiro que se eternizou emim.
Quando era criança achava que tudo era eterno.
Aos domingos via os vizinhos passando para a igreja subindo a depois descendo.
Subiam e desciam com a bíblia debaixo do braço.
As tardes douradas ficavam cinzentas e escureciam.
A gente se confirmava com a globo e o SBT.
Os anos passaram e poucos vizinhos continuam vivos.
Todos se mudaram.
O que restou de tudo?
Só essa memória.
Animais da bica
Virgulino cascavel,
Marrequinha Marinez
O ganso Clodovil
A garça Mobdick
A leoa Tereza
A leoa Dori
A Maracanã Geralda
A arara BLUE
A anta amora
O cagado ligeirinho
O gorila pongo
O macaco fujão Janjão
Os emu Eli, mindinho e Ulisses
O tamanduá Zé
As águias Ricardo e Ana
A sucuri Juma
Meu amigo,
Você iria gostar de conhecer João Pessoa.
Aqui tem praias de areia branca ora fria ora quente, um mar de canto intermitente, as águas sempre a cantar, ora baixa ora alta. Um céu azul ornado com o vôo e o canto das aves.
Tem Jandaia, Maracanã, tem carcará e urubu, tem bem-ti-vi e sanhaçu,
Tem sabiá e siriri,
Tem patativa e canarinho,
Tem japu e tiesangue
Tem murucututu e bacurau,
Tem saracura e soco
Tem garça e sabacu.
E lugar pra ir de montão a mata do buraquinho,
A Bica, a penha, o castelo branco,
O Miramar...
Fica para a sua vinda tudo te mostrar
Há dois anos atrás deixava este plano meu amigo de infância e primo Mazildo.
Nós falávamos todos os dias.
Sempre que podia mandava fotos dos lugares onde estava.
Mazildo era deficiente de uma perna.
Sem muita saúde sua vida era sempre dentro da própria casa. Só saia para ir cortar o cabelo ou ir ao médico.
Passou a infância numa comunidade chamada de Vertentes e na adolescência veio para a Serrinha do Canto, tudo em Serrinha dos Pintos RN.
Nunca saiu do estado, o lugar mais longe que ia era Pau dos Ferros.
Viveu uma vida muito simples. Amava os animais e gostava de cuidar deles. A obrigação dele era cuidar dos pássaros e do Periquito.
Amava forró único estilo de música que ouvia.
Sorria de tudo. Foi um homem simples e modesto em tudo.
Seu lazer era ouvir rádio, ver televisão e mexer no celular.
Difícil saber o que pensava, pois falava muito pouco. Sua mãe era sua voz, com ela, o mesmo conversava mais.
Não escrevia ou se expressava para si.
Assim se passam dois anos de eternidade.
O feriado do dia do trabalho foi de Sassá.
Acordou tarde! Foi onde estava na escrivania e ficou feliz.
Não vai trabalhar hoje.
Então, vamos brincar.
Primeiro tomar o café.
Comigo em casa ele se amostra.
Fica fazendo munganga e a mãe fica doida.
Quer se amostrar.
Então a gente saiu para andar de bicicleta.
Foi ótimo porque, pude explorar o mundo a minha maneira.
Veja um fruto de castanhola com mesocarpo branco.
Um tronco áspero.
Ali uma lagartixa, um jeco.
Um soldadinho!
E continuamos andando.
Uma euphorbia.
Uma bromélia com aranhas.
Quantas? três!
Sassá falou o papai, a mamãe e eu.
kkkkk. São quatro.
Não chega perto! Ele cuidou de mim.
Depois atravessamos a rua e seguimos até a praça da iguana.
Antes de chegar lá.
A pitombeira tá com pitomba.
Onde tem pitombeira tem uma vará.
Encontrei...
Tirei pitombas dois cachos.
Puz no bolso e fomos a praça.
Lá chupamos pitomba, e contemplamos o fluxo do trânsito veloz.
Guardamos as cascas para por no lixo.
Tirei a testa da semente. Testa mole.
Os cotilêdones rozados ou vináceos.
Pensei! Fruto com sarcotesta carnosa?
Depois, pegamos as cascas, colocamos no lixo.
Próximo tinham frutos de cosmos.
Coletamos.
Voltamos para casa, mas antes, tomamos água no coco do seu Antônio.
E fizemos atividade física na praça.
Deitado na minha rede contemplando o amanhecer. Ultimamente, nos meses de março e abriu, me chamou atenção no silêncio da manhã ornado pelos sons das aves, beija-flores visitando nossa varanda e vez por outra como hoje o granido de psitacídeos. São maracanãs visitando os jambeiros das nossas ruas. Hoje na UFPB, antes de chegar no Restaurante Universitário tem dois grandes pés de jambo. Quando passávamos por lá encontrei uma linda pena azul e verde. Rapidamente deduzi. É uma pena de Maracanã.
João pessoa é rica em sons. São aves nativas e urbanas.
É impossível não avistar de manhã gaviões carijós, sanhaçus de coqueiro, bem-ti-vis, siriris. Quem mora próximo aos fragmentos de matas tem as arirambas...
Ás tardes pessoenses são enfeitadas com os voos dos carcarás.
E os urubus no alto azul do céu.
No feriado do dia do trabalho esse ano de 25, Sassá e eu aproveitamos para curtir.
Fomos caminhar nas Três ruas, ele na bici flash e eu caminhando.
Fomos contemplando as rochas, as plantas e as flores.
Vimos diferentes troncos e texturas,
Vimos lagartixas e jekos.
Vimos aranhas nas bromélias.
Leite de euphorbia.
Sentimos o cheiro das raízes de poligalas.
Tiramos pitomba da pitombeira. Docinha.
Fomos a praça da iguana onde ficamos chupando pitomba.
Coletamos frutos de cosmos.
Retiramos um arame de uma árvore e criamos uma cobra de cipó.
Tomamos água de coco.
Vimos uma moradia de morcego.
Tomamos água de coco.
Fizemos exercícios físicos.
E voltamos para almoçar.
À tarde, saímos para caminhar.
Fomos contemplando, lendo os números das casas em inglês.
Ele ganhou um picolé.
Chegamos em casa de noite.
Dia maravilhoso.
Ontem, terça-feira corrida. Na hora de deixar Sassá na escola. Ao descer do prédio, encontramos os vizinhos e Sassá se empolgou e saiu correndo. Resultado caiu e ficou com o joelho ralado. Chorou até chegar na escola. Como apoio moral, fui dirigindo e segurando a perna dele. Ele chorou muito. Quando chegamos na escola a face estava molhada de lágrimas de dor física. Então, a coordenador pediu para uma professora gentilmente fazer um curativo. Fomos a sala dos professores e a professora fez um curativo. Nisso a coordenadora do ensino médio entrou e condoída pegou um pirulito e deu a Sassá que parou de chorar. Com a cabeça baixa sorriu. Então falei, hoje é um dia de sorte não é Sassá ganhou um pirulito. Terminado o curativo, a professora colocou um adesivo de pintinho. Deixei-o na sala, saiu mancando, encenando ou forçando a dor. As meninas chegaram e viram a dor de Sassá expressa no rosto. Então entrou na sala e foi para o lugar dele. Em um instante quando sumi da vista vi um grande sorriso na face dele. Depois não sei qual foi o resultado na aula.
Sassá está se tornando um grande desenhista.
Temos trabalhando juntos nesta empreitada de rememoração de formas e cores.
Fizemos um quadro do dia do índio.
Sábado, 26.4.25, fomos a bica então pintamos as cenas e os bichos observados.
Ontem, fomos ao aquário da penha.
Ele adorou.
Então, à noite, após a missa trabalhamos juntos amis uma vez.
Beleza em cores e formas e rememoração e memórias afetivas.
Sassá é meu encanto de viver.
Sassá foi nadar.
Nadou, nadou sem parar.
Pedalou pra ir e pra voltar.
Sassá sabido brincou
Manuseou coisas.
Sua casa já está pequena.
Na escola aprendeu o número 3.
A noite desenhamos carros super rápidos.
E fomos dormir com frio do ar.
Eh Sassá do meu amor.
A mata quente amarelando,
Ouço o juriti cantando
Canta feliz anunciando
A chegada do verão,
Sabe que tudo vai mudar,
Sabe que tem que se adaptar.
Canta quebrando o silêncio da mata
Que anuncia silenciosa
A mudança da estação,
Tudo flora
Tudo flora
E enfeita a vegetação
De tons azuis,
De tons lilases,
De tons alvos,
De tons amarelos,
De tons vermelhos...
Amarelada a folha fica
Dourada e seca
Se desprende e sua mãe
E na eternidade dormita
Vira cinza, vira pó,
Vira solo,
Para em outra estação,
Se abraçar a água,
E ser sugada pela raiz e voltar a vida.
Agora dorme na eternidade.
Tudo isso quem me contou foi a juriti.
O silêncio matinal da mata
É quebrado pelo gavião
Que chama atenção,
Seu chama como bico falcado,
De longe me encanta,
Chama, chama gavião.
Que queres dizer?
A mata que ti criou,
A mata que te protegeu,
Sabe que falas.
Sabe quem és.
É um asa de telha maravilhoso.
Quando cheguei na UFPB hoje de manhã escrevi.
A mata silenciosa amanheceu pensativa.
Percebi que o mesmo estado se perpetuou durante o dia inteiro.
Agora a tarde a mata continua pensativa.
Talvez o silêncio seja meu.
Talvez este estado contemplativo tenha preenchido o meu ser.
Só sei que me sinto cansado.
Se como dizia Spinosa a alma é uma ideia de corpo.
Estou com o corpo exaurido.
Por isso contemplativo ou vegetando.
Falta ideia para por no papel.
Falta inspiração.
Falta glicose para pensar.
Quando se contempla não se pode sobrar tempo para pensar.
No dia do índio. Este ano de 2025 Sassá ganhou uma zarabatana.
Ele foi para a escola com a mamãe. Lá estava tendo uma feirinha e a mamãe comprou este objeto de caça.
Simples, mas muito ornamentada.
Ele assistiu a apresentação de danças da tribo Kariri-xocó. Até se arriscou a dançar.
Na volta para casa, tinha uma surpresa um sexto com chocolate de páscoa.
Estava radiante. Me deu um biz.
A mamãe estava doente, então cuidei dele até dormir.
Desenhamos uma página do do livro onde estavam lá:
Uma zarabatana, uma onça, um tatu, uma arara, um beija-flor, uma giboia, um jacaré, um sapo lavando o pé, uma apis, uma borboleta...
Depois quis dormir com o desenho, mas ai disse que ia amassar.
Então deitou, mamou e dormiu.
É difícil de pensar quando se está cansado.
Descansa!
Descansa para reestabelecer tuas energias.
Descansa para que tua alma possa novamente
Se inspirar.
Fui a UFPB Campus de Areia.
Pude compartilhar da companhia dos alunos e da professora Eliete Zarete
E de meu querido amigo Pedro Gadelha.
Vi inúmeras plantas, paisagens e meios.
Tanta coisa que encheu minha mente de informação.
Agora descansa.
Viçosa floresce a erva!
Flores amarelas,
Alvas, azuis, lilás, roxas...
A policromia enfeita o tapete verde
Que cresceu das cinzas,
Das sementes e frutos rotos,
Que alimenta a abelhas e insetos diversos,
Num período tão efêmero...
A água equaciona a existência
Das cinzas ao verde
Do verde ao dourado,
Do dourado ao pó...
A biologia é a reação da água com a natureza viva.
Somos a alma de nosso tempo.
Cada coisa que vivemos conduzimos em nossas almas.
Estas vão se desgastando no tempo como as coisas.
Os objetos são eternos, as coisas não.
Somos a alma de nosso corpo
Que assim como as coisas são finitas.
Da energia de viver,
E no viver,
Se desgasta,
Envelhece e morre.
Mas nossa alma se renova
Quando reproduzimos,
Em nossos filhos e netos e bisnetos...
O sol desperta a manhã. A paisagem verde vai perdendo o tom azulado se tornando amarelado.
O som do sino, do bem-ti-vi, dos sanhaçus marcaram a páscoa.
Chegamos cá em casa quarta feira 17.4.25.
E ficamos de boa, fomos a matinha, fomos ao curral e ao chiqueiro.
Sexta feira jejuamos.
Desenhamos muito.
Passeamos.
O tempo foi ótimo, visto que voou.
A tarde caia. Fui a janela olhar o quintal.
Na Larangeira laranjas verdes igualando o tamanho de limões cresciam ao gosto do tempo.
Parei tudo, pois vi uma beleza sem igual.
Um sanhaçu cinzento
Pousado no ramo seco, calmamente se banhava de sol.
Com seu bico se limpava. Aquele verde ou azul cinzento tão lindo com bico forte e penas pequenas sozinho cuidando de si.
E permaneceu ali por mais tempo que minha paciência tolerou.
De certo estava mais tranquilo que eu.
Contemplei seu ser aí.
E o seu ser assim.
Ou meu ser assim?
Papai amava a natureza, A gente se combinava, E se eu gostasse ele aprovava, Uma nova planta era preservada. Um pé de Jucá, Uma cajaraneira...