terça-feira, 11 de março de 2025

Saudade

 Saudade não mata!

mas quase consegue,

Falta fôlego!

Aquela falta.

Aquele vazio.

Nunca deveras preenchido.

Saudade.

Para pensar

 O objetivo da inteligência é o trabalho das mãos. Montessouri

Ignorância musical

 Lembro do termo cantoria!

Lembro que o tio de papai apelidado por Michico gostava muito.

Lembro que Lorival marido de tia Raimunda também gostava muito e organizava cantoria na casa dele.

Eu nunca fui.

Não gostava. Não lembro de papai ouvir.

Lembro de longe o nome Eliseu Ventania.

Só vim conhecer a voz e a obra que tive acesso a pouco tempo acho que em 2022.

E venho me familiarizando com sua obra e sua voz.

Era martinense do pé da serra.

Cada vez vou descobrindo mais sobre o poeta e sobre o gênero.

Sei que ficou cego.

Que foi morava em Mossoró e que fazia um programa de rádio.

Gosto muito de suas canções.

Em especial "Folha seca".

Pra fechar. 

Cantoria para mim soava como algo velho. 

Algo ou um gosto de velho.

Hoje, estou descobrindo a minha ignorância sobre o gênero e o tamanho da minha ignorância quanto a nossa cultura.

segunda-feira, 10 de março de 2025

A vida trágica

 Num interior pequeno uma menina nasceu com uma doença. Com poucos anos de idade perdeu a capacidade de andar e passando a depender de uma cadeira de rodas. Sua mãe extremamente cuidadora e protetora criou e cuidou com tanto carinho. Todos os dias a alimentava, a banhava e colocava sua filha para dormir. Além disto, trabalhava como costureira nos natais costumava fazer uma árvore de natal toda colorida. Esta mulher viveu com seu esposo que amava cuidar da gado. Conseguiram viver em harmonia por muito tempo. Tinha uma casa simples e móveis e uma máquina de costura. Ele tinha um cavalo, um burro, umas vaquinhas de onde tomavam leite. Um dia essa mãe faleceu e a vida continuou para a pobre menina e seu pai. Os anos os consomem estão velhos. A tragédia faz parte desta família e de todas as famílias. 

sexta-feira, 7 de março de 2025

Caminhar

 Acordei quando tudo era sombras.

Sombras da madrugada.

Despertei e orei. As orações mais lindas.

Oração de São Francisco, Divino Pai Eterno, Sagrada Família, Espirito Santo, Salve rainha.

Li um Salmo, um provérbio e Genese 31.

Assim preparado. Alimentado a alma.

Fui alimentar o corpo preparando e tomando o café.

Depois veio o banho, a roupa e o dia de sexta começou.

Mais um dia com sua rotina.

Entre tantas rotinas.

quinta-feira, 6 de março de 2025

O carnaval matuto

Fevereiro 2025.

Passei o carnaval no interior do Rio Grande do Norte. 

Lá onde abundam as matas verdes da caatinga. A terra pedregosa de barro vermelho cobertas de plantas de flores diminutas de euforbiáceas, gramíneas e anacardiáceas. Seria minha visão subjetiva daquele lugar? Quem sabe. Pensei muito sobre a simplicidade presentes nestes lugares. Sim lugares com regimes climáticos tão variáveis carecem de simplicidade. Reina no ambiente ervas e arbustos de ramos armados e intrincados, flores diminutas e bichos invertebrados multivariados. Acordava com a luz suave e o canto da passarada com destaque para o sabiá. Comia sempre algo que contendo leite. E assim os dias passavam em sua suave monotonia. E agradava o vento suave, o gosto do café, a presença de meu filho e minha esposa.   

Acaso

 Por acaso fui a Serra e tive a agradável surpresa de me encontrar com o professor de psicobiologia Cleanto Rego.  Conversamos muito, mas o tempo não foi suficiente para por o papo em dia. Meu amigo é um cientista brilhante da Serra do Martins, assim como seu irmão é biólogo formado no início dos anos 2000. Temos muitas coisas em comum. Mesma professora de biologia do ensino médio. Agora trabalhamos em cidades e instituições distintas, mas a amizade continua.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2025

Bola de neve

 Ultimamente, venho sentindo a necessidade de pensa coisas que me faça sentir bem, uma necessidade de afirmar meu eu. Esse exercício é inerente ao ser humano. Causa-me estranheza saber disso, no entanto, mesmo assim não controlar o meu sentimento.  Aquilo que pensamos hoje, concordamos, afirmamos, parece perder o sentido no amanhã e parece ridículo quando olhamos através da memória, do tempo. Por que desses sentimentos. Fiz uma introdução que e não diz nada.

Mas é a forma como estou me sentindo.

Assim é.

Temos mundo interno ou abstrato ou subjetivo que adquirimos por meio de nossas experiências. Muitas coisas podem ser compartilhadas, mas os nossos sentimentos são impares.

Podemos mudar os nossos sentimentos ou pelo menos reduzir os sofrimentos por estes causados?

Acho que deve ser um exercício exaustivo de "conheça-te a ti mesmo".

Um exercício de só se encher até as bordas e nunca transbordar.

Um exercício de se sentir satisfeito com o que tem, pensamento dividido pelo grande Aristóteles?

Ou ainda mais sublime por via da individualidade como ensinou o Cristo?

Epicteto, Marco Aurélio, Sêneca.

Confúcio, Lao Tsé.

Buda.

Tantos sistemas que nos permite pensar a existência, os sentimentos... Enfim numa profunda imersão no ser existente.

A gente se perde... A gente se perde nos ismos.

A gente se perde nesse mar de informações que nos permite pensar e se expressar.

A gente quer se expressar e libertar a mente do peso da existência ou melhor do peso da Razão...

A razão que nos permite afirmar vais envelhecer, vais morrer.


E a gente ao notar isso na gente chega dar um frio na espinha.

Rugas, calvície... a percepção que o tempo passou e que você é o mais velho do espaço...

Tá mais experiente, mais desorientado.

Foi a livraria.

Estive na seção de filosofia, minha favorita.

Lembrei de um amigo da Costa Rica, na vez que estivemos numa livraria em Campinas quando disse que dava uma angustia saber que nunca poderíamos ler todos aqueles livros.

Deveras... Sentia isso.

Eu queria ser um daqueles escritores.

Eu queria ler e entender cada um deles. Descartes, Spinosa, Kant, Hegel, Schopenhauer.

Já me conformei. Sim Salomão está me ajudando muito. A bíblia foi para mim literatura prima.

Volto a esta.

Volto a esta.

Agora vou tentando comer e digerir um pouco de cada vez.

Estou aprendendo os conceitos em outras línguas como assim a lógica parece ser.

Lao.

Upanishades.

...

Nada faz sentido se não dermos um sentido.

Usemos nossos sentimentos para direcionarmos um sentido.

Nemastê

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025

Exteriorizar

 Escrever algo é materializar o pensamento e expandir suas ideias e saberes.

Trazer à tona quem você é. Exteriorizar o espírito.

Cantar também em parte cumpre essa função,

Dançar, pintar...

São formas de exteriorização do espírito.

A palavra cumpre a função de materializar o pensamento.


quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025

Só um sentido

 Um sentido

Se temos cinco sentidos,

Por que buscamos uma ilusão.

Um sentido é uma ilusão.

A realidade é cheia de sentidos.

Para frente, para trás,

Para cima, para baixo,

Para a direita, para a esquerda...

Ver,

Ouvir,

Tocar,

Cheirar,

Degustar...

Tudo tudo tudo rumo a consciência,

Tudo girando numa mente,

Em busca de um vago sentido...

Nos apegamos a sentidos,

Nos apaixonamos pelo sentido,

Enquanto a realidade é complexa...

Porque apenas um sentido.

Um caminho

 O dia despertou neblinando,

Depois o sol apareceu e tudo aqueceu.

Assim despertei,

Fiz minhas orações,

Acalmei o coração.

Assim costumo fazer para me acalmar.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2025

Ciclo

A tarde que rápido passa,
Parece tão igual,
Me sinto tão normal.

Tempos assim.

Acordo feliz,
A manhã que me faz feliz.

E vou descobrindo o meu dia
E vou descobrindo o meu dia,

As vezes me surpreendo,
As vezes me surpreendo.

As coisas novas são boas,
As coisas novas são ruins,

O novo novo,
O novo velho.

Tudo passando,
Tudo renovando.

E a vontade sempre se revendo.
Em desejos, em intenções,
Em descobertas...

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2025

Fevereiro de chuva

 Fevereiro passageiro,

Toda soma é quatro lua

Dia e noite a se fechar.


Sol, estrela, luz e calor


O verde da mata cinzento,

Mata cansada, e enfadada,

Com a chuva que chegou,

Chão molhou,

Secura sumiu,

E tome calor

Do verão que passou,

Só a folhagem no chão,

Agora, toda florada,

Flores alvas e amarelas,

Floresce a guabiroba,

O pombeiro,

O pausangue,

O ipê e o jitai...

Nunca vi...

Nunca vi.


terça-feira, 4 de fevereiro de 2025

Guabiroba

 Guabiroba é uma planta,

Com madeira muito bruta,

Seu tronco colunado,

Seu tronco é canelado.

Sua casca áspera e estriada,

Que termina em ramos laevigatos,

Como folhas largo-obovais,

Opostamente dispostas...

Quando chega o verão,

Perde as folhas,

É caducifolia.

Depois se compõe,

Apresenta folhas e flores,

Com doces odores

De doces odores,

Uma a uma caem as pétalas,

Uma a uma pinta o chão,

De um alvo nebuloso,

Ficam os pistilos,

Seca o estilete

Enquanto cresce o fruto escuro,

Atropurpúreo,

Para as aves se alimentar,

para as aves dispersar. 

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2025

 O tempo e o espaço 


Tudo flui sem cessar.


Ainda ontem, vivi

Ainda ontem, vivi


Vivi com o meu pai 

Vivi com a minha mãe,


Porém não vivo mais.


Ele partiu,

Ela partiu.


Em plena harmonia ele vivia.


Cuidava da roça,

Cuidava da casa,

Cuidava das amizades,

Cuidava da mamãe,

Cuidava de nós.

Cuidava de si.


Como era bom no nosso sítio passear,

Nele havia harmonia.

O cardeiro, a aroeira, o anjico e o mororó 

Ali crescia.

O catolé ali floria e frutificava.

A vinca e as graviolas ele aguava.


Como era bom ver o partido de palma,

As cercas aramadas.


...


A tarde na calçada se sentava.

Um café fazia e tomava.

 

E assim a vida passava.


Parte da minha vida assim vivi.


Agora disso tudo me despedi.


O pai agora sou,


Pai agora sou.


De papai tenho as memórias,

De papai tenho os conhecimentos.


Continuo sendo,

Seguindo até quando?


...


Só resta no fim

O tempo.

02-02-25

Cajaraneira

 Um pensamento me tomou a pouco tempo. 

Era uma memória, dessas que aparece e não dá em nada.

Bem, ultimamente tenho voltado no espaço e no tempo.

O espaço é Serrinha do Canto e o tempo é década de 80 e 90.

É um pensamento deveras particular.

Algo daquele tempo ainda está lá.

Sim, papai se foi, o espaço é o mesmo.

Mas há ali vários pés de cajarana.

Papai usava como estaca de cerca.

Lá vai encontrar vários indivíduos.

Dois na cerca da frente.

Na cerca ao norte quatro.

No interior cinco,

Na cerca do poente três

No total cerca de 15 árvores.

Sem contar do pé plantado na cerca de Miguel no parieiro.

É nada e é tudo.

sexta-feira, 31 de janeiro de 2025

Pensando o tempo

 A tarde cai morna,

Na calçada de minha casa me faz sentir esperança.

As árvores secas,

O chão torrado e empoeirado,

As vincas floridas

Com flores alvas e rosas, vincas de papai,

Um beija-flor estrala beijando as flores do sapatinho.

Tudo é esperança.

Nuvens bonitas no céu aquecendo o coração na esperança de chuva.

Longe cantam as aves, bem-te-vis.

O Juazeiro enramado e florido.

Um fim-fim.

A lufada de vento fresco.

O silêncio da minha casa, sem o café de papai, ou a presença terna de mamãe.

A vida que segue.

Os catoles continuam vivos e mais maduros.

Vivo o tempo em nós nos enche de esperança,

Porque é da nossa natureza crer em um momento melhor.

Eternidade é essa.

28-12-24

Encamtamento 29-12-24

 Nas cinzas do sertão,

O flamboyant florido,

Torna o dia encarnado,

Dia todo de aurora,

Dia todo crepuscular,

Encarnadas flores,

Feito o fogo da salsa,

A conversar com Abraão,

Um dia, uma semana de aurora,

Boã, boã,

Da casa de Tereza,

Da casa de Tica,

Da casa de Chica,

Um sonho plantando,

Um sonho cultivado,

Enfeitando a igrejinha de são Francisco,

Enchendo os olhos 

Dos amantes das cores,

Dos amantes da vida

Vida verde vegetal.

Boã boã...

Esse mês do ano derradeiro,

Logo se entrega a janeiro,

O calor cáustico,

A vontade de comer doce, o enfado da vida.

Aquele que não se entrega as vontades 

Do paladar,

Enche a alma de esperança,

Enche o peito de amor,

Troca um pouco de água por uma flor...

Jardins... Ah jardins em hortas e panelas,

Jardins de cores,

De visitas de beija-flores.

Que felicidade em tua longa aurora diurna.

Em suas casas amarelas, em suas casas confortáveis,

As senhorinhas transmitem sua sabedoria,

Ganhadas de suas avós no cultivo da paciência,

No cultivo de suas flores...

Os pereiros do morcego alvos e perfumados,

Me fizeram parar

E assim parei para contemplar os últimos dias de 2024

Boã, boã 

De Tereza, Tica e Chica... No Porção, no Pinhão, no morcego e nas vertentes.

Nessas bandas do oeste potiguar, Martins, Pilões e Serrinha.

Indignação

 Passeando neste sertão

Vendo na estrada a marca da gente,

As casas vazias e abandonadas,

O lixo e a sujeira 

Por gente ali deixada,

Desmatamentos,

Queimadas,

Barreiras rompidas,

Solo nu...

Que tristeza,

Que tristeza.

Salma a alma boa,

Aquela pessoa 

Que ali habita,

Resistente do ir e vir

Ah plantas ali cultivada,

Os terreiros limpinhos,

O olhar cansado,

Aposentado,

O sertão está morrendo,

O sertão está morrendo,

Abandonado.

O sertão morre em abstração,

Só restam memórias e afeto dos que ainda estão vivos, contando os dias de morte,

O sertão está morrendo,

Sertanejo se modernizou,

Para a cidade mudou.

Sem sertanejo raiz,

Tudo fica por um triz.

Sem afeto sem apego,

Por quem vamos esperar...

Só resta exploração,

O riacho perde sua gordura de areia,

Garganta funda,

Cavada por retroescavadeira,

E caçamba a carregar,

A mata queimada, 

Retirada e ocupada por usina solar,

O solo desnutrido daquela que a protegia a vegetação,

Parques de ilusão.

Todo mundo, tanta pressa, tanta pressão,

Está morrendo o sertão.

29-12-24

Pensado não vivido

 Sai para caminhar e vi o mundo tão imenso.

No meio da caatinga fui preenchido de felicidade.

As coisas simples que encontrei como seixos um, dois, três.

A arquitetura das arvores e arbusto,

Os círculos de tamas de garrafas, as linhas retas da estrada,

Os pássaros cantando, minha fé em Cristo.

A certa altura me perco no tempo,

A certa altura me perco no tempo.

A certa altura sou parte da natureza.

A certa altura sou consciente de minha consciência.

A certa altura estou consciente de minha razão...

Então uso as rochas de terço.

Meu Deus quanta beleza.

Então me conscientizo e estou feliz por entender que a manhã é uma parte do dia e que o todo é composto de partes.

Entendo, não recordo que o homem é o único ser capaz de abstração...

Como somos pequenos e caímos o tempo todo na cilada de nossa consciência...

Penso em tanta coisa,

Então então e me forço a não pensar em nada... E eis que o vazio me preenche.

São Francisco de Assis, padin Cícero, frei Damião... Essa fé que preenche nosso nordeste.

Feliz... Penso hoje é terça feira, independente de ser o último dia do ano... Os dias são tangíveis, semanas, meses e anos são puras abstrações.

Imediatamente me bate um desespero, então vejo meu filho... E aí sinto a melhor prova da existência... Como de tanto refletir, Descartes conclui 'penso, logo existo'...

Muita coisa junta numa única mente.

31.1.24

Saudade

 Saudade não mata! mas quase consegue, Falta fôlego! Aquela falta. Aquele vazio. Nunca deveras preenchido. Saudade.

Gogh

Gogh