terça-feira, 24 de maio de 2022

Maio umido

 Esta semana começou com trovões e raios.

A umidade está de 92%,

Muita chuva.

A gente olha para o mundo e parece ver a umidade,

Solos, paredes intensamente úmidos.

Os dias estão excelentes para explorar o universo de briófitas e samambaias.

Esporos germinando, fecundação e formação de esporófitos.

O cheiro de fungo paira no ar.

Aqui no campos sentimos a umidade fria trazida pela brisa.

Uma experiência incrível.

Nos troncos, nas rochas a presença de algas, plasma.

Vida?

As aves estão muito contentes,

Tem frutos de tapirira para comer, tem insetos em abundância.

Então elas cantam...

A umidade trazida pela chuva,

Mantida pela atmosfera nublada,

Deixa uma sensação de frescor,

Mas também de medo pelo desconhecido,

Já que é exceção estes momentos durante o ano.

Como sou do sertão eu adoro,

Mas com parcimônia, porque se não cuidar os fungos consomem tudo.

Assim está sendo maio.

segunda-feira, 23 de maio de 2022

Trovão

Hoje de madrugada,

Acordei com intenso som de um trovão,

Na sequência vieram outros.

Lembrei que papai tinha medo de trovão.

Percebi que também tenho medo de trovão.

Trovejou e choveu muito.

Ainda está muito nublado.

Tempo chuvoso.

Nunca tinha escutado trovão assim em João Pessoa.

Estamos mais para o fim de maio que para o começo.

Está sendo bem bom.

Tempo diferente esse.

domingo, 22 de maio de 2022

Aonde está

 Sentados na calçada, após as 14h a gente ficava satisfeito com a frescura que vinha. Papai conversava um pouco e saia para comprar pão. Mamãe se levantava do cochilo sagrado.

Era muito agradável ficar ali sentado.

Só nossas presenças nos bastava.

As vezes, Crejo passava com o cachorro rajado, usando uma coleira. Conversava um pouco e seguia sua caminhada.

A gente ficava conversando.

Eu na cadeira de balanço minha favorita.

O calor ia cessando junto com a tarde que caia.

Eu sabia que era um grande momento,

Mas temia tanto por seu fim.

Ali me sentia seguro,

Ali me sentia protegido.

Eu estava em casa.

Mas hoje me pergunto o que é uma casa?

Acho que é o eu, o sujeito.

Penso o que é o espírito?

Creio ser a totalidade,

Não a particularidade do eu, mas o todo o que nos cerca.

O que entendemos, aquilo que memorizamos.

Aquilo que damos valor.

Nem sempre temos a consciência de valorizar o que deve ser valorizado.

A consciência é tardia.

Valorizei a totalidade,

Valorizei a unidade,

O fica?

A memória, o entendimento.

A construção desse texto que discorro.

Vejo a areia vermelha que ainda está no terreiro,

Vejo as plantas, as imperfeições da superfície do solo.

Vejo o céu azul,

Sinto o calor...

Mas é outro momento.

Me pergunto o espírito tem matéria?

Acho que não...

Espírito é energia... é vida, é o pulsar...

Que se acende e se apaga.

Num estado de duração.

Restam memórias imperfeitas,

Saudades e gratidão.


Sono

A noite silenciosa,
Calma...
Só os sons e temperatura a nos estimular.
As vezes acordo
E caio num loop de pensamentos.
Perco o sono e a paciência.
Vivo mais.

sábado, 21 de maio de 2022

Momento mágico

 Acordar!

Ouvir o movimento externo,

Passos curtos, arrastando a sandália,

A água aguando as vincas,

A vassoura varrendo o terreiro,

O esforço pela ordem.

Os pássaros cantando.

Levantar,

Tomar o café e comer pão, queijo e bolo.

Mamãe tomava a ponta, papai a outra,

Sentado, calado vejo a mesa.

Tanta coisa boa.

A voz de mamãe que acabou de acordar,

Chamando Lidiana,

Roberto acordado.

Um momento mágico,

Eterno e passageiro.

As tiradas de papai,

O rebate de mamãe.

Dayane no mundo da lua, rindo e comendo.

Num momento mágico.

sexta-feira, 20 de maio de 2022

Vida afora

 Não consigo entender a linguagem das aves.

Estas me afetam positivamente, me fazem sentir bem.

Até o canto de uma coruja. As ideias podem mudar.

Papai, tinha medo de canto de coruja.

Lá em casa quando uma cantava ele cruzava as chinelas emborcadas.

Logo ia embora. Era engraçado para mim.

Para ele, não.

Ele gostava do canto dos pássaros e até os conhecia.

A casaca de couro, o sanhaçu, o canto de ouro, o azulão, o rouxinol...

Foi com a natureza que aprendi a amar as aves.

Com papai a respeitá-las.

Agora mesmo quando cheguei à minha sala um rouxinol cantou na minha janela.

Senti-me bem.

E é assim, horas ouço as aves.

Horas me perco em meus pensamentos.

Vou me distraindo vida afora.



quinta-feira, 19 de maio de 2022

Tempo amável.

 O tempo passa,

De forma harmoniosa e simples,

Segundos, minutos, horas, dias, meses e anos.

Faz um ano e cinco meses que papai partiu.

Sinto muita saudade de sua presença física,

De nossas interações.

Amo e o sinto sempre comigo.

Seu ser está comigo.

Carrego-o no meu coração.

Tudo que ele passou felicidade, alegria, sofrimento e dor.

Agora se foram.

Sou profundamente grato pela vida que ele me deu,

A vida em si, os ensinamentos, o pão de cada dia, o carinho e o amor.

Não me esqueço de sua fé.

Tão bonita sua fé. 

Uma herança de nossa família.

Todas as noites, antes de dormir, rezava o "Pai Nosso e a Ave Maria".

Acordava cedo, era o primeiro a acordar.

Fazia o café, acariciava nossos animais. 

Papai herdou de são Francisco o nome e o amor pelos animais.

Papai nunca desejou mal a ninguém.

Era calado e por vezes quando se soltava divertido.

Lembro muito dele, embora as memórias com o tempo vão decaindo.

Mas tem os irmãos para lembrar.

Tem as fotografias.

Tem a minha existência.

Hoje como pai, tenho profundo amor por papai.

Mais ainda porque sei quanto fui importante para ele,

Como sou para o meu filho.

As vezes me pego pensando...

Como é bom ser pai e sinto que meu filho ama tudo isso.

Papai sempre me foi tão presente.

Em muitas horas ele se chegava.

Se adoecia, mamãe e ele combinava e ele ia saber como estava.

Não tenho palavras para expressar o meu sentimento.

Sei o quanto eram bons os seus abraços,

Naquele abraço desajeitado,

Havia toda humanidade que há no mundo.

Tenha o aperto físico, abraço amarrotado,

Tinha o aperto afetivo que entalava a garganta,

Aperto do coração...

A gente sorria se chegava,

A gente chorava se partia,

Sentia a barba por fazer ou feita,

O cheiro que a gente reconhece e gosta.

O tempo é vento que sopra sem direção.

É passado e é futuro...

Só aqui nos encontramos fisicamente.

O presente... esse deve continuar por mais alguns dias.

Sem cessar.

terça-feira, 17 de maio de 2022

Sinfonia ornitológica

 Nesta manhã de maio,

O sol brilha intenso.

Dourado se faz o mundo.

As aves fazem a festa na mata,

Se alimentando numa fartura,

Os frutos de copiuba na árvore estão repletos,

Escuros e tão docinhos.

Canta para lá a patativa,

Canta a patativa.

Mas as nuvens já fecharam as cortinas,

Assim parecendo um teatro.

As aves continuam cantando.

Uma corroía,

Um relojoeiro.

Os sanhaçus piam com o papo cheio.

As rolinhas cantam.

E essa sinfonia enche minha alma de alegria.

segunda-feira, 16 de maio de 2022

Mês das mães

 Maio mês das mães.

Em maio, ocorriam novenas na capela de nossa cidade "nossa senhora da Salete" em Serrinha dos Pintos.

A mamãe e o papai nos levava para assistir as novenas.

Confesso que não gostava das novenas em si.

Gostava de ir e voltar, apesar do escuro.

Gostava de está com meus pais e meus irmãos.

Sempre saia umas balinhas.

A gente via o povo, papai e mamãe via os conhecidos.

Quem coordenava as novenas eram o Chiquinho de Raimundo Moura.

Tinham as cantoras...

Eu olhava para o altar, para os santos, para a figura de cristo e nada entendia.

Eu olhava para o piso.

Gostava de observar o piso.

Tinha uma textura de formas geométricas, eu via formas, profundidade e cores.

Mamãe mandava eu sentar lá perto do altar, mas nunca ia, tinha medo de me perder deles.

Ficava ali no colo ou do lado.

Eu não entendia o sermão.

Eu não entendia tanta coisa.

Gostava das ladainhas, talvez pela repetição.

Gostava quando estava chegando no final.

A gente vai aprendendo a lógica das coisas.

Gostava quando terminava.

Odiava ficar parado, preso.

Mas era obrigado, porque a mamãe fazia questão que ficasse calado e prestasse atenção.

As palavras não faziam muito sentido.

No meu mundo o que me fazia feliz era coisa simples: bala, doce, brinquedo e diversão.

Adorava doces, nisso mamãe e papai sempre nos agradava.

Brinquedo até tínhamos, mas preferia usar a imaginação...

Até que em fim a novena acabava.

As vezes, Chiquinho perdia a paciência e tome carão no povo.

Eram outros tempos.

Sem televisão, a igreja pipocava de tanta gente.

Quando acabava a gente ia para a frente da igreja que era de barro.

Só tinha a cigarreira de Neto de Zezeu...

Que vendia confeitos e cigarros.

Ficava feliz em deliciar de uns confeitos.

Voltava para casa feliz.

Papai e mamãe faziam a sua parte.

domingo, 15 de maio de 2022

Tarde dominical

 A tarde que cai,

É uma tarde dominical.

No mês das mães, maio de 2022.

Alguns anos passaram em minha vida.

De certo tantas experiências vividas.

Sou capaz de me lembrar de tantas coisas,

Da infância para cá.

Quer dizer, são coisas de nossa mente.

Nossa mente que é capaz de tudo criar e sentir.

Se muita coisa fazia sentido.

Agora faz mais.

As experiências revelam a realidade ou um acidente desta.

Posso sentir, rever em minha mente as tardes dominicais que já vivi.

Não me surpreende que rever no francês quer dizer sonhar.

Posso sentir o calor da estrada de barro, do terreiro de terra solta, poeira,

O agudo espinho da jurema e da algaroba.

O calor do amor de meus pais.

Posso rever os nossos vizinhos evangélicos voltando da escolinha dominical

Com suas bíblias sob o braço.

Mais um ensinamento, 

Mais um dia.

Tudo passou.

Tudo se dissolveu.

Inclusive minhas concepções.

Vivemos o que tínhamos de viver.

Chegar aqui é uma fortuna.

Meu filho, sem dúvida é uma dádiva divina.

Faz sentido e me faz ir passear agora.

Nesta tarde dominical.

Um dia

 Um dia não estarei aqui. Pode demorar, Pode ser logo. Quem sabe! Bom agora estou pensando isso. Foi um vídeo de uma manbu que me fez pensar...

Gogh

Gogh