domingo, 12 de maio de 2013

Certezas

O sol vai cair no fim da tarde.
Estrelas aparecerão à noite.
A idade chega para todos
e a morte é certa.
Quem não conhece estas certezas?
Há pessoas que conhecem,
mas esquece que na vida tudo é passageiro.
Há os que conhecem e se magoam
por existirem os que ignoram.
Há gente pra tudo na vida.
Enquanto isto,
não vivemos a margem destas pessoas
ou estas situações.
Temos um pouco do bom
e do ruim humano.
Resta escolher o que devemos
cultivar com mais destreza.
Então se a vida é curta,
porque não fazer coisas boas?

sábado, 11 de maio de 2013

Encontrar

Calçadas, caminhos e trilhas vazias.
Árvores, ervas e flores vivas.
Uma fonte, um riacho frescos.
Fins de tardes.
Caminho entre estes lugares
e nestes tempos.
e termino a tarde no lago,
sob as luz frias florescentes.
A noite cai limpa
onde flutuam as estrelas,
minha mente vaga...
Quem sou?
Um pequeno ser perdido
na galáxia que acha que tem
um lar, que tem coisas...
Ledo engano,
não tenho nada,
e não estou preso a nada,
a qualquer momento posso
desprender da vida
e as tardes e os lugares
continuarão além de mim.
Ao menos me delicio
lendo Borges,
que me faz sentir
mais vontade de caminhar
e continuar seguindo.
Tarde após tarde.


Vida é energia


Conheci um senhor com quem conversei muito e uma de minhas questões foi o que é vida para ele?
Ouvi uma resposta sucinta.
- "Vida é energia".
Vida é energia... essa definição colou em minha mente.
E ali ficou mesmo depois de uma longa conversa...
Conversamos sobre vários temas, que me interessam, desde filosofia a poesia.
Aquele homem paciente de mente e alma livres, mas que aos poucos se torna refém do próprio corpo dissertava sobre tudo com propriedades.
Falava tudo que questionasse desde Sócrates até Foucault.
Percebia-se na face dele a jovialidade se seu ser e o desprendimento das coisas materiais.

Ele me falou sobre o desprendimento nas etapas a vida.

"- Quando somos criança somos despojados de tudo, depois nos armamos com trabalho e títulos, e depois voltamos a nos desprender de tudo novamente".
"-Ultimamente paro para pensar sobre a substância que me compõe, sento e fico olhando um copo de água, mas o que é a água senão oxigênio e hidrogênio. Esse conceito que qualquer criança do quinto ano assimila, racionaliza, todavia não reflete sobre o que é a água".
"-Eu não pensava sobre isso, mas hoje sim, reflito".
"-Hoje reflito sobre o desprender da folha da árvore, porque sei que logo também estarei desprendendo".

"-Vida é energia"... que sucinta resposta, pois sim Einstein provou isso.

Mas quem de nós costuma digerir os conceitos?

É mais fácil aceitar e usar o que já está pronto, explicado.
É mais fácil dizer o correto, é isto, o correto é aquilo... com uma razão explicada.
Aceitamos com facilidade algo explicado.

Mas e o que eu penso sobre isto? Geralmente não se refletiu só aceitou.

Ouvia meu cérebro reverberar "Vida é energia"...

Meu querido amigo e professor sempre me falou que depois dos 70 anos se obtém a liberdade de falar o que quiser...

Terá aquele homem que conheci 70 anos?
Se tiver, só por isso pode ser sucinto?
Falou-me que as coisas são complexas, não retruquei.
Porque creio que as coisas são simples.

Vida é energia.

Perfeito!

Ele falou também que quando se compreende uma coisa que tanto tentamos desvendar podemos descansar em paz. Concordo plenamente.

Concordamos em muitas coisas.

A noite caiu fria, ele partiu e eu parti... nos perdemos no escuro da noite.

Vida é energia ficou em minha mente como uma dorzinha de cabeça que nos tira o timo
e com esta curta frase adormeci.

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Poison

Por que creio ser algo quando não sou nada?
Creio ser o sol na escuridão,
A chuva na aridez,
O vento diante do calor.
Penso ser agradável,
ter bom gosto.
Será que é isso mesmo?
Não sei fazer nada apenas escolher e optar.
Quando acordo escolho a roupa que vou vestir,
nem me preocupo como vou vestir.
Escolho perfume que vou usar.
Mas isto não me faz uma pessoa original.
Veste-se e usa-se do melhor perfume quando se pode pagar.
As vezes sentimos um leve ou grande orgulho em poder escolher e poder pagar.
Cremos brilhar mais que os outros.
Há aqueles que sentem prazer em corrigir,
e aqueles que odeiam serem corrigidos.
As vezes palavras em vão, sutis correções é chover no molhado.
Penso ser agradável,
enquanto estou sento desagradável.

O correto é...
Sinto vontade de dizer... Foda-se.
Por que sei que seu intuito não me corrigir,
mas se sentir superior...
Se quiser corrigir os outros seja apenas sutil,
Não traumatize.

Mas assim somos nós,
adoramos o sabor de veneno na boca
e vermos a vítima estribuchar.

Doce aroma amarelo

A Acacia que era Acacia
e agora é Vachelia
está adulta e é tão bela,
está tão florida
com doces flores amarelas.
Que doce amarelo é o seu ador,
como é perfumada cada flor,
pequeno ponpon,
lindo e macio,
Que delícia que é encontrar
mesmo que por um instante
poder namorar,
com o aroma
da acácia de flor de aroma amarelo.
O perfume da acácia,
o perfume da vachelia,
enche o mundo
de beleza
e aos pulmões enebria,
com o doce odor amarelo,
como é cruzar com uma árvore perfumada,
de flores todas amarelas.

Ser consciente

O mundo é um lugar maravilhoso em que vivemos.
Nós que nele habitamos que podemos faz para torná-lo melhor?
As aves cantam,
As flore perfumam e embelezam e multiplicam as plantas,
Os rio irrigam os vales,
As montanhas invadem os céus,
O mar amplia os horizontes,

E nós?
Prendemos ou matamos as aves,
removemos as flores e as plantas,
Mudamos os cursos dos rios,
Destruímos as montanhas,
poluímos os mares.

Nós nos multiplicamos,
A tudo adaptamos
e transformamos a nosso favor.

Não dá para voltar atrás.
Por isso temos que aprender a viver com menos.
Consumir com consciência da finitude dos recursos.
Compreendendo que é preciso reflorestar...
É preciso ser consciente.

quinta-feira, 9 de maio de 2013

O tempo

Nas curvas que dar o vento
o tempo dobra a cada instante.
E o que é e onde está o tempo?
Talvez o vento possa responder,
difícil vai ser de compreender.
O tempo imaterial
e nossos corpos materiais,
que se desgastam a todo momento.
O vento nem sempre vem,
mas o tempo
é fluido como as águas do rio.
O tempo passa e marca 
no dobrar dos sinos de catedrais
e passa sem deixar marca
no silêncio do sertão.
O tempo é meu é seu,
só existe como objeto humano,
fora de nossos seres,
nada é ou tanto faz.

Suave manhã


Após a noite fria,
caiu uma manhã ensolarada
em pleno céu azul.
A brisa que passava era suave
como uma música
que torna tudo harmonioso.
A sombra de figueira enorme
 seus frutos cobria o chão.
Que prazer fazer seus frutos
o estalarem quando pisados.
E a manhã passou.

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Silêncio do sertão

No sertão tudo é silêncio,
tudo é vasto.
Os buritis crescem sem pressa nas veredas.
Estradas e barro,
flores em plantas secas.
Rio de algas claras correndo frouxo,
peixes e jacarés.
No céu voam araras azuis e vermelhas.
Casas de sapé cobertas de buriti.
Uma mula, um sertanejo,
gado no pastejo.
É maio as chuvas pararam,
a água deixa de escorrer sobre a terra
e as árvores tenuemente amarelam
e perdem suas folhas.
Umas aves calam e migram
outras ficam.
E o silêncio do sertão continua.

terça-feira, 7 de maio de 2013

Mãe natureza!

A natureza em sua graça e esplendor é tão maravilhosa.
As serpentes como os rios se movimentam fazendo curvas.
A brisa que refresca o mundo a qualquer hora.
As florestas com tanta vida animal e vegetal.
E nós o que somos? Deformidades da natureza.
Somos bicho que crer nas histórias que inventa.
E suprimimos tudo em nome de nossa espécie.
Que destrói a tudo
e o que restará no final?
Oh, mãe natureza!

Criso Sol

Na bela manhã de terça-feira de maio o poderoso sol surgiu.
Sua aparição foi magnífica, aurora se encarregou de ornar com nuvens e cores augustas o belo céu azul.
E o sol com seu halo criso irradiante com raios que se derramaram e inundaram os vales e se espalharam pelas montanhas e ampliaram o horizonte.
e toda a terra ficou sob o brilho solar.
E a flor que desabrochava ganhou cor.
E a manhã se fez bela.

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Passagem

As chuvas partiram,
agora resta o frio,
agora vem vindo o verão.
As árvores tem suas folhas amareladas e por fim secas.
O sol brilha mais intenso.
O ar está tão seco.
Logo só teremos poeira.
Mais nada.
Adeus doce estação chuvosa
e seja bem vinda nova estação,
e assim o tempo passa
em nossa querida vida.

domingo, 5 de maio de 2013

Resisitir

A vida não é nada fácil de ser vivida.
O cotidiano que tudo desgasta torna o viver ainda mais difícil.
E viver só ainda e feliz é uma arte que poucos descobrem
ou vivem em plena ilusão.
É preciso ser artista para dar beleza a vida
e quando se vive só é muito mais difícil.
Temos que apelar para tantas coisas.
Como eu desenho, pinto e emolduro a minha vida?
Acordo tarde,
leio um livro ou outro,
tomo um chá
e vejo filmes.
O tempo se arrasta.
E paro para contemplar o mundo,
a natureza, o comportamento humano.
Juro que não aprendi a viver.
Cada situação nova que surge nos desnorteia.
E nem sempre tempo jogo de cintura.
Mas a vida segue de qualquer forma
é como um frio com uma represa frágil,
mais dia menos dia a água vai embora,
rompe com a represa.
Viver é tentar represar esse rio
e conte-lo sempre,
às vezes á preciso liberar a água de alguma
forma e continuar resistindo...
É preciso ceder para aprender.

sábado, 4 de maio de 2013

Noite fria

A noite está fria,
o céu está limpo,
as estrelas brilham
longe, muito longe.
Tudo é silêncio,
tudo é vazio.
Na noite fria,
ruas vazias,
breves poesias.

sexta-feira, 3 de maio de 2013

o Jacaré

O silêncio,
A noite caiu suave
e apagou o lixo em volta do lago Paranoá.
O brilho fosforescente emergiu das águas,
não apareceu por completo,
não era capivara,
era algo inesperado,
um lindo  jacaré,
e ficou ali se exibindo,
ficou por um bom tempo,
quis mostrar para todos que estavam ali que o lago
ainda está vivo.
Depois imergiu,
sumiu,
entre as águas
e a sombra da noite.

Um lugar perdido

Num lugar muito distante da cidade, na borda de estrada de barro vi uma casinha.
Entre tantas que já vi, aquela casinha era especial, embora muito simples. 
Era uma coberta com folhas de coqueiro e tinha as paredes caiadas, bem branquinhas. 
Em frente àquela casa, no lado oposto da em frente a casa havia um horizonte descampado que dava para uma montanha, onde crotalárias tingiam de amarelo aquele breve horizonte.
Havia ali torres de eletricidade plantadas que cruzavam aquele lugar, dividindo o lado da planície e o lado da montanha.
Os fios presos aquelas torres fazia som constante que parecia ser o rápido bater de asas de mariposas no meio da noite.
Ali o silêncio reinava e só era quebrado quando aves cantavam o cão vira-lata da casa latia.
O terreiro da casa era limpinho e só a poeria ali repousava. 
Enfrente havia uma grande latada de Allamanda com flores grandes e amarelas e verdes folhas brilhantes.
Ali naquela hora da tarde se sentavam num bando de madeira um senhor idoso e numa cadeira uma senhora com a face bem escupida pelo tempo.
Naquele lugar repousara seus corpos e complementava aquela paisagem.
Aquela paisagem que se formava no fim do dia, àquela hora da tarde.
Quanto tempo restará aquele casal, aquela casa, aquele cão, aquele lugar.
Certamente, aquela casinha velha é muito jovem em relação àquela montanha.
Mas velha para os que a pouco nasceram.
E minha visão de transeunte aleatório que poderia ler ou perceber.
As galinhas corriam no terreiro, o cão se levantou, latiu, mas logo se deitou!
O Henrique perguntou para o senhor. - Posso fotografar aquelas plantas? 
Nem sei se o senhor respondeu.
A senhora com um ar lapidado pelo tempo, nos ignorou feito uma rocha.
Por trás da casa haviam grandes pés de ipê.
Quanto silêncio ali havia.
Aqueles velhinhos não ousavam falar nada,
acho que a montanha impunha silêncio aquele lugar.
O som constante que ali havia era apenas aquele falso bater de asas da borboleta!
E a tarde caia leve naquele lugar perdido da chapada.
Enquanto imaginava, nunca mais ali voltar.
Conheci o desconhecido que nunca mais será me revelado,
senão por meio de uma foto...
E a noite dormiu naquela casinha.

quinta-feira, 2 de maio de 2013

O voo elegante através da tarde

No fim da tarde, as pombas voam muito rápido indo ou vindo.
Quem saberá! Sempre imagino que estão voltando.
Só sei que é voo é tão elegante e belo para um ser tão singelo.
Como pode uma ave tão boba ser tão elegante e rápida.
Só uma explicação divina.
O fato é que elas vem do norte,
Cruzam o lago em grande altura e velocidade.

No fim da tarde, quando tudo é exuberante e extremamente belo,
quando o céu está lindo,
quando o crepúsculo faz a natureza parar,
quando a luz do sol tinge tudo de vermelho,
faz a água do lago ficar azul.

E ainda tenho o voo das pombinhas...
O joão de barro sumiu e deixou a obra por acabar.

E a tarde é mais linda quando vejo um casal de papagaios
com seus voos pedalantes, e seu grito emocionante.

E a noite caiu lentamente
enquanto uma garça e um socó voavam seus voos elegantes e belos
cada batida de asa, raios de luz a menos
e a noite chegou,
por essas horas as pombinhas já estão empuleiradas,
e agora a noite está cerrada.
Só as estrelas piscam,
mais nada.

Esperança

Numa pequena rua
de um pequeno povoado,
no meio de um cerrado
vivia um menino.
Seu nome era Chico.
O menino crescia naquela pequena rua
e falava com simplicidade
tudo que descobria era tão grande
em relação aquela rua.
O menino gostava empregar os nomes que aprendia.
Sua mãe era simples e muito zelosa
e sempre o abraçava quando fazia algo de errado.
Ela sorria e dizia cria tento menino.
Mas a mãe morreu de febre
e o menino que era filho único
ficou ali sozinho,
seu pai nunca soubera quem era.
Dizem que era um caminhoneiro que passou ali
e numa noite de festa embriagara sua mãe.
E Chico não tinha avó,
pois sua mãe perdera os pais
em movimentos rurais,
chegara ali com os tios que morreram cedo afogados no rio.
E Chico cresceu só.
Seus olhos eram pura tristeza,
depois que sua mãe morreu
nunca mais nomeou nada
se tornou recluso em si.
Vivia abandonado feito um cão
tolerado por ser inofensivo.
Comia do que sobrava,
numa casa e na outra.
Trabalhava por um prato de comida.
Certo dia ele sonhou com sua mãe
vestida de azul e um manto branco
e no sonho ela disse.
Chico vive a vida.
Então quando acordou ouviu o canto das aves,
viu as cores das flores,
E se sentiu firme
para continuar a vida.
Chico cresceu 
crendo no sonho materno...
E assim viveu 
e assim se tornou
um grande poeta nomeador.

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Flores do cerrado

Há tantas flores belas no cerrado,
flore amarelas, flores vermelhas,
flores lilases!
Há flores de todas as cores, e formas
e odores, e tamanhos.
Há tanta luz no cerrado,
tanta planta encriquiada,
mas bonitas.
O cerrado nu,
o céu azul,
o vento fresco ou o calor escaldante,
quem se incomoda?
As flores continuam na moda.

terça-feira, 30 de abril de 2013

Ilusão humana

Após a chuva cair,
após sementes germinarem,
após as ervas crescerem,
após estas florescerem e frutificarem.
A chuva volta a cair
e as sementes a germinarem,
estações após estações.
Repetidas milhares de vezes,
milhares ou milhões de anos,
em silêncio a terra trabalhou em sua criação.
Flores ornadas, frutos perfumados e tudo quanto é tipo de animal.
A terra não pupou esforço nesta lenta transformação.
Eis que surgiu um animal
que aprendeu a pensar,
e pensou que podia mais que a terra.
E em pouco tempo conseguiu extinguir quase toda a diversidade
em benefício próprio,
Destruiu florestas, reduziu montanhas a crateras na terra,
construiu um mundo em seu benefício
se organizou e agora se auto destrói.

E a chuva continua a cair
e a erva continua a crescer,
e a natureza a degenerar,
até onde vai aguentar?

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Assinalada

A manhã caiu entre o escuro e o frio.
A aurora tingiu de rosa ou de vinho o céu vazio.
As maritacas deram som e vida e ocultou
o escuro, mas o frio que ficou
e com a luz viva do sol a manhã assinalada,

E aos pouco as formas foram sendo revelada,
e aos pouco já não é mais madrugada,
e aos poucos é um novo dia,
e aos poucos se alinhava uma poesia.

domingo, 28 de abril de 2013

Tempo eterno jovem

Carregamos conosco memórias que vivemos, memórias de nosso tempo.
Cada um tem o seu tempo, cada um pertence a um tempo.
E o desfecho deste tempo faz de nós que somos.
E o que fazemos deste tempo é construir a nossa história.
A nossa memória nos é fiel ao tempo.
Somos frutos de um tempo, de nossas memórias
que está tecida com aqueles que viveram e vivem conosco, 
assim como somos parte de suas memórias.
O tempo se renova em nossos sobrinhos, nossos filhos
e tudo brota do amor e que foi maravilhoso.
No fim tudo se desbota com o tempo
paulatinamente vai sendo substituído,
o que foi vai perdendo o brilho e o vigor
passa a ser ultrapassado, matéria, diversão...
As coisas parecem avançar,
temos aversão ao antigo, sem percebemos que também ficamos antigos
em nosso pensar, em nosso agir.
Amamos o novo que muitas vezes é revelador.
O tempo nos ensina que não há mistério no mistério que revelado
e muito do que existe nos é revelado perde a graça como a flor perde o viço.
E temos que aprender a dar vida e brilho em nossas crenças
e nos tornamos categóricos e ultrapassado...
Nem imaginamos como somos ultrapassado quando cremos
que as cosias novas são menos interessantes ou valorizadas,
quando damos brilho ao que cremos ser o melhor.
Nos enganamos, assim o tempo nos ensina
e assim parece também a vida a nos ensinar.
Mais dia ou menos dia nos olhamos no espelho,
e nos deparamos com a realidade que estamos velhos e ultrapassados,
que nosso universo simplesmente encolheu, somos reféns de nossos corpos,
somos reféns de nossos pensamentos.
Para nossa sorte podemos recomeçar ou ao menos tentar.
Porque a realidade é dura feito granito e costuma nos por obstáculos
até que não possamos mais ultrapassar.
Cada segundo passado nos fere o último nos matará.
E o tempo seguirá eterno, jovem...
Se quisermos nos renovar temos que ceder nossos egoísmos
e dar vida a nossas sementes de vida
E tudo continuará reagindo,
como sempre foi e será

sábado, 27 de abril de 2013

Ir

Quando você partiu,
algo em nós se dividiu.
Você foi para longe do meu olhar,
eu queria, mas não podia te beijar,
Eu queria suavemente te tocar.
Quando caia a noite você não estava lá,
só podia imaginar através da lua,
através das estrelas,
através das flores!
Quando te encontrava,
meu sol brilhava mais intenso.

Quando você decidiu partir,
e quando você partiu,
tantas coisas entre nós ruiu!

Minhas noites,
meus fins de semana,
tudo também partiu.

E eu não sei o que fazer,
e eu não sei como viver,
só.

Ocupo meu tempo
que se esticou
com o ócio.

Flores murcham sobre minha mesa.
E o tempo passa,
e tudo passa.
Talvez, sempre talvez...
Eu aprenda algo,
com a sua partida
com a minha vida.

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Tanto faz!

Quero poder ver o sol da tarde cair,
quero ver a lua na noite lunecer...
Estamos no ano dois mil e treze, 26 de abril.
E a sexta-feira é soprada pelo tempo,
e vai desfiando a malha que é o dia,
e como uma vela alumiado a noite,
e os grão de areia caindo,
e as plantas crescendo...
Tudo vai acontecendo lentamente.
E a vida passando.
Que posso fazer para embelezar a vida hoje?
Acho que vou pintar com as palavras flores, campos e jardins...
acho que vou escrever frases bonitas.
Tanto faz o tempo vai passar mesmo.

É dia

É dia,
O sol brilha a todo vapor,
o céu está todo azul.
Aqui nada acontece além
do rádio tocando.
Lá fora, tem gente pegando ônibus para seus trabalhos
sem nada perceber, irritadas com o sono abortado.
Gente ganha a vida vendendo café em paradas de ônibus.
Em outros lugares nada acontece.
A água que sobra da chuva escorre a cantar.

Tudo isto acontece hoje, sexta-feira, fim de abril.
As maritacas ainda cantam e o frio parece querer fugir.

Finalmente após a noite,
É dia.



quinta-feira, 25 de abril de 2013

Aurora enrubescida

Aurora enrubescida
trás mais um dia pra minha vida.
Hoje as maritacas que a sempre festejam
não apareceram. Não foi isso.
Estranhei e ao abrir a janela
percebi que estavam todas extasiadas
Com sua beleza aurora.
E fui arrebatado por sua beleza aurora.
Vi que os carneirinhos
continuam pastando no céu.
E me senti feliz,
E senti a vida da natureza.

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Carneirinhos da tarde

Hoje à tarde estava linda.
No céu cheio de carneirinhos de nuvens
que embelezavam como o fazem nos campos
verdes tingindo-lhes de branco o céu verde.

Hoje à tarde o céu ganhou a beleza dos carneirinhos.
E os aviões que cruzavam o céu
se perdiam entre os carneirinhos.

A lua majestosa nasceu atrás de um grande rebanho,
e foi alumiando, alumiando o rebanho,
até eles desaparecem no meio da noite.

E o céu plenilúneo
e a lua radiante parecia sorrir,
parecia derramar sua luz
nas águas do lago.
E ao ser derramada a luz da lua
flamejava entre as ondinhas do lago.
Arrebatando qualquer transeunte,
A lua se entregando a noite,
após a entrega do sol...
E os carneirinhos foram dormir
e a lua ficou a iluminar a noite.

Aquilo que nos foge

Com o tempo os adjetivos se tornam inexpressivos.
Como você está linda amor.
Soa agradável, mas de fato o elogiado tem que se sentir o elogio com profundidade.
E com o tempo o que falamos já não é tão especial.
Compramos presentes, apimentamos a relação...
E aos poucos os adjetivos vão se tornando parcos.
E com o tempo nossa realidade nos é tomada.
A realidade do outro é melhor.
O tratamento do outro é melhor.
As emoções e viagens alheias são mais interessantes.
E não se sabe o que é realidade ou que é ficção...
Quando se pode saber mais sobre a relação alheia, nossa relação se torna tão banal.
E tomamos a realidade alheia como uma história fictícia e queremos para nós.
E sofremos por que tudo não passa de um ideal.
E com o tempo percebemos as rugas do outro, as gordurinhas, os pequenos defeitos passam a parecer um elefante...
E na novela aquele cara é tão forte e corajoso. Meu amor é uma égua de frouxo...
Nada importa.
Com o tempo o viço das cores vai se diluindo no tempo...
E as situações e vitórias individuais afrouxa a relação...
Mas onde chegar com esse texto.
Que a realidade nos foge as mãos.

Sonho ou realidade!

Sonhei que estava velho e tinha o corpo cheio de chagas purulentas.
A dor rasgava em minha pele. O mau cheiro repugnava a todos que de mim se aproximava.
Estava cego, solitário, magro, meus cabelos haviam caído,
meus dentes podres também nada restara.
E só a meia luz, pois não podia sentir a dor do sol, abandonado,
refletia sobre minha juventude. Não bebia, nem fumava, mas por ser humano não me faltavam pecados. E minhas reflexões se aprofundavam entre agonia e dor, eu desejava morrer. Absolutamente nada me motivava viver.
Só sem família ou filhos ali estava eu, coberto de andrajos e chagas.
Pela manhã quando podia me arrastava até uma macieira e comi um frutos podres, sem dentes era difícil comer.
E o meu corpo e minhas memórias eram meu inferno.
E pensava que podia ser diferente. 
E refletia sobre tudo...
Então certa manhã, agonizando me apareceu uma figura angelical
que me disse: - volta não é chegada sua hora.
Então acordei, mas não estava no meu quarto, estava num quarto escuro, velho e sujo...
Me levantei tateei no escuro até uma fresta onde havia uma janela.
Abri a janela e o mundo cheirava mal...
Uma luz brilhou intensa e me faz acordar.
Acordei suado e agitado. Senti a minha realidade.
Tomei um copo d'água.
Abri a bíblia no salmo 24.
E li: O senhor é meu pastor e nada me faltará...

terça-feira, 23 de abril de 2013

Até a tarde cair

Hoje a tarde foi tão fria quanto ontem.
Ainda consegui ver o sol brilhar,
antes de sumir entre nuvens azuis.
Caminhei perdido por caminhos conhecidos,
divagando entre meus pensamentos
e minhas sensações.
A brisa fria, o céu azul,
as águas agitadas do lago,
o som do piano ao cair da tarde.
E a lua sendo revelada
timidamente.
Só as plantas no entorno do lago
continuam indiferentes,
imponentes sem frio,
só a Ipomoea alba
se perfuma para a noite.
E continuo caminhando,
divagando...
Até a tarde cair,
até a noite surgir.

Portas abertas


Com o avanço das tecnologias as barreiras da comunicação foram quebradas.

As redes sociais, uma ferramenta de alto impacto na sociedade de fácil acesso, está cada vez mais democrática, constituem um grande exemplo.

O uso destas ferramentas cresceu vertiginosamente e vêm alterando completamente o comportamento das pessoas.

Uma vez que essas ferramentas permitem o acesso fácil aos dados pessoais, de forma livre, leva os indivíduos, cada vez mais, a vasculharem entre os diversos perfis disponíveis.

Nos empenhamos cada vez em saber sobre o outro, e mais ainda, gastamos mais tempo que nunca nas redes sociais.

Através das redes sociais, podemos nos expor numa grande e ampla vitrine, podemos nos pintar como grandes celebridades. Cremos que o que fazemos é muito importante e que os outros devem conhecer. Os expectadores devem conhecer nossos gostos, nossas personalidade e nossas muitas qualidades.

Cada vez que se posta dados pessoais nas redes sociais. Há uma expectativa para saber qual nossa popularidade. Quantos irão gostar? Quantos serão os acessos? Quantos amigos tenho? Quantos amigos são famosos? Este sentimento de popularidade ou impopularidade que nos alimenta!

Nunca fomos tão populares! Será? E ao mesmo tempo nunca tivemos tão ansiosos.

Antes das redes sociais, quando entrei na faculdade, bem no início dos anos 2000, nos reuníamos mais, passávamos mais tempo conversando pessoalmente,  compartilhávamos mais tempo juntos.

Hoje, vivemos presos a celulares, computadores e qualquer que sejam os canais de acesso as redes sociais.

As expetativas e projeções criadas, corresponde com o esperado o que nos torna cada vez mais angustiados.

Há de se entender que o uso das redes sociais é um caminho sem volta, mas é necessário refletir que as redes sociais são de domínio público.

Nunca nos imaginamos abrindo a casa para um estranho, mas é o que acontece quando disponibilizamos nossos dados nas redes sociais.

Estamos abrindo a porta da casa para os desejáveis e indesejáveis.



   

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Tarde plúmbea

E a tarde caiu plúmbea,
junto com ela o vento frio azul.
E o tom das cores
aos poucos foram sendo
dissolvidos pela noite.
O lago com suas águas plúmbeas
ondeando e aos poucos
refletindo a luz brilhante
dos postes de luz.
A luz fria da lua alumiando
a chegada da noite.
A natureza toda se recata,
seis horas, o rádio toca
uma ave-maria.
O dia partiu,
mas um dia vivido,
mas uma tarde
se foi...
As tardes são mais tristes a só.
Ao menos nos dá um abrigo
para pensar na vida.
E a tarde plúmbea se foi,
do infinito surgiu e pro infinito partiu.

Realidade

O vazio frio ecoa em nosso coração.
Mundo sem cores,
mundo sem odores.
Cadê as flores?
A solidão que afoga nosso coração
nos machuca e maltrata muito.
Não temos como escapar de tal dor,
quando queremos romper com alguma relação.
e se não enfrentarmos de frente como saberemos o que realmente almejamos?
Sei que a vida é efêmera e muito curta, nosso universo prova isto.
A dor da solidão pode nos levar ao amadurecimento,
nos fazer sair da inércia da comodidade.

Tudo vai passar como os dias passam
e a matéria se deteriora,
amanhã quem sabe apenas o sol brilhará
e revelará a realidade das coisas.


Preguiça

A manhã ensolarada e fria.
A brisa fria sopra leve e frouxa,
balançando ramos e bambus.
Meus olhos vem a paisagem
enquanto minha mente divaga
perdida no espaço,
nas memórias até parece surfar
sobre a brisa...
Doces manhãs frias
que não desejamos
sair da cama por nada...

domingo, 21 de abril de 2013

Que buscamos?

Nesta vida não temos muitas certezas. Talvez só tenhamos a certeza da morte. Mas o que buscamos no viver?
Eu acordo e vejo o mundo, ouço o mundo, sinto o mundo e sei que sou parte do mundo.
Sei que todos nós somos peculiares com nossas motivações, com nossas tristezas, com nossos medos e tudo que nos cerca e nos ensina.
Quando eu acordo e não tenho que sair da cama num feriado ou fim de semana fico pensando na vida. Não costumamos pensar na vida. Somos hábeis em executar ordens, na maior parte das vezes somos pragmáticos. Pensamos na vida quando saímos de nossas zonas de conforto, na dor e no sofrimento. Quando algo de ruim nos cerca paramos para pensar e tentar nos livrar deste medo.
Bem eu acordo e penso na vida, nas pessoas que me cercam que me são próximas e tento encontrar um sentido para a vida. Precisamos todos os dias buscar um motivo para viver e assim tentar achar uma certeza que dê um norte a vida e assim não venhamos a afundar neste barco incerto que é a vida. Agora me seguro neste texto, no cantar, lá fora, do rouxinol e na manhã radiante para não afundar na incerteza da vida. E o que vem a minha mente neste instante é uma linda paineira florida que me arrebatou ontem. Eu tento encontrar um motivo para continuar vivo.
E se olho para o leque que representa minha vida só consigo ver incertezas e problemas sentimentos que me angustiam. Como disse, acordo e fico pensando cheio de esperança, mas me levando e quando começo o dia tudo está tão embaraçado...
Não temos que ter certezas, acho que isso é o belo na vida, pode ser contraditório, pois a certeza da morte é tão cruel... Omnia Vanitas... Tenhamos esta certeza ao menos para nos livrarmos dos maus sentimentos... Quem sabe!?

sábado, 20 de abril de 2013

O cair do tempo que nos revela?

O cair de um dia,
o cair de uma tarde,
o cair de uma noite...
Toda nossa vida se passa
nestes intervalos e tempo.
Vidas gloriosas, vidas mendicantes
e vidas comuns.
Vidas são apenas vidas
e o tempo só um transcorrer destas vidas.
Somos nós os responsáveis
pela condução de nossas vidas,
somos nós que resistimos a tentação
ou nos entregamos a ela.
Somos nós que encontramos
aquilo que queremos encontrar...
E tudo se passa no agora,
e tudo se passa neste vir a ser.
E é no cair de um dia, no cair de uma tarde, no cair de uma manhã
que tudo isto pode nos ser revelado,
poderá ser tarde, mas poderá haver tempo para recomeçar.
Aceitar a condição da vida é o primeiro passo.
Só aceitando esta condição que pode se dar o primeiro passo
à mudança.
Pessoa já dizia que quando acordamos temos a terra inteira.
Muitas vezes neste despertar que temos epifanias
que podem mudar a nossas vidas.
É certo que na vida tudo é muito incerto,
mas como Sarte dizia podemos fazer projeções.
Nunca sairá como almejamos,
mas podemos conquistar algo mais doce e melhor,
ou algo desagradável...
O cair do tempo nos revela toda a realidade
do que fomos, de quem somos, mas nunca saberemos
o que seremos.

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Entardecemos

Enquanto a chuva cai
lentamente a tarde se vai.
Tarde fresca,
mente agitada,
tanta coisa para pensar,
algo para me preocupar.
E o que temos
o que achamos que é nosso
pode ser como a chuva
que a qualquer instante pode sessar,
pode ser como a tarde a passar.
Enquanto a chuva cai,
minha calha canta,
cantam longe as maritacas...
Sabe lá onde estão a cantar
será na paineira?
E a tarde passa,
e entardecemos juntos.

Especiais talvez!

Todos os dias, todas as horas, todos os minutos e todos os segundos, o tempo todo, queremos ser especiais e assim nos sentirmos, mas somos realmente especiais? Sim somos, mas antes de tudo nos é soberano nosso egoísmo em qualquer coisa ou situação que seja. Neste quesito, somos literalmente crianças mimadas onde fala mais alto nossos egos e jamais almejamos ceder. Caso não sentimos um retorno, sofreremos profundamente. Na vida, não existe receita para o crescimento senão através da dor. É a dor a agulha com que se tece a grande coxa  que é a vida. Esta verdade só nos é revelada ao longo da vida, de maneira muitas vezes ácida e amarga. A vida nos ensina a podar nossas vontades e ao amadurecer, deixamos para trás as dores e as feridas.
Algumas vezes, não temos força, nem conseguimos aprender e já fugimos para outra situação e desta forma vamos apenas adiando e substituindo o sofrimento e marginalizamos a experiência, o aprender. É difícil, mas muitas vezes temos que ceder a dor.
Para nos sentirmos e sermos especiais é preciso antes de tudo encontrar no outro aquilo que lhes é especial. Talvez se vermos e encontrar algo de especial no outro, possamos encontrar o reflexo do especial em nós mesmos. Para isso temos que abrir mão de nosso ego, temos mais uma vez que doar parte de nós ao outro. Talvez quem sabe assim encontremos a felicidade e o que tanto buscamos o tão almejado sentimento de nos sentirmos especiais.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Sairá

Numa manhã ensolarada,
Voava perdido um bem-ti-vi, quanto pousou numa grande canafístula que fazia uma sobra enorme e cobria o chão de pétalas amarelas. Lá viu uma linda sairá que encantava só com a plumagem e cantava um canto lindo. O bem-ti-vi permaneceu ali pousado só observando a saíra. Então perguntou como ela se chamava e ela respondeu timidamente. E ela cantou um canto doce e tão lindo que ele se afeiçoou a ela. E ficaram ali juntos o dia inteiro. Quando chegou a noite. A sairá que gostava de frutas disse que ia em busca de frutas e o bem-ti-vi perguntou se podia seguí-la. Ela disse que tinha um namorado sabiá. Ele foi embora. E achou que nunca mais a viria, mas todos os dias voltava aquela árvore. Um dia veio cedo e com pouco tempo depois ela apareceu. Estava solteira. Ele falou pra ela que conhecia uma mangueira cheia de frutos maduros e convidou-a para irem para lá. Ela aceitou. E foram lá. E os dias se passaram e era muito bom estarem juntos. Voavam pra lá e pra cá nas praças e jardins. E foram bons os momentos juntos eles falavam sempre. Haviam diferenças ele era uma ave rústica e ela uma linda ave delicada. Viviam bem entre todas as estações. Mas algo aconteceu. Como acontece com todas os pássaros. Eles foram morar longe. Ele arrumou novos amigos e ela também. E os cantos já não eram os mesmo. Ele sentia falta  e ela também. E o mundo dos dois foram ganhando outros sentidos, sentiam falta um do outro, sentiam solidão. E então parece que tudo acabou. Parece que sim. A sairá voou e o bem-ti-vi também. O mundo perdeu muito das cores sem a sairá. E a distância e as diferenças.
A sairá segue a vida e o bem-ti-vi também. Vida diferente, coisas diferentes. Hora se faz um vazio, mas a vida segue.

Mimosas

Mimosas flores rosas
de um doce odor
que encanta as matas,
mimosas paraibanas,
mimosas potiguares.
Quando a chuva se vai
floresces demais,
oh, lindas mimosas
em seus glomérulos,
abelhas coletam pólen,
abelhas coletam néctar,
enquanto a água escorre
e canta riacho abaixo,
perfuma a mata doces mimosas.
E quando a chuva se vai
muitas de também se vão,
só voltam em outra estação
de chuva...
Mimosas de flores doce,
mimosas que não te conhece,
quando te conhecer certamente
se apaixonará.
Mimosa florida quando ti vi
ai que saudades que deu
dos cheiros,
da areia molhada,
da vida passada.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Manhã através da janela

Quando a manhã caiu a luz estava fria,
esta assim como a brisa atravessava
minha janela, revelando-me as formas e o perfume do mundo.
Olhei para aquele mundo, com horizonte curto de minha janela
e contemplei aquele instante. Não sei se absorvi o mundo
ou se fui por ele absorvido.
Sei que minha mente está tranquila e fresca
como a luz do sol e a brisa daquela manhã.
E pus-me a pensar no céu infinito
e na vida finita, nos momentos vagos,
nas motivações e desmotivações.
Olhei no meu quarto e vi de uma desordem
que reflete a desordem de minha mente.
Olhei os livros na estante, na cama e na cabeceira
com um olhar de desejo de comê-los e digeri-los
um a um, e encontrar em seus universos
um cosmo para minha mente ou me perder completamente.
Cai em si, ao sentir uma lufada da brisa,
me recompus e voltei a realidade
e fui tomar o café e o banho,
A brisa da manhã e a lus fria
são suaves revelações de mais uma estação.

terça-feira, 16 de abril de 2013

Mendigos

Eles estão pelas ruas ou nas praças. Alguns fixam em lugares onde encontrem abrigo, outros montam barracos. Que são estas pessoas desconhecidas? Andam por ai em busca de algo que lhes valha centavos, se alimentam de resto de comida, de lixo. Andam sujos aos trapos com um cheiro forte de gente sofrida. Alguns encontram conforto naquilo que lhes consome, na droga.
Quem são esses de chagas abertas mal curadas que não tem vergonha de defecar ou se masturbar?
São pessoas, mas que se parecem com bicho sem dono.
Quem são estas pessoas de olhos vermelhos? Pessoas de mau hálito...
Tenho certeza que são seres humanos marginalizados pela família, pela sociedade, por mim.
E as ruas e as praças são as paredes e o céu o teto destas pessoas.
Sim são pessoas, são humanos, são brasileiros. Eles falam português brasileiro, são filhos da grande pátria, nossa nação brasileira. No Brasil, rico país, também há muita miséria nas ruas e praças...
Há muito preconceito...
E o que falam? Por que são tão mal educados, falam tantos palavrões? São tão fortes na fala, mas seus corpos magros revelam sua pobreza material e física.
Sim eles estão por ai, com seus sacos, carrinhos de bebê ou de supermercado carregando seus andrajos.
Quando era pequeno na cidade pequena não via isso, mas sabia que existia nas grandes cidades.
Drogas, loucuras, desapego!
Mendigos são seres humanos. Gente marginalizada.
Por que não fazemos nada?
Um velho ditado diz que uma andorinha só não faz verão.
E para onde vai o dinheiro de nossos impostos?
Vão rio abaixo suprir os bolsos dos políticos...
Mendigo vota?  

Eterno mistério

O que acontece em nossas vidas é um eterno mistério.
Nunca saberemos o que acontecerá conosco no instante seguinte ao momento presente, este eterno vir a ser. Podemos até projetar ou mesmo imaginar, mas o desfecho final, nunca é como esperado.
Quando acordamos não sabemos o que ocorrerá após levantarmos, após a manhã, após o almoço e muito menos o que virá a noite. Por fim, vamos dormir sem saber o que acontecerá novamente no outro dia. Eis o grande e eterno mistério da vida.
Estaremos vivos? Teremos saúde? Quem perderá tempo se questionando? Há aqueles que se preocupam e aqueles que não se preocupam, mas a verdade é que tudo é aleatório.
Tudo pode mudar no instante seguinte. Estas mudanças podem nos angustiar ou tornamos felizes ou servir para nos afirmarmos como humanos.
Às vezes nos desiludimos, passamos por diversas aprovações e podemos vencermos ou perdermos.
O que acontecerá no vir a ser é um eterno mistério...

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Doce de goiaba

O doce mais gostoso que já provei foi o doce de goiaba.
Mamãe costumava aproveitar as safras e tornava nossas vidas mais doces.
Ela fazia doces de caju, de mamão, de leite e o maravilhoso doce de goiaba.
Fazer doce requer um certo trabalho. A seleção das frutas, a retirada das extremidades, a lavagem, a retirada das sementes e por último o preparo do fugão e todo o processo de cozimento.
O doce de caju é o mais rústico, e não gostava muito do aroma que exalava.
Com doce de goiaba era diferente.
Mamãe punha para cozer e enquanto tirava uma sesta o fogo ia fazendo sua parte, cozendo bem devagar.
Depois que mamãe acordava as goiabas já estavam maduras.
Mamãe punha tudo numa urupemba para esfriar e depois penerar
e transformar tudo numa pasta homogênea.
Em seguida levava ao fogo, quando a pasta estava pulsando de alegria,
mamãe punha o açúcar e era só esperar ficar encorpado e bem vermelho escuro.
Demorava um pouco o cozimento. Cozido no ponto, mamãe punha tudo numa forma bonita
e nós rapávamos o taxo. Hum que delícia.
E tínhamos doce de goiaba por uma semana, não mais que isso.
Eramos verdadeiras taiocas. Eu era. risos.
Nossos almoços ficavam mais doce.
E a tarde naquele calor escaldante, após um pires de doce,
a água gelada na caneca de alumínio ficava mais gostosa.
Doce de goiaba, quem não gosta... Só quem não teve uma mãe que sabia fazer! 

Ver a manhã

http://www.youtube.com/watch?v=bEy1ktHTPaM

Hoje tenho a manhã para descrever.
Às vezes tenho a tarde outras vezes a noite.
Sempre tenho algo para descrever, além do meu dia,
uma imagem, uma poesia, uma beleza que me faz parar,
uma dor, uma situação...
Mas agora eu tenho a minha manhã.
Agora tenho minha fria e contente manhã.
Não sei como pintaria minha manhã,
nem sei como seria se não a minha maneira
de falar de minha manhã.
Como você descreveria sua manhã?
Sei que há muitas pessoas tornando
as manhãs lindas,
Sei também que há pessoas tornando
as manhãs horrorosas.
Gente que vive,
Gente que morre,
Gente que parte...
Há gente fazendo a vida acontecer,
há gente fazendo a manhã acontecer.
E assim todas as manhãs
passam com o dia,
Ao menos fica a minha impressão
a sensação que posso descrever minha manhã.

domingo, 14 de abril de 2013

A roseira


Certo dia, num jardim muito grande, conheci uma rosa. Era tão vigorosa a roseira. Foi naquele dia que vi aquela rosa desabrochada. Aquela rosa perfeita, a mais perfumada, a mais delicada, a mais cativante. Descuidei que as rosas são belas, mas tem espinho. Destaquei aquele ramo e levei para o meu jardim e plantei-a ali em frente a minha janela. Todos os dias cuidava daquela pequena linda roseira que me dava as rosas mais belas, com o tempo fui me afeiçoando cada vez mais aquela linda roseira. Fazia todos os teus caprichos, conversava, regava, adubava, podava os ramos doentes. Tinha sempre os cuidados. Mas não contava com o mau tempo. As estações se passavam e cada vez menos via minha roseira. Vieram estações quentes e belas e a roseira me agradecia com cada rosa mais bela que a outra. Veio a estação de outono e a roseira perdeu as folhas, mas era minha minha roseira, passou o outono e veio a primavera e minha roseira me dava rosas mais lindas. E veio o inverno, mas a roseira resistiu em meu jardim, passamos juntos o mais frio dos invernos... E vieram várias estações, e os anos se passaram e nos esquecemos como nos cuidar dos tempos ruins. Descuidei muito da roseira e ela já não ligava em me presentear com rosas.
Então veio um inverno muito frio. Eu vi minha roseira não ia resistir, não ia reagir...
Só Deus sabe quanto sofri com a partida de minha roseira.
Aquela estação fria passou e minha janela está vazia...
Em minha memória todas as vezes que olho através da janela vejo o vermelho de suas pétalas, o brilho de suas folhas. Ainda sinto meu quarto perfumado, ainda vejo meu jardim com um tapete vermelho...
Onde andará a alma de minha roseira?
Onde andará minha linda roseira?
As coisas são tão suaves para aparecer, mas tão dolorosas para desaparecer...
Vejo as cores encarnada, viridescente, sinto o perfume, mas tudo não passa de ilusões...
Tristes ilusões!
A vida seguirá, mas minha roseira que imaginei viveria comigo para mim e comigo,
está embelezando o universo... Sabe-se lá.

Fim de domingo

O dia se desfez
e a noite caiu suave.
O lago ganhou um azul
metálico suave.
As águas se movem
ao leve sabor do vento.
Na borda do lago,
o perfume doce da Ipomoea alba
se mistura com o cheiro
da água poluída.
Olho para os lados,
luzes frias piscam
enquanto no céu
uma lua crescente
parece rir,
estrelas pistam
azuis, vermelhas
e amarelas...
Casais namoram,
pessoas pescam
para distrair
no fim do domingo,
Enquanto isso
algo de bom acontece
mundo a fora,
ou de ruim,
passo passivo pela tarde de domingo.

Vai com a tarde

A tarde cai lentamente.
A luz do sol aos poucos esmaece,
O domingo começa a tomar
seu rumo ao fim.
Foi-se a manhã e com ela o almoço.
A tarde veio e nem percebi.
Estou tão só,
minhas companhias os livros,
meus objetos, minha casa,
não preenchem o vazio,
não preenchem o ócio
que habita em mim agora.

Cadê minhas vontades?
Onde está o verde de minha mente?
Esperança! Cadê voce?

Que preguiça de tudo,
que medo do que vem por ai...

Tim pode cantar,
Borges pode me contar seus contos,
Neruda me alegre com seus versos,
Ou Quem sabe Pessoa ou Drummond,

Mas se nem isso me fizer sorrir,
Se nem isso iluminar esta tarde que cai,
que meu peito me faça chorar,
Que minha alma me faça sentir a vida...

Se tudo é passageiro,
por que a tristeza e o medo insistem 
em habitar meu peito?

Caia tarde de domingo,
Vai...

Saia para lá angústia.

Quem sabe não seja tu
oh tarde, razão de minha angústia.

Quem sabe,
mas esmaece e vai,
Com a tarde!

Confabular


Desde criança, aprendi que havia algo de misterioso no mundo, nas pessoas, nos lugares e nas coisas.

O mundo sempre me encantou por sua vastidão, quando criança me parecia maior e com mais fronteiras. O que havia além do que conseguia ver? O que havia além das planícies e das serras? Outros povos, outras cidades, outras vidas, mas em que distinguiam de meu mundo, meus conhecidos, nossas culturas, nossos cotidianos. Eu adorava imaginar o que poderia encontrar lá fora, novos amigos, novos brinquedos, novas ruas... Será se o mistério se encontraria no novo? Não sei, mas aquilo tudo me encantava.

Quantas pessoas não poderia encontrar além de meu povoado, quantas histórias, quantas coisas modernas, livros, carros, casas e gente de todas as cores, sotaques e modos de vida...

Eu costumava imaginar que sempre encontraria algo maravilhoso nunca visto ou sentido. Então, saia para caminhar no nosso sítio e imaginava pessoas diferentes, coisas diferentes, formas diferentes, tal vez um mundo de super-heróis em que pudesse mudar toda aquela realidade. Um mundo onde pudesse fazer o que quisesse e ter o que eu visse e desejasse, mas a vida me ensinou a esperar e a me contentar com os frutos de nosso sítio. Às vezes saia com o cachorro para o mato para ver algum bicho que não costumava ver, as vezes via, mas quase sempre só encontrava mato.

Acho que sempre esperei encontra algo que me fizesse sair da monotonia. E qualquer coisa servia para isso.

O tempo passou e descobri que nos livros onde haviam vários mundos, pessoas, lugares e tudo que me fosse permitido sonhar.
E foram os livros meu passatempo e meu passaporte para viajar pelo mundo...
Descobri a biologia, a filosofia, a poesia, a arte e tudo que mais me encanta. E eu tinha fome de descobrir estes universos e os apreendi dentro de mim. Através da botânica,  ampliei o meu mundo de infância. Através da filosofia me foi revelado as mais variadas faces humanas. A filosofia me ensinou tanta coisa e me fez perceber que sou uma pequena estrela numa galáxia infinita, e me fez compreender que nunca saberei tudo, mas o mundo me é revelado enquanto vivo. Através da poesia posso misturar realidade com fantasia e por meio da arte me é revelado o mundo humano.

E a vida me ensinou que os mistérios estão dentro de nós... Leia Fernando Pessoa e vai ver que não estou confabulando sozinho.

Reviver

Quando se mora muito tempo em uma cidade e muda para outra cidade, outro bairro e outra casa. muda-se também em nós um pouco do somos. Novos hábitos surgiram, novos lugares, novas pessoas, novos acontecimentos e por fim novas perspectivas.
Engraçado que passado um tempo, algumas coisas continuam a mesma, mas tantas outras se modificam. E quando voltamos para reviver ou matar as saudades, sentimos falta dos velhos hábitos das ruas, da nossa casa.
Voltar é reviver. Sentir quem fomos e quem somos, nossas memórias nos trás a tona quem somos de verdade, uma soma do passado mais o presente. Se gostamos de onde moramos, este lugar como são doces as memórias. Caminhar pelas mesmas ruas, sentir os antigos aromas dos jasmins, da dama da noite, no mesmíssimo lugar, as ruas, as flores, rever as pessoas conhecidas, caminhar pelas ruas. Mas não podemos reencontrar todo mundo, pois os amigos também partiram, restam as doces lembranças.
Tudo isso, nos faz mais felizes. E nos norteiam para vir a tomar posse do presente.
Timidamente como o sol se põe, percebemos que não somos mais o dia neste lugar, restam apenas
o brilho das estrelas, nosso dia está em outro lugar e talvez em outro, e mais outro...

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Assim feliz

Ao longo de um dia tantas coisas acontecem.
Hoje quando acordei, era um dia mais jovem,
um dia menos experiente...
Hoje quando acordei,
o dia estava tão bonito!
O sol brilhava,
O vento soprava suave.
E o dia foi suave,
E o dia se passou
ao sorriso dos velhos amigos,
doces conhecidos,
e maravilhosos lugares
onde vivi por quatro
maravilhosos anos.
A noite estou assim feliz...

sábado, 6 de abril de 2013

Revelações


A vida revela tantas coisas a um homem.
A alguns lhes revela muito em pouco tempo a outros lhes revela pouco em muito tempo.
Na maior parte das vezes as revelações são forjadas através da dor. 
Sentimentos como o amor, reações como a doença, a sensação da desilusão, da angústia e por fim a morte. 

O amor é uma faca de dois gumes que corta profundamente quando não correspondido. Só sei que a vida é tão estocástica que ceder ao amor é muitas vezes ceder a dor. Portanto é preciso ser forte para poder amar. O amor é para poucos que tem coragem, em frente as provações da vida. O amor é a maior prova, a maior de todas as revelações que a vida pode lhe presentear. E sua descoberta, pode ser um grande começo ou um grande fim.

A doença é uma disfunção em nosso corpo físico que gera dor e busca pela cura. Esta dor gera uma reação a desordem uma busca a ordem a saúde. A doença é uma luta que se busca recuperar o que perdeu sem saber como isto aconteceu. A doença muitas vezes moraliza nossos orgulhos, nos serve de mestra a vida.

A desilusão cedo ou tarde chega ao homem. Nem todo homem é fraco o suficiente para sentir desilusão porque a alguns a vida é condizente já com outros é desconcertante e lhes revela a angústia.

A angústia advém das dúvidas, das decisões que temos que tomar perante a vida.

Mas qual o ser humano que não se angustia, diante de um fracasso, diante da revelação de suas fraquezas, de seus limites e tudo que lhe revela fronteiras. 

A morte é equacionadora de tudo que tem vida. A morte não tem cheiro nem textura, não tem cor.
A morte é um simples desencarnar. Eis que em meio a vida, em um milésimo de segundo, todo que a vida lhes revelou é deletado para a eternidade. A carne esfria, enrijece e muito em breve se degenera. E àqueles que compartilharam da vida resta o vazio e a dor.

Vida é sinônimo de possibilidades, algumas vezes precisamos de revelações para nos atermos e corremos atrás de uma destas possibilidades. Está diante destas revelações pode nos fazer aceitar a vida, aceitar as situações, aceitar a aceitar, não antes de refletir e tomar a decisão que lhes é revelada.

A dor é um divisor de águas nos ensina e para isso corta na nossa carne.

Felizes  os que creem em algo pois serão mais suaves os sofrimentos.

All is vanitas


sexta-feira, 5 de abril de 2013

Chuva, manhã e sexta-feira

A chuva que agora cai,
é uma chuva da manhã.
Hoje é sexta-feira.
Chuva e sexta-feira soam tão bem,
Enchem a alma de alegria.
Cada pingo que cai
é uma gota de alegria,
manhã fresca,
Vida ao vento,
vida ao tempo,
E a chuva cai,
e a chuva canta,
é a natureza revelando
uma de suas belezas,
horas ruge o trovão,
e a manhã se passa,
molhada e viva.

Talvez Jung explique

Ontem, à tarde, quando o céu parecia que em instantes iria desabar lufadas de vento frio, aquele vento que antecede a chuva, me fez lembrar minha primeira escola. Foi naquela pequena escola, no sítio, que aprendi a compreender muitas coisas. Foi ali que comecei minha longa jornada de vida estudantil, ainda era década de oitenta. Foi ali que aprendi a ler e escrever com dona Livani.
Mas como dizia, mesmo pequenos, já eramos capazes de saber quando estava para chover, através do o vento que, às vezes, soprava do poente. Sempre era um vento frio, sempre que soprava, mais tarde chovia, então já tínhamos como certeza que a chuva viria.
Passados muitos anos, muito distante dali a sensação do vento frio da chuva ainda é revelador e maravilhoso. Faz-me sentir feliz. A chuva era motivo de felicidade para nós no nordeste.
Naquela tarde, enquanto caminhava refletia e contemplava a natureza, o fim da tarde, a chegada da chuva e este turbilhão de impressões que me acometia.
Às tardes são sempre maravilhosas embora, muitas vezes, estejamos confusos. Quando saio para caminhar o mundo se revela como uma chave e abre uma série de memórias e esqueço as coisas ruins que me atordoam e me sinto melhor...
As sextas-feiras, naquele tempo, ficava muito feliz quando ventava do poente... Meu coração enchia de alegria. E ainda hoje me sinto bem com o vento frio da chuva
Vá entender, talvez Jung explique.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Vanita

All is vanitas

A manhã caiu suave e nublada.
Zéfiro passou afável,
beijou Flora doce e perfumada 
e partiu.
As coisas agradáveis são deliciosas
de serem vividas,
mas as coisas desagradáveis
tem um certo dissabor.
As estações se sucedem,
o fruto doce ou é consumido
ou apodrece.
Tudo é tão passageiro
e se tudo é tão passageiro
porque há vaidade?
Vaidade em contemplar
a manhã nublada
e sentir a brisa suave,
Virão dias de sol e calor
e dissabor
e vamos esperar por dias melhores.
E o que nos sustenta vivos
senão a esperança.
Zéfiro sempre virá
beijar Flora!
Mas flora é vanita
e Zéfiro não...
Zéfiro é eterno
E flora é passageira.




quarta-feira, 3 de abril de 2013

Desconhecidas

Nesta vida, neste mundo e nesta existência há mais coisas desconhecidas que conhecidas.
Conhecemos as coisas em partes muitas vezes simplesmente porque apenas nos acostumamos com elas. Passamos nossa existência sem se atentar para as belezas e a forças que existe no mundo. Somos tão subjetivos que nos atentamos apenas para o nosso universo, a aquilo que nos convém. 
E me pego surpreso com as coisas pequenas desconhecidas, pois são estas pequenas revelações que me fazem ver o mundo com maior amplitude. Aprendo muito com sensações intensas como dor e alegria. Nem sempre controlamos nossos sentimentos, nossos desejos e acabamos ocultando toda a beleza que há na existência.
Quando aprenderemos a ver essas coisas? Quando refletiremos sobre as coisas que lemos no mundo ou nos livros? Talvez nunca, talvez sejamos para sempre ignorantes. Talvez tenhamos ambições de ficar rico vendendo peixe, sendo mais esperto que os outros.
Talvez passemos a vida olhando para o que não temos.
Estas reflexões cortam na nossa própria carne. Até quando seremos hipócritas?
Até quando vamos crer numa situação perfeita?
Não sei, e por isso fico divagando e me esqueço de viver a realidade.
E me questiono quanto sou superficial...E tenho tanto medo desta superficialidade... E não vivo o presente.
Bom, tenho que me ater aos meus sentidos para ver as coisas mesmo que superficiais como sou.
Que as coisas desconhecidas e reveladas cada dia me façam alegre quem sabe feliz...
Tudo é tão efêmero... e parece tão eterno.

Deeply

Há dias que não queremos sair da cama, abrir a janela, tomar o café.
Há dias em que nos sentimos no fundo do poço.
Há dias que nos sentimos enterrados na lama.
Dias em que nem a beleza das aves nos faz sorrir,
nem a beleza revelada pelo céu, pelas flores,
pela brisa...
Dias em que as notícias não nos interessa.
Que queríamos sumir.
Dias em que nos sentimos fracos,
tristes reduzidos a nada.
Dias que vemos todo o mundo seguir,
mas queremos permanecer em inércia.
Dias que não percebemos o sabor das coisas.
Queremos ficar na cama sentindo
nossa cama nos abraçar.
Estes dias existem, sim eles existem e um dia pode ser seu dia.
São dias que sentimos parte de nós morrer,
São dias que vemos a pior parte da vida.
São dias disaborosos.
Dias que fugimos, que nunca queremos viver.
E o que devemos fazer?
Não sei, pois hoje nem quero pensar,
estou vivendo um dia destes.
Todos merecemos viver...
Até que venha um novo dia.

terça-feira, 2 de abril de 2013

Unir

Isso aconteceu a muito tempo.
Numa fazenda muito grande e rica havia um maravilhoso pomar onde se encontravam as mais doces frutas das mais vigorosas fruteiras. Foi ali sob a palmeira que um casal de maritacas se conheceram. Foi engraçado porque aquela linda maritacazinha estava com uma maritaca esquisita. Elas pareciam serem amigas. Então a maritaca macho ficou amigo da maritacazinha jovem.
E eles se conheceram e ficaram amigos e namorados. E tudo que iam fazer era juntos. Voavam de lá pra cá. Voavam e ficavam nas praças namorando. Eles se gostavam tanto. Um cedia seu tempo para o outro. E ai vieram os amigos e ai vieram as conversas. E aquele casalzinho já não faziam coisas juntos. E cada vez mais faziam menos coisas juntos. E cada vez mais aparecia mais diferenças. Mas mesmo assim estavam juntos. Depois eles tiveram que mudar de cidade e a coisa ficou mais difícil... Depois de tanto vivido juntos. Ah, a distância e as diferenças...
As maritacas voaram para longe. De coração partido...
Falta tanta coisa na vida. A vida é tão complicada. E viver sozinho é tão ruim. Se viraram legal.
Mas por que as coisas tem que acabar.
A vida é tão ingrata.
Na fazenda não podem mais voltar.
O que resta? O horizonte, as saudades...

Roseira do meu jardim

Como arde a luz do sol.
Roseira vermelha que cresce no jardim,
como são belas tuas rosas encarnadas,
como são doces e perfumadas.
Rosa não te perfumas para mim,
Não sedes bela e doce e maravilhosa para mim...
Rosa de folhas viridescentes
quando desabrochas uma rosa,
quando desabrochas uma rosa...
É toda para mim?
Toda ela perfumada e elaborada!
Tu crescestes em meu jardim...
Lágrimas salinas lavam minha alma,
até me acalmam...
Roseira, rosa... carne viva é assim,
É preciso cortar na própria carne,
o que há e o que já não há de tu em mim.
Em que passo descompassado nos perdemos.
Em que lugar não nus ouvimos?
Roseira que cresceste em meu jardim,
enfeitastes minha casa!
Como será o meu jardim?
Soturna a noite chega,
cadê o perfume das rosas?
Será sempre noite em meu jardim?
Há de renascer!
Havemos de renascer...
Roseira, rosas!
Já não miramos a mesma estrela a noite.
Onde nos desencontramos?
A luz do sol queimou as flores dos nossos vasos.


Continuam comigo

Cada um de nós tem memórias em flash que acende e apaga instantaneamente.
Cada um de nós retém ou simplesmente ignora e filtra estas imagens.
Minhas memórias flash são tão inúteis  que às vezes me pergunto por que vejo estas
memórias em flash?
Vejo flashs da caatinga seca, torrida. Vem a minha mente nosso cão deitado nas folhas secas a sombra do cajueiro...
E o que isto significa?
Não sei, coisas tão triviais...
Outras vezes vejo flashs de memórias que me irritam!
Não consigo compreender nada disto.
Quantas coisas não foram apagadas de minha mente.
Quantas coisas não são apagadas de nossas mentes.
Estas memórias, nem sei se elas existem,
nem sei como meu cérebro filtra.
Creio que são coisas desprovidas de reflexão...
O curral seco, a palha de milho, o cachorro...
Meus livros velhos,
Minha ingenuidade...
Carrego um monte de coisas que poderiam ser deletadas.
Mas continuam comigo!

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Ocaso

As sombras da noite apagaram o espelho do lago.
Cadê as luzes?
Foram ofuscadas pelo ocaso.
Na hora do ocaso,
almas perdidas vagam entre o dia e a noite...
Hora do anjo...
Mentes perdidas,
vida e morte,
claro e escuro,
dia e noite...
Ocaso...
Através do ocaso
a noite se coroa
deusa Nix
e seus mistérios imersos
nas sombras da noite.
ocaso, ocaso, ocaso.

Breve aurora

Como é lindo o aurora.
A quanto tempo não o via.
Sempre o via em Campinas.
Hoje muito cedo 
no ônibus pude contemplar
novamente o lindo aurora.
Não pensava em nada
apenas vivia o aurora.
O céu ficou encarnado
e aos pouco o sol
diluiu toda a sombra da noite,
E o sol surgiu
e fez as flores desabrocharem,
as flores quando desabrocham
parecem rir para o mundo,
desabrocham para a vida,
mesmo que efêmera.
Efêmero aurora,
Efêmera vida.
E vejo a vida num
instante breve...
Numa breve aurora.

domingo, 31 de março de 2013

Tempo, estação e chuva

Ontem a tarde choveu, mas não foi chuva forte nem chuva fraca.
Então a noite caiu úmida, fresca e suave.
As noites frescas após a chuva exalam cheiro de vida.
É a impressão que sinto sempre após sair a noite após a chuva.
E foi o que senti ontem quando voltava pra casa.
Senti a brisa fresca da noite, o perfume úmido
das folhas verdes, e flores abertas.
Senti o cheiro úmido das murraias de Barão.
Essa sensação me fez mais feliz.
A luz fria envolvia meu ser...
Como é gostoso o outono,
como é intensa a vida sob suaves memórias.

sábado, 30 de março de 2013

Sábado

Sábado.
Quando a gente é criança, fica feliz com coisas bem simples como sair para brincar na casa dos amigos, receber balas, brinquedos, soltar traque no São João e até mesmo vencer qualquer jogo de criança. Viajamos em nossas brincadeiras.
Quando criança ficava muito feliz nos dias de sábado, pois achava um dos melhores dias, era nestes dias que vovó vinha do sertão fazer a feira trazia Meire, minha irmã mais velha, que morava com ela deixava lá em casa. Papai também a feira fazer as compras da semana. Naquele tempo todo mundo ou andava de bicicleta ou a cavalo. As estradas em frente a nossa casa ficavam quaradas de gente subindo do sertão para a rua e à tarde quando voltavam para casa. Mamãe sempre me pedia para pastorar os peixeiros pra comprar uma palha de peixe, geralmente só comíamos peixe nos sábados. Eu ficava lá no terreiro pastorando. Enquanto fazia as lutas de casa, eu ficava lá no terreiro da frente da rodagem esperando aqueles homens ou de bicicleta ou a cavalo. E quando passava um peixeiro conhecido, gritava para mamãe que vinha às pressas. Eu sempre gostava de escolher os peixes com a mamãe. Escolhíamos pelo tamanho ou pela cor da branquia, quanto mais fresca fresca a branquia e maior melhor. Depois ia brincar com a minha irmã Meire e Lidiana. Havia aquela expectativa pela volta de papai da feira que sempre trazia um punhado de confeitos. Naquele tempo as balas embrulhadas em papel uma delícia.
E o dia se passava era ruim ver Meire ir embora, os transeuntes voltavam para casa, vez por outra havia um ou outro que voltava embrigado.
Muitos destes passavam lá em casa para beber água.
Depois que minha infância passou, acabou aquele fluxo de gente. Hoje todo mundo só anda de moto. Os homens do sertão se mudaram para a cidade.
Hoje não passam mais peixeiros e os sábados já não são tão bons quanto aqueles da infância.
A felicidade de adulto é mais exigente, é preciso mais que um sábado e balas para ser saciada.

sexta-feira, 29 de março de 2013

Crença! a noite chegou

A noite chegou quase por completo.
A mais de dois mil anos, aquele que homem por muitos considerado filho de Deus não iria ver o mais o anoitecer. Ele foi crucificado sem se defender. Naquela sexta-feira sofreu entre dois ladrões e como um criminoso foi crucificado. Ele que só viu aquele dia nascer. A noite chegou por toda eternidade.
E a noite caiu como caia antes deste fato e continuou a cair e continuará a cair por toda a eternidade.
Quantos que viram a manhã passar e a noite hoje passou a ser eterna.
Através da minha janela vi a noite cair
e ela caiu antes que terminasse de escrever este pequeno texto.
A brisa atravessa a janela, não faz calor nem frio...
A televisão ligada... ouço blue.
Tanta coisa mudou de minha infância para cá. Mudei meu jeito de pensar...
O tempo já parece profundo em minha mente.
Jesus que a tanto morreu, ainda é importante, mas já não me parece o filho de Deus.
A borra da tarde se desfaz.
A comodidade e o respeito a certas cosias partiram com a tarde.
É noite, quantos que dormem não me chamariam de louco.
Quantos não me chamarão no futuro.
Cada povo, cada tempo.
E a memória da paixão continua viva em nossos corações.

Sexta-feira Santa.

Quando morava com os meus pais a sexta-feira santa era um dia sagrado. Os meus pais são muito católicos e no dia da paixão de Cristo fazer um jejum era o mínimo que podíamos fazer. Então neste dia, não comíamos nada até o meio dia, era dia de jejum. Ouvia que já que Jesus deu a vida por nós, ficar sem comer em sua memória, pelo menos até o meio dia era o mínimo que podíamos fazer.
O engraçado é que as perguntavam sempre: -" está jejuando"?
Quase cem porcento das pessoas de Serrinha do canto eram evangélicas, tínhamos duas igrejas uma assembléia de deus e uma batista... E a noite ouvíamos aquela louvação lamuriante na assembléia, enquanto a batista era mais comedida.
Para eles jejuar era besteira, perca de tempo. Comer carne vermelha também podia...
E nós uns poucos católicos tínhamos que aguentar ouvir essa maioria ignorante por não nos respeitarem, já que não falávamos dele.
Papai ainda diz que é fiel a igreja em que nasceu... Hoje deve está jejuando.
Bom ao menos mais gente naquele povoado e construíram uma capela lá para Santo Expedito.
De certo mais gente hoje vai jejuar em Serrinha do canto que agora tem três igrejas...
Hoje a sexta-feira contínua sendo muito importante continua sendo um feriado nacional.
E o mundo continua celebrando a paixão de cristo. Há aqueles que jejuem, mas a grande parte não mas o faz...
Um dia quem sabe não seja como meus pais, crentes nesta fé.
Mas agora vou tomar meu café, a nutricionista falou que temos de comer de três em três horas.

quinta-feira, 28 de março de 2013

Passar do dia antes da paixão


Vi quando o dia nasceu em Franca, cidade bonita.
O dia nasceu tão belo sobre os canaviais
e pequenas manchas de mata.
Toda a gente no ônibus dormindo
e eu bolando vendo o aurora raiando...
e a manhã nasceu
e o dia passou em Ribeirão.
A tarde foi tão bela e embrasada,
engraçado, como são belas as tardes
aqui em Ribeirão...
São enfeitadas de nuvens encarnadas
e a noite caiu...
Linda, escura
e silenciosa...
E a viva a Páscoa.

quarta-feira, 27 de março de 2013

Sob a lua cheia "memórias"

Desde quando a lua me encanta

Já quando criança a lua me encantava. Morava num povoado pequeno sem eletricidade. As noites eram escuras alumiadas pela queima do querosene em lamparinas ou lâmpadas a gás. Todo mundo comprava aquelas latas de 18 litros de querosene e uma ou duas vezes na semana havia um ritual de alimentar as lamparinas com aquele líquido mágico. Lá ia papai ao armazém com as lamparinas carregar as lamparinas. Tínhamos que tomar banho antes do sol se pôr. Então, depois da janta, um fósforo acendia as lamparinas. Muitas vezes, saímos para as casas dos vizinhos para conversar e disparecer. Naquele tempo sabíamos conversar, narrar histórias, fazer as bocas de noite, não eramos meros telespectadores. Mas muitas vezes as histórias de adulto não eram tão interessantes. Gostava das histórias de caça e pesca, mas como papai nunca caçou ou pescou, quando a conversa estava ficando boa, nós íamos embora. Papai adorava viajar, e quase ninguém ali, conhecera São Paulo, Rio ou Salvador. Papai ficava em desvantagem.
Eis que uma vez por mês tínhamos a lua cheia. A nossa lua cheia nascia ou na terra de Chico de Vicente de Joana atrás do sítio de cajueiro e bem em cima de uma carnaubeira ou na terra de Zezinho de Luiz atrás de uma maloca antiga de coqueiros catolés. Ela surgia grande imperiosa, ofuscando o brilho das milhares de estrelas que brilhavam no nosso terreiro.
A lua era fornalha de cor forte no início, no entanto vai perdendo a intensidade da cor e fica mais clara. Logo que se estabilizava, depois do memento de contemplação, depois que chegávamos na casa de boca de noite ou depois que recebíamos as visitas a festa começava. Eram gritos de alegria na escolha das brincadeiras, a minha favorita era cai no poço, mas tínhamos muitas e uma noite alumiada pela lua e pelo tempo. "Como eram felizes aquelas noites". Passado o tempo, tomado o café, chegada a hora. As brincadeiras acabavam, nós cansados ficávamos quietos, cansados, e assim depois de um até amanhã, ou íamos dormir ou voltávamos para casa. Como era pequeno, papai muitas vezes me levava no tuntun, sobre os ombros. E voltava cansado, caminhando devagar. Papai resumia as conversas com a mamãe. Eu ouvia o que eles falava e contemplava a lua.
Sentia-me seguro no seio de minha família  e sob a lua cheia.

terça-feira, 26 de março de 2013

O brejo

A noite caiu enluarada,
no brejo grilos cantam e namoram.
O brejo é um lugar esquisito,
mas tem cada coisa bela,
quem não conhece as talaumas...
Enfim, os grilos cantavam,
faziam uma algazarra
na noite de luar...
Pirilampos piscam-piscam sem parar.
Mas sempre tem o sapo velho,
verrucoso e chato
que vive ali a muito tempo
e conhece muito daquele lugar
só reclama...
Reclama da luz da lua,
do canto dos grilos,
do frio do brejo...
Mas não sai de lá
ou porque não sabe onde ir
ou porque tem voz para falar
bicho para ouvir...
Cada um fala o que quer,
cada um ouve o que lhe parece melhor,
Se ofende quem a carapuça cai melhor.
O sapo, os grilos, o luar e o brejo
existem, até que um sapo
de duas pernas chegue lá
e devaste tudo em nome
de sua espécie...
Raça de hipócritas.

Tarde perfeita

Hoje a tarde foi linda.
Não existe nada mais lindo que uma tarde ensolarada bordada de nuvens. 
Chega a ser uma tarde perfeita.
A brisa sopra suave,
a natureza em silêncio,
a água do lago ondulando
com o sopro da brisa.
E a tarde se vai cheia de tons,
Vermelho, marrom, azul, cinza...
Avião nos céus.
Homens pescando e o parque vazio,
nem uma criança,
ninguém no parque!
Ah, que sossego.
E a noite vai caindo,
Caindo...
E a noite vai surgindo,
desponta no vasto horizonte,
prateada, suave lua...
E seus raios deitam-se
sobre as águas do lago,
feito um caminho lácteo
e a noite vem vindo.
Mariposa voa devagar,
com suas asas de seda...
E a tarde foi perfeita.

domingo, 24 de março de 2013

O telefonema

Sempre fui muito matuto e para nós matutos algumas coisas marcam em nossas vidas.
Ainda me lembro a primeira vez que usei um telefone. Para os dias de hoje parece ser um absurdo, mas eu vivi e me emocionei com isso. Uma ligação não era coisa banal, as cartas sim eram, comuns e banais.
Lembo que já estava no ensino médio, sétimo ano de hoje,  quando pela primeira vez falei ao telefone.
Ano de 1993 quando cursavas sétima série. 
Minha cidade natal, Serrinha dos Pintos, que a pouco tempo havia se emancipado da grande Martins, já não era apenas um distrito. Ali tínhamos apenas um poso telefônico onde todas as pessoas recebia ligações de seus parentes distantes.
No nosso caso, meu irmão mais velho que morava em São Paulo. Nossa família se correspondia através de cartas com ele. Então, quando o dinheiro de meu irmão sobrava pouco, ligava pra mamãe ou para o papai nos fins de semana, quando o posto telefônico, TELERN, estava cheio.
Havia ali um fuzué, mas todos se entendiam e falavam com seus filhos, maridos ou irmãos. 
Era assim ele ligava na semana e deixava o recado com a atendente, marcando o horário que desejava ligar para a mamãe, quase sempre era Lenísia nossa vizinha que trazia o recado. Então a mamãe que ficava muito feliz e no dia marcado lá ia ela, a pé ou de carona, nem tínhamos moto ainda. Era muito bom ver mamãe satisfeita, nós todos ficávamos felizes. 
Certo dia, era tarde, estava em aula quando alguém apareceu na janela, Corrinha de Tonheca, e falou que tinha alguém que queria falar comigo ao telefone. Senti um frio repentino na  barriga, e minhas pernas ficaram meio bambas. Nunca tinha falado ao telefone. Morria de medo e vergonha de falar no tal objeto. Então sai andando e depois corri. Chegando lá, peguei no telefone, daqueles antigos de disco, pus no ouvido: "Alô."
Era meu irmão, foi algo maravilhoso, fazia tanto tempo que não ouvia sua voz, acho que foi recíproco. Conversamos um pouco, ele falou que queria falar com mamãe no fim de semana. Depois voltei para a sala feliz. Nunca mais tive medo do telefone.
Coisas simples que marcaram minha vida no interior.

Dissolução do tempo

O tempo de nossa vida não dilata, mas ao contrário se contrai.
Quando eramos criança tínhamos a noção que os anos se arrastavam.
Queríamos tanto que o tempo passasse bem de pressa, pra que pudéssemos fazer muitas coisas que só um adulto poderia. A nossa falta de noção, nossa inexperiência e ingenuidade dava-nos esta falsa impressão, mas pelo menos a vida era amena. Já entendiamos das coisas.
Com do passar dos anos é comum que nós passemos a compreender a vida e sua ácida realidade.
Descobrimos que os nossos super-heróis não existem e nos frustramos e passamos por um processo contínuo de aprendizagem. Passamos a perceber que as coisas só acontecem em nossas vidas se fizermos acontecer e o tempo que tinha uma grande dimensão aos poucos vai se dissolvendo. E então aprendemos mais um pouco quando percebemos que para muitos entes queridos é chegada a hora de partir e sentimos a perda e sentimos a responsabilidade da vida.
Então descobrimos o amor e percebemos que cada minuto do lado da pessoa amada é quase nada,
o tempo se torna ínfimo.
E o tempo de dissolveu quase todo, pois precisamos administrá-lo entre nossas atividades intelectuais, amorosas e profissionais.
E ai o tempo vai passando e chegamos a "melhor idade" onde os nossos desejos já se foram, queremos apenas viver o tempo que nos resta.
A melhor idade é trágica, uma ácida e trágica peça em que o fim está próximo. Temos que ficarmos felizes por não nos tornamos reféns de nós mesmos. E o que pensamos nesta hora?
Que o fim está próximo.
Estamos maduros e experiente e nesta melhor fase temos que descer da viagem que é a vida
e o tempo acabou...
Que nos resta?
Quantas gerações não perceberam isto? Milhões, mesmo assim continuamos a ser uma espécie prepotente que se acha inteligente...
Nada mais orgânico para provar quanto somos animais indistintos das demais categorias...
Só porque construímos uma ideia de tempo e aprendemos a nos organizar e protelar nossa existência, nos eternizarmos por nossas obras. Somos diferentes?
Só o tempo calará e renderá nossos orgulhos.
E o tempo já se dissolveu...  

sábado, 23 de março de 2013

A noite

A noite é silenciosa e sombria.
Ela muitas vezes nos perturba,
nos faz sentir mais solitários,
e as vezes condensa tristeza
em nossos peitos.
Está sozinho às vezes é bom,
mas às vezes é péssimo.
Uma noite de sábado sozinho
é algo muito ruim...
A gente se sente abandonado
e desiludido.
O que pode melhorar
ou piorar?
Quase nada ou muita coisa.
Sabe-se lá.
Após o ocaso,
a solidão noturna
é tão sombria, densa e fria,
mas nosso consolo é que sempre passa,
sempre vai passar.

É isso o tempo

 O sofrimento dilata o tempo! O tempo não existe! O tempo é um conceito. Eternidade é a ausência de tempo. Vinícius de Morais cunhou a frase...

Gogh

Gogh