Madrugada escura,
Acordo!
Saio fora do quarto,
Ali está a plenitude do universo,
Um céu tão escuro
E tão estrelado.
Penso na existência,
Ouço o ronco de mamãe e de papai.
Tudo está bem,
Acordamos e tomamos um café juntos.
Que coisa linda.
A concepção de mundo é subjetiva, sendo a experiência sua fonte capital. O mundo é representação. Então, não basta entender o processo aparentemente linear impressão, percepção e o entendimento das figuras da consciência. É preciso viver, agir e por vezes refletir e assim conhecer ao mundo e principalmente a si mesmo. Aprender a pensar!
Madrugada escura,
Acordo!
Saio fora do quarto,
Ali está a plenitude do universo,
Um céu tão escuro
E tão estrelado.
Penso na existência,
Ouço o ronco de mamãe e de papai.
Tudo está bem,
Acordamos e tomamos um café juntos.
Que coisa linda.
Passei na rua e fiquei impressionado,
Com o cheiro não sei se era de uma flor.
Procurei por todos os lados, não reconheci tal odor,
Olhei, olhei e nada.
Que estranho e delicioso aroma.
Depois cai no esquecimento.
Mamãe,
Ontem fez dois meses que a senhora se foi,
Significa que nunca fiquei tanto tempo sem te ouvir,
Brincar, me aconselhar, me chamar a atenção.
Nunca estivemos tão distante,
Nem quando viajei para tão longe.
Sinto muito sua falta mamãe.
Às vezes choro, pensando em ti,
Choro de saudades.
Mamão onde estiver saiba que te amo eternamente,
Não me esqueço da senhora...
Se sou tudo que sou porque a senhora me deu a vida, me educou e me ensinou tantas coisas.
Sei que estas palavras não ouvirás,
Devia ter dito antes,
Todavia sempre te disse que te amava.
Várias vezes... isso me enche o coração de paz e amor.
E a senhora respondia que me amava.
Sempre fomos tão próximos.
Que saudades de você.
As dores em ti eram grandes,
Se Deus te levou foi para suavizar,
A existência estava sendo muito dura como sempre foi com a senhora.
Nunca vou me esquecer de ti mamãe,
Nem do papai que foi antes.
Nossa que vazio ficou na minha vida.
Minha sorte é que tem o Vinícius e Dayane e os irmãos.
Quando vejo e brinco com ele me lembro tanto de ti.
É assim a vida.
Assim são as coisas.
Ontem rezei para ti.
Tenho que rezar mais.
Assim a vida vai passando,
Um dia nos reencontraremos mamãe na eternidade.
Muito obrigado por tudo.
Te amo,
Beijos e abraços.
Tarde que cai,
Tarde que vai,
Não volta jamais,
Não torna jamais,
Tarde que esfria,
Tarde fim de dia,
Tarde parte do dia.
Cata um bem-ti-vi.
Oca soa a existência.
Oca soa a existência.
Resumo do dia,
Tarde.
Os momentos podem deixar marcas duradouras.
Os momentos em que estivemos juntos foram tão intensos.
Durante a vida...
Em teu seio fui gerado,
E por ti alimentado,
Tu me ensinaste a andar, falar.
Minha seta direta.
Que saudades de ti.
Onde estarás agora?
A chuva quando chove é tão bonito.
Pingo a pingo vai molhando o chão,
Amolecendo o barro e o torrão,
E água se dar na terra se acumula,
Tomando qualquer forma que a desejar,
Aos poucos vai brotando nos ramos,
Vai moldando gemas formando folhas e flores,
A semente faz germinar da potencia aristotélica, um ato se transformar,
E o embrião adormecido a vida acordar.
A chuva tão amada por meus avós por meus pais e por mim e por todos nós.
Água é fonte de vida.
A chuva é fonte de água,
Que maravilha perceber a beleza da chuva.
Entender a importância da chuva.
A gente precisa da chuva pra plantar o que comer.
Feijão, milho, abóbora, melancia e tantas frutas peculiares.
Que nos alimenta e nos sustenta.
Papai amava a chuva, morria de medo do trovão e do relâmpago.
Mamãe se divertia com o medo de papai.
Tempo bom aquele.
Nas chuvas da tarde a gente se abraçava
Com o olhar.
A gente se banhava na bica,
Se secava junto ao fogão
Enquanto o Xerém borbulhava cozinhando,
Papai num tamborete bem sentado
Contava alguma graça.
A gente contente, feliz com a água em abundância escorrendo da bica,
Baldes, potes e tanque cheio,
A cisterna cheia.
O ronco barulhento do trovão,
O flash do relâmpago...
A chuva demorada até a noitinha,
Papai saia para o curral engurujado feito frango molhado,
Ia alimentar o gado.
A galinha com os pontos sob as asas dormia na casa velha, na área pequena da cozinha
Se virava como podia dog o cachorro de longa data.
Após a chuva cantavam os cururus.
A noite silenciosa chegava,
A gente se alimentava,
Na cama amada sob cobertas de algodão
Se esquentava,
Mamãe nos enrolava e mandava a gente rezar.
A a chuva chovia a noite inteira.
Parece um sonho de inverno...
Será a vida um longo sonho?
Será a chuva um despertar?
Que saudades da minha mãe.
Mamãe tu partiu e me deixou.
Meu coração está tão machucado,
Tão sofrido sem a senhora para me aconselhar.
A gente combinava as coisas.
Tínhamos tantas ideias semelhantes.
Mamãe. Mamãezinha.
Porque as mães não são eternas.
Ainda ontem te dava os remédios,
Massageava suas pernas e pés.
E você se foi.
Nunca imaginei.
Parece que estou vivendo um pesadelo.
Mãezinha ainda bem que sempre te disse
Te amo.
Pude ouvir de ti que me amava.
Saudades de você mamãe
Saudades do papai.
Saudades.
Uma cruz no meio do caminho.
O que significava aqui?
Pensava quando criança.
Que coisa mais mística.
Abalava minha alma inteira.
Perguntei para papai o que era aquilo.
Ele me respondeu uma cruz.
Mas para que serve?
Para marcar que ali morreu uma pessoa.
Morreu?
O que é morrer?
Por muito tempo desconheci a morte.
Quando descobri o que era morte.
Fiquei com medo.
Perdi minha inocência.
Chorei desesperado.
Já que a morte diziam era uma coisa para todos.
Chorei porque pensei em perder os meus pais para a morte.
A morte se revelou... acho que aos nove anos.
Perdi meu primeiro avó.
A luz de lamparina e velas
Era alumiado aquele corpo idoso.
Um caixão simples de pano azul celeste.
Mamãe e papai choraram.
Doeu meu coração.
Nada fazia muito sentido.
Outro dia sai correndo para trás da casa velha que era germinada a nossa.
Sob o cajueiro, olhando o poleiro das galinhas que ali se faziam.
Chorei... chorei que só.
Era a consciência se estabelecendo em mim.
Era ela expulsando a minha inocência.
Quantas coisas não aconteceram depois ali em nossa casa.
O mundo se desvelou.
Conheci um poema profundamente de Bandeira.
Quando o li, me entristeci.
Hoje papai e mamãe são quem dormem.
Como dói.
Dói no fundo da alma.
A cruz... a morte... o ser.
Nada fica.
Nada é em si.
O tempo tudo dissolve.
Aquela planta ali, é um jasmim-manga.
Veja suas folhas são semelhantes as de manga.
Veja quão alvas são suas flores e amarela sua fauce.
Tem também flores rosas.
Suas flores são tão perfumadas.
Meu primeiro contato com esta planta foi traumático.
A primeira vez que vi.
Vi flores que enfeitavam e perfumavam um corpo frio.
Um corpo numa urna de pano, um caixão.
Um defunto, do latim defunctus aquele que deixou de existir.
Um cadáver, do latim "carne data vermem", carne dada aos vermes.
De qualquer forma tudo associado a morte me parece estranha.
Enfim, aquele odor, e aquela forma pentâmera cravou em minha mente a associação com a morte.
Criou em mim uma marca profunda que só a botânica conseguiu extrair.
Enfim,
Aquela planta que conheci na infância como jasmim.
Continua a ser jasmim.
Porém agora sei que pertencia a família das apocináceas,
Ao gênero Plumeria.
Espécie Plumeria rubra.
E o que muda? Sua forma de conhecê-la.
É certo que morreremos, mas quando vários conhecidos e queridos seus partem num curto tempo. A gente fica acabrunhado! A luta do corpo com ...