Às vezes, a gente fica concentrado,
Fazendo atividades cotidianas,
E ouve sons de coisas humanas,
Som de longe distinto e perturbado,
Parece que ouvimos o eco do tempo,
Parece que nos perdemos no espaço,
A gente sente intensa nossa individualidade,
Sente o quanto somos solitários
Talvez tenha tido essa sensação
No estalado a queimar a maravalha,
No ferver do café com água que borbulha,
No chiado da chuva longe que vem chegando,
Na solidão noturna ouvindo um roncar...
Coisas humanas,
Coisas humanas,
Coisas humanas,
Pulsações da vida,
Que renega até a morte a morte,
Esse medo do desconhecido,
Aprendido desde o ser um bebê.
Agora ouço longe
Roncos de motores,
Ecoando nas ruas,
Longe muito longo vou,
Estou no meio do mato,
Ouvindo roncos de motores
Ecoando nas gargantas das serras,
Ecoando entre as caatingas...
Quem desconhece a cinza
Que se faz ao apagar crepuscular
De cada dia, o cantar da ave maria
Na voz de Gonzaga...
Esse profundo eco
Espelho do tempo,
Eternidade momentânea,
Num ponto é fiado é tecido
O presente e o passado
No ser...
Agora a compreensão que o entendimento está para além da experiência.