Saudades de ti,
Saudades de nós,
Ficou o vazio,
E as memórias,
Doces estórias,
Tudo abstrato,
Continua a fé,
A esperança,
Aprendida
A vida é ser.
A concepção de mundo é subjetiva, sendo a experiência sua fonte capital. O mundo é representação. Então, não basta entender o processo aparentemente linear impressão, percepção e o entendimento das figuras da consciência. É preciso viver, agir e por vezes refletir e assim conhecer ao mundo e principalmente a si mesmo. Aprender a pensar!
Saudades de ti,
Saudades de nós,
Ficou o vazio,
E as memórias,
Doces estórias,
Tudo abstrato,
Continua a fé,
A esperança,
Aprendida
A vida é ser.
É preciso paciência na vida.
Saber onde está e aonde ir.
Sentimentos sem juízo,
Razão.
Esse momento agora
Que se faz um vácuo.
Quando as palavras se desnorteiam,
Pondo fora o texto inteiro
Particularidade de uma totalidade...
Fração de uma tarde,
Parte de um dia,
Momento que as palavras não conversam.
Uma ideia que não se faz,
Não segue um curso.
Um quadro desfocado.
Deixa acontecer.
Como o dia que se vai,
E o que sobra é anoitecer.
Em matéria de grafia,
Vamos fazer uma poesia,
Usando tupi,
Usando botânica,
Usando três palavras
Imburana,
Cajarana,
Jitirana,
O matuto entenderá,
E também aprenderá,
Essas três plantas
Têm origem caatinguícola,
De importância cultural
E alimentar,
Duas são arbóreas e uma trepadeira,
A primeira tem caule esfoleante
E madeira quebradiça,
Pode ser vista nas portas de pobres casas,
Em papeiros como colheres de papa,
Ou ornamentando casas.
A segunda quando madura tem grande altura,
Tem madeira vidrenta,
Muito fácil de quebrar,
Nela não vá se pendurar,
Sua fruta é saborosa,
De amarela doçura,
E suas flores inconspícuas,
São alvinhas estrelinhas,
Seus cachinhos bonitinhos
Por abelhas visitados.
E a terceira cresce como cordão,
Se enrolando na madeira das maiores copadas árvores,
formando latada,
Tem quando floresce é bela florada,
Não é planta perfumada,
Mas bela descomunal,
Alimenta a abelhada,
Com muitos tipos e diferentes cores suas flores,
De diferentes nomes... tipos de jititanas...
Deixando de lado a as particularidades,
Que compreende suas propriedades,
Vamos nos aprofundar,
Vamos a ortografia,
São palavras tupi,
Que termina com as sílabas rana,
Como a gramática diz o sufixo rana,
Imbu-rana é um falso umbu,
Caja-rana é um falso cajá,
Jiti-rana é um falso batata-doce,
Que gostosinha essa lição,
Obrigado pelo poemarana.
No alto da cumieira,
Dorme a linha de aroeira,
Dorme e sonha no passado,
Num longo tempo já ido,
Quando na mata crescia,
Mundo acima até o céu,
Da fartura de inverno,
Da agonia do verão,
Da sede que quase mata,
Da folha imparipinada,
Folha de odor apimentado,
De casca encarnada perfumada
Sua existência imponente,
E extremamente importante,
Para as aves se alimentar,
De sua flor come néctar a abelha,
Dos frutos come o louro são José,
Em sua copa ave que modifica
Bem-te-vi, nei-nei e pirrite,
Em sua sombra fresca corria frouxa a brisa,
Na base havia uma loje
Onde vivia sempre preá
Sonhou vendo seus frutos girando
Pelo mundo dispersando,
E a terra povoando de tudo que é aroeira,
Então a luz se acende
Acorda linha de aroeira
E acabei a brincadeira
Não importa o que aconteça,
No ano temos seca e inverno,
Uma estação sucedendo a outra,
Feito cobra querendo engolir o rabo,
Nunca muda a cada ano,
Apenas uma é maior que a outra,
E assim a natureza se encanta,
Cada ano uma paisagem,
A semente germinando,
A planta florindo,
A planta morrendo,
Tudo coocorrendo,
Numa só totalidade,
Brava e a natureza da vida
Que a tudo resiste,
E a gente humildemente só aprende.
Uma boa pergunta pode ser matéria para pensar a vida inteira.
E a gente vive tentando encontrar essa pergunta, esse motivo para viver.
Por não saber onde encontrar andamos perdidos anos a finco e as vezes passamos a vida inteira.
Se encontrei minha matéria para pensar.
Confesso que ando cansado de buscar.
Os anos tem me ensinado a ver a totalidade.
Acho que não encontrarei esse pensar na particularidade.
Não tenho a ilusão de que irei encontrar.
Aprendi um punhado de coisas,
Sistemas de classificações,
Entendimentos racionais,
Uma certa lógica do pensar.
De maneira que quando acho que cheguei a algum lugar,
Se olho a totalidade percebo que cheguei apenas a mais uma célula da existência.
Foi só uma mudança de esfera.
A dor nos ensina da pior forma,
Sabe quando percebemos que algo passou e ficamos atordoados sem perceber qual foi o lado.
Ainda alimento certas ilusões...
Não sou intenso como foi Cristo, Mozart, Gogh, Nietzsche ou Borges.
Se comparado sou um pequeno caramujo diante de mangas largas de corrida.
Não encontrei a pergunta,
Mas as reflexões se fazem mais rasas.
Se me perco nelas, talvez porque me deem prazer na vida.
Para além da necessidade
O que sobra é tudo vaidade
Imagine você na vida pretender
Escrever poesia,
Poesia metrificada,
Que ilusão...
Patativa teve sua catarse nos versos de um cordel,
Borges na madeira de imburana,
Eliseu nas cordas de uma viola,
Padin Cícero no sermão,
Lampião na coronha do fuzil,
Isso tudo é ilusão,
Tentar se eternizar em qualquer forma de expressão,
O destino é um só,
Carne dura, crânio rocha e caixão,
A terra frouxa quem come,
Essa carne que agora pulsa,
Isso tudo é ilusão,
Lutar em excesso por algo,
Ser o melhor,
Melhor fazer,
Feito os faraós egípticios,
Feito a filosofia socrática,
Feito o império de Alexandre,
A matemática de Euclides,
A genialidade de Eistein
Isso tudo é ilusão,
O joão-de-barro constrói sua casa sem pretensão,
Sabiá canta seu canto sem a mínima ilusão,
Um jumento quando rincha embeleza uma noite,
E o vento de açoite é sinal de bem está,
Quem não se refresca na água do açude na caatinga,
Bobagem e vaidade,
Isso tudo é ilusão,
Tem gente que se dana a poupar,
Comprar propriedade, casa, carro e até avião,
Gente que fala em riqueza
Gente que se aliena falando no que não sabe
Isso tudo é vaidade,
Não merece atenção,
Quem se importa com Mozart, Gogh ou Pessoa,
Tem algo para gostar,
Mas tem gente que gosta mesmo é de coisa simples
Feito caldo de cana,
Uma res gorda,
O apurado da safra...
Porque tudo é ilusão,
Já cantou o sábio Salomão,
Na vida tudo é ilusão,
Alguma coisa ameniza,
No final nada muda a equação,
Isso tudo é ilusão,
Nem mesmo vemos cerrar o caixão,
A melhor coisa é achar o meio termo,
E viver da melhor forma,
Acumular qualquer maneira,
Porra merda,
É tudo ilusão,
Deixe de procrastinação...
Viva a realidade,
Viva sua intuição,
Porque a perfeição é ilusão.
Marmeleiro que mato ligeiro,
Nasce e cresce em qualquer lugar,
De beira de estrada a tabuleiro,
Não precisa nem plantar.
Essa planta é pioneira,
A caatinga é seu lar,
Na seca se encontra nua cor de poeira,
No inverno fica verde ao se enramar,
A rama é boa de cheirar,
também flores e madeira,
A madeira é boa de usar,
Por ser fina e lenheira,
Com esta se pode cozinhar,
Se faz faxina e chiqueiro,
Ao jegue faz andar,
Serve de pau de galinheiro,
Com suas folhas macias
Muita gente se asseia,
Folhas veludas, discolores,
São simples laminada,
Com poucas folhas na ramada,
Tem início sua florada,
Com inflorescência pendulada,
De flores bissexuadas,
As Flores primeiras são pistiladas,
As segundas flores estaminadas,
Se quiser simplificar
Primeiro as flores femininas,
Segundo as flores masculinas,
Em diacronia estas são apresentadas,
Evitando de serem autofecundadas,
E assim nessa jornada por insetos são visitadas,
Besouros, moscas e abelhas voam alimentadas,
Garantindo que as flores sejam fecundadas,
Ah! pequenas flores pequenas e perfumadas,
Flores efêmeras logo em fruto transformadas,
Essas pequenas tricocas formadas
Explodem ao serem desidratadas,
Sendo a semente dispersada,
No chão fica desaparecida,
Fechando um ciclo de vida,
O marmeleiro é um nome popular,
Para a ciência é Croton blanchetianus
Croton palavra grega quer dizer carrapato,
Blanchetianus nome do suiço que coletou tipo,
Lá pras bandas do velho chico,
Nas caatingas da Bahia.
Na categoria familiar se trata de uma euforbiácea,
A mesma da mandioca, do velame, da maniçoba...
Mas ai é outra vertente,
Agora só quero acabar esse poema.
O marmeleiro,
O velame,
O pinhão brabo,
A maniçoba,
A urtiga,
A favela,
A burra leiteira,
São todas euforbiáceas
Seus nomes esquisitos
São todos muito bonitos,
Croton blanchetianus,
Croton heliotropifolius,
Jatropha molissima,
Manihot cartaginensis,
Cnidosculos urens,
Cnidoscolus quercifolius,
Sapium glandulosum,
Palavra de origem grega ou latinizada,
Para quem se importa na ciência,
Para quem quer conhecer,
Sabedoria de academia,
Sabedoria da vida,
Só com sua morfologia,
Se constrói uma poesia,
Arbustivas ou arbóreas,
Estípulas se fazem presente,
Seus ramos são perfumados,
Com tricomas dourados,
Ou glabros com glândulas presente,
Folhas simples, inteira ou lobada,
Concolores ou discolores,
Finas e peludas,
Tem filotaxia alterna,
Com folhas arranjadas em espiral,
Tem forte odor,
Tem leite com e sem cor,
As inflorescências cimosas ou racemosas
Com flores são unissexuais,
Seu fruto é tricoca,
Para a rima tome taboca,
Tem semente dura
De testa marmorada,
Tem carúncula para ser por formiga levada.
Nesse poema tudo se inclui,
Conhecimento é a base de tudo,
Marmeleiro de madeira mole e perfumada,
Quanto queima tem fogo vivo e aromatizado,
Velame de corpo velado,
Que odor mais perfumado,
O pinhão point do sertão,
Não tem verruga que não caia,
Tejo usa seu veneno pra vencer a cascavel,
A maniçoba prima da macaxeira,
Cede sua madeira para fazer colher de pau,
Mas cuidado mata gado se comer as folhas quentes,
Cianetos estão presentes.
Tem a peste da cansanção,
Que queima e arde como o cão,
Tem a faveleira, na bahia chamam de cocão.
Tem a burra leiteira,
Planta arbórea das serras,
De madeira alvinha,
Não sei pra que serve não.
Chega de alucinação,
Botânica não é brincadeira,
É cultura de academia e saber popular,
Respeite os mateiros, poetas e artesões,
E construa um maior conhecimento,
As euforbiáceas de caatinga aqui te apresento.
A casa A casa que morei Onde mais vivi, Papai quem a construiu, Alí uma flor mamãe plantou, Ali vivi os dias mais plenos de minha vida, Min...