terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Memórias

Os sentidos me abrem as portas para o mundo. Através dele conheço o mundo e internalizo as ações, através deles me tornei quem sou, embora pudesse ser mais plástico as ações do mundo. Estes mesmos sentidos despertam em mim sensações que podem me levar a reviver as coisas. Acender nossas memórias mais longas e torna-las presente. O som, as cores, textura e forma, o sabor. Vivemos o presente, mas sempre avaliando-o buscando em nossas memórias o que conhecemos e assim assimilamos, cimentamos nossos conhecimentos. Hoje pela manhã, quando abri a janela, chovia, então senti um aroma gostoso de chuva, este invadia o meu ser e despertou tão rápido quanto a luz a lembrança de minha casa mãe. O aroma das folhas e madeira molhadas me levaram longe no lugar e no tempo. Então de imediato vi a fumaça saindo da chaminé, o solo molhado, as gramas e o cheiro da madeira queimando. Percebi que naquela época não acreditava que o tempo não passava, me sentia preso, aquelas sensações não pareciam suficientes para mim. As frutas que degustava, a companhia de toda a família unida, a calma daquele lugar que parecia ser eterno. E hoje quando vou lá, fico perdido em meus sentidos, o tempo voa e é eterno. Hoje sei que  nada é eterno, até porque a experiência e os sentidos me mostram isso. Sou menos sonhador, mas vou buscando no passado, a força para realizar o presente.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Erva viva

Ah, o tempo até pode nos roubar tudo, mas pensando bem o tempo nos ensina tanto. Com o tempo aprendemos a sermos melhores ou piores. Se buscarmos sermos melhores o tempo nos dar essa possibilidade. Tendo em vista que a vida são possibilidades o tempo marca esses compassos e sucessivamente vamos melhorando na arte que escolhemos. E vamos cimentando nossos conhecimento, vamos nos consolidando como pessoas, humanizando-nos. Creio que cada um faz sua escolha, mas a mais humilde das escolhas e a convicção faz-nos felizes. As vezes sou ingrato ao tempo porque ele sempre me leva para a morte, mas enquanto isso, delicio-me da arte dos que souberam driblar o tempo e se imortalizaram. Tais pessoas são os pintores, músicos, poetas, pedreiros... tudo quanto respira e realiza. Alguns não se dão conta, mas passaram seus genes para nós nos educaram e o que seria deste mundo se não fossem as pessoas simples? Para isso temos possibilidades e escolhas de driblarmos o tempo, de sermos ainda melhores. Azar de quem busca o contrário, não creio que ninguém seja o pior, creio que muitos não tem persistência. A mais maltratadas das ervas, mesmo pisada e machucada, opta pela vida e renuncia a morte, se seu destino seja breve morte, mesmo assim cada dia que tem, que vive, é para a vida e não para a morte. Que assim o sejamos.

Gemas apicais

Depois de duas semanas fora, voltei para minha casa que me parece diferente, mas estão tudo igual. Acho que esta tudo igual apenas no meu quarto porque o meu jardim está bem diferente.
Hoje quando acordei, abri o computador e li os jornais  não vi nada de diferente. Senti-me cansado por isso tomei um chá, mesmo assim me senti mole. Abri a janela e nem namorei meu jardim, vi que a dichorisandra estava florida. Então deitei-me, levantei apaguei a luz e dormi um  breve sono que me revigorou como se tivesse dormido a noite toda. Acordei muito bem. Peguei um livro e li dois poemas de Bandeira. Então fui a janela e vi como está belo o meu jardim. Todas as plantas tem as gemas recuperadas, estão muito ramificadas, pois sempre que posso capo as gemas apicais que para elas ficarem mais ramificadas, junto as folhas e colo-as no canteiro só para minhas plantas terem adubo natural, trato sempre de rega-las para ficarem mais bonitas. Cuido das plantas, mas quem cuida de mim? Deus, bem e velho Deus dai-me paciência.
Joguei sementes de favas no meu jardim duas germinaram e crescem lindas. As heliconias e o boldo que plantei já pegaram. Creio que choveu bem aqui também nos últimos dias.
E a vida segue e o ano se inicia.

sábado, 7 de janeiro de 2012

Ameaça

Gostaria muito de caminhar agora a tarde, mas o tempo não me anima.
Nuvens escuras de chuva se aproximam rápido, não quero me molhar.
Será se vai chover? O vento sopra forte e frio.
Não sei se quero que chova ou não.

Mais humano

E o que sei eu do mundo?
Algo físico ou algo metafísico.
Quando criança e muito jovem
era regido pela religião e ética
ensinada pelos meus pais.
Hoje que cresci, sinto que ainda
estou preso as ideias de meu pai,
ao carisma e doçura de minha mãe
que sempre fez tudo para me agradar.
E o meu mundo pouco a pouco
foi criando vida, formas e cores
e foi se revelando cada vez mais
diversos.
E descobrir que podia caminhar
com minhas próprias pernas,
e que aquilo que buscava
no mundo onde nasci,
descobri que as formas,
todas as formas tinham nomes,
palavras que poderiam
serem interpretados por todos.
E foi num dia de sol que descobri
que através das formas
poderia tirar meu sustento.
E me sinto feliz ao saber
que saber o nome das
famílias das flores,
poderiam me alimentar.
E o que sei eu do mundo?
Não sei nada,
pois ainda tenho medo,
medo de não dar certo,
de não ter onde morar,
medo de voltar de onde eu vim,
mas voltar para onde eu vim
seria regressar
ou seria falhar?
Não sei,
sei que conhecer o mundo
não faz maior ou menor,
melhor ou pior,
faz-me ainda mais humano.
Faz-me mais humano viver mais e mais
neste breve mundo.

Sem eco


O tempo não para um segundo sequer. Então vai nos consumindo, nos corroendo e nos ensinando. Que memórias tenho do tempo? Quase todas as minhas memórias foram enterradas no tempo, quase todas, restam algumas impressas em fotografias ou documentos, mas são tão poucas. Há ainda as memórias vivas que aos poucos o tempo vai consumindo, meus parentes, vizinhos e amigos a morte os consome. E eu que sou tão displicente, desaprendi de como conversar. Muitos temas não me interessam mais, só porque parece que estou aqui por uma eternidade. É a falta de memórias provoca isso em nós. E quando vou descobrindo que vivi num mundo de mitos e de crenças tão ingênuo em que muitas coisas fazia sentido a luz do mundo em que vivia, hoje parece que vivi num mundo de adultos crianças. Meus avós eram tão simples, mas suas experiências o davam autoridade para seguirem suas vidas, o mesmo modelo foi seguido por meus pais e tios que aprenderam a viver tudo sozinhos, num mundo de faz de contas. Nesse mundo discussões por nada, orgulho de ego era comum. E quantas pessoas não se aproveitaram de suas ingenuidades ou digamos de sua ignorância. Foi naquele modelo, naquela forma que fui moldado como tijolo que quando barro úmido é moldado em uma forma, depois seca e é cozido e nunca mais volta a ser o mesmo barro, porque o fogo mudou as propriedades do barro. Tenho medo de já ter sido cozido e ter perdido a minha plasticidade. As condições onde eu nasci não eram fáceis e por isso o ter era tão importante por questão de sobrevivência e nessa ilusão várias gerações foram consumidas felizes ou tristes. O tempo as consumiu, sem sequer deixar um eco.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Sol e chuva

No finzinho de tarde chove suavemente em ribeirão,
o sol ainda teima em aparecer formando uma
linda paisagem, um gostoso contraste entre
a chuva e a luz do sol.
E só de imaginar o calor que estava,
só de sentir a gostosa brisa.
Que felicidade!

Breve ilusão

Guardei tudo,
tudo do ano que passou,
em um porão,
procurei deixar minha mente vazia.
Pensei em tanta coisa...
Então refleti o absurdo,
que escrevi, guardar tudo,
mas que tudo,
tudo meu que só preenche a minha imaginação...
Tudo isto não passa de uma breve ilusão.

Horizonte

Olho para o céu como quem olha para o mar e tudo que vejo é um horizonte distante. Pessoa disse que somos do tamanho do que vemos. Se for verdade sou muito grande porque adoro olhar para o céu a qualquer hora, adoro olhar a linha do horizonte no mar. Talvez não por ser grande é que goste de olhar para o horizonte, mas porque sei que sou tão pequeno, tão ínfimo que ador olhar para longe e imaginar o que poderia encontrar, algo que me tornasse imortal. Olhar para o longe faz bem a minha alma, pois parece que ela sente falta de onde veio do mundo. E olho para o céu, para as nuvens, para o nada, simplesmente imagens do nada do horizonte.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Limões

Quantas vezes penso coisas que me deixam indignado. Às vezes quando saio e percebo o quanto as pessoas precisam se tornar civilizadas. A educação resolveria isso? É muito saliente o desrespeito pelo qual somos pressionados a conviver. Atitudes que vão desde as mais medíocres como furar uma fila, jogar lixo pela janela do carro ou do ônibus, lavar a calçada com jato de água, ouvir o som do carro nas alturas até violência verbal e física no trânsito, assalto ou até mesmo assassinato. E por que esses fatos ainda nos deixam indignados? se são tão trivial onde moramos, além disso temos uma mídia sedenta que necessita ganhar dinheiro, e publicar, mesmo que sejam fatos irreais, quanto mais sensacionalismo melhor. E ainda tem as novelas, e os programas comentando as novelas, uma coivara que se tocar fogo nem cinza produz, vai tudo pelos ares. Creio que o Brasil nunca cresceu tanto, mas ao mesmo tempo, nunca o outro invadiu tanto o espaço alheio. As pessoas pensam que só  por terem poder de aquisição podem desrespeitar os outros, creem que só porque pode comprar, gastar podem invadir o espaço alheio. Indigna-me saber que a Justiça serve apenas para proteger o capital dos ricos. A merda é que hoje nem isso acontece, pois existem ladrões que são eleito pelo povo para surrupiar nossos bens. E o que acontece com os recursos arrecadados que deveria ser investido em diversas coisas na sociedade? Vão parar nos bolsos dos ricos. E como ficamos? Com a cara de ignorantes, sem saber o que fazer. E nós pobres mortais que reclamamos dos ladrões de colarinho, cortamos a fila do banco, jogamos lixo pela janela... porque achamos que podemos! Ah, quando vamos tomar consciência. Será se um dia essas coisas não acontecerão. Não creio, mas se só temos limões, que podemos fazer, tomar limoada azeda.

Só a fé

 É certo que morreremos, mas quando vários conhecidos e queridos seus partem num curto tempo. A gente fica acabrunhado! A luta do corpo com ...

Gogh

Gogh