quarta-feira, 8 de fevereiro de 2023

Sonho maternal

 Após 1,1 ano de ausência de mamãe,

A saudade é imensa.

Saudade de ouvir sua voz,

Ver suas alegrias,

Lutar junto com ela sua luta.

Saudade de seu cheiro,

Seu abraço,

Sua vitalidade.

A propósito,

Ela veio me visitar de madrugada em sonho.

No sonho estava no sítio de vovó Sinhá.

Estava tudo verde.

Um milho enorme, seco.

Quando saia do roçado,

Ela estava dentro do meu carro,

No banco da frente.

Ela me viu,

Olhou bem para mim

E sorriu.

Então acordei.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2023

Seguir

 Enquanto me concentro,

Minha mente foge do meu ser.

Ouço aves e cigarras entoarem seus sons.

Percebo as folhas caindo,

E me perco na leitura.

E me perco no momento.

Porque estou vivo.

Pulsa em mim vontade...

E algumas vezes sou feliz,

E outras vezes por desalinhamento,

Fico perturbado,

Mas é algo passageiro.

A mente é como o sol

Solta raios para todo o lado,

E como fotografia,

Algumas vezes esses raios voltam,

Fenômenos que nos fazem dispersar,

Ao invés de concentrar.

Vivemos muito no transcendente.

É preciso se atentar aos sentidos,

Aqui e agora.

Espaço e tempo.

E assim cumprir o que nos propomos.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2023

Transcender

 Estava lá na casa de mamãe,

Certo momento

Quando a manhã se vira tarde.

Ouvi cantar um bando de anum.

Sair correndo para ver.

Eram eles... 

A.

Tinham mesmo ali...

Sim!

Lindos.

Enormes

Com seu canto agudo

E olhos amarelos.

Com Vinícius nos braços

Lhes mostrava apontando.

Feliz sim.

As primeiras vezes as vezes nos emocionam.

Eles Cratophagas major,

Ali no meu quintal.

E era um grande bando.

A tarde caiu mais lindo.


B.

A chuva cai fininha,

Cai se derramando na terra seca.

Enquanto cai canta,

Parece rir.

A chuva cai fininha,

As folhas das árvores

Se refrescam,

Os troncos das árvores

Se refrescam,

Vai chovendo.

Chove chuva matinal,

Até a passarada silencia,

Para ouvir a chuva chovendo,

A chuva cantando.

As ervas agradecem

Seu frescor,

Seu conteúdo,

A chuva é água no chão,

É água do mar,

É água do céu

Que se derrama para

A vida continuar.

A tarde caiu mais lindo.

Viajar

 Entro no dia,

Desperto.

Uma oração faz bem,

Agradeço pela noite de sono,

Pelos sentidos,

Pela vida.

A luz que me desperta

É a luz que me alimenta,

O solo que piso 

É minha fonte de alimento.

Transcender ao que vejo 

E ao que desejo.

Agradeço por ouvir as aves cantarem.

Pelos dias vividos com

Meus amados,

E pelos dias com os meus vigiladores,

Sou o que sou

Porque fui amado e odiado.

Peço perdão aos que machuquei,

Mas assim se fez a minha realidade

E assim esta se desfez.

O ser aí 

Dasain.

Agora ouço o mundo.

Contemplo essa existência.

04.02.23 JP.

Sou.

Existir

 A tarde caiu,

A luz inclinada,

doura as formas,

O silêncio da tarde

Se plasma em meu ser.

Memórias afluem.

Penso que sou.

Sou o que penso.

Tudo vai passando.

J.P.  3-2-23

Antologia poética das férias

Serrinha dos Pintos - RN, 30/01/2023

Vai, vai a tarde se vi,

A lua nua no céu a se amostrar,

A noite já se aproxima,

Quente sensação,

Uma brisa faz refrescar,

O silêncio mudo da tarde

Que queda e morre,

A noite que cuida de logo enterrar

E dissipar o dia 

A gente perdida em nossas mentes,

Nossas paixões, 

Nossos medos 

Buscando um sentido

Desta pobre vida

Num celular.

Já não se contempla a natureza.

Dito isto vou ao Jardim

Regar minhas vincas.

Até que o desejo

Me puxe para a Net.

Que entorpecente este não.

Muito mais potente que qualquer químico ou fármaco.

Estamos doentes.

E mais um dia se passa 

Enquanto nós alienamos em nossos egos,

Nossos perfis,

Em nós mesmos...

Serrinha dos Pintos - RN, 26/01/2023

O canto das aves já calou.

Cantou o cabeça vermelho no cajueiro,

O rixinó a saltitar

O vem-vem e o sanhaçu na pinheira de doce alvo.


Cantou também os grilos as escondidas,


O dia despertou cedo.

O sol não para de pulsar.


Voou aqui o pacun,

Que não para de gasnar.


O friozinho silencioso 

Nos faz bem.


A gente acorda animado.


Vai mudar o lorinho de lugar.


Os gatos alimentar.


E scherloque o cãozinho acariciar.


Bom dia seu sabiá.

Serrinha dos Pintos - RN, 25/01/2023

Amanheceu chovendo,

Vinícius acordou e me fez levantar e ver a chuva chovendo.

Foi lindo, foi gostoso,

A chuva chovendo,

A luz aparecendo,

Os cachorros encolhidos

Encaracolados sobre si

Aquecendo-se,

As galinhas molhadas caçavam insetos e comida.

A calha derramava a água junta no telhado,

Vinícius fez cocô,

Limpei e ele foi mamar,

Adormeceu.

Fiz um leite quente

Para me aquecer,

Fiz chá.

Ouvi o salmo 119.

Agora a chuva parou.

Ali canta um sabiá

Que me faz viver a presença de mamãe.

Nas pinheiras cantando estão os sanhaçus.

Li poema 25 de tao te Ching em três traduções,

Acha que entendi?

Mas é como contemplar

A realidade,

Na maior parte das vezes

Percebemos o que conhecemos.

Agora vou continuar a escutar esse lugar,

Até parece ouvir uma sinfonia,

Não entendo nada,

Mas me faz um bem.

Serrinha dos Pintos - RN, 21/01/2023

Esse silêncio inquebrável,

Amanheceu e quem vai acordar?

Já canta o sabiá,

Já canta o vem-vem,

Já canta o fura barreira,

Já canta a rixinó,

Já canta o piriquito,

Já canta o sanhaçu...


Canta o grilo no capim.


Sopra um vento frio.


Brilha um sol dourado.


Mas o silêncio é eterno.


Papai não levantou,


Mamãe não levantou,


A terra está fresca.


Hoje é um novo dia.

Serrinha dos Pintos - RN, 19/01/2023

A tarde cai agradável,

Depois de uma manhã nublada onde ficamos a toa, Vinícius e eu.

Aguamos as vincas, catamos umas castanhas,

Fomos caminhar no mato, onde fizemos umas fotos de plantas,

Contemplamos os catolés.

Observamos o gado pastar.

Tomamos um banho na melhor ducha do mundo.

Após o almoço Vinícius dormiu.

Aqui estar esta tarde.

A quarto anos atrás

Mamãe e Papai estariam aqui comigo sentados

Olhando essa paisagem

Que sempre muda.

Nas palmas um par de coqueiro florescem.

Papai e eu que plantamos.

Tanta coisa aqui.

Tão vazio e tão cheio.

A tarde cai.

As vincas recebem as borboletas.

Eu só contemplo.

Serrinha dos Pintos - RN, 15/01/2023

Amanheceu

Mas o sol não apareceu,

O chão molhado,

O céu nublado, 

O vendo frio,

O cheiro de umidade,

O canto da passarada,

O sabiá na aroeira,

Casaca de couro na carnaubeira,

Pitiguari no angico,

Olhando no quintal

Os olhos se enchem de verde

Der árvores e arbustos esverdeados.

Mamãe e Papai no coração e na alma.

Serrinha dos Pintos - RN, 14/01/2023

"Dois é uma mera coincidência, porém três é uma configuração" Borges.

As borboletas visitam as vincas,

Os beija-flores o maracujás,

A tarde cai fresca,

Um cheiro doce incensa

A área.

O céu azul.

Memórias, memórias.



B.


Aqui e agora,

Tempo depois,

Sábado a tarde,

As coisas mudaram,

Vinícius chegou e mudou tudo.

Mamãe se foi.

Ela que ocupava a passarela a tarde,

Tarde sábado era uma 

Surpresa chegava bem ou mau.

Era a vida que vivia.

As vezes ia com ela e

Entendia a dinâmica da diálise.

A dinâmica da continuidade.

Tanto que a gente passa despercebido da vida.

A forma dos objetos,

Matéria das ideias,

Meu corpo,

Meu ser,

Até parece isolado.

Papai, mamãe, tio Dedé, Raimundo de Lulu, eu...

Crejo que passava com o cachorro rajado.

Aqui, algum dia no passado,

Esses momentos

Estão todos dissolvidos no tempo.


Serrinha dos Pintos - RN, 12/01/2023

Está escuro,

A noite quase caiu,

O silêncio preenche

A estrada, os sítios, 

O céu e tudo que se ouve,

No nascente o azul atropurpureo

Desaparece,

Um Nimbus vai crescendo,

Irritado de flashes,

A nambu canta longe,

Grilhos cantam no sítios,

Estrelas se acendem no céu.

Não se move uma palha,

O vento só chega às oito,

Papai não gostava desse frio logo chamava para entrar em casa.

Gosto de ficar aqui sentindo o mundo,

Pensando, pensando.

Bom está aqui.

Vinícius adora Sherlock.

Papai ia rir muito.

É noite.

Tchau.

Serrinha dos Pintos - RN, 11/01/2023

Canta o pitiguari,

Canta ativo a caçar,

Pula aqui,

Pula ali,

Pula acolá,

O sol das dez horas

Anuncia o fim das atividades,

Quente,

O dia está indo,

A manhã partindo.

As plantas murcharam,

A falta de chuva,

Mas o tempo está bom,

A sombra do cajueiro,

Que gostoso que o mundo está.

Serrinha dos Pintos - RN, 09/01/2023


O terreiro está cheio de mato,

Parece abandonado com capim ceda,

Por isso resolvi capina-lo.

Agora o sol arde queimando o capim limpo.

As vincas estão muito contentes crescendo na margem da calçada,

Flores rosas e alvas.

Espalhados os arbustos crescem assimtricamente,

Tão belo e vivo.

As borboletas vem visitar

As flores.

Sucessivamente vem e vão.

Suaves, leves de vôo irregular,

As vincas exalam um cheiro peculiar

Tão agradável, 

A alma de papai paira sobre as flores,

Nessa calçada que se revela todos os dias,

Ora fria, ora quente,

Ora manhã, hora tarde,

Ora noite.

Essa calçada confidente,

Que nós viu chegar,

Que nós viu partir,

No nos deu abrigo em comemoração,

Em dias de tristezas.

Aqui estou escrevendo,

Registrando.

Para não se perder no tempo.

Transformando em memória coletiva.

A parte subjeiva


Serrinha dos Pintos - RN, 08/01/2023

Tarde grise que passa,

O vento frouxo e suave,

Céu nublado,

O estalido dos beija-flores,

Besourinhos e tesourinhas 

Visitando o velho feijão-bravo.

O saci, o voo da mamangava,

O piado do pinto criado,

O chiado das folhas de catolé,

O voo rápido dos potinhos,

O verde das plantas,

As palmas grossas.

Que belo mundo 

Vazio.

Cheia está minha alma

De pensamentos desnecessários.

Tudo se resume no agora

Serrinha dos Pintos RN,  07/01/2023


Hoje acordei com o canto  dos pássaros.

Estava fresquinho.

Senti um vazio oco.

Então levantei e fui tomar um copo de água.

Tudo mudou.

Tudo eternamente muda.

O presente nega o passado.

O passado é memória.

Nossa mente nós seda.

Subjetivamos essa realidade que acreditamos.

A gente é o que a gente acredita e deseja.

Fui brincar com Vinícius.

E os dias vão passando.


Petrolina, 02-01-2023


A dias não escrevo, pois fui absorvido polo cotidiano.

Agora a tarde de paz.

Ouvi a patativa cantando.

Pardais vocalizando.

O céu nublado e o cheiro da sopa.

Despertei que é 2023.

Vinícius corre pelado, gritando feliz.

Tanta coisa mudou em minha vida. É como se tivesse passado por uma tempestade.

Algumas coisas fazem sentido outras nem tanto.

Lula presidente.

Tarde que parte.

Assim é.

Petrolina, 21-12-2022 

Ele partiu desse mundo. Vivemos tanto tempo juntos que pareceu mentira. Estavamos juntos a qualquer hora do dia ou da noite. Concordávamos com tudo. Eu era cópia dele e ele minha forma. Aprendi muito com ele e o mesmo sempre foi paciente comigo. Um dia algo foi diferente e a realidade foi cruel. Mas iria acontecer algum dia. Ele se foi. Fiquei com a dor de quem fica. Um ano  se fez. Um ano de saudades 😢. Hoje dois anos se fizeram. Esquecer! Sofrer menos. Não sei. Sei que um vazio se fez.

 A vida está cheia de vazios... Parece que quando buscamos um sentido, perdemos o sentido da vida. Meu burrinho, meu sítio... Mamãe... Deus meu Deus.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2022

Linha do além.

Ultimamente, está constantemente presente em minha mente meus pais.
Embora tenham partido, se fazem vivos.
Cultivo as memórias de como viviam ou falavam.
Dos momentos que compartilhávamos.
Era uma loucura, uma agitação,
Quase sempre difícil de classificar ou entender.
Presos ao convívio e ao cotidiano não distinguimos muito as coisas.
O que nos afeta ou não nos afeta.
A gente nunca sabia.
Papai viveu com mamãe a maior parte da vida.
Forma mais de 50 anos juntos.
Quando a gente nem sabe mais o que é nosso ou do outro senão nossos corpos.
Acabam-se as intimidades.
Qualquer coisa que haja está tão misturado.
E mais quando se tem filhos...
A gente que filhos são as nossas essências,
Foram gerados e nasceram de nós.
Mamãe com seu cuidado.
Papai com sua amizade mansa e sábia.
Papai não lia a bíblia, mas sabia citar muitos versículos no momento certo.
Rezava toda noite.
Era uma coisa compartilhada com mamãe além de nós.
Além da casa.
Além do ar,
Além das ideias.
Agora a eternidade.
Pensado nisso tudo.
Traço uma linha divisória da vida.
Em que nesse lado preciso me fazer ouvi-los mais.
Já que não tenho como lhes falar.
Jesus e nossa Senhora são os meus mediadores.
Quer dizer.
Nada fica além dos sentimentos, das emoções da bondade.
Tudo de ruim desaparece e é purificado já que cai no esquecimento.
Só o que é bom é cultivado.
Amor...
Papai e mamãe meu chão, meu substrato que me permite continuar sendo.
Até cruzar a linha do além.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2022

Anotações

 Papai gostava de expressões.

Entre dizia ele que na bíblia estava escrito que Jesus disse que devia perdoar 70x7 vezes.

Senhor perdoai eles não sabem o que eles dizem.

Usava sempre expressões bíblicas, embora não lesse.

Indo na dispensa da memória encontro muitas coisas bonitas que falava.

Eram ensinamentos. Sábios, bíblicos.


terça-feira, 13 de dezembro de 2022

Certeza

 Tenho vivido coisas que nunca havia vivido.

Coisas que me abalaram fortemente.

Certezas se desfizeram como castelos na praia pela água do mar.

Ficou um vazio presente em face a certeza.

Uma dor imensa como um céu estrelado em noite de lua nova.

Céu sem nuvem...

Nem percebo o calo que está no ambiente.

Não sei o que aconteceu.

Aliás sei, mas não consigo aceitar.

A certeza que tinha em mim era tão certa.

Essas coisas me fazem refletir sobre quem sou.

Refletir sobre os meus pensamentos.

Refletir sobre o meu pensar.

Tudo parecia tão certo.

Foram anos de certeza.

Foram anos de certeza.

Foram anos de reflexão no futuro.

Esquecendo o passado.

Esquecendo a realidade pura.

Memórias me atormentando,

Ocultando a realidade.

Previsão de um agora no ontem.

Atônito.

Tento desencorajar o meu ego,

Mas ele é mais forte que eu.

Encontrei na moral religiosa

Um caminho para seguir.

Não dá para voltar atrás.

Então é recomeçar.

Como recomecei sempre.

Mas agora de maneira diferente.

Sob outra ótica.

Tanta coisa...

Esse caos me atormenta.

A falta de certeza me atormenta.

O vazio me atormenta.

Porque não consigo silenciar o meu ego.

O sol está brilhando.

O ano está terminando.

Ano pequeno.

Ano longo.

Queria construir um diamante.

Mas tudo é fugaz.

De nada adianta.

Certezas.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2022

Memórias

Das boas lembranças de vovó Sinhá era orando. Vovó rezava muito. Tinha muita fé e ensinou isso. Já idosa trazia na mente muitas memórias boas. Lembro no dia de hoje rezar para a padroeira de Martins nossa senhora da Conceição. Daqui a cinco dias era dia de aniversário. Lembro de ter comentado isso uma vez com papai. Memórias invocam o passado e ações o presente. As memórias são importantes para renovarmos a fé (luz) e a esperança. A vida passa no agora, no imediato, na intuição. É preciso comungar (viver com, juntos) os momentos para que tenhamos memórias juntos. Tenho lembrado tanto de serrinha do canto, do nosso sítio dos momentos que ia ajudar papai. Fazer ou ajeitar as cercas, apanhar caju, limpar o roçado. Foram poucas as vezes, mas se efetivaram em memórias.

Vovó Sinhá, papai, nossa senhora da Conceição, o trabalho... Tudo contribuiu para ser quem sou, uma pessoa em busca do melhor. Uma pessoa que busca na fé o equilíbrio para viver em harmonia. Vigiai na oração para se livrar de sentimentos como inveja, temor, raiva, ira e cultivar bondade, coragem, alegria e paz. Vigiai a língua e os lábios para isso ouvi o salmo 34. Aprendi com os crentes coisas que ajudam a expressar sentimentos. Aprendi a importância dos salmos e entender que tudo é provação. Guardei em Deus nossa vida. Amém.

Meu pequeno botânico

 Ontem, Vinícius e eu saímos para ir ao pé de acerola. Nunca vi ele ama acerola. Vamos devagar e conversando. Ele teve a curiosidade de ver ...

Gogh

Gogh