quinta-feira, 31 de março de 2011

Natureza

A natureza tem tanta beleza,
que se encanta e encanta,
encanta a sua beleza na sutileza,
encanta que a ela aprende a olhar,
apreende nesse olhar quantas
relações ai há,
aprende a contemplar
a natureza com o tempo,
quem tem tempo,
se entrega a contemplar,
a sentir o ar livre,
o aroma das plantas,
da terra, mas ai.
Que estamos fazendo com a natureza,
chega dar tristeza,
ver quanta coisa a agredi-la,
a destruí-la se continuar assim,
que há de sobrar,
nem beleza, nem comida,
nem água, nada restará,
aprenda a olhar a natureza,
apreenda com a natureza a reciclar,
pois se tudo acabar,
a natureza se restaurará,
mas nós... quem sabe o que acontecerá?
não há dúvida que haverá trajédias.

Domingo que fazia

Os domingos nunca foram dia de muita graça, passou a ter um sentido pior quando comecei a ir a escola, pois domingo estava ali coladinho a segunda. Mamãe dava um jeito de adoçar nossos domingos era um dia especial, então ela fazia um bolo e as vezes matava um frango, geralmente a comida era melhor no domingo. Então acordava cedo para ver a missa e o globo rural. Então mamãe chamava pra comer na hora que estava concentrado na televisão, nos dias que estava de bom humor deixava agente comer em frente a teve, mas nos dias que não estava nem adiantava insistir. Depois do café ou íamos para a casa dos meus avós ou ficávamos mesmo em casa. Naquela época Airton Senna era o melhor piloto de corrida, então quase todos domingos meu primo vinha ver a fórmula 1, na casa dele não tinha televisão ainda, na nossa tinha, mas ainda era preto e branco. Bem quando chegava à tarde pedia pra mamãe para ir para a casa dos Joanas, se ela deixava era uma festa. Tomava um banho, vestia a melhor roupa, que ela fazia ou mandava alguém fazer, roupas simples e saia correndo, muitas vezes cortava caminho pelos sítios alheios, os donos não ligavam. E na casa dos Joanas, se reunia toda a meninada, para assistir a temperatura máxima. A sala ficava lotada, mais parecia um cinema. O chato era quando o filme já tinha sido visto por alguém que ficava contando as cenas. Ficávamos irritados. Então depois do filme vinha as brincadeiras. A noite voltava pra casa e via Faustão, os Trapalhões e o Fantástico. Assim se passava o domingo, mas já perceberam que só falei de programas da rede globo, pois é nessa época o único canal que dava para assistir algo era a Globo, foi essa emissora que ditou e dita as verdades para aquela gente que com o adendo da informática está se libertando aos poucos, mas o fato que na ausência de coisa melhor, nos meus domingos via a rede globo. Naquele povoando não tinha muito o que fazer, senão viver atoa. Certo tempo inventaram um jogo chamado de argolinhas em que o cavaleiro tem que passar correndo a cavalo tendo que tirar uma argola pequena pendurada numa corda. Aquele jogo foi uma febre por muitos domingos foi nossa diversão. Eu era bobo podia ter ganho alguma grana vendendo dindin, mas tinha vergonha. Quem ditou-nos as vergonhas, sei lá, mas parecia que certos trabalhos eram indignos, aquele povo mal tendo o que comer era cheio dos pudores, de uma certa maneira essa vergonha refletiu negativamente em minha vida, assim como ver a rede globo. De doce meus domingos só tinham os bolos da mamãe e o resto é só saudosismo.


Beleza

No último dezembro o jardim estava tão florido,
chovia e fazia muito calor, mas árvores,
arbusto e ervas estavam tão florido,
e o nosso jardim estava tão florido,
todas as plantas estavam vigorosas,
mas o tempo foi passando,
o sol de posição foi mudando,
e paulatinamente as flores foram caindo,
o calor foi aumentando,
vieram as mariposas, puseram
seus ovos sobre o philanthus acidus
o calor fez germinar os ovos
e as larvas cresceram e molestam
toda a planta, agora esta se encontra
nua, parece esta morta, as folhas
estão todas coriáceas, sofridas,
o jardim está triste, mesmo
que chova, parece sofrer,
será o clima? será o sol?
o que será, só sei que quando
vejo o jardim assim,
sinto uma tristeza,
pois aprendi que as
plantas também sofrem,
também se encantam,
quando o ambiente não está bom,
e nós por que não nos encantamos?
não podemos?
O jardim, suas árvores,
seguem caladas,
nem o vento as anima,
não se perfumam,
não se enfeitam de flores,
então sofrem
pra depois expressar
toda a beleza da natureza.
Estamos em março,
logo virá o inverno
de certo as plantas não gostam do inverno,
mesmo chovendo
elas estão se preparam para a estiagem,
o frio, assim aprenderam,
por isso ou adormecem ou sofrem?
Simplesmente são belas, mesmo
sofrendo.

quarta-feira, 30 de março de 2011

Esperança

Todo mundo tem esperança e em Serrinha do Canto não era muito diferente cada pessoa se apegava a uma ideia que o faria importante, com sucesso e feliz. Muitos se desiludiram e entraram para o protestantismo assim podiam falar de todo mundo que era e não eram protestante naquele lugar, foi como se ao abrir uma assembléia de Deus tivesse aberto um novo bar com bebidas hilariantes, de fato tinha todo um ritual para a bebida do Deus, mas o êxtase a embriaguez só ocorria na calçada da igreja onde sob a visão, depois de conversar com deus, podia falar do vizinho, falar não resolver o problema dos outros, mas de fato havia algo mágico naquele povoado, algo muito diferente tinha uma pessoa que tinha esperanças as avessas, ele tinha uma sanfona, é um acordeão e sabia tirar som daquele instrumento que achava muito engraçado. Luis era seu nome, filho de Mundinho, conhecido como Luiz de Mundinho, era um homem grande, forte, mas muito desajeitado. Toda a esperança que tinha punha ali naquele belo instrumento, com bordas vermelho prateado e sanfonado. Durante o dia trabalhava quando tinha trabalho, ou durante o período de inverno e durante a noite sentava num tamborete a frente de casa, na casa de seu avó, Chico Adolfo, e tirava o som daquela sanfona que mais parecia gemer ou chorar a pobreza de nossa gente que jantava cherém de milho ou cuzcuz com leite e era para ser feliz. Depois de cheia a barriga de cherem, ia ele tocar aquela sanfona e tocava, tinha até uma música que ele compunha chamada "mentira cabeluda", tinha letra, fazia o fole gemer e cantava, depois apareceu a música galeguin dos oi azul. Nos domingos e sábados ele tocava, as pessoas iam pra lá pra ver ele tocar, papai gostava sempre quando voltava do cercado dos gados ou voltando de algum negócio de passar lá e ouvir ele cantar. Mas as coisas não eram nada fácil, felicidade ali só a base da ignorância, rir só das desgraças dos outros. Quando faltava esperança as pessoas iam para a igreja, quem não tinha ao deus da igreja bebia cachaça. Com Luis não foi diferente, com nome de rei Frances, descendência do império sacro romano, nome do rei Sol. Aquele Luis de rei só tinha a cadeira e a sanfona, porque as roupas eram precárias, costuradas pela mãe, coitado tinha que mandar comprar sandálias fora, pois seu pé era maior que 44 número normal alí. Luis muitas vezes desiludido tomava cana. Era epiléptico que para aquele povo era uma deficiência, uma doença, e dai Paulo apostolo era epiléptico, quantas pessoas não eram, mas ele por ter essa doença já era discriminado. Tinha o braço forte e era muito bom de serviço, mas a cachaça foi tirando suas forças, tirando até a esperança, sua sanfona. Com o tempo sua mãe morreu, passou a viver só com o pai, numa pobreza de jó, mas ainda tinha a sanfona. Então entrou para a religião, todos o aceitavam, mas como o coitado, parou de tocar sua sanfona, largou a bebida, mas o deus dos protestantes não é um deus bom ele condena. E quando faltava fé, a cachaça acolhia Luis. Até que certo dia nem a fé não adiantou, a cachaça de sua vida levou, embriagado caiu do próprio corpo e bateu com a cabeça teve traumatismo e morreu. Então a esperança calou, e aquela arte, aquela esperança ninguém mais em serrinha do canto há de tocar, mas eu vi, fui testemunha ocular, que ali todas as noites tocava a esperança, foi época de criança. Onde muita coisa se passou até a esperança.

Natureza

Ainda chove, mas já é outono podemos perceber que as plantas não respondem a presença da umidade e da água já que ainda mantém as folhas antigas, mas que já começa a perder, não se observa folhas jovens, sequer uma flor. As plantas parecem cansadas, estressadas com as mudanças do ambiente ou seria que seu relógio interno avisa que o inverno logo virá. Raras plantas flora uma ou outra paineira. Só podemos ver plantas de folha verde escuras. A natureza parece se preparar para mais uma mudança. As variações de luz e temperatura estão presentes todos os dias, algumas ervas e subarbusto depois de frutificarem morrem. É estranho este comportamento. Pelo menos para mim, a natureza anda muito diferente. Que será?

Voar

Quantas vezes não queria voar,
quantas vezes fico a sonhar,
se tivesse asas, se pudesse sentir
meu corpo flutuar,
e ver o horizonte mais distante,
então busco asas para voar,
e encontro ideias, desejos,
que me fazem voar
muito além do céu,
muito além do ser,
então volto a si,
e sinto o perfume da vida,
os sons, as cores
e sinto a vida,
existir e poder imaginar,
é tão bom quanto voar.

céu

No fim da tarde de céu azul,

cirros no alto do céu,

formava um leve véu,

O sol brilhava intenso,

fazia calor,

E lentamente o sol despontava

para o poente,

O vento soprava do norte,

Refrescava o calor,

num leve frescor,

a tarde fagueira,

incomodava a mente

que se achava vazia,

e ficava a contemplar

o que o rodeava,

o céu, o sol,

as árvores verdes,

o vento,

tudo parecia tão vazio,

tudo parecia tão vulgar,

mas o tempo não parava

de passar,

e a tarde caiu,

e cúmulos cobriram o céu,

apagou o sol, trazendo o vento frio,

e o calor da matéria a irradiar,

a tarde então passou,

mas um dia,

mais uma poesia

a contemplar.

Calango

Um calango caminha no meio do caminho,
parece esquiar sobre a terra quente,
expondo sua língua para reconhecer o ambiente,
com suas escamas elegantes, vai devagarinho,
segue a intuição, não tem lar,
não tem comida, não tem nada,
só tem a sim, seu corpo é sua morada,
o que busca e viver,
e assim de geração em geração,
o calango vai aprendendo com a natureza,
que seu lar é qualquer lugar,
qualquer abrigo,
não teme o inimigo o incerto,
porque a vida tudo é,
segue passo a passo,
num compasso,
calda, corpo solo,
a se rastejar, sem raciocinar,
a natureza guardou em seu DNA a sua
história a potência de existir,
tem tudo ali,
natureza se encarregou de ensinar,
o instinto de buscar, de forragear,
tudo que precisa é viver,
buscar o que comer,
em seu território,
nem o tempo,
nem as adversidades
fizeram sair do caminho,
das veredas,
o lagarto segue a desfilar,
a existir, é potência
e é ato, tem espírito
que é a vida,
é tudo que precisa
o o calango
a vida dar.

Mamãe general

Mamãe como um general, nos tempos de criança sempre acordou cedo, assim como fazia sua mãe e talvez a sua avó. Bem ela acordava depois de papai, lavava a cara e ia para o curral. Tirar o leite. Fizesse chuva ou sol lá ia ela. Papai nunca aprendeu ou fazia o máximo de dificuldade para não aprender a tirar leite. Então era mamãe quem fazia. Então, engraçado como o humor dela variava quando voltava do curral, começava uma gritaria, era um acorda, como soldados ela queria ver todos de pé em seus afazeres, mas as meninas resistiam e ela ficava furiosa e só relaxava depois de tomar o café e começar a varrer o terreiro da frente. Era neste instante que começava seu espírito jornalístico e a todos que passava retenha informações que vinham da cidade ou do sertão. Naquela época era muito fácil, pois todo mundo andava a cavalo ou a pé. Com advento da tecnologia, as motos e carros substituíram os meios de locomoção. Não dar mais para conversar. Então depois de ouvir aquela conversa gritada, ela nos contávamos as novidades, mas nós já sabíamos, mas gostávamos de ouvir ela contar a sua versão, pra confirmar o ouvido. As vezes ficávamos sabendo da morte de alguém assim e o dia já começava triste. Depois apareceu a televisão com os plantões da globo e passamos a saber muitas coisas fora daquele universo, daquele cotidiano. Passamos a conviver com pessoas muito distante, Xuxa, Chacrinha e Cid Moreira. Bem, aquilo era tv, e lá em casa era coisa real, o que acontecia na nossa comunidade, no nosso distrito e em nossa cidade. Pessoas importantes alí eram médico, padre, dentista e comerciante, a polícia era a autoridade; nunca conheci um juiz. E era sob aquela estrutura de sociedade que construía mamãe construiu seu mundo. Sob as ordens severas de seus pais, irmãos mais velho. Aprendera sozinha a criar os filhos, e construiu toda a sua ideia de ordem e ordenava assim seu mundo, com seus soldados amados. Muito carinhosa, mamãe cuidou de nossa educação, achava importante que fossemos a escola, e nunca trazer conversas de fora pra dentro de casa. Então todas as manhãs quando acordava varrer o terreiro era o momento sublime em que ela organizava suas ideias e mantinha a ordem de sua casa, seu reinado.

terça-feira, 29 de março de 2011

Noite e suas peripecias

A noite veste um véu escuro,
estrelas acendem para ilumina-la,
trajada de gala a noite
oculta tudo que há de belo,
oculta a luz, oculta as cores,
mas a natureza roubou,
da caixa da noite
os sons e o aroma
e os deu as damas,
que se perfumam
e cantam diante da noite,
e atraem as paixões dos cavalheiros,
que as seguem
pelos seus sons e odores,
embrenhados no escuro,
nasce a paixão,
e a sensação de toque
faz as damas sentirem os cavalheiros
e estes aquelas.
A noite egoísta continua sozinha,
linda, mas sozinha
enquanto as damas,
e os cavalheiros se apaixonam
e cegam, se acostumam,
e se amam,
nunca abandonam,
a noite ao saber disso,
confundiu os cavalheiros,
e as damas doando diferentes aromas
e silenciando suas vozes,
tomando o tato como conhecimento,
desde então cavalheiros e damas
se encontram, mas nunca se reencontram,
estão sempre a procurar sua dama.
Quando é dia a noite se vai
e a ilusão da beleza
exposta pelas cores confundem
os seres que a noite se amam.

Um dia

 Um dia não estarei aqui. Pode demorar, Pode ser logo. Quem sabe! Bom agora estou pensando isso. Foi um vídeo de uma manbu que me fez pensar...

Gogh

Gogh