sexta-feira, 28 de março de 2025

O moinho amigo.

 À tarde, após o almoço. Mamãe ia ao silo, pegava milho e colocava numa panela com água. O milho ficava de molho, ai colocava no fogão e dava um fogo para amolecer o milho. Lá para as três da tarde, escorria a água, colocava na bacia e era a hora da atividade. A hora de visitar o moinho. Em casa ou na casa dos vizinhos. Lembro de moer no moinho de Dudé de Zé Baliza e de Ciça de Amaro Lopes. Eu ia com a mamãe ou com uma das meninas. Um quebrava o milho que é a primeira moída e o outro colocava o milho ou a massa, no geral se moia o milho e a massa, se fosse para fazer o cucuz se moia mais. Moinho mimoso. O nosso de casa era uma carroça de bruto e duro. Noe geral moinhos mais velhos são mais leves. Daí usar o dos vizinhos. Mas também sair de casa seria motivo de atualizar as conversas. Mamãe gostava de conversar. O moinho de Dudé ficava num quarto dando vistas para um joazeiro e o barro vermelho. O de Ciça ficava na cozinha. Então vinha o calor e o suor, mas ninguém reclamava. Então mamãe conversava e fazia as colocava o milho. Quantas tardes não fizemos isso juntos. Depois que terminava se limpava. O fato é que sempre, lá em casa, fomos ouvintes. Mamãe falava e ninguém se intrometia. Acho que era resquício do patriarcado. Força de Sinhá e José Neves meu avó. E ai o moinho tinha uma função terapêutica de falar da gente, dos nossos sentimentos e emoções. A gente aprende a ser com os nossos pais, mas precisamos dividirmos as coisas juntos e o moinho além de moer, gerava informação, gerava engajamento, amizade ou do contrário também. 

Tudo porque hoje peguei o pilão para pilar meus cravos e lembrei de nossas relações com o objeto e o moinho foi muito  mais presente em minha infância.

quinta-feira, 27 de março de 2025

A rosa

A roseira do nosso jardim está coberta de flores.
Rosas vermelhas
Chega enche a vista e o peito.
Até esquecemos que rosas são armadas,
Assim como os gatos.
Em plena floração imperiosa a rosa
toma toda atenção.
São 26 flores cada uma mais bela que a outra.
Mas no nosso jardim tem muitas outras plantas.
Uma colônia, outras rosas, um sapatinho de anjo, uma campanula, uma renda portuguesa, um oxalis, uma espada de são jorge, uma lança de são jorge e um cacto.
Tinham abacaxis.
A rosa está ali. No auge. Bom bando.
Enfeitada com pétalas vermelhas,
Arrumada arbustivamente.
Nem liga para o sol...
A gente é como a rosa quando estamos bem, somos mais resistentes as adversidades que nos aparece.

quarta-feira, 26 de março de 2025

Confiança

 Ontem, após muitas aulas de prática Vinícius criou confiança e coragem e nadou sozinho.

Foi apenas dois metro, mas foi um grande salto para sua mente.

Logo estará nadando.

Ontem, na lição de casa aprendeu o que é o número dois 2.

Repetiu inúmeras vezes.

Estes fatos me arremeteram a minha infância ao contentamento de aprender.

Como foi aprender a nadar.

Faz muito tempo que aprendi a nadar. Ainda era criança, mas trago vivo essa lembrança.

"Era uma manhã como todas as outras. Tinha ido com a mamãe ao açude de Juvenal de Mariana para ela lavar umas roupas. O açude estava com pouca água e portanto raso. A água era barrenta. Depois que mamãe terminou de lavar a roupa me estimulou a nadar. Então batendo os braços consegui atravessar o açude e senti que minhas pernas não tocavam o chão. Foi uma maravilhosa sensação de segurança. Alí, descobrira que já sabia nadar. Depois foi só aperfeiçoar com muita prática ganhei confiança e descobri que sabia nadar. Fui pra casa tão feliz, e fiquei tão feliz naquela dia".

Como foi aprender a contar.

Lembro de um episódio que a professora Livani minha alfabeditazadora lá na primeira serie pediu para

escrever até 20 e eu escrevi até 120. Foi  1,2,3... 10... 19 120.

Memória sintética.


Desperto pela lua

 A madrugada estava linda,

Acordei com vontade de dormir,

Mas despertei quando vi pela janela

A linda lua crescente!

Tão grande!

Nunca tinha visto a lua crescente tão grande.

O céu limpo e escuro

Dava palco a lua

Que parecia maior.

Sempre que vejo a lua num céu escuro,

Rememoro os tempos primeiros.

Olhar para o céu noturno é contemplar a eternidade.

A gente parece ao contemplar a infinitude do universo,

Olhar para nossa finitude.

Chega a estremecer a espinha,

Nos fazendo arrepiar.

Algo muito irracional.

Fiquei ali, deitado na rede

E por meia hora a lua ficou a minha vista!

Ela me encantou.

Depois sumiu no teto da janela.

Foi assim.

Foi assim... 

terça-feira, 25 de março de 2025

Filho uma definição do amor

 A beleza de amar!

Amar é se doar.


As capivaras

 Ainda sobre Recife, antes que as coisas sejam deletadas.

Vimos as capivaras perto do açude relaxadas tomando um banho de sol.

À sombra de um pé de mamão passamos um bom tempo a contemplá-las.

A mamãe aproveitou para sentar e aproveitar a sombra da grande gameleira.

Nós ficamos mirando!

E o que vinha a nossa mente?

A minha vinha a contemplação daquele lugar mais lindo do mundo.

A paz das capivaras,

As ervas aquáticas...

A pedra do calçamento quente pertinho da sombra da gameleira.

As folhas das plantas brilhavam um verde viridescente.

Vinícius o que pensaria?

Nem imagino.

Apontava as coisas para ampliar a percepção.

Olha o anum preto.

Olha no lago uma tartaruga da amazonia.

E aquele curto momento foi maravilhoso.

Capivaras são animais, mamíferos.

Mamíferos tem pelos e mamas.

E um cérebro muito mais complexo com cuidado parental.

E outras coisas mais.

...


A palavra capivara vem do tupi-guarani kapii' gwara, que significa "comedor de capim".

segunda-feira, 24 de março de 2025

Guaruba

 Sábado passado, 22 de março, fomos ao parque dois irmãos em Recife.

Vimos vários animais e entre os mais lindos estão as aves.

As lindas araras.

Ararajuba, Arara-vermelha, arara azul e arara boliviana.

Arajajuba de nome científico Guaruba guarouba.

Me impressionaram pelo amarelo ouro.

A arara vermelha me impressionaram pelo vermelho sangue.

A arara azul por suas penas azul celeste.

E a arara boliviana pelo glaucociano da garganta.

Foi maravilhoso ouvir essa beleza gritante.



Pota o hipopótamo

 Fomos, sábado passado a Recife. Fazer?

Visitar o zoológico.

Qual é o maior bicho de lá?

Pota o hipopótamo que Vinícius chamava de "paquiderme".

Foi surpreendente porque vimos o tratador Will cuidar da higiene bucal de Pota.

Antes, desse fato, passamos no recinto duas vezes e paquiderme estava submerso, mergulhado.

Ficamos até meio desvanecidos.

Já estávamos contente, por ter visto as capivaras. Mas a atração era paquiderme.

Então, caminhamos até o recinto do chimpanzé e dos felinos quando ouvimos paquiderme gritar.

Vinicius voltou correndo, avistou, mas a luz no espelho que separa o recinto estava atrapalhando.

Bom satisfeitos.

Dai quando fomos mais a frente Vinicius percebeu o povo no recinto de paquiderme e voltou correndo.

Eita que bacana! pensamos. Olharam, olharam...

Até que a mamãe percebeu o tratador Will com uma caixa de comida.

Ela disse vai alimentar paquiderme, vamos esperar. 

E foi melhor.

Vimos a docilidade de paquiderme que abriu a boca para Will higienizar a boca.

Até falei para o Vinicius que Paquiderme não dava trabalho.

Will passou um remédio na boca de Paquiderme, escovou os dentes, mexeu na língua enorme de paquiderme.

Paquiderme só de boca aberta, de olhos fechados nos ignorando por completo.

Então Will deu grandes cubos de gerimum para Paquiderme.

Ele comeu.

E Will abriu a fala para perguntamos sobre ele.

-Qual é o nome dele perguntei "Pota" respondeu. Agora paquiderme pota.

-Qual seu nome? Will

-Quantos anos ele tem? 14 anos

-Qual o peso dele? entre 2 a 3 toneladas

...

Saímos tão feliz.

Vinicius amou.

Pota...

A gente já tinha visto "pota" inúmeras vezes, pois essa era a nossa quarta vez no parque Dois irmãos.

Acabamos descobrindo mais coisas sobre esse animal maravilhoso.

Depois fomos almoçar e brincar no parque.


sexta-feira, 21 de março de 2025

Acoita-cavalo perfumado

 Vestido de noite vi o acoita cavalo.

Com ramos pêndulos

De flores ornado!

Tão lindo e perfumado.

Sim estava perfumado,

Com cheirinho alvo

Cheiro alvo como suas flores.

Nesse mês de março foram muitas as surpresas.

Essa foi uma delas.

Volições

 Na infância sobrava ociosidade e espaço.

Tudo que existia dependia das estações que para nos era a chuva e a seca.

Na seca que tinha para olhar? Tudo era reduzido, a comida e a água, tanto nossa como dos animais.

Desapareciam os animais invertebrados como insetos, imbuas e vertebrados que por vezes apareciam como os preás.

E sempre tínhamos a esperança de tudo melhorar no inverno seguinte.

A gente precisava acreditar no futuro por questão de sobrevivência.

No inverno o chão estava molhado e dava para fazer curral.

Tinham as flores para olhar e dissecar, frutos para brincar e comer.

Tinham ainda imbuas, formigas, borboletas, mariposas, serpentes apareciam.

A gente tinha matéria de sobra para viver.

A gente aprendeu a acreditar no futuro, mas o futuro guardava tragédias que a gente depois pela razão iria descobrir.

Na infância tudo era interessante por sermos totalmente ignorantes.

Tudo que existia ia ganhando nome...

E esses nomes depois ganharam símbolos sem as representações pictóricas.

A, E, I, O e U.

Cara! o que é isso?

Porque não aprendemos a desenhar?

A ler os desenhos.

Foi profundamente influenciado por um livro de animais da sexta série de capa verde e com animais.

Foi ali que pus os meus pés na sistemática e na biologia.

E o que me atraiu foram os desenhos

As representações.

Lembro que queria muito desenhar coqueiro.

Tínhamos uma aula e era na sexta-feira, e não tínhamos caderno de desenho.

Uma ou outra vez.

O desejo nos alimenta.

Queria desenhar.

E não decifrar as vogais e o alfabeto seco.

Queria imaginar nos desenhos e não aqueles textos abaixo dos desenhos.

Como vim parar aqui?

Me questiono.

Da infância até aqui foi um longo caminho.

E ele continua até o fim.


Despertar da fumaça

 Acordei cedo como de costume. Deitei na rede e comecei minhas orações. Então, ouvi o som de um caminhão passando  na rua. O som de um carro...

Gogh

Gogh