sexta-feira, 26 de março de 2021

54. Mufumbo

 Mufumbo 

Folhas cinzentas 

Madeira rígida,

Cresce em maloca,

Sai em uma soca,

Flores pequenas

E perfumadas, 

Doce aroma de mel

Que incensa o tabuleiro,

Planta resistente,

Mufumbo, mufumbo, mufumbo,

Planta maravilhosa,

Cinzenta e escabra,

Frutos estrelados,

Tetralados,

Para o vento dispersar 


52. O vento

 O vento suave assoviando pela janela,

Passou a manhã inteira me lembrando,

Lembrando de momentos plenos  da vida,

Sabe quando a gente está feliz por esta vivendo,

Pelo momento...

Sabe quando a gente percebe isso

No vento soprando.

Soprando assanhando a mata.

Soprando ecoando no fogo da cozinha, 

Soprando e assoviando a janela,

Soprando e limpando o milho ou o feijão.

Soprando na algaroba,

Soprando na serra,

Soprando na aurora.

O vento nos fazendo sentir a vida.

Coisas de seu tempo,

Quando as chuvas partem da depressão,

Deixam o sertão,

Enquanto o vento tudo ameniza,

E cela uma mudança de estação.

Timbaúba

Tambor tamboril,

Árvore imensa de copa aberta,

Tronco e ramos alvo a cinzento 

Folhas folhinhas agudas

Fruto seco auriculado,

Cresce nas serras 

No verão endurecido fica,

E se veste e floresce em outro.


 

quinta-feira, 25 de março de 2021

52. Carnaúba

 A planta é tão bela,

De caule linheiro,

De agradável cheiro,

Folhas sanfonadas,

Sendo as hastes armadas

Com cera nas fechadas 


Bela árvore da vida. 

Oferta suas folhas 

Para serem vassouras,

Suas hastes para giral,

O caule serem linhas,

As raízes tira sal.


É sinônimo de lugar,

Carnaúba, carnaubais,

Carnaúba dos Dantas,

Cresce perto do rio

Sempre verde linda está

Perfeita e maravilhosa carnaúba.


quarta-feira, 24 de março de 2021

Paz

 Lá agora chove,

Aqui dentro está tão bom.

Cama e cobertor macio,

Meia luz,

O barulho da chuva chovendo,

O sono...


49. Pensamentos geométricos

 Hoje, cedo da manhã. Estava aqui sentado matutando. Ouvi bem longe um rouxinol cantando.

Achei aquele canto tão lindo. Até senti quão maravilhosa é a vida. Eu aqui parado e ele lá talvez perto das

 três ruas cantando, de certo saltitando e voando. Na minha infância só ouvíamos e víamos rouxinol cantando na época das chuvas.

Quase sempre ela fazia ninho na soleira da porta. A gente não gostava porque geralmente dava cafifa.

Aquela avezinha marrom se reproduzindo. Depois cuidando dos filhotes. Depois ia embora, sumia no mundo e só voltava no ano seguinte. Ela sempre voltava.

Chegava em janeiro e partia em julho. Talvez fosse esse o tempo que ficava com a gente.

Ela chegava com as chuvas e com as moscas. Visto que quando chovia apareciam as moscas.

Apareciam as tanajuras e os sapos.

Ou seja... um pensamento nunca é isolado.

50. Pandemia

 O tempo,

Os relógios,

Os calendários...

Escalas temporais...

Memórias.

Espaço,

Aqui,

Lugar,

Brasil,

Escalas espaciais,

Estará tudo determinado,

Estará tudo dado?

Moiras tecem um destino?

A pandemia.

2020... China, ... Brasil.

terça-feira, 23 de março de 2021

48. Momento matinal

 Amanheceu e nem vi,

Vi que era madrugada,

Mas achei que era sonho,

Abro a janela que dá para as três Ruas,

Relaxo ao sentir a brisa fria,

Brisa fria da manhã.

Folheio um livro do Neruda,

Leio um poema.

O mundo parece perfeito.

Sanhaçus piando e cantando nas árvores lá das três Ruas,

Olho a pintura de casa na parede,

Vejo papai sentado acariciando a cabeça de tuninha.

Penso no caos que está o Brasil,

Penso sobre de quem é a culpa...

O chiado do computador me puxa para a realidade do quarto e da vida.

A brisa volta a soprar pela janela,

Acompanhada de gritos de jandaia,

Olho no espelho,

Ouço Vinícius bocejar.

É os anos são um declínio para nosso corpo,

A vida passa num filme,

E ouço na mente a sexta sinfonia de Beethoven.

Calmamente...

Volto deste momento feliz.

segunda-feira, 22 de março de 2021

46. Mulungu

Que linda de encontrar 

Com sua copa florida,

Sem folhas está despida,

Encarnadas de flores vestida 

Com beija-flores visitando,

No córrego fez morada 


Seu tronco é grosso e armado 

Sua folha de feijão é semelhante,

Seu fruto é uma vagem 

Com sementes reniformes 

Com testa dura e avermelhada

Esse é o mulungu.











47. Espiral temporal

 Houve um tempo

Em que tudo era novo,

Em que tudo era descoberta,

Houve um tempo

Que acreditava no amanhã,

Que existia um amanhã


Aquele tempo

Eram os anos da infância,

Eram anos fabulosos,

Que a felicidade explodia

Com confeitos

Com brinquedos


Aquele tempo

Não tínhamos nada

Porque de nada precisávamos,

Éramos autossuficiente,

Tínhamos frutas,

Tínhamos leite,


Havia dias plenos

Festas juninas,

Dia das crianças,

Semana de páscoa,

Noite de natal,

Eram dias plenos,


Serrinha do Canto

Era o centro do mundo,

Minha casa o centro da galáxia,

Minha cama o centro do universo,

Meus pais e irmãos meu norte

E eu era tudo.


Ai o tempo passou,

Ai aprendi sobre tudo,

E tudo se descortinou,

E tudo ficou insuficiente,

E perdi o eixo de tudo,

Aqui estou...


Sendo pai

Sendo o eixo principal de meu filho,

Que tem João pessoa como galáxia,

A mãe e eu como universo,

O berço e o carrinho como universo,

E ele é tudo.


Só a fé

 É certo que morreremos, mas quando vários conhecidos e queridos seus partem num curto tempo. A gente fica acabrunhado! A luta do corpo com ...

Gogh

Gogh