quinta-feira, 7 de abril de 2011

10 inocentes

Hoje o sol brilhou como todos os dias comuns, mas para as 10 crianças assassinadas cruelmente na escola, ambiente onde se transfere o saber, por um alienado. O sol continuou a brilhar, mas nosso coração está cheio de mágoa ao saber que as dez pessoas não poderão ver mais um por do sol, mais uma noite. Tiveram suas vidas encerradas antes de poder viver, aprender. Vítimas da violência desencarnaram sob a mira de um louco. Que podemos pensar sobre? que explicações serão dadas aos pais, a família? Se no lugar onde seus filhos, necessariamente estariam mais seguros foi exatamente o lugar onde o aprisionaram para sempre. Como pode um louco olhar para crianças, sem senso de justiça, sem defesa serem abatidas como animais num matadouro. É uma tragédia, extremamente triste, e o infeliz não teve coragem de enfrentar os fatos suicidando-se após o fato consumando, não existe uma categoria em que possa se enquadrar esse ser. Nem os animais selvagens são tão bárbaros. Nada resta para estas crianças que partiram, mas para nos como seres sociais, resta o peso de nosso sistema, nossas fraquezas. Que se pode fazer? onde vamos chegar? Muita calma e força, pois todos sofremos não tanto quando aqueles que perderam seus entes queridos, mas sofremos pela perda do todo, por ainda existir barbaridade como essa em nossa sociedade.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Chico Raimundo

Meu pai ainda adolescente foi embora de sua terra natal, foi embora para muito longe, para as bandas de São Paulo em busca de recursos. Saiu de casa aos 17 anos sem nunca ter calçado um par de sapatos, tendo como luz de casa lamparinas a gás, não sabia ler, nem escrever, mas sabia falar muito. Foi embora de pau de arara para longe, muito longe, gastou 17 dias para chegar a cidade grande. E nem sabia ler ou escrever, quem dera soubesse. Chegou na cidade grande seus amigos deram um par de sapatos e um abrigo. Em pouco tempo arrumou um emprego de servente de pedreiro, seus braços fortes de puxar enxada lhes permitiram alí sobreviver, passou a conhecer dinheiro e começou a viver e a sonhar. Antes dele seu irmão mais velho que servira ao exército era um homem disciplinado, havia casado com minha tia, irmã mais velha de mamãe. Desde pequeno trabalhou de sol a sol para criar a família, construir sua morada, simples, mas dele. Criou todos os filhos sob a força do seu braço e a arte de cultivar nas quebradas pedregosas. Um prodígio no cultivo da agricultura, aprendeu a arte do comércio, e realizava verdadeira jornada para fazer suas vendas gastava dois dias só de viagem. Falava muito e falava algo, tinha belas histórias para contar, tinha um grande amigo. Seu irmão abaixo do mais velho, também não tinha tino de ganhar o mundo ficou por lá mesmo, casou cedo, esse além da agricultura aprendeu a fazer vassoura de olho de carnaúba e colher de pau de umburana. Não tive muito contato com ele, só sei que era muito forte e calado para os de casa, nas festas ele falava muito. O irmão caçula nunca aprendeu com papai a viajar ficou por lá, nunca aprendeu nada além de agricultura. Gostava de fazer filho gerou quase 10. Ah! papai foi a ovelha negra que foi embora que aprendeu a ser carpinteiro, a ser boêmio, que aprendeu na escola da vida, na melhor cartilha "Rio e São Paulo". com um certo humo cínico, nunca deixou uma pergunta sem uma resposta, nunca fica por baixo, sempre se saiu bem. Embora hoje cochile no sofá mas está lá quem quiser ouvir ele falar, ah tem histórias para contar, coisas que nunca me contou, nem nunca vai contar, o que se passa naquela cabecinha como diz mamãe. Não sei, sei que é frouxo de correr, mas para viajar, para desvendar o que há no mundo é mais valente que o Don Quixote. Viveu tudo, nunca o vi reclamar do que não o fez. Sempre se mostrou humilde, e cheio de conselhos sábios. Voce já está quase lá sempre fala. Longe já esteve. Sua coragem refletiu em nós que todos fomos embora, não ficamos esperando tempo ruim, descobrimos que o mundo é grande. é um mundo de raimundo de Chico Raimundo.

Música

Quando criança não lembro de ter escutado música clássica. Ouvi sim quando foi inaugurada uma rádio na cidade vizinha, rádio vida. Ouvi tocar músicas de Bach ou era Mozart, não lembro era uma semana de páscoa e o padre da nossa paróquia usava a música como pano de fundo. Associei aquela música a sofrimento, foi difícil desvincular aquela ideia de minha mente. Quando cheguei na universidade tinha uma professora muito chata que disse que gostava de Chopin, nossa não conseguia ouvir nem uma música. Bem ouvira alguma música sim, mas sempre associada a algum comercial, ou filme, mas música pura não. Na universidade tive oportunidade de ouvir a orquestra toca e aos poucos minha mente foi se abrindo, foi se tornando apetitoso esse tipo de música. Bem na minha juventude era muito eclético gostava do que passava no rádio, gostava de canções que falassem de casos de amor, com histórias, ou músicas que me fizessem bem, definitivamente forró não me fazia esse bem, nem as demais, essas músicas parece que só se ouve bem acompanhada de bebida, então se era o que tinha era o que ouvia. Não temos gosto quando não podemos optar. Bem quando fui para São Paulo, aprendi que na rádio cultura fm só tocava música clássica e tinha uns programas bacanas que explicavam a música então como uma luz fui aprendendo a gostar. Sabia da música mas não sabia quem compunha, fui ouvindo e a proporção que fui ouvindo fui aprendendo que havia correntes literárias que punha em ênfase no contexto da música, e fui gostando de Mozart, Bach, Bethoveen, Holst. E foi a partir da internet que aprendi que existem rádios que só tocam clássica. Amadeus em Buenos Aires, BBC canal 3 Londres, Suiss classic,... e tudo foi fazendo sentido e foi como se a música traduzisse o movimento do vento, das nuvens, das ondas, do ar, o respirar. Parece que a música traduz a vida e me pego as vezes a ouvir e a sonhar, pareço surfar na crista da onda. Então volto no tempo volto para o sertão e ouço as cigarrinhas a cantar, o som do riacho, do vento na folhagem, nos galhos, o cantar do galo, das aves... E ouço dentro de mim e sinto feliz por ser, por viver, por poder ouvir, entender e crer no entendimento e na eterna vontade de aprender sobre a música. Ela está dentro de voce, ela pode organizar e explicar suas ideias. ouça e pense.

Arte

Tu que trabalhas pela arte,
sustentas da arte, seja feliz,
pois eterno será,
quantas pessoas trabalham com arte,
mas só eterniza a sepultura,
a arte de se feliz,
a arte do bem fazer,
de ver arte em qualquer coisa,
no jardim, na casa,
no corpo, no fazer,
ponha arte em sua vida,
faça poesia com tudo,
não precisa ser rimada,
só precisa ter cor,
gosto, amor,
assim sua vida será
sempre bela, limpa
e saudável.

Amizade

Amizade é como uma flor rara,
que surge do nada, surge
quando há desilusão,
bem depois de uma queimada,
amizade não tem vaidade,
tem disposição,
amizade é delicada,
colorida, singela toda bela,
mas delicada como uma flor,
rara.
Requer tempo,
cuidado, paciência,
requer carinho,
compreensão,
amizade não é qualquer coisa
que se compra,
é inestimável,
vale a palavra, vale a alma,
é predisposição,
é uma relação,
uma eterna construção,
tenue com teia de aranha,
mas forte como seda,
como diamante.
amizade é uma flor rara,
que surge mesmo depois de uma queimada.
está escondida no seio da terra,
no seio da lealdade,
no seio da moral.

sonho

Sob o juazeiro repousa o vaqueiro,
tudo ali é calor, toda a natureza
está nua, tudo ali é cinza,
dessa sina ele é herdeiro,

viver como lagartixa magra,
do que sobra da natureza,
pois as secas não lhe dar paz,
quando pensa que ta melhorando,
tem que mudar,
tem que buscar hoje haja água,

come farinha e feijão,
sua pele é escura,
sua boca desdentada,

barriga de cão,
e sofre e luta,
e resiste com o pouco,
feito bode sobrevive
na falta, sobre as pedras,
sob a choupana,
a vida alí é livre,
o céu é estrelado,
mas a fome.

Jejua feito buda,
ama a natureza,
os animais
e resiste é forte,
enquanto cochila
sob a árvore,
sonha com o inverno,
com o gado gordo,
com a roça, a fartura,
o rio cheio de peixe,
melancias no tabuleiro,
cana caiana, manga,
e acorda suado
está no verão.

Divagar

Certa tarde sob uma árvore um homem tirava uma sesta, fazia um imenso calor, olhar para o horizonte dava para ver o ar tremer. Aquela brisa quente, mais parecia o calor que partia de uma caldeira. O corpo suado, a mente a divagar. Então o homem acordou, respirou ofegante, olhou para o horizonte, para a sombra daquela divina árvore. Tomou da cabaça um gole enorme que acabou vazando pelo canto da boca, molhando sua barriga. Um arroto espontâneo veio a tona. Faz três dia que ele procura a novilha que fugiu da fazenda, por esse mundo sem porteira. Respirou profundamente, chamou o cão, montou no cavalo e saiu a caça. Ao sair cavalgando pensou na vida, ainda sentia fadiga da tarde depois de encher a barriga de carne seca e tomar um tereré. Via a vida linda apesar do calor, das condições adversas. Fez um sinal da cruz, agradeceu e continuou cavalgando. A tarde caiu, e nada quando chegava a noite. perto do riu viu aquele bicho arredio, finalmente encontrara a danada pastando numa impulca, estrumou o cachorro e preparou o laço, quando a bicha saiu na planície o laço ligeiro logo agarrou o bicho. Conseguira finalmente encontrar e amarrar aquela bicha. Agora levaria dois dias de volta. Se benzeu amarrou a corda na cela e voltou para casa.

Tecoma

O dia lindo nasceu,
antes do sol aparecer,
mas aurora anunciou,
as aves cantaram,
as árvores silenciosas,
calmas e frias,
continuavam indiferente,
sem flores, verdes.
Só a tecoma estava florida,
suas flores amarelas,
seus cachos dourados,
debruçados sobre os galhos,
lindos como o sol,
e muito cheirosas flores,
flores da manhã.
Primeiras flores da manhã.

terça-feira, 5 de abril de 2011

A morte

Um dos fatos que marcaram muito minha infância foram notícias de morte de pessoas conhecidas. Havia sempre uma sensação de perda, tristeza. Muitas pessoas morria idosas, mas teve uma morte que lembro que foi muito comentada por meus amigos. Na verdade o rapaz que fui assassinado era vizinho nosso, mas eu não conhecia, mas lembro que meus amigos que o conheciam ficaram muito tristes. E ao saber que este rapaz foi assassinado de graça. Por causa de ciúmes foi confundido e pagou com a vida. Chamava-se James e morreu foi morto muito jovem. O assassino nunca foi preso, nem sequer fugiu para livrar o flagra. Outra vítima foi um primo meu que foi assassinado na flor da idade, não tinha sequer 40 anos, tinha três filhos. Estava bebendo com um cara que segundo relatos assassinou-o por nada, também o assassino nunca foi preso, sequer saiu da cidade. Casos de homicídios eram muito comuns. Era comum também o fato de duas famílias através da vingança chegarem quase a se acabarem. As cidades circunvizinhas a violência corria a toa. Para matar o outro era preciso apenas olhar atravessado. Esses episódios, essa carnifícina povoou minha infância. Impunidade, ignorância, ódio dentre muitos sentimentos males habitavam aquelas redondezas. Uma coisa eu aprendi muito cedo que a morte faz parte da vida. Que uma vida breve leva ao sofrimento humano, ao sentimento de vingança, alimenta a alma com males. E foi assim vendo como não agir que cresci. Minha família é muito mansa, pacata, ética, somos cordeiros quase não existiu caso de homicídio que eu tenha conhecimento. A morte faz parte da vida. Sempre ia a velórios, enterros e como uma teia aprendemos, nos amparávamos da morte. Hoje não vejo mais essas coisas senão pela televisão, parece que ficou banal a morte. Algo fora da realidade. Pessoas somem, já não querem nem ter uma lápide. Gira o mundo e a morte a todos chega. É preciso fé, amor, paz e compreensão porque a vida não é eterna.

Mente

Hoje tudo o mundo do jardim está calmo, quente e verde. Nenhuma folha se move se move. As folhas estão tão coriáceas, as inflorescências secas. Tudo está numa monotonia. O Phillanthus acidos foi molestado por larvas de lagartas, parece até que morreu, mas não, ele é muito resistente na próxima estação estará forte. Sempre renova a custo de muito sofrimento. As plantas estão paradas, quietas, pois o vento não veio assanha-las. O tempo é que cuida delas que dar a elas a oportunidade de serem lindas e é o tempo também quem as faz triste. De tempo para elas se remontarem, renovarem. Miro então o céu azul, com cúmulos esparços, pombos sobre as paredes e o ócio. Preso entre as paredes, fixo a essa janela. Tenho a natureza através daquela e através desta janela que é meu computador, decodifico o mundo. Mas estou preso a esta janela, vez por outra olho através da janela para ver o mundo, para fugir do meu mundo. Ouço música. Não sei onde me encontro. Meu corpo pode esta aqui presente, mas minha mente mais veloz que a luz viaja. Minha mente não tem um lar. Por isso olha através da janela pra ver se a encontro nas plantas, no jardim, nas nuvens, na música. Qual será a natureza de minha mente? Quando vou poder está pleno com ela?Sabe lá, por isso fico buscando a essência na beleza do jardim, das plantas, no vento. Fora de mim.

Segunda feira

 Ontem, fui com Sassá a borracharia para fazer o rodízio dos pneus. Ele me perguntou o que é rodízio. Tentei explicar várias vezes, mas foi ...

Gogh

Gogh