quarta-feira, 23 de março de 2011

Pessoas muito especiais

Há pessoas boas, especiais e extraespeciais. Bem conheço bem pouco as pessoas extra especiais. Pessoas boas são aquelas que se dão bem contigo, mas tem um circulo muito restrito de relações, as pessoas nem falam nem defendem são indiferentes, as pessoas especiais são aquelas que tem um circulo bem maior de amizade, mas as pessoas falam bem ou falam mal, essa pessoa é reconhecida pelas pessoas por bem ou por mal, já as pessoas extra especiais, ah, essas são raras, considero uma pessoa extraespecial aquela pessoa que é querida por todo mundo sem exceção, são extremamente raras, essas pessoas são luzes na vida de outras pessoas. É assim que vejo o professor George Sheferd. Natural da Escócia veio para o Brasil para desenvolver pesquisa e ensinar Biologia Vegetal na decada de 70 e permanece na academia até a atualidade, no entanto estará se aposentando no próximo mês. Hoje no biofórum o professor uma das pessoas mais esperadas neste evento, apresentou suas ideias, sobre distribuição e classificação de florestas no estado de São Paulo, com a sala cheia de alunos e professores, com inúmeras pessoas sentadas no chão e escoradas por fora da sala. Nunca este evento foi tão frequentado, nem a sala de congregação recebeu tanta gente que ouvia atenciosamente cada palavra, calma e mágica, de olhos arregalados, mais parecia um lider espiritual do Tibet, após apresentação recebeu uma salva de palma belíssima. No final foi apresentado uma homenagem preparada pelo Gustavo Shimizo, uma apresentação de fotos de toda a carreira do professor em diversos eventos de sua carreira, seguido de uma seção de fotos e um muito obrigado. Passou palavras de paz, paciência e amor ao trabalho, prazer em viver. Foi um momento muito especial para o centro de biologia, o departamento de biologia vegetal e para todos ali presente. A imensa quantidade de presente só comprova a tese de que há pessoas extraespeciais que são pessoas que fazem o seu trabalho com muito amor. Amor ao próximo, ao ensino e a vida.

Galinha

A galinha põe todos os dias nos mesmo horários, mas mesmo assim se espanta de por um ovo, mesmo assim todos os dias quando põe sai gritando onomatopeicamente, cacarejando, alvoroçada, parece está avisando para o mundo a boa nova, e na sua gritaria avisa aos ovífagos que tem comida. Parece tola entre os animais, pois nem todos os animais que põe dar tamanho escândalo, os pássaros não saem gorgeteando. Estranho o comportamento, mas muito bom porque quando a galinha saia gritando do ninho, eu saia correndo pra pegar o ovo e fazer uma gemada. Nunca pensei se quem tinha nascido primeiro se tinha sido o ovo ou a galinha. O que me interessava era o delicioso ovo batido com farinha e açúcar. Não me importava, mas como morava no sítio, percebia que a galinha cacarejava pra exatamente avisarmos que onde estava seu ovo, pra irmos busca, senão os animais comeriam e elas não teriam nenhuma ninhada. Veja só, acho as galinhas aprenderam seria melhor ceder os seus ovos para nós que cuidamos delas, que ceder a lei da selva, aprenderam que cedendo sua prole, garantindo proteção e alimentação, embora vez por outra haveria um sacrifício de alguma delas. Acho que ela se espanta com o tamanho do ovo, ou sei lá, as galinhas são muito esquisitas, difíceis de se compreender como toda e qualquer fêmea.

flor

Uma flor,
tem cor, odor,
uma flor,
que pensas quando vê,
uma flor delicada,
perfumada,
singela, bela,
orna de beleza
onde está.

A velhinha e o caminho


Havia um caminho que não dava em muitos lugares, pouca gente passava bem a ali naquele caminho próximo a um riacho havia uma casa, de taipa, uma velhinha e um cachorro. A velhinha era educada e limpa e todos os dias varria o terreiro, as calçadas e a casa. Seus copos simples de alumínio brilhavam, e todos que a ali passavam ela cumprimentava, acalmava seu cachorro que latia, e se ouvia um bom dia. A todos servia um copo de água e um café oferecia. Nestas breves conversas se informava o que acontecia nos extremos daquele caminho, muita gente conhecia e todo dia conversava com quem passava. Sua comida era escassa, seus modos rústicos, mas era muito educada, acreditava em Deus. Durante o inverno o som da água do riacho ecoava em sua casa dia e noite sem parar, quando o verão chegava, pagava por um carga de água. Tinha a face enrugada, e sabia o que ocorria nas extremidades do caminho. Tinha uma voz arrastada, nunca viajara, vivia ali desde sempre, sabia falar como o povo dali falava, palavras rudes, mas se comunicava. E sempre se falava sobre as chuvas, a seca, a vida, as famílias os acontecimentos tão previsíveis, imprevisível era a morte, mas vez por outra subtraia um conhecido, por vezes mais um nascia. Crianças cresciam e envelheciam, aprendiam os vícios e aquele caminho aquela casa, havia uma velhinha e um cachorro, a velhinha era limpinha e educada, mas o tempo passou e a vida da velhinha se encerrou, daqueles que passavam um se destacava por falar muito, falar só, conversar. Este homem que andava numa burra, falava tanto que quando não tinha com quem conversar consigo conversava, tinha a orelha grande, os olhos castanhos e um chapéu de coro, um relógio oriente. Este todo dia passava naquele caminho era notícia certa para a velhinha, um jornal, sim porque esse senhor era um comunicador, de tudo e todos falava, mas o tempo venceu, aquele riacho, aquele caminho se transformou numa represa. Imersa estão as memórias, o caminho, a casa e a velhinha o cachorro e o velho dormem na eternidade.

terça-feira, 22 de março de 2011

Leva-se anos para ser o que se deseja e segundos para ser destruído.

Vento maestro

O que leva o vento?
Leva movimento,
leva vida nos esporos,
poléns e bactérias,
além poeira, o vento
quando toca as folhas,
as flores e os frutos
das plantas anima
as faz dançar,
muitas vezes fica a
sussurar,
provoca desavenças,
faz girar cataventos,
turbinas,
o vento tem certos
sentidos para soprar,
e se movimenta
com a terra,
se desloca e faz
deslocar a água do mar,
condensada nas nuvens
que ao se precipitar,
chega a cantar,
e faz calar o vento,
e faz germinar
a vida, dos esporos,
dos polens, dos quistos,
é a natureza em movimento,
sob a maestria do vento.

noite vestida

A noite chega sempre vestida de negro,
é elegante, tem na roupa brilhantes,
que piscam feito estrelas,
a noite é fria, se doa a poesia,
a tudo esconde, rosas, cores,
só os odores são capazes de esconder,
há seres que aprenderam
a viver com ela,
que aprenderam a se alimentar,
a se esconder na noite,
há seres que aprenderam
a ser noite também
pois vão muito além,
da visão, das cores,
a noite sempre vestida é negra.

Canta sabiá

Por onde andará o sabiá
que não mais veio cantar,
as manhãs são tão caladas,
e sem brilho sem seu canto,
o sol nasce enfezado
quando o sabiá não vem cantar,
onde deve está aquele sabiá,
porque parou de cantar,
Só canta quando quer namorar,
eita sabiá,
igual a ti não há,
mas não fiques sem cantar,
o outono está ai,
e o inverno não tardará,
canta no outono,
pois se tu calar,
o vento vai soprar,
e esfriar esse lar,
volta a cantar
cantador sabiá,
volta a me acordar,
que o escuro sem teu som,
não tem sentido,
não tem um norte,
canta e da sentido
a felizberto brolezze,
o jasmim já não tem flor,
a magnolia e a acacia
estão tão desoladas,
pois se tu não vir cantar,
ah o que vai ser dessa rua,
toda nua,
de som temos grunidos
e latidos
dos cães,
tu não está cantando para nos acalmar,
o que é que há,
volta a cantar sabiá,
volta a cantar.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Casa de minha avó

A casa de minha avó era uma casa muito simples, uma casa muito antiga de paredes brancas como a neve, com duas cadeiras confortáveis de balanço e cadeiras duras, nas paredes brancas tinham imagens de santos, uma foto de meu pai quando jovem que eu não reconhecia e uma foto do meu avó e minha avó. O piso era desenhado, feito no cimento queimado com desenhos. na anti-sala tinha um altar, com vários santos, não sabia, mas ficava com pena porque aqueles santos pareciam está sempre tristes e o Cristo estava sempre crucificado, depois fiquei sabendo que tinha um santo Antônio lá. a casa era muito grande, mas muito mal dividida tinha três quartos, um que eles guardavam as coisas de valores, comida, já que não tinha geladeira, este ficava na sala, e mais dois um onde vovó dormia com vovô, era um quarto muito escuro a luz que entrava lá era de uma telha plástica ou luz do fogo da lamparina, não tinha janela, e o outro era do lado do altar. Tinha uma anticozinha onde tinha um fogão a gás e um tripé onde guardava os aluminhos.Tinha um fogão de lenha feito vermelho, de tinta xadrez, as panelas eram todas de barro, tinha uma vazia de barro pra lavar os pratos que se chama alguidar, e potes de barro. Na cozinha tinha um passarim numa gaiola que cantava muito. Mas a coisa mais bela naquela casa aquela que dava cheiro e graça era a minha avó, sempre engraçada, tinha um tique na face ficava a piscar quando olhava, usava óculos, e tinha uma voz arrastada, tinha muitas histórias pra contar, gostava muito de mangar, coisa que herdada da família. Poucas vezes veio a minha casa, lembro que foi certa vez com meu avó. O meu avó pouco conheci, lembro que era grande como meu pai, tinha uma voz muito bonita, são muito poucas lembranças, ainda era criança quando partiu. Sei que tinha um comportamento de muita moral, muito zelo pelos filhos e netos, era muito inteligente quando negociava, ninguém passava a perna nele. Meu pai me contou que ele não deixava ele sair a noite pra se divertir, tinha que sair escondido, tinha temperamento muito forte, era sério, mas gostava muito de falar lorotas. Gostava muito de doce e queijo, adorava doce de mamão e galinha também. Naquele tempo a carne que o pobre comia era uma galinha e o queijo só nas semanas santas. Papai falou que comia só feijão com torcinho e a noite cherenho de milho. Quando tinha castanha comia pirão de castanha. A coisa melhorou para eles depois que se aposentaram que já foi no fim da vida. A família sempre foi franciscana, pobres extremamente religiosa, porém com muitos valores. Usavam roupas simples, só se comprava tecido nessa época, roupa feita era caro, não usavam sapatos só sandalhas. Papai usou o primeiro sapato em São Paulo, veio pra cá com 17 anos. Eles eram muito simples e tinham uma casa muito simples, mas bonita pois minha vô gostava de enfeitar a casa com flores, tinha muitos catarantus, rosas e brancos, gostava de ver aquelas flores, tinha uma roseira do lado da casa, e no lado da cozinha tinha um pé de romã, um pé de pimenta de macaco do lado do banheiro que era feito de palha de coqueiro. do lado oposto tinha um pé de jasmim manga, mas não gostava porque usavam suas flores para enfeitar defunto, demorou para superar esse receio das flores de jardim, tive que apagar da memória aquela ideia, o medo da morte. Bem e quando ia para lá via meu pai, meus primos e meus avós juntos era bom porque minha avô colocava o almoço as dez horas era cedo para os padrões de minha casa. Tinha todo um ritual primeiro ela punha o feijão com bastante caldo, e punha farinha, ai todos tomavam o caldo, em seguida vinha o arroz e por fim um naco de carne de frango ou de gado, depois do almoço tinha um café. Era o costume de meu povo. Simples mas de coração grande, nunca ninguém que fosse lá voltava sem almoçar. Quando volta aquela casa, toda transformada, sinto saudades daquele tempo onde podiamos desfrutar de nossas presenças, nossas conversas, e nossas esperanças. As carnaubeiras continuam vivas, algumas pinheiras e cajueiros, mas a casa não só tem a alma das lembranças. A casa nada é, mas as lembranças ao chegar lá acendem feito vela, sinto a presença de todos alí, embora esteja só aqui.

domingo, 20 de março de 2011

Partida

Quando alguém parte,
e deixa a arte de viver,
quando a alma deixa de ser,
eis que faz-se a dor,
e o mundo perde a cor,
e só o tempo faz regenerar,
a vontade de viver,
aprendemos com o sofrer,
e o tempo, cala a fala
em nossa mente,
só fica a saudade,
e tudo que era já não é.


Só a fé

 É certo que morreremos, mas quando vários conhecidos e queridos seus partem num curto tempo. A gente fica acabrunhado! A luta do corpo com ...

Gogh

Gogh