sexta-feira, 9 de abril de 2021

19. Fim de tarde

 Sexta-feira dia bom. Ótimo sem pandemia. Saudades dos encontros com os colegas, de ir para o trabalho. E voltar no fim da tarde. Todavia a mais de um ano estamos nesta. Sem almoçar com os amigos. Só casa e super mercado. Uma rotina longa. Não conseguimos distinguir os dias. Só sentimos cansaço.

21. Dialética pueril

 Estou desaprendendo a ouvir os pássaros,

Estou aprendendo a amar um pequeno ser.

Estou desaprendendo a caminhar de madrugada,

Estou aprendendo a observar um pequeno ser,

Estou desaprendendo tanta coisa,

Estou aprendendo tanta coisa,

É uma revolução,

Sinto gratificante trocar uma fralda,

Pegar o termo bebê,

Quando vejo que sorrir,

Meu ser explode de alegria,

Sorriso banguelo

O mais perfeito,

Ingênuo,

Doce,

E puro.

Não desaprenderei de ouvir os pássaros,

Ensinarei como se ouve a natureza e a vida.

18. Canafístula

É uma planta tão bela 
Tem flores amarelas,
Na copa simétrica,
Crescem ramos longos
Ramos inermes, tomentosos,
Com Estípulas caducas,

Quando florida fica toda amarela
Só se ouve o zunzun do mangangá
Abelha grande a polinizar pra lá e pra cá
Depois surgem longas vagens
 Vai crescendo e aparecendo,
Fica escura parte e cai,

Os animais dela se alimenta
E começa a dispersar
Como é linda a natureza
Com a vida a pulsar.

quinta-feira, 8 de abril de 2021

17. Vida crua

 O vazio ao meu redor,

Uma infância silenciosa,

O mundo objetivo ai,

Mudo.

Meu mundo subjetivo.

Mudo.

Tudo estava ai dado.

Rochas, solos, plantas, flores, frutos.

Agricultura, pecuária, cozinhar e trabalhar.

A linguagem muda.

O que ouvia?

Não havia literatura, arte, ciência.

Era a vida crua,

A vida crua requer muito das pessoas,

Os estímulos o que nos envolve pode ser qualquer coisa,

Sortudo fui tive amor.

O lugar nu se mostrava,

Mas não tinha olhos para ver,

O lugar cozido se oferecia a uma refeição, mas a boca não era usada.

O início era o princípio mesmo,

Sabe um caderno, um lápis e uma borracha num saquinho de macarrão.

Todos éramos assim,

Isso...

Este reflexo da falta de recurso.

Este era o nosso retrato,

Essa era minha comunidade,

Minha realidade,

A vida crua,

A vida nua,

Mas a natureza diretamente nos ajudava,

E o trabalho nos fortificava,

Triste quem nem a natureza pode recorrer,

Triste quem vive a fome,

São as realidades deste mundo,

Com pessoas injustas,

Triste forma de ser,

Uns com mais outros com menos,

Sempre querendo,

Não foi fácil,

Porque ficamos com muitas marcas,

O importante é que deu certo,

Vem dando certo.

quarta-feira, 7 de abril de 2021

16. Por amor

 Em meio a tantas coisas onde nós encontramos? 

Cansados, tristes, desiludidos?

Não é de fácil ordenar as ideias.

Aí olho meu bebezinho, lindo, perfeito.

E tudo muda.

Sabe por que?

Porque ele me faz crer na vida.

Sua inocência não tem nada a haver com meus sentimentos.

Só quer um pouco de meu amor,

Minha atenção

De mim.

Então sou impelido a lutar

E vencer por amor.

Por amor só um pouco mais.

15. Jurubeba

 Jurubeba espinhenta,

Folhas grandes e macias,

Parecem coro curtido,

De verde petróleo pintado,

Ramos cinzentos e armados 

De agudos acúleos 

 

Flores estreladas, lilases,

Com anteras poricidas amarelas,

Vai formar um tomatinho,

Escuro e muito amargo, 

Jurubeba jurubeba

Quem te ama é a carouxa.


14. Objetividade

 Desconhecer muitas vezes oculta a beleza das coisas. Lá na Grugeia onde papai nasceu grandes granitos deitados nas terras descansam pela eternidade. Para eles nada mais que pedras. A objetividade não se revela a toa as pessoas. Os lindos cristais de quartzo, ortoclazio e mica. Na terra de solo alvo onde nasce unha de gato aos montes. Espinheiros... Floresta decidual. Classificada a vegetação e o solo e as rochas. Em que isto impacta na vida das pessoas? Acho que em nada só nos permite contemplar melhor o mundo. As coisas podem ficarem belas quando as compreendemos. A quebrada, a falta de perspectiva endurece um coração termo. 

terça-feira, 6 de abril de 2021

13. Embiratanha

 Que bela planta,

Nua tem casca verde,

Suas folhas articuladas,

Grandes e palmadas,

Embiratanha,

Que bela flor 

Grande e alva,

Cálice tubuloso,

Estames vistosos,

Embiratanha,

Casca milagreira,

Planta milagrosa,

Rica em taninos,

Pseudombax marginatum,

Planta linda do sertão.




11. a água

Aquela época tinha o seu brilho.
Ainda era criança e acordava bem cedinho.
Era preciso buscar água para abastecer a nossa casa.
No máximo buscava quatro cargas, mas apenas três era suficiente.
A quarta era para o gado bebe.
Papai era sempre generoso, acordava, pegava o burro, colocava a cangalha e as ancoretas.
Lá ia eu montado no jumento no meio das ancoretas.
Quando dava sorte, tínhamos água no riacho de Zezin de Tica até dezembro.
Ia pra cachoeira enquanto o sol nascia.
Na quebrada a catinga cinza era tudo que via,
Tinham os granitos e gnaise.
Naquela terra vermelha o caminho ficava empoeirado,
A poeira se misturava com a merda dos animais
Dando o odor de paú.
Era sempre cansativa esta atividade.
Via o mundo sem muito compreender,
A caatinga, o barro vermelho, as rochas, as serras.
Um horizonte ondulado.
Um sítio de cajueiro com seus lindos catolés.
Feliz enquanto tinha essa paisagem senão,
Tínhamos que ir buscar água no Alive.
E ano todo minha luta era o problema da água.

segunda-feira, 5 de abril de 2021

11. Tio Michico

 Quando criança gostava se sair com papai. Não era para todos os lugares.

Geralmente a gente ia na casa dos tios dele. Manuel Souza, Raimundo Souza e Michico.

Gostava de ir a casa de tio Michico por causa das aves, das jaqueiras ou a caramboleira?

Aquela casa enorme com uma Ficus elastica na frente, com aquelas estípulas enormes vermelhas.

Tinha uma área com uma estrutura de um avião numa areazinha.

A casa antiga com calçada alta, telhado alto.

A gente subia a calçada e entrava numa área grande que dava para o curral.

Tinham várias plantas, inclusive um jasmim.

Depois tinha uma área com um poço e a cozinha escura.

Com vários viveiros.

Lembro da graúna.

O terreiro da cozinha dava numa caramboleira e várias jaqueiras, mangueiras, cajueiros.

Eu como moleque curioso ficava curiando os quartos. 

Tinha um criatório de preá.

Papai sempre conversava muito.

Eu só olhava as buguesas, a graúna...

Lembro de ir com papai num carnaval e vi pela primeira vez uma televisão colorida.


Um dia

 Um dia não estarei aqui. Pode demorar, Pode ser logo. Quem sabe! Bom agora estou pensando isso. Foi um vídeo de uma manbu que me fez pensar...

Gogh

Gogh