quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Doce fruta

A sombra da acácia
um bando de sanhaçus
faz uma algazarra. E cantam
e brigam e voam de cá pra lá.
Meu jardim até mesmo com esse sol
ardente está viridescente.
Quem dera que a brisa visitasse
meu  jardim como visitam os sanhaçus.
Mas brisa não come banana.
Não se chama a brisa.
Então resta fazer algazarra
junto como os passarinhos.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

O que me guarda o amanhã?

O que me guarda o amanhã?
O mundo a todo instante sofre mudanças
transformações quer sejam grandes ou pequenas.
Nada permanece estático. E quando se trata
da vida a ausência de mudanças
é quase impossível.
Não sabemos como lidar com as mudanças.
Temos ansiedade pela mudança por medo
ou por curiosidade.
Muitas vezes ignoramos
que a vida ocorre no momento presente
e ficamos aflitos
porque queremos ou não queremos
que ela ocorra.
E tudo isso gera em nós angústia,
incertezas e infelicidades geradas pelo fluxo da vida.
Aos que tem alguma convicção
esses sentimentos são mais tênues,
mas jamais estamos livres deles,
senão não seriamos humanos.
Há mudanças que vem para bem
e há mudanças que não vem para bem.
Vivemos num mundo onde a dúvida é hegemônica.
Onde muitas vezes as pessoas por não terem alicerces
desabam.
Mas porque me interessa o amanhã com suas mudanças?
Se eu posso viver o hoje.
Se eu posso ver o meu jardim, ver um filme,
sair para caminhar e se eu posso viver além das mudanças.


Silêncio da manhã

O silêncio da manhã
é iluminado pela luz
do sol.
O mundo nada ecoa
nesta manhã
que mais parece uma
pintura, mas se fosse pintura
não seria tão bela.
As casas tem suas janelas
abertas e em seus átrios
domina o silêncio.
A poucos instantes ouvi
um galo cantar.
Ele cantou duas vezes.
Lembrei-me de minha
casa na infância
onde de manhã
o terreiro ficava povoado
de galinhas.
Galinhas vermelhas, petras, pedrezes.
Galinhas perocas.
Os galos com suas plumas
iridescentes ficavam
feito soldados
de peito estufado,
imponentes vigiando seu território.
E quando eles ficavam sob a luz
suas plumas se revelavam ainda mais
coloridas e viçosas.
Acabado o alarido,
depois de todas e todos alimentados
os bichos saiam a forragear
insetos sob os cajueiros
e pinheiras e cirigueleiras.
Quando não se deitavam,
se espojavam, se coçavam
numa alegria.
E de vez por outra
galo cantava um canto longe
só para avisar
que ali ele mandava.
E nos ficávamos na
área da cozinha
sentados ou deitas
no chão frio.
E cantava o galo
nas manhãs silenciosas.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Murraia

Murraia de flor branca e perfumada,
tuas primas laranjeiras te invejam,
pois enfeitas as ruas e não os pomares.
O doce Murraia onde mais te encontrarei
tão copada e tão abundante,
senão aqui em barão.
As pessoas te amam Murraia,
amam a tua sombra, teu perfume
e tua presença.
Que delícia caminhar
em fevereiro após a chuva
pelas ruas perfumadas.
Ruas da Santa Isabel,
Luiz Vicentim ruas até
não denominadas por mim...
E a noite cai e apaga tuas flores,
mas tu Murraia
seduz por teu perfume
aroma doce.
Habitarás sempre e mim
feito o perfume do jasmim
doce Murraia

Aqui estou

É noite.
A noite fecho a janela. A luz do dia se apaga.
Acendo a luz e vejo meu quarto com maior nitidez do que durante o dia.
Sento-me em frente ao computador.
Em que hei de pensar?
Não sei.
Ah, já sei. Ouvirei o poema tabacaria.
Então ouço-o atentamente
e esse momento se repete
quase diariamente.
O mais interessante é quando mais o ouço e leio,
mais belo ele fica. Mais sentidos ele tem.
Abri um chocolate
e comi e ri quando ouvi a frase "come chocolate".
Eu tento pensar tanta coisa
e acabo não conseguindo pensar em nada.
Ao menos saboreio o som
das frases lapidadas
de Pessoa.
Ao menos neste momento estou plenamente em meu ser.

Tarde fagueira

O verde viçoso das plantas
reflete como espelho
através de minha janela
e torna meu quarto claro.
Faz um calor nesta tarde
que chega a nos dar
moleza.
Os cães latem na rua.
Ah, que impaciência!
Hum, que vontade de dormir.
Mas logo toda essa moleza
passará com a partida do sol.

domingo, 26 de fevereiro de 2012

A flor e o ocaso

A tarde partia
e a noite caia.
O ocaso apalpava
as formas apagando-as
junto com as cores,
caminhava lentamente,
olhando pro céu,
para as curvas
da natureza
que  naquele instante
se recolhia,
me virei lentamente
e vi ali bem próximo
quase ao meu lado.
Vi uma flor de açucena
desabrochava
feito borboleta saindo
do casulo.
Lentamente, gentilmente.
Aquela flor capturou minha
atenção
e o ocaso tudo parou,
em poucos instantes
como ocorre
no entardecer
aquela flor se abriu
suave, alva e sedosa.
Num breve instante
todo ao meu redor
ganhou um doce
aroma...
Então ouvi um som rápido,
um voo zigue-zague,
os batimentos tão
rápidos e suaves
que nem dava para
perceber seu movimento.
Era uma mariposa.
Está voou até a flor,
estirou sua probóscide,
lambeu do meu
e foi embora,
logo vieram mais
que beijara-na
polinizaram-na.
A noite caiu
profunda feito
sono de criança.
No dia seguinte
voltei lá,
mas a flor já murchara,
restava apenas
o futuro fruto.
Por uma breve
noite aquela flor
perpetuou
sua espécie.
E tudo foi tão simples,
tão singelo
como a vida o é.


Redes sociais: um vírus?

O mundo contemporâneo está povoado de pessoas doentes. Não se trata de doenças físicas, mas de doenças psicológicas. O homem contemporâneo conseguiu acesso a informações que a cerca de vinte anos atrás, jamais imaginaria tê-las. Atualmente, a internet, também conhecida com nuvem virtual, canal que pode ser acessado por meio dos mais variados canais, tais como celulares, laptops e tablets, entre outros, proporciona em tempo real frente acesso a milhões de informações. É possível ainda comunicar-se com pessoas em qualquer parte do planeta em tempo real. Acabaram-se as barreiras físicas.
O fluxo de informações gerado cresceu em ordem exponencial. Os veículos de comunicação estão tendo que se modernizar, caso contrário, estarão condenados a desaparecerem. Muitos filtros que eram feitos nas informações pela mídia, já não podem mais serem feito. A informação já não pode ser tão manipulada.  Os programas de rádio para se sustentarem tem de serem interativos. Hoje em dia é possível que pessoas possam tornar-se celebridades do dia para noite.  As pessoas podem viajar e mesmo de onde estiverem podem ouvir ou ver seus programas favoritos.
A menos de dez anos surgiram as famosas redes sociais. No Brasil a primeira rede a aparecer foi o orkut que se expandiu como um vírus, no entanto muitas outras apareceram, mas não conseguiram quebrar a hegemonia do orkut que reinou até recentemente, quando chegou de maneira tímida o facebook e está se expandindo feito rastilho de pólvora. As famosas redes sociais disponibilizam informações sobre todos os seus participantes nelas se cadastradas. Qualquer conteúdo publicado nas redes sociais são de domínio público, até mesmo as informações pessoais. Antes do surgimento das redes sociais a televisão e o rádio eram os únicos canais de acesso de informação da maior parte da população, era também a única via de acesso a vida dos famosos. As redes sociais vieram e mudara essa lógica. Através das redes sociais as pessoas puderam escrever para seus ídolos, para seus políticos e para quem quiser. Uma vez que estas pessoas tem como se informar e informar. Elas mesmo podem se comunicar com os famosos sem os filtros. As redes sociais proporcionaram encontro entre pessoas de diferentes idades, reencontros com pessoas desaparecidas, organização de eventos, vendas e serviu como uma nova forma de expressão. As redes sociais foram responsáveis pelo sucesso de manifestos ocorrentes no mundo todo. No Egito, através do facebook, foi derrubada a ditadura do presidente que governou por muitos anos.
Por meio das redes sociais as pessoas passaram a divulgar própria imagem, dispondo informações pessoais, fotografias e seus trabalhos. Diante dessa facilidade, dessa intensa busca de informação sobre o outro e sobre si. Sim, pois no momento que se expõe na net, as pessoas geram no outro e em si uma expectativa.
Situação que não existia antes da internet, conseguentemente das redes sociais. Surgiu uma expectativa nas pessoas tal situação deixa as pessoas ansiosas. Ansiedade gerada a todo instante. As pessoas não se veem mais sem internet. Estão navegando a todo instante quer se informando, quer pesquisando sobre a vida alheia ou tentando imaginar o que pensam sobre ela. As pessoas estão perdendo aos poucos o hábito de conversar de se encontrar. Hoje é possível ver que muitas pessoas preferem falar por meio da internet através das redes sociais a falar pessoalmente.
A internet, certamente trouxe muitas vantagens a nossa sociedade, mas ao mesmo tempo trouxe também muitas desvantagens. Estamos mais informados, mas ao mesmo tempo sem opinião. As informações não tem tempo de serem processadas digeridas. Talvez no futuro as coisas mudem. Quem sabe conseguiremos nos desintoxicar e nos livrar dessas doenças psicológicas.

O mundo

Nosso mundo é o que percebemos dele.
A maneira como percebemos o mundo
é influenciada por nosso modo de vê-lo,
de senti-lo e de ouvi-lo,
pois ao tentarmos ver, sentir e ouvir o mundo,
acabamos compreendendo-o em parte.
A busca pela compreensão do mundo
muitas vezes dá sentido a vida dos seres.
Uma vez que toda a vida se passa neste mundo,
sua compreensão nos trás experiências,
que nos ensinam a fazer as coisas,
de maneira mais harmoniosas,
torna-nos mais seguros como pessoas.
É preciso está no mundo, muitas vezes,
com alegria, a vontade e energia
de uma criança que experimenta
o mundo de todas as formas
para apreende-lo dentro de si.
É preciso ter sonhos, muitos sonhos
e curiosidade. Aquela curiosidade
que temos diante do desconhecido
e desbravar o mundo
e percebe-lo e vive-lo
da melhor maneira, como seres civilizados.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

A noite

A noite chega e trás o silêncio.
Ela cobre tudo com seu mando
negro e tudo fica escuro.
A noite parece fria.
Ela oculta as formas
e as cores.
Quando a noite chega,
quando estou sozinho,
não sinto amizade com a noite,
seu silêncio abafa o meu ser.
A noite cala tudo.
As vezes quando é lua crescente
a lua parece sorrir.
Não vejo graça na noite,
não vejo vida na noite,
será se é porque não consigo
ver as flores?
Sei lá.

Velho

 Acho que estou ficando velho. Ficar velho sempre parte de um referencial. Quando dizia que estava ficando velho para minha avó ela dizia, v...

Gogh

Gogh