sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

A vigem

Há quatro anos atrás, acordei cedo, estava em Natal e tinha tomado uma decisão muito importante na vida. Dormi na casa de meu grande amigo Robério. Acordei, tomei o café, li um pouco do livro que ele me deu, mas não consegui me concentrar, estava muito ansioso. Seria aquele dia meu primeiro voo de avião. Deixaria toda a rotina construída naquela cidade por seis anos de ouro, foi alie que construí quase tudo que penso, fora naquela cidade que me dediquei com muito afinco aos estudos, a amizade e a solidão. Foram aqueles dias monótonos, aquelas ruas de pedra da universidade, aquela areia solta das dunas, aquele sol escaldante junto com aquelas pessoas que aprendi a ver o mundo de outra forma. Foi ali que vivi minha maior paixão a botânica. Alí, estava próximo aos meus pais e qualquer coisa bastava quatro horas e estava no seio, em casa de meus pais. Sei que estava muito ansioso pelo novo mundo que viria. Minha mente estava muito aberta.
tomei meu último banho lá, minha mente ainda estava preso a rotina. Quando então chegou a hora.
Despedi-me de dona Raimunda, das Rocas, de Petrópolis, de Lagoa Nova, da UFRN, de Satélite, de Natal. Tudo aquilo estava ficando para trás. Então chegamos no aeroporto, fiz o chec in, o tempo passou. A hora mais triste, abracei o Robério, a Dani, a Rosali e Antoniela. Emocionado em lágrimas entrei por aquela porta, meus amigos sumiram. Então entrei no avião que logo decolou, quando comecei a ver Natal sumir, chorei e como chorei de emoção, de tristeza? Larguei meu mundo, tentei sofrer menos esquecendo as memórias. Mas nem sempre consigo, vez por outra como uma garrafa na praia vem as boas memórias, sim, pois só guardei as boas memórias, deletei as ruins. E hoje quatro anos depois, posso avaliar como foi essa viagem. Sei que muito aprendi, muita gente conheci, estabeleci uma vez na capital e outra em Campinas não foi fácil, mas também não foi difícil. Suportei com dignidade as dificuldades. A vida está muito boa, não gosto muito porque sei que quando os ventos vão bem, logo aparece a tempestade.
Hoje estou reflexivo.
Deixei tudo pra trás sigo em frente cabeça erguida.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Pensar

Quando imagino o que podia ser, que podia fazer e o que eu sou. Reflito sobre toda minha vida, os lugares por onde passei, as pessoas que conheci, com quem vivi e coisas que vivi. A vida já me parece longa, mas parece que pouco aprendi. Parece que cada vez que aprendo, tenho aumenta minha fome de aprender. Eita coisa insaciável é o conhecer. Mas saber o que? pra que? Conheci tanta gente feliz na ignorância. Quando era criança, tinham pessoas que mal tinham o que comer, eram tão humildes e mesmo assim não faltava graça, riso, esperança e alegria. Eu me sentia bem com qualquer coisa. Será verdade que está escrito na bíblia que depois que comemos do fruto do saber, nos tornamos mortais. Talvez sim. Saber que nosso fim é a morte é muito triste. Talvez os animais por desconhecerem de uma linguagem que estire o tempo, sejam mais felizes por ignorar a morte, o futuro. Passa tanto tempo na vida pensando o que podia ser, o que podia fazer e quem sou. Essas reflexões parecem me fazer mal. Sorrir mesmo sem dentes pra mostrar. Ah a condição humana talvez seja triste ou feliz. Quem sabe?
Boa noite

Som da Chuva


Agora lá fora,
as gotas de chuva
caem sobre as folhas, e calçadas,
sobre as pedras da rua,
soam tão macias,
tão frias, que gera arrepio,

mas cá faz um calor!
calor enfadonho,
o sons não trás o frio
talvez o vento traga,
mas a chuva não tá pra vento,
ora aumenta, ora reduz,
as folhas espelhadas reluz a luz fria dos postes.


A chuva calma,
enche a alma,
se sonhos, e o corpo de sono,
a calma da noite,
silenciosa e majestosa,
oculta e negra.

Essa noite, noite vazia,
ao som da chuva,
se cala, e cala a rua,
só que soa é a chuva,
gotas da chuva,
caem
uma a uma,
duas, três, quatro, cinco, seis...
infinitos, de repente de uma nota,
a chuva vira uma orquestra.
ruge um trovão longe
oculto na noite,
longe soa o trovão,
não vi seu reflexo,
mas soou,
a noite calada,
segue embalada,
a cantiga de ninar da chuva,
que encanta minha alma,
me traz calma,
me embala no sono.

chuva

Quanto calor,
quanto vapor,
quanta impaciência,
hoje vai chover,
tenho certeza,
hoje vai chover,
que chova então!

vou ficar de banho tomado,
esperando a ordinária chegar,
chega tão sorrateira,
que despenteia a acacia,
amedronta o estrela.

chega chuva.

Chuvas torrenciais

Todas as tarde de dezembro,
desde o fim de novembro,
chovem,
chuvas torrenciais.

as quatro horas o sol ainda reina no céu,
e aos poucos vai-se fazendo o véu,
uma cortina escura,
apaga o sol,

de repente,
a cortina se desfaz em água,
pura e límpida água,

do bafo quente das ruas,
gotas evaporam,
se unem e se escorrem,
caminho abaixo,
lavando as ruas,
levando as pétalas,

e continua o mormaço,
calor a noite toda,
ainda bem que os mosquitos não aparecem,
e as ruas ficam limpas,

a magnolia perfumada pra mim,
bem perto também o jasmim,
jasmim não Plumeira alba,
enfeita a rua de brancas pétalas,
com fauce amarela.

Sim essas chuvas torrenciais,
atrapalham os namorados,
os esportistas,
mas a mim não,
mesmo que banhe,
aliás tem coisa melhor que banho de chuva,

quando morava em casa de papai,
não perdia uma chuva,
a menos que relampejasse e trofejasse,

caiu eu, rose, lidi e rosa,
na chuva, enchendo os potes,
os tanques,
depois de tudo cheio,
dos lábios roxos,
mamãe nos ensaboava,
e terminava o banho,
nos envolvia na toalha,
nos secava,
e chamava todo mundo pra cozinha,
pra comer cherém.
Era a coisa mais gostosa.

Essas chuvas torrenciais,
evocam minhas memórias mais sutis,

memórias boas.

coisa de verão,
coisa de estação
coisas de fim de ano.

agora

Hoje o sol não apareceu,
o céu está coberto de nuvens,
o vento também não veio.

o dia está sisudo,
abafado.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Sorte

É cedo muito cedo,
o sol ainda não nasceu,
a brisa ainda soa fria,
a rua continua vazia,
dentro de mim há medo.

Aurora encarnada e fria,
desponta no nascente,
e anuncia, chega o novo dia,
canta o sabiá,
canta a ciririca,

os cães safados agora que dormem,
passaram a noite na baderna,

um, dois, três transeuntes,
passam para o trabalho, para a caminhada,
em busca de recurso, em busca de saúde,
mas ainda é muito cedo,
de que adianta o medo.

a vizinha acorda, abre a porta e sai pro trabalho,
a magnólia continua perfumada da balada,
e a acacia continua enfeitada.

são seis horas,
o sol vem vindo,
o dia sorrindo,
e tudo começa,
com boa promessa,

a vida segue numa monotonia,
cheia de poesia,
trajédia,
quem será o escolhido,
que terá o corpo consumido,
pelo carro, pelo coração,
quem sabe,
a vida pulsa.

Solidão

A solidão que invade a alma,
encontra no escuro da noite,
no conforto do cansaço, a paz,
estamos sempre sós,
apesar de tentarmos fugir
não conseguimos, estamos sós.

Nos encontramos na solidão,
desde que nos separamos
do seio materno, nos tornamos
solitários, buscamos alento no outro,
mas não encontramos,
pois temos nossos medos,
nossas peculiaridades,
moldadas em nossas decisões
que são feitas a só.

Estamos só quando acordamos,
quando pensamos, só nos pensamos como nós,
estamos só quando dormimos,
quando sonhamos,
nos iludimos, um auto engano.

Somos inconformados com este estado,
estado de solidão.

Como a noite escura,
a lua desolada,
nos sentimos sós,

como a rua vazia,
o fim da poesia,
a solidão,
dorme em nos eternamente.

Reflexão

Se vivemos num mundo tão grande, por que vivemos fechado no nosso mundo pequeno?


Creio na poesia
que me trás alegria,
creio na ciência que me desvenda os mitos,
creio na fé que conforta meu espírito.
Creio na economia
que me alimenta dia-dia.

Sou absorvido pela ideia do melhor,
aprendi a consumir,
aprendi que para consumir preciso de recurso,
todavia só tenho recurso se adquiri-lo,
portanto vendo meu trabalho,
dou o melhor do meu eu,
para ser o melhor e nada nunca me faltar.
Mas os desejos são insaciáveis.
Muitas vezes dôo o melhor de mim para ter algo, viver algo,
e finalmente quando desfruto, percebo o quanto gastei pra consumir o meu objeto desejado.
Então me fecho para o mundo,
tenho no meu objeto de estudo o todo.
Mas porque ajo assim?
Algumas vezes o que nos fazemos é tão nobre, ou acreditamos nessa nobreza,
que acabando esquecendo a grandeza do mundo.
Então passamos a girar em torno de do próprio eu.
é hora de parar e pensar.

Das varias manhas em Natal

Dias muito claros

Quantos dias não acordei,
e fui até o nosso jardim,
ver as flores rosas, amarelas e anis.
Flores de mimosa, chamaecrista, sennas,
centrosemas, crotons.
Nosso jardim ficava pro poente,
de onde podia ver o trânsito dos carros,
no indo e vindo do campos,
podia ver o circular passar,
podia ver lagoa nova,
e o sol que nascia muito radiante,
me fazia sair da cama com a pele ardendo em calor,
ia ali no jardim, refrescar um pouco,
ver as flores,
sentir a areia solta,
molhar o rosto na lavanderia,
fazia isso com frequência,
as vezes corria,
as vezes caminhava
e sempre me banhava,
naquela água maravilhosamente fria,
levava o corpo e levava o calor.
Em seguida o dia começava.

Velho

 Acho que estou ficando velho. Ficar velho sempre parte de um referencial. Quando dizia que estava ficando velho para minha avó ela dizia, v...

Gogh

Gogh