sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Minha história


Sabe, nasci numa cidadezinha bem distante no nordeste, Serrinha dos Pintos, fica no estado do Rio Grande do Norte, filho de pessoas humildes, muito simples. Meu pai era carpinteiro, vez por outra vinha para São Paulo ganhar alguns trocados e minha mãe que segurava o tranco, ficava conosco, 5 filhos, o irmão de meu pai a ajudava. A vida era bem difícil. Minha cidade nem era município quando nasci. Tinha uma imensa vontade de aprender, mas não tínhamos livros, nem uma biblioteca no distrito. As escolas eram muito precárias. Aprendi a gostar de ler só. Lia o que aparecesse nas mãos. Eu tinha um sonho, ser diferente e sair daquela cidade. Não que achasse ela muito pequena, não nem tinha noção de tamanho de cidade, fui conhecer um prédio os 18 anos quando fui para Natal, minha vida alí era muito boa, mas queria ser biólogo ou médico. Então quando fui cursar o segundo grau, hoje ensino médio, descobri no novo ambiente uma biblioteca e foi lá onde descobri aquela coleção para gostar de ler. Uma coleção maravilhosa cheia de contos. Foi lá naquela biblioteca, lendo e vendo dona Bebete cochilar que comecei a viajar nas palavras, nas poesias e prosas. Fiquei encantado com a leitura, desde então lia muito, as vezes escrevia alguns versos que os perdi na minha bagunça. Não faltava uma aula, mas confesso que adorava quando faltava um professor, pois só assim corria para a biblioteca para ler.
A situação era muito precária, sonhava em fazer faculdade, mas não sabia como, nem onde, nem se seria capaz. Então costumava sonhar, todos os dias antes de ir para a escola a noite no pau de arara antes de jantar, saia para caminha no nosso sitiozinho. Parava olhava para aquela paisagem da caatinga com aqueles arbustos latentes, olhava para o sol, contemplava-o e pedia, feito Saliere, por talento. "Deus dai-me graça". A vida era cheia de esperança. Então no quando a noite caia, contemplava vênus que parecia me olhar com dor, ela nascendo no poente tão bela, encarava-a e suspirava, e segui com minhas irmãs e vizinhas até o ponto onde pegaríamos o pau de arara. Não foi fácil, não tinha livros de biologia, química, física, inglês, enfim quase de nada, e na esperança de aprender algo, pegava emprestado os livros dos professores. Não estudava eu lia, um e outro. Bem acabado meu ensino médio estava decidido a prestar vestibular para biologia, pois tive uma professora excelente. Não tinha dinheiro para pagar a inscrição, mas mamãe conseguiu com um candidato a vereador, da cidade, o dinheiro, isso em 1997, Então peguei o programa, fiquei numa tristeza, pois muito daqueles temas, jamais tinha visto, mas vamos lá. Fiz a seleção, minha pontuação foi excelente, mas minha redação foi péssima, bombei, fiquei muito triste, mas fazer o que. Queria vir para a casa de meus irmãos em São Paulo, mas mamãe me convenceu a ficar, pois iria acontecer um concurso da prefeitura, bem nessa época a prefeitura conseguiu um acervo de livros, então prestei para bibliotecário, pensei que assim poderia estudar, enquanto "trabalhava", na seleção concorri comigo mesmo, enfim passei, mas fui chamado para trabalhar na saúde. Fiquei muito feliz eu iria ganhar um salário que não era lá essas coisas, mas já era diferente, no entanto, meu objetivo era ir à universidade, então comecei a trabalhar, veio uma segunda prova de vestibular, então fiz para a UERN e UFRN, dois vestibulares, por mais que estudei não foi o suficiente, dessa vez fiquei muito triste quase arrasado, todavia era aquilo que queria. Então uma enfermeira nova chegou, ela tinha uma escola privada, a única na cidade vizinha, só quem podia estudar era quem tinha dinheiro que não era bem o meu caso. Ela começou desdenhando de meu trabalho, mas depois viu minha seriedade e me deu a mão. Nesse ano já tava ganhando comprei livros, e a enfermeira montou um minicuros de preparatória para o vestibular. Já ta cansativa minha história? Então, acordava com os livros, ia para o trabalho e todo tempo vago era preenchido com estudo, minha mãe coitada achava que eu ia ficar louco, já que um irmão dela quase, pirou quando estudava no seminário, quando dava dez horas, naquele silêncio. Coitada ela brigava, e me obrigava ir dormir, sendo que minha vontade era ir estudar, para driblar minha mão e meu pai, durante a noite, eu ia estudar na casa ao lado vazia, mas não tinha jeito, ela não entendia. Então saia para uma casa vazia que pertencia a meu irmão, pra não ouvir a televisão, mas quando dava 10h meu pai chegava chamando para eu ir dormir, quase fiquei louco, mas com meus pais. Nos fins de semana, mamãe não queria que eu estudasse com a mesma justificativa da loucura! Então eu dizia que ia passar o dia na casa de meu padrinho que trabalhava comigo na saúde, mas ia mesmo era para a secretaria e ficava lá estudando, comia na casa de uma amiga. Outras vezes eu realmente ia para a casa de meu padrinho, mas se enfurnava num quarto vazio da casa da mãe dele, era tratado muito bem lá, almoçava, tinha até lanche. E no final da tarde de domingo estava exausto, 1999 foi um ano muito cansativo. Então prestei a prova, e finalmente passei na seleção. No dia que saiu o resultado, eu, meu pai, minha irmã e meu irmão caçula tínhamos passado o dia plantando, pois tinha dado três chuvas seguidas a terra está pronta pra plantar, no fim de tarde um vizinho veio trazer a notícia, foi um dia muito emocionante, pois vi mamãe chorar já prevendo minha partida. Foi uma das maiores alegrias de minha vida. Enfim, fui embora pra Natal, tudo novo, gente nova, juntei um dinheiro, já que tinha passado para o meio do ano, e fui embora, sem lenço nem documento, fui morar moradia estudantil, cursei biologia, me especializei em botânica, fiz mestrado, depois que terminei fui morar ai na capital com meus irmãos. Passei um ano estagiando no Jardim Botânico, não consegui uma escola para dar aula, morava com minha irmã, o dinheiro que tinha era 50,00 que meu irmão dava por mês. Foi a muito custo que me adaptei, 2007 foi um ano em que aprendi muito, conheci muita gente importante na minha área. Então no fim do ano passei na seleção do doutorado, onde estou até hoje, desenvolvendo minha pesquisa. Descobri o gosto que já tinha pela filosofia. Descobri que cada dia conheço mais um pouco, descobri que nada sei e que o aprendizado é eterno. Viver é aprender.

A rosa

As flores do jardim,
são tão belas para mim,
adoro as cores,
os odores,
adoro a delicadeza,
sua singela beleza,
cultivadas ou na natureza,
as flores!
são cheias de primores,
a delicadeza dos vento,
a umidade da água,
a fertilidade da terra,
a delicadeza do jardineiro,
se enlaçam,
cultivam e cativam as flores,
ao som de Mozart,
sopram os ventos no jardim,
acenam as flores, pra mim,
mas a mais bela rosa escarlate,
como é séria,
e armada, oculta,
isso que encanta,
das flores do jardim,
uma delas é assim,
a mais bela,
mais oculta,
rosa bela para mim.

A noiva

O jardim daqui está numa festa.
Todas as plantas resolveram florir,
mas o que será que aconteceu.
Sai para ver.
Hum perguntei para a galactia que estava em festa,
vestida de rosa.
Belas flores galanteei.
Respondeu obrigada,
então indaguei o que acontece?
_Como assim respondeu.
-Por que estão todas belas?
-Você não sabe?
Não gosto muito da resposta de uma pergunta com outra resposta.
-Não sei!
-Olhe pro lado.
-Que tem?
-Ah! Não está vendo que a Musaendra?
-Sim, mas que tem.
-Ela está noiva.
-É mesmo! Que lindas plumas!
-Que botânico é voce!
-Não são sépalas brancas.
-É isso.
-Que bela sepalagem.
-Com quem vais casar?
-Com quem?
-Com a Ezenbekia leiocarpa.
-Parabéns!
É a primavera, suspirei e entrei cheio de alegria.
Viva a Musaendra.
Linda de sépalas brancas.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

grosso

-Olá quer alguma coisa?
-sim um café com pão.
-só isso?
-só.
- Sai um pingado.
- não eu pedi foi café.
-tá com ou sem leite?
-um café!
- só café.
- um pão na chapa!
-ou ta de brincadeira?
- pedi um pão.
- ah!
- de onde voce vem?
- pra que quer saber?
- Tai.
Esse povo!
- quanto custa?
- 3 reais.
-chau.

Tempo passa

Ontem, 24 de novembro fez quatro anos que defendi minha tese de mestrado. Passou tão rápido. O tempo realmente é imperceptível sem cor, cheiro ou textura. Durante todo esse tempo fui me enfiando no futuro, fui me desenvencilhando do meu passado, sem ver o presente passar. Fiquei pensativo, mas por pouco tempo. É tanta coisa pra fazer, pensar ou se informar, que esquecemos de viver o presente, somos ansiosos por aquilo que pode acontecer. Estamos cada vez mais consumistas e o tempo é nosso capital mais valioso, temos que fazer bem nossas escolhas senão somos atropelados. O mundo não para. No Rio de Janeiro ocorre uma guerra civil, em Brasília a presidenta selecionas sua equipe para governar, aqui em Campinas ocorre concurso para professor na Unicamp. A Coréia do Norte lança míssil contra Coréia do Sul. O Haiti se acaba em cólera. A Irlanda esta afundada em dívida e a China luta para equilibrar a inflação. O mundo não para, o meu mundo não para. É a pós-modernidade. Que coisa nunca pensei que me afogaria nisso. Nunca no ano de dois mil, mal sabia usar um computador e agora quando acordo a primeira coisa que faço é ligar o computador. Nestes quatro últimos anos toda minha vida mudou. Sai da minha terra, conheci novas pessoas, novos costumes. Quem sou? não sei.
Mas é bom pensar sobre.

a vida amanhece


Aurora companheira da manhã,
surge paulatinamente,
bem do nascente, longe no horizonte,
os primeiros raios despontam sem afã.

O galo desperta o sol,
o sol desperta as flores,
o mundo fica cheio de cores,
e nós não percebemos nada,
somos passivos,
loucos subjetivos,

Ah, quanta beleza,
há na natureza,

Desde aurora, crespúsculo do por do sol,
vivemos divagando,
algo esperando,
não percebemos na vida,
as passagens,
do frio do inverno,
do calor do verão,
a indiferença do outono,
da explosão de cores da primavera,

não percebemos que a vida passa.

Sem falar na beleza da noite.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Silêncio

Estou aprendendo a contemplar o silêncio,
a acacia que de minha janela, sempre bela,
sorri pra mim, me namora, com seus buquês,
dourados, flavas flores,
contempla-me no silêncio,

o tempo só torna-a mais bela,
imponente, real.

Existo, resisto ao tempo,
mas os dias, deixam as marcas,
na carne, na mente e no ser.

A foto

Hoje tirei minha primeira foto, calma. Foi a primeira foto com minha nova câmera. Então eu esperei até encontrar uma paisagem que fosse digna de ser registrada. Como a ansiedade era tanta não deu para esperar o por do sol. Adoro ver o crepúsculo, o sol se pondo o fim do dia, mas não foi dessa vez, espero que demore muitos anos pra poder comprar outra câmera. Bem então depois que sai de casa, tive aula de inglês. Então quando ia divagando na minha bicicleta, carinhosamente apelidada por Malrício de Xabrobike, na cicloria, quando passei sob um lindo flamboiã, isso mesmo um autêntico Delonix regia. Estava lindo cheio de cachos, rubros, encarnados, colorados. Então sorri por dentro. Minha câmera sorriu também. Saquei-a da mochila, da bolsa e então busquei o melhor ângulo achei. É esse saquei uma foto. Minha primeira foto que emoção com minha nova câmera! Pensei eram quase onze horas, o céu estava limpo, fazia um calor, mas tinha o som de fundo o canto do sabiá. O flamboiã que adoro, como é lindo. Acho uma das mais belas árvores. Sabia que é uma planta exótica, sim é de Madagascar. Pertence a família botânica das Leguminosae.

Damas da noite

Na noite estrelada,
a lua pálida se escondia atrás das árvores,
em minha caminhada,
sentia o frio do escuro,
das sombra das árvores,
noite cinérea.
Aos passos curtos,
sentia a noite,
sentia meus pés tocar o chão.
a cada passo um espaço,
quebrando a inércia,
sentindo a noite.

Ah a dama da noite,
vestida de branco,
exalava uma essência doce,
tal qual som da sereia,
me deixou encantado,
parei, e vi aquelas flores brancas,
a dama da noite sorria pra mim.
Bela dama,
Solanaceae, cheira assim.

A lua quebrou-me o encanto e se escondeu entre as nuvens,
fez-se escuridão,
senti a pele negra da noite
tocar-me.

E logo a lua clareou,
segui então ela,
aquela encantadora um novo odor,
era magnólia me chamando,
seu cheiro acariciava minha alma,
tornou-me estático...
Namorei-a mas a noite passa,
deixei-a ali,
parti.
Quando cheguei em casa,
tinha a alma embotada,
de essência, de sonhos e de sono.

manhã da campina

Rubra quebra a madrugada aurora,
e surge dourada manhã,
plena de luz, canta o galo de campina.
O riacho ronca o som da chuva da noite passada,
o eco resoa no serrote,
o verde brilho das campinas,
salpicado por flores amarelas, rosas e azuis,
a bonança, a paz, depois da chuva,
frio segue o dia.
Canta o galo de campina.

Um dia

 Um dia não estarei aqui. Pode demorar, Pode ser logo. Quem sabe! Bom agora estou pensando isso. Foi um vídeo de uma manbu que me fez pensar...

Gogh

Gogh