terça-feira, 1 de fevereiro de 2022

Graça

 Céu azul,

Sol brilhando,

A gente passeando,

A senhora no banco da frente

Falando e falando... Feliz.

Aqui e acolá.

Falando de tudo e sobre nada.

Gosta de música animada.

Que felicidade tê-la como mãe.

Muito obrigado pelo carinho,

Pela amizade,

Por todo tempo que se dedicou a mim.

Não tenho palavra para agradecer,

Só um coração cheio de amor

Que muito sente sua falta.

Te amo mamãe.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

Feliz

 Minha amiga me falou uma coisa que achei interessante.

Ela falou do mundo dos espíritos.

Achei bonito.

Achei coerente.

A muito que gosto de Chico Xavier.

Mamãe está no mundo dos espíritos.

Papai foi mais cedo.

Sinto uma saudade tremenda de mamãe.

Como amava brincar com ela.

Suas histórias.

Mamãe quando sentava no banco do carro da frente parecia uma jandaia.

Desembanhava a conversar.

Falava, falava e falava.

Só o que ela sabia.

Era bom vê-la ali feliz na nossa companhia.

Um mês

 A casa de Cledina ficou tão boa.

Vamos passear lá.

Mamãe, Rosangela, Gabriela, Pedro e eu.

Fiquei ali olhando as transformações que a chuva faz.

Mamãe, Rosangela e Cledina ficaram na cozinha cozendo.

Pedro e Laura no tablete e no celular.

Foi um dia muito agradável.

Comi muito no almoço, guiné.

À tarde, após o almoço deitamos na rede na área de fora.

Ficamos olhando o mundo e conversando.

Até entardecer.

Foi meu último dia com a mamãe.

Dia 31 de dezembro de 2021.

domingo, 30 de janeiro de 2022

Tarde de domingo

 A tarde caiu cinzenta.

A tarde de domingo.

Achei que tardes de domingos não poderiam ser mais tristes.

Estava enganado, foram duas mais as tristes tardes de domingo.

A primeira quando papai se foi e a segunda quando a mamãe se foi.

Quão subjetivo é isso.

Todavia a dor da perda é algo universal.

Só quem perdeu pode me entender.

Pode ser como um poeta divagando

Ou realidade no fel.

Sabe lá.

Pensa...

Pensa.

Não sabia que o domingo me reservava tal realidade.

Nem saberei mais o que virá.

sábado, 29 de janeiro de 2022

Sonho com Borges

 Sonhei conversando com Jorge Luis Borges,

Que pretensão a minha a de conversar com Borges.

Que maravilha.

Ouço Borges semanalmente e sempre acho que temos tanta coisa em comum.

É impressionante nossa simpatia para com aqueles que gostam das mesmas coisas que a gente.

Fiquei encantado ao ouvir Eduardo Galeano e Facundo Cabral.

Tanta elegância e conhecimento nos enamoram.

Com Borges a relação é antiga começou com flerte de um livro numa livraria no Don Pedro.

Fiz uma leitura analítica e desde então não me afastei desse bruxo das palavras...

Vieram os livros, biografias e por fim a fase de ouvinte.

É impressionante o quanto tenho a aprender com Borges.

Ouvi-lo é está pronto para se surpreender o tempo todo.

Às vezes, mesmo indispostos é bom de ouvi-lo.

Aprendo, concordo e me surpreendo sempre que me disponho a receber suas preciosas palavras.

É maravilhoso a forma como define as coisas.

Quanto tempo matutando os textos, os livros...

Ouvindo Lili Kraus... até me perco em tudo.

Até perdi o foco do sonho.

Alguma coisa a tecer

 A vida se ressignifica com a morte.

A morte o limite da vida é inerente ao viver.

A experiência de morte é a última de quem a experiencia.

A dor é de quem fica.

Após a morte tudo são fatos.

Um corpo é conduzido a sepultura.

Para onde vai o espírito? Geist?

Depois da morte apenas restam memórias.

E como uma chuva que não dura para sempre,

O sol em pouco faz tudo secar.

Será o sol o tempo?


Cozer

 As impressões, as sensações, as percepções e os pensamentos cozinham minha mente.

Sigo perdido num caos cru.

Estou numa busca sem saber o que vou encontrar.

Não estou colocando nada no sistema.

Estou quase enlouquecendo.

Vivendo dias difíceis.

Um dia de cada vez.

Metafisica do amor

Há um vazio.
Vazio surge de algo.
A presença preenche o vazio.
A ausência compreende o vazio.
Ausência é a falta.
Falta de quem estava presente.
A ausência eterna.
O tempo rio que tudo leva,
Levou a presença de meu amor.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

A tarde a gente

 Esta tarde está caindo nublada e quente. 

Os pássaros piam e chamam.

Ouço o bem-ti-vi longe.

O bem-ti-vi é um som da tarde aqui em casa.

A um ano as tardes se tornaram diferentes com a chegada de Vinícius.

Com a pandemia, faz quase dois anos e meio que ouvimos a tarde de casa.

Trabalho remoto.

As coisas estão diferente em minha mente.

Muita coisa mudou.

Não é novidade que as coisas mudam o tempo todo.

As vezes, não damos por conta disso, tendo em vista que algumas mudanças são 

bruscas.

Como a partida de papai e de mamãe.

Fico aqui sentado pensando,

Enquanto Vinícius deixa...

Faz tempo que não fotografo,

Que falta essa atividade.

Estou curtindo Mozart ao piano por Lili Kraus.

Por enquanto o que me incomoda é a desordem da casa,

Então, sempre ajudo a arrumar.

Sabe algumas coisas vão sendo resignificadas.

Ainda sinto falta do contado diário com a mamãe.

Pena que isso o tempo apaga.

As vezes que sentávamos juntos para ver a tarde passar...

Papai, sempre saia para comprar pão à tarde,

A gente comia um e falava sobre a vida 

Sem método, sem arte...

A tarde nua e crua e a gente.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

Anunciação

 Certa vez, mamãe me presenteou com uma camisa.

Não deu muito certo. Então fomos lá em Ritinha trocar.

Mamãe era cliente de Ritinha casada com um primo dela.

Depois ela ficou freguesa de Bruna.

No dia que fomos trocar a camisa ela ganhou uma muda de murta.

Que ficou encruada por muito tempo.

Até que ela cresceu.

Esse ano passado fui passar dezembro com mamãe.

Ai aguei todas as plantas do terreiro.

Eram Vincas do papai, uma moringa, uma açucena, um pinhão, um sapatinho e uma murta.

Todas floresceram bem, não só porque aguei, mas porque choveu.

No dia da partida de mamãe a murta estava toda florida e perfumada.

Anunciando a chegada de mamãe ao céu.

Tarde triste ver a murta florida.

Saudades da mamãe.

Só a fé

 É certo que morreremos, mas quando vários conhecidos e queridos seus partem num curto tempo. A gente fica acabrunhado! A luta do corpo com ...

Gogh

Gogh