Como sinto sua ausência,
Penso em ti contantemente,
Nem acredito nessa experiência,
Saudades de tudo entre nós.
A concepção de mundo é subjetiva, sendo a experiência sua fonte capital. O mundo é representação. Então, não basta entender o processo aparentemente linear impressão, percepção e o entendimento das figuras da consciência. É preciso viver, agir e por vezes refletir e assim conhecer ao mundo e principalmente a si mesmo. Aprender a pensar!
Como sinto sua ausência,
Penso em ti contantemente,
Nem acredito nessa experiência,
Saudades de tudo entre nós.
Do alto da noite nasce um novo dia,
Quando a noite vira madrugada,
Profundo silêncio em todo lugar,
No curral, o gado a ruminar...
O chocalho a badalar,
Blim... blim... blim... Tong... tong... tong...
O aroma perfumado,
Do esterco processado,
O mourão cumpre sua função,
Vigilante e pronto está
Pra segurar alguma brabeza,
Ou de camarada coçar algumas costas.
O vento sopra de acoite,
E traz o aroma da mata seca,
Ecoa entre ramos secos,
Chia, levanta poeira e passa,
Canta o galo na pinheira,
Cocorococooooooo...
Alguém desperta dentro de casa,
Lamparina acesa,
Pela fresta se acompanha,
Na cozinha estala o graveto de marmeleiro,
Uma chama se faz
Agua na chaleira de barro,
Se ouve o pipocar da água fervendo,
Adicionado o café,
O aroma faz a barra se quebrar...
Mais tarde nasce a manhã.
E os personagens noturnos saem de cena.
A noite desperta,
Aurora anuncia
A chegada do dia
Ave pia esperta
Voa no espaço,
Com alegria
Grande é a folia
Lindo sanhaçu
Bem-te-vi,
Corroira,
Sabiá
Desperta
Alerta,
Já é dia
Finda a poesia
A tarde partindo,
Luz se diluindo,
Corpos quentes,
Emitindo calor,
Sombra fresca,
Enfadado corpo,
E as memórias,
Lugares conhecidos,
Diferentes estações,
Paisagens,
Por fim
O melhor lugar,
Numa cadeira
De balanço,
Na calçada,
Até o final,
A última tarde,
Desta não se pode passar.
Caatingueira,
Caatingueira,
Do sertão,
No carrasco,
Sobre o seixo,
Sobre a areia,
Sobre o barro,
Limite do campo,
Inicio da mata
Na seca perde folha
No inverno se enrama.
Caatingueira
Caatingueira
Casca cinza,
Torta e dura madeira,
Ramos jovem glutinoso,
de forte odor exalado,
Desarmada, a ramada,
Folhas grandes fracionadas,
chamadas de bipinadas.
Caatingueira
Caatingueira
Suas flores amarelas
São singelas e belas,
Se percebe a florada,
O odor no mundo se espalha,
O zumbido de motor,
É zumbido de mamangava,
Zuuuzzzzzzzzzzzzzuuzzzzzzzzzzzz
Zuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu
Zuzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz
Uma flor,
Outra flor,
Uma inflorescência,
Outra inflorescência,
Uma árvore outra árvore,
A grande abelha pesada,
Amando a delicada flor,
Tomando doce néctar,
A manhã inteira...
Caatingueira
Caatingueira,
Após tantas visitas,
Ocorre a polinização,
Suas vagens vão crescer,
Pequenas bainhas,
A copa vão enfeitar,
Então no final da estação,
Seca vagem espoca,
Explode expulsando
Plana semente,
Que em solo fértil vai cair,
E logo que chove germina,
E a vida continua,
Caatingueira
Caatingueira
esse nome popular
Cenostigma pyramidalis na Bahia,
Cenostigma nordestinum na Paraiba,
Cenostigma bracteosum no Rio Grande do Norte,
Coisa de botânico estudado,
Sua família é Fabácea...
Chega de versos e estrofe,
Que o poeta é limitado.
Saudades de ti,
Saudades de nós,
Ficou o vazio,
E as memórias,
Doces estórias,
Tudo abstrato,
Continua a fé,
A esperança,
Aprendida
A vida é ser.
É preciso paciência na vida.
Saber onde está e aonde ir.
Sentimentos sem juízo,
Razão.
Esse momento agora
Que se faz um vácuo.
Quando as palavras se desnorteiam,
Pondo fora o texto inteiro
Particularidade de uma totalidade...
Fração de uma tarde,
Parte de um dia,
Momento que as palavras não conversam.
Uma ideia que não se faz,
Não segue um curso.
Um quadro desfocado.
Deixa acontecer.
Como o dia que se vai,
E o que sobra é anoitecer.
Em matéria de grafia,
Vamos fazer uma poesia,
Usando tupi,
Usando botânica,
Usando três palavras
Imburana,
Cajarana,
Jitirana,
O matuto entenderá,
E também aprenderá,
Essas três plantas
Têm origem caatinguícola,
De importância cultural
E alimentar,
Duas são arbóreas e uma trepadeira,
A primeira tem caule esfoleante
E madeira quebradiça,
Pode ser vista nas portas de pobres casas,
Em papeiros como colheres de papa,
Ou ornamentando casas.
A segunda quando madura tem grande altura,
Tem madeira vidrenta,
Muito fácil de quebrar,
Nela não vá se pendurar,
Sua fruta é saborosa,
De amarela doçura,
E suas flores inconspícuas,
São alvinhas estrelinhas,
Seus cachinhos bonitinhos
Por abelhas visitados.
E a terceira cresce como cordão,
Se enrolando na madeira das maiores copadas árvores,
formando latada,
Tem quando floresce é bela florada,
Não é planta perfumada,
Mas bela descomunal,
Alimenta a abelhada,
Com muitos tipos e diferentes cores suas flores,
De diferentes nomes... tipos de jititanas...
Deixando de lado a as particularidades,
Que compreende suas propriedades,
Vamos nos aprofundar,
Vamos a ortografia,
São palavras tupi,
Que termina com as sílabas rana,
Como a gramática diz o sufixo rana,
Imbu-rana é um falso umbu,
Caja-rana é um falso cajá,
Jiti-rana é um falso batata-doce,
Que gostosinha essa lição,
Obrigado pelo poemarana.
No alto da cumieira,
Dorme a linha de aroeira,
Dorme e sonha no passado,
Num longo tempo já ido,
Quando na mata crescia,
Mundo acima até o céu,
Da fartura de inverno,
Da agonia do verão,
Da sede que quase mata,
Da folha imparipinada,
Folha de odor apimentado,
De casca encarnada perfumada
Sua existência imponente,
E extremamente importante,
Para as aves se alimentar,
De sua flor come néctar a abelha,
Dos frutos come o louro são José,
Em sua copa ave que modifica
Bem-te-vi, nei-nei e pirrite,
Em sua sombra fresca corria frouxa a brisa,
Na base havia uma loje
Onde vivia sempre preá
Sonhou vendo seus frutos girando
Pelo mundo dispersando,
E a terra povoando de tudo que é aroeira,
Então a luz se acende
Acorda linha de aroeira
E acabei a brincadeira
A casa A casa que morei Onde mais vivi, Papai quem a construiu, Alí uma flor mamãe plantou, Ali vivi os dias mais plenos de minha vida, Min...