terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

46. Saudades

 Como sinto sua ausência,

 Penso em ti contantemente,

Nem acredito nessa experiência,

Saudades de tudo entre nós.




 



45. Amanhecer

 Do alto da noite nasce um novo dia,

Quando a noite vira madrugada,

Profundo silêncio em todo lugar,

No curral, o gado a ruminar...


O chocalho a badalar,

Blim... blim... blim... Tong... tong... tong...

O aroma perfumado,

Do esterco processado,


O mourão cumpre sua função,

Vigilante e pronto está

Pra segurar alguma brabeza,

Ou de camarada coçar algumas costas.


O vento sopra de acoite,

E traz o aroma da mata seca,

Ecoa entre ramos secos,

Chia, levanta poeira e passa,


Canta o galo na pinheira,

Cocorococooooooo...

Alguém desperta dentro de casa,

Lamparina acesa,

Pela fresta se acompanha,


Na cozinha estala o graveto de marmeleiro,

Uma chama se faz

Agua na chaleira de barro,

Se ouve o pipocar da água fervendo,

Adicionado o café,

O aroma faz a barra se quebrar...


Mais tarde nasce a manhã.

E os personagens noturnos saem de cena.





44. Poesia dia

 A noite desperta,

Aurora anuncia

A chegada do dia

Ave pia esperta 


Voa no espaço,

Com alegria

Grande é a folia

Lindo sanhaçu


Bem-te-vi,

Corroira,

Sabiá


Desperta

Alerta,

Já é dia

Finda a poesia





  





segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

43. Até o fim

A tarde partindo,

Luz se diluindo,

Corpos quentes,

Emitindo calor,

Sombra fresca,

Enfadado corpo,

E as memórias,

Lugares conhecidos,

Diferentes estações,

Paisagens,

Por fim 

O melhor lugar,

Numa cadeira

De balanço,

Na calçada,

Até o final,

A última tarde,

Desta não se pode passar.


41. Caatingueira

Caatingueira, 

Caatingueira,

Do sertão,

No carrasco,

Sobre o seixo,

Sobre a areia,

Sobre o barro,

Limite do campo,

Inicio da mata

Na seca perde folha 

No inverno se enrama.


Caatingueira

Caatingueira

Casca cinza,

Torta e dura madeira,

Ramos jovem glutinoso,

de forte odor exalado,

Desarmada, a ramada,

Folhas grandes fracionadas,

chamadas de bipinadas.


Caatingueira

Caatingueira

Suas flores amarelas

São singelas e belas,

Se percebe a florada,

O odor no mundo se espalha,

O zumbido de motor,

É zumbido de mamangava,


Zuuuzzzzzzzzzzzzzuuzzzzzzzzzzzz


Zuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu


Zuzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz


Uma flor,

Outra flor,

Uma inflorescência,

Outra inflorescência,

Uma árvore outra árvore,


A grande abelha pesada,

Amando a delicada flor,

Tomando doce néctar,

A manhã inteira...


Caatingueira

Caatingueira,

Após tantas visitas,

Ocorre a polinização,

Suas vagens vão crescer,

Pequenas bainhas,

A copa  vão  enfeitar,


Então no final da estação,

Seca vagem espoca,

Explode expulsando

Plana semente,


Que em solo fértil vai cair,

E logo que chove germina,

E a vida continua,


Caatingueira 

Caatingueira

esse nome popular

Cenostigma pyramidalis na Bahia,

Cenostigma nordestinum na Paraiba,

Cenostigma bracteosum no Rio Grande do Norte,

Coisa de botânico estudado,

Sua família é Fabácea...

Chega de versos e estrofe,

Que o poeta é limitado.





41.Quintilha

 Saudades de ti,

Saudades de nós,

Ficou o  vazio,

E as memórias,

Doces estórias,

Tudo abstrato,

Continua a fé,

A esperança,

Aprendida

A vida é ser.

domingo, 21 de fevereiro de 2021

40. Catolé

Palmeirinha, palmeirinha
Sois um pé de catolé,
Numa touceira pequenininha,
Na infância veio a ser
No barreiro do curral
Está localizada,
Na sombra do cajueiro doce.

Sempre que podia
Sob tua sombra ficava
Olhando o mundo
Seco e quente 

Se um coquinho achava
Com a pedra quebrava
Para deliciar de sua deliciosa amendua,

E então cresceu
E o sítio povoou,
São muito teus filhos,
Muita a alegria,
Encerrando essa poesia 
Na ilusão de esperança

Estapalhando sua prole,
Até o dia que Deus quiser.

39. Agora

 É preciso paciência na vida.

Saber onde está e aonde ir.

Sentimentos sem juízo,

Razão.

Esse momento agora

Que se faz um vácuo.

Quando as palavras se desnorteiam,

Pondo fora o texto inteiro

Particularidade de uma totalidade...

Fração de uma tarde,

Parte de um dia,

Momento que as palavras não conversam.

Uma ideia que não se faz,

Não segue um curso.

Um quadro desfocado.

Deixa acontecer.

Como o dia que se vai,

E o que sobra é anoitecer.

38. Poemarana

Em matéria de grafia,

Vamos fazer uma poesia,

Usando tupi,

Usando botânica,

Usando três palavras

Imburana,

Cajarana,

Jitirana,

O matuto entenderá,

E também aprenderá,

Essas três plantas

Têm origem caatinguícola,

De importância cultural

E alimentar,

Duas são arbóreas e uma trepadeira,

A primeira tem caule esfoleante

E madeira quebradiça,

Pode ser vista nas portas de pobres casas,

Em papeiros como colheres de papa,

Ou ornamentando casas.

A segunda quando madura tem grande altura,

Tem madeira vidrenta,

Muito fácil de quebrar,

Nela não vá se pendurar,

Sua fruta é saborosa,

De amarela doçura,

E suas flores inconspícuas,

São alvinhas estrelinhas,

Seus cachinhos bonitinhos

Por abelhas visitados.

E a terceira cresce como cordão,

Se enrolando na madeira das maiores copadas árvores,

formando latada,

Tem quando floresce é bela florada,

Não é planta perfumada, 

Mas  bela descomunal,

Alimenta a abelhada,

Com muitos tipos e diferentes cores suas flores,

De diferentes nomes... tipos de jititanas...

Deixando de lado a as particularidades,

Que compreende suas propriedades,

Vamos nos aprofundar,

Vamos a ortografia,

São palavras tupi,

Que termina com as sílabas rana,

Como a gramática diz o sufixo rana,

Imbu-rana é um falso umbu,

Caja-rana é um falso cajá,

Jiti-rana é um falso batata-doce,

Que gostosinha essa lição,

Obrigado pelo poemarana.






sábado, 20 de fevereiro de 2021

37. Aroeira

 No alto da cumieira,

Dorme a linha de aroeira,

Dorme e sonha no passado,

Num longo tempo já ido,


Quando na mata crescia,

Mundo acima até o céu,

Da fartura de inverno,

Da agonia do verão,


Da sede que quase mata,

Da folha imparipinada,

Folha de odor apimentado,

De casca encarnada perfumada 


Sua existência imponente,

E extremamente importante,

Para as aves se alimentar,

De sua flor come néctar a abelha,


Dos frutos come o louro são José,

Em sua copa ave que modifica

Bem-te-vi, nei-nei e pirrite,

Em sua sombra fresca corria frouxa a brisa,

Na base havia uma loje


Onde vivia sempre preá

Sonhou vendo seus frutos girando

Pelo mundo dispersando,

E a terra povoando de tudo que é aroeira,


Então a luz se acende 

Acorda linha de aroeira 

E acabei a brincadeira




Despedida infinito e eterno

 A casa A casa que morei Onde mais vivi, Papai quem a construiu, Alí uma flor mamãe plantou, Ali vivi os dias mais plenos de minha vida, Min...

Gogh

Gogh