quarta-feira, 5 de outubro de 2011

O fim da tarde

Suave a tarde entrega o dia para a noite.
O céu pálido com nuvens frouxas,
onde um ou outro avião mergulha.
As sibipirunas com suas flores
cor de gema perfumam e enfeitam
o fim da tarde.
Hoje não teve crepúsculo,
mesmo assim o fim da tarde
foi tão lindo.
Pombos pousados sobre fios
contemplam a tarde.
Cães nem latem, cochilam,
as ruas estão tão preguiçosas
vazias.
E pedalando vou sem
vontade de parar,
quero apenas contemplar
o fim da tarde.

É tarde

A tarde chegou, embora infantil,
a tarde esta ai. O sol ainda arde,
o sabiá canta lá fora e seus filhotes
corrochiam, contente com o
pouco de comida trazida.
É tarde, no jardim as ervas
mucham suas folhas para
se proteger.
É tarde, é tarde.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Quem sou?


Queria que algo roubasse minha alma de mim, mesmo que fosse só por um instante. Queria por este instante deixar de ser eu. Queria me ver como o outro me ver, sem subjetivismo. Queria realmente me conhecer. Queria por um instante fugir de mim. Quem sabe o que queria constituir. Talvez os tecidos de uma flor, ou talvez páginas de livros, penas de águia. Sei lá queria fugir de mim por um instante. Queria me sentir como um papus leve levado ao vento. Estou me sentindo muito pesado, como se minha carne fosse feitas de fibras de aço, meu sangue de mercúrio meus ossos de chumbo. Uma sensação toma conta de mim, e me deixa assim, escuro como a sombra da noite. Tudo isso porque não sei quem sou, não sei o que fazer. Seguir em frente, mas em que direção? Hoje vi o vento, que parecia vento de praia, daqueles de arribar saia. Vi o vento balançar a tipuana cheia de flor, me deu uma vontade de ser vento, mas só para sentir essa leveza. Minha acácia está começando a florir flores amarelas, logo vai ficar tão bela. Logo vai me alegrar, as flores da sibipirunas partem, mas logo vai chegar a das acacia. As flores do jasmim já floriram. Queria ser todas elas só para contemplar a natureza, a estação sem nada pensar, mesmo que seja por fase tão efêmera. Uma ideia não me sai da cabeça. A ideia de liberdade, a ideia de leveza, logo que terminar meu trabalho, logo que encontrar a beleza nele escondida. Vou sorrir e me sentir feliz como girassois de Gogh. Por isso quem me dera me ver de fora por um instante como sena de novela. Quero realmente descobrir quem sou, se sou bom ou ruim.

Oscilar

Onde está minha mente?
Não sei, meu corpo esta aqui,
mas minha mente não, está distante.
Meu corpo está em silêncio,
não falei uma palavra hoje,
não encontrei com ninguém.
Um dia vai passar.
Tive momentos
felizes e momentos tristes hoje.

Lindo dia

O dia está tão lindo.
O vento sopra tão assanhado que me fez lembrar de Natal, parece até vento de praia.
A tipuana está florida até o jasmim da minha rua.
O sabiá construiu um ninho em nossa área da frente,
onde tem três lindos filhotinhos,
então ele canta feliz na minha acacia.
Canta toda a tarde.
Ouço uma boa música,
me sinto em paz.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Vento passar

Ouço o vento soprar lá fora,
ouço as folhas chiarem agora,
é noite, uma noite agradável
noite fria, noite vazia.
Abri a janela só para
vero planeta amarelo  que é tão belo.
É noite.
Ouço o vento passar,
ouço o mundo
ecoar, ouço e não entendo nada,
nada...
Não entendo nada,
uma maça sobre minha mesa cheira.
É noite vou logo dormir,
estou cansado,
já não tenho porque ou por quem esperar.
Ah, a vida continua,
mas meu coração dói.

Na minha janela


Através da janela é por onde tenho visto o mundo, esta tem sido como minha iris. E tudo que vejo é a mesma paisagem, o mesmo jardim, as mesmas plantas, estou percebendo até o crescimento das plantas. É pela janela do meu quarto que estou regulando meus dias. O sol nasce e se poe e eu fico aqui tal qual um doente convalescente que aguarda ficar bom. Estou aprendendo a olhar através da minha janela. Aprendendo tanta coisa e nada ao mesmo tempo. Quando me canso de olhar pela janela da nuvem internet, vou a janela real e vejo as folhas secas espalhadas pelo chão, a acacia  em seu demorado processo de transformação, as flores amarelas da sibipirunas caídas pelo chão. Vejo ainda samambaias, uma opuntia, uma alamanda, uma trilparis, três petiverias, um ficus e uma dichorisandra, nem mais o estrela pra balançar a calda. Pela janela ouço o som das aves, dos carros, das pessoas. Tudo vai passar, estou só sofrendo uma metamorfose e a luz que cruza minha janela, as cores, os odores são só uma graça divina.

Tipuana tipu


Está tão bonita, tão brasileira,
toda enfeitada de flores tão belas,
doces flores bordejadas amarelas,

Tipuana tão doce, tão maravilhosa,
lembra quando a vi pela primeira vez,
tipuana tipu, falou a menina,
na tarde chuvosa,
estava tão bela e eu tão feliz,
mas agora doce amarela,
estou tão triste e voce tão bela,
obrigado pelo riso de suas flores,
tipuana, tipuana,
de flores franjadas.
O tempo passou
e nem percebi, nem vi,
quanto tempo passou
tipuana, estou tão sozinho,
sinto um vazio,
mas suas flores sorriram pra mim,
me alegraram,
tipuana tipu.

Drama da vida

Cada pessoa tem seu drama. Há pessoas que perdem bens materiais ou pessoais ou sentimentais. Nenhuma perca é insuportável. Mas a dor e o desespero que nos causam nos tornam mais fortes. É preciso voltar ao ponto zero. É preciso ter fé, ser forte de espírito, pois a vida continua e precisamos continuar. Quando estava na graduação, convivi Nonato, um estudante de letras, que sempre falava: -"Vão se os anéis e ficam os dedos". Acho que se referia aos bens materiais, sim certamente é verdade.  Certamente sim, mas não é fácil, sofrer nos faz mal, mas ao mesmo tempo nos faz crescer. De fato parando para refletir um pouco, creio que podemos nos reconstruir, ainda mais quando essa é nossa única possibilidade. 
A vida é um conjunto de possibilidades, já ouvi dizer, ou tudo na vida são relações uma rede. Creio que em algum nó fui fraco em minha relação.  Enfim quando uma pessoa morre, sentimos uma forte dor a dor da perca ou ainda quando uma relação rue e finalmente percebemos que acabou. Ficamos muito triste, pois percebemos quando acabou. Conversando com meus poucos amigos salpicados Brasil adentro, busco força, mas não é fácil. Sinto-me só. É preciso viver a situação, por um ponto final. Quando alguém morre só percebemos a parte boas do falecido e todas as más coisas são repentinamente apagadas ou postas sob o tapete. Quando realmente se ama uma pessoa, podemos até mesmo renunciar a essa pessoa em função de sua felicidade. Temos que aceitar o fim quando sentimos que é o fim. Temos a certeza do fim da história. Quando uma relação acaba, nem sempre isso é possível, não podemos fazer isso e então sofremos noites e dias afinco. Mas ai, enquanto houver vida sempre haverão noite e dia, e música de sofrer, e poesia. Desde que o homem é homem houve e há sofrimento e dor. No entanto se suportar essa dor certamente se sai mais forte. As vezes não aprendemos e seguimos errando porque não se sabe o que vai acontecer amanhã. Li que aquilo que nos faz feliz é aquilo que nos da a impressão de aumentar nossa vida e vice versa. Acho que sim que morremos um pouco quando acabamos uma relação, então ficamos triste. A separação, a ausência são sentimentos que nos fazem sofrer e saudade e a tristeza são sentimentos nos seguem por muito tempo e só o tempo faz-nos reconstruir tudo. Paciência, a vida segue, as árvores florescerão, as estações passarão. Tudo passará e será então doces as lembranças.

domingo, 2 de outubro de 2011

Anoitece

Posto que anoitece e dentro de mim também escurece,
sem estrelas, sem brilho. Dentro de mim há algo escuro
há algo frio, existe um vazio de ser. Sim ser esse algo
vazio que não preenche nem a si e como preencher
o outro, como doa-se para o outro se não me doo
a mim mesmo, tantas vezes me privo de viver tanta coisa,
esperando sabe lá o que. Esses sentimentos me entristecem,
pois vivo preso a minhas ideias e minhas ilusões.
Posto que em meu peito o sol também
se apaga, tenho dor não calma, sinto aflição.
Não vejo estrelas em minha noite negra,
sinto o frio úmido pos chuva.
Ouço algo que me contenta, os últimos cantos
da tarde, cantos de um bem-ti-vi,
que delícia ser uma ave que espera
a  noite e espera mais um dia,
queria sentir essa liberdade.
Queria falar com alguém além de mim.
Chega de monólogos,
mas anoitece e todos dorme,
todos tem os seus sentimentos,
todos estão com seus sofrimentos,
ou suas grandes alegrias.
Posto que anoitece, anoitece emfim, mais um domingo,
amanhã é segunda-feira e tudo começa
novamente, quero acordar sorridente,
porque agora meu eu entristeceu, pois anoiteceu.

Jaca em família

 Eu sempre amei frutas. Caju, goiaba, pinha, araçá, seriguela, pitomba, pitanga, umbu, cajarana, cajá, coco, coco catolé. Essas tínhamos em ...

Gogh

Gogh