segunda-feira, 11 de abril de 2011

Desertão

No sertão tem beleza de montão,
as casas mais brancas,
casas de taipa feito joão de barro,
árvores cheias de ninhos,
mas nuas, cheias de espinho,
plantas com arquitetura
que é uma belezura,
cardeiro em forma de candelabro,
macambira em forma de cisal,
tem juazeiro, pereiro.
Na seca tem terra rachada,
pode ouvir aves cantando,
o vento assoviando,
os bodes berrando,
catavento rodando,
e sentir muito calor,
sentir muita sede,
sentir a pele seca,
o corpo a transpirar,
sentir o cheiro do mato,
o cheiro de bichos,
a água salobra,
Sentir no sertão todo
tipo de sensação, de desconforto.

Viver no o sertão
não é pra qualquer um não,
tem que nascer lá, senão,
não aguenta o rojão,
é forte, um herói quem ai vive,
quem ai aprendeu a viver,
é preciso muito amor,
a natureza, a beleza pra morar no sertão,
quer maior desapego?
quem vive no sertão,
quem mora no sertão,
desfruta da paz,
o que o preocupa
é só a falta de chuva,
mas nem todo quer conhecer,
ou viver no sertão,
que aos poucos
se torna o vazio,
um grande desertão.

Adeus Aranha

Meu caro João,
a amizade é tecida,
é a coisa mais rara
que pode se ter na vida,
não se compra,
não se vende,
simplesmente é
um rede estranha,
tecida no dia dia,
feito poesia
que rima nos
fonemas,
nas frades
e assim se faz um poema,
a amizade meu caro,
neste mundo é algo raro,
e de nó em nó,
uma rede vai se construindo,
e de nó em nó,
sem perceber,
algo de inestimável
se consegue,
confiança,
cumplicidade,
nada de vaidade,
eis que dai
surge a amizade,
como numa teia
hialina, os finos
são cruzados,
e algo é montado
a amizade,
xabrola,
a amizade
João Aranha,

Seja feliz
na sua nova vida,
procure ver mais formas,
mais cores,
sentir mais os cheiros,
os sabores, a textura,
porque a vida
revela-nos
através dos sentidos,
dos pequenos atos,
seja feliz,
nunca esqueça,
nunca adormeça
nossa amizade,

Seja feliz.

cada

E a tarde já não arde,
e o sol quase não brilha,
e a noite já vem vindo,
e eu vou saindo
para casa,
casa,
meu lar

Cresce

As árvores que tanto sofre com a adversidade da natureza continuam de pé. Perdem as folhas, as vezes perdem as flores e os frutos pela falta de água. Mesmo assim as árvores resistem e quando a natureza compensa com boas condições estas tornam-se viçosas e dão sombra, flores e frutos, além purificar o ar e transformar o inorgânico em orgânico. A vida ensinou as árvores a suportar as dificuldades do mundo ao longo do tempo. Mas não percebemos na natureza a inteligência, simplesmente ignoramos o mundo que vivemos. Olhamos apenas para o eu, um eu egoísta. Achamos que só nós sofremos e isso nos torna angustiados. Ah olha para dentro de si. Olha para a árvore que tu achas que está feia, ela pode está sofrendo alguma injúria. Não seja como plantas artificias sempre belas, mas sem essência, sem vida. Quando estiver se sentindo mal, para e reflete, na certa está amadurecendo. Aprende a refletir. Aprende a sofrer, só assim saberá ser resistente as adversidades da vida.

domingo, 10 de abril de 2011

Inverno chegou

Essa semana liguei para casa e falei com papai. Ele falou que fazia tempo que não chovia lá. Desde sexta que chove mamãe falou hoje.


Pra morar no sertão antes de tudo tem que ter fé e muita esperança. No Sertão a chuva não é algo frequente nem constante. Tem anos que chove muito, mas tem anos que cai uma chuva grande e as nuvens cheias de água não aparece mais. Ainda lembro quando morava em casa em certo ano estava numa seca danada já era março e a lavoura já estava considerada perdida. Era uma tristeza só, os animais estavam magros, a água escassa, as plantas com as folhas mirradas e murchas algumas plantas estava até nuas. O feijão estava já na rapa dos silos, muita gente já começava a fazer contas nos mercados. Então certo dia o sol nasceu num céu azul e brilho intensamente, as cigarrinhas cantavam. Fiz todas as coisas e me enfurnei dentro de casa para aliviar do calor. Neste dia no meio da tarde um ninbus despontava no nascente, as famosas torres. E veio subindo, tomando o céu, e a tarde foi esfriando e nós ficando felizes. E lá vinha a nuvem carregada. Choveria? Sim aos poucos o céu ficou totalmente coberto e pingos agressivos caiam sobre as telhas e a biqueira, caiam soando feito bala e foi aumentando mais e mais. Um cheiro forte de terra molhada, de chuva atemporal, perfumava nossa alma e aos poucas um fio, uma corda e um camelo de água descia da bica enchendo as caixas, os potes, os baldes, até limpa a água canalizada para a cisterna. A água começava a escorrer no terreiro, as galinhas correram e se abrigaram na casinha da faxina, e a vaca urrou feliz. E choveu muito, e naquela tarde a tristeza se tornou em plena alegria, os sapos saíram dos buracos, e cantaram. Os tanques encheram, as fezes do gado no curral se fez lama, logo os campos estariam coberto de cebolas bravas, logo a babugem pintariam de verde os solos nus. Naquela tarde começou o inverno e a partir daquele dia tivemos um ano muito feliz, cheio de fartura e de alegria.

A estrada

Uma estrada esburacada, poeirenta, de pó frouxo era assim a estrada que passava em frente a casa de Amaro Lopes. Tinha quase dois metros, cabelos brancos, e voz arrastada, faltava-lhes uma orelha não lembro se a esquerda ou a direita. Bem com a idade avançada que não lhes permitia mais trabalhar. Ele ficava o dia sentado numa cadeira de balanço na porta da sala observando quem ali passava. Sempre perguntava a quem passava algo, por isso era uma das pessoas mais bem informadas daquele lugar. Odiava quando passava algum caminhão em alta velocidade, pois levantava uma poeira que cobria toda os moveis de poeira. E os malinos dos carros ainda gritavam, mangando da cara do velho. Não entendia muito do que falava, não ria com ele, mas sabia que ele sabia fazer algumas coisas legais. O filho dele mais novo tinha uma beça, uma arma de atirar pedra muito diferente doas convencionais. Não sei como explicar aquela arma. tinha um arco, uma corda e algo parecido com uma coronha. Foi ele quem fez seu pai. O filho dele aprendera com ele a fazer carros de madeiras e lata. Nossa como queria um carro daqueles para mim. Queria mesmo era aprender a fazer. Uma vez mamãe encomendou um carro ao filho dele, pra mim. Ganhei aquele caminhão e fiquei muito feliz. Mamãe fazia meus gostos muitas vezes. As vezes nós iamos na casa dele para usar o moinho pra moer milho pra fazer a comida da janta. O moinho era muito bom leve. Ficava bem na cozinha onde quase todas as coisas eram feitas artesanalmente, mas com material de qualidade ruim. Então ficava ali moendo e ouvindo os adultos conversando, sobre a vida, o quotidiano das pessoas. Essas coisas. Certo dia o velho morreu, e nunca mais vi a porta aberta. A estrada agora estava calada. Poucos anos depois sua esposa Cica morreu também. Então o filho vendeu a casa e foi embora. Hoje a casa ainda existe, mas está fechada, calada. Não pergunta nem reclama de nada só trás nostalgia da infância. As vezes a noite quando voltava da cidade e passava ali, onde o vento faz a curva na estrada, sentia um frio na espinha. Mas até isso as memórias apagaram.

Domingo

O dia nasceu lindo hoje, mas acordei numa preguiça. Estava sem coragem até de abrir os olhos, com muito esforço abri os olhos e vi através da janela uma luz fresca, clara. Fazia frio, então fui ao banheiro e voltei para a cama onde fiquei metutando. Sobre a vida, sobre tudo que via. Então levantei novamente fui a cozinha comer algo, comi duas bananas e dois caquis. Então voltei para a cama. Peguei uma revista Fapesp onde li uma matéria sobre Marie Curie e outra sobre o Isaac Karabtchevsky, maestro da orquestra de Heliopolis. Em seguida mergulhei numa leitura sobre teoria do conhecimento de Alberto Oliveira e fiquei lendo quase o dia todo só parei para ir ao Dalbem buscar uma marmita e almoçar. Confesso que a leitura era muito pesada, mas deu para apreender muita coisa. Acho que pra ler esse livro precisa uma certa base a priori pra entender algumas frases. Enfim tentei ao ler este livro me senti como quem vai andando pelas ruas, tentando extrair das palavras um certo significado e alguma beleza, mas acho que por está cansado e me sentindo só, pouco consegui. A tarde as nuvens cerraram o céu e caiu uma forte chuva de granizo. Confesso que ainda era criança quando presenciara tal fenômeno. Agora a tarde está quase no fim e esse domingo passou, sem muita empolgação, mas assim o foi. Uma nova semana logo começará.

Choveu gelo

Neste instante acaba de cair
uma chuva de gelo,
que chuva dura,
que chuva branca,
que chuva!

Procura

Tento me encontrar no céu azul,
nos cúmulos, no vento, nas árvores,
tento me encontrar nos jardins,
nas estrelas, na lua, no sol.
Tento me encontrar no mar,
na areia, na água.
Tento me encontrar na manhã,
na tarde, na noite.
Tento me encontrar na chuva,
no inverno, no verão, no outono e no inverno,
vivo tentando me encontrar
no mundo, mas não me encontro
em nenhum lugar,
pois estou sempre estou tentando
me encontrar fora de mim,
como pode alguém se encontrar
fora de si, no mundo,
então certo dia percebi
que só dessa forma apreenderia
todo o mundo dentro de mim,
foi difícil entender isso,
por isso vivia errante como o vento,
como as nuvens,
como a luz
e certo dia
percebi que eu só poderia
está em mim,
e foi plena a minha alegria,
hoje vivo
de olho em todos
os lugares, mas preso a mim,
consciente de si
já não me procuro mais,
pois estou em mim
e estou em todos os lugares
que quero.

sábado, 9 de abril de 2011

Feira de rua

Fui a feira, lá vi tanta coisa bonita que fiquei embriagado. Vi muita gente diferente, gente sisuda, gente simpática, gente sorrindo, gente com pele de tons diferentes, gente bem vestida, mal vestida, gente alta, baixa, limpa, suja, educada, mal educada, gente com cabelos grandes, curtos, crespos, lisos, enfim vi gente de todo jeito. Vi muitos tipos de frutos, com diversas cores, cheiros, sabores e texturas. Vi diversos tipos de cereais, farinhas, legumes. Vi verduras, raizes, hortaliças. Vi diversos produtos do leite, queijos, doces e manteigas. Vi ovos, frangos abatidos, assados. Vi mercadorias do Paraguai, quiçá da China. E na feira comi pastel, tomei mineirinho, mas infeliz mente vi a rua suja, mal cheirosa, vi o dinheiro sujo em mãos sujas, vi pessoas espertas, pessoas indolentes, vi tudo na feira. Ir a feira é aprender, é viver e sentir-se vivo. A feira é um elo entre o campo e a cidade. Antigamente era na feira que as pessoas do campo entrava em contato com o pessoal da cidade. Onde os agricultores vendiam seus produtos e compravam o que não produzia. Na feira tinha poesia, notícias a feira era por si viva, rica. Sei que a feira ainda é tudo isso, mas hoje sugiram os supermercados que tudo oferece industrializado. As pessoas preferem as coisas industrializadas, pela praticidade e as feiras minguam, as pessoas se calam. Será que a feira esta fadada a se acabar? Espero que não, não que tenha paixão, mas acredito que a feira humaniza mais as pessoas, enriquece as relações, a cultura e a vida.

Despedida infinito e eterno

 A casa A casa que morei Onde mais vivi, Papai quem a construiu, Alí uma flor mamãe plantou, Ali vivi os dias mais plenos de minha vida, Min...

Gogh

Gogh