domingo, 20 de março de 2011

Versos

Lembro da voz cansada idosa,
a declamar versos, e as pessoas
inebriadas com a beleza sonora
das palavras cuspidas, palavras
da vida, falada, cantadas,
enquanto a mão segura a bengala,
os olhos sugados pela vida,
já não abrem, mas da boca,
ornada pelo bigode amarelo,
saiam versos, impressos,
na mente, e as pessoas
a ouvir, apreciar, as
palavras daquele ser,
de unhas grandes,
de corpo descuidado,
mas sabia declamar,
versos quase a cantar,
bem em frente a casa,
havia uma cajaraneira,
e do lado da cozinha,
uma paquira que encantava
aqueles versos, com cheiro
de paquira e o cheiro
ácido da cajarana,
a casa, desorganizada,
mas aconchegante,
a declamar os versos,
do gatinho do Rio grande,
versos, belos versos.

Alma

Incrustada em uma carapaça,
circunvoluções, sulcos,
reentrâncias a sede do meu pensar,
mas onde posso encontrar,
onde está a ideia?
uns disseram na pienal,
outros nunca afirmaram,
na verdade ninguém sabe,
onde está, acho que está
sempre a viajar,
mais rápido que a luz,
está em todo lugar,
mas não pode ser detectar
em nenhum lugar,
tu alma, a quem tantos afirmas que há de divina,
quem sabe, onde cabe,
os fisicalistas afirmam que não,
mas os religiosos estes afirmam
a imortalidade da alma,
e encantada no mito,
a alma resiste a razão,
e está em todo lugar,
viajando nos giros,
nas circunvoluções,
perdida na concha to tempo,
esse invento,
aparentemente objetivo,
mas tão subjetivo,
lá está a alma,
na massa cinzenta, de burracha,
nas circunvoluções,
está lá, e ao acabar o ar,
ao se apagar as mitocôndrias,
eis que como a essência,
de difunde no ar,
sem cheirar,
a alma simplesmente inexiste.

Vento de estação

Nos campos nus,
corre o vento,
fazendo curvas,
reentrâncias,
espalhando a terra,
as olhas secas,
nos campos nus,
explora o vento,
pois já é tempo,
logo chegará ou outono,
as plantas estão
perdendo as folhas,
o sol já muda de lugar,
o clima começou a esfriar,

Vento, vento, vento
tu que mudas o tempo,
cheio de inventos,
tempo desvirgina
as formas, as cobras,
ventos loucos ventos,
sopram sem parar,
a qualquer hora,
em qualquer lugar,
sopra vento,
corre vento.

E sinto o vento me tocar,
toca minha face,
minhas mãos,

e faz ecoar
a natureza,
escava
a beleza,
esculpi
a natureza, areias, galhos,

é o fim da estação,
o fim do verão,
o vento de madrião,
fica a insultar,
tudo que passa,
tudo que fica,
e muda
a estação.

Vento de estação

Nos campos nus,
corre o vento,
fazendo curvas,
reentrâncias,
espalhando a terra,
as olhas secas,
nos campos nus,
explora o vento,
pois já é tempo,
logo chegará ou outono,
as plantas estão
perdendo as folhas,
o sol já muda de lugar,
o clima começou a esfriar,

Vento, vento, vento
tu que mudas o tempo,
cheio de inventos,
tempo desvirgina
as formas, as cobras,
ventos loucos ventos,
sopram sem parar,
a qualquer hora,
em qualquer lugar,
sopra vento,
corre vento.

E sinto o vento me tocar,
toca minha face,
minhas mãos,

e faz ecoar
a natureza,
escava
a beleza,
esculpi
a natureza, areias, galhos,

é o fim da estação,
o fim do verão,
o vento de madrião,
fica a insultar,
tudo que passa,
tudo que fica,
e muda
a estação.

sábado, 19 de março de 2011

A flor

No meio do mato,
bem longe percebi uma flor,
que coisa mais bela era a sua cor,
algo que me encantou, me cativou,
hipnotizado segui o rastro de sua beleza,
Seria sua cor a responsável?
ou a busca do belo,
ou seria esse elo?
Não sei nem percebi,
só vi que era lilás ou roxo,
aquela flor, trepada no ramo
de uma árvore,
era uma flor de uma liana,
tão bela, sedutora, que me encantou,
e ao me aproximar senti
seu doce odor, que bela flor exclamei,
que bela flor de seu odor
meu pulmão inflei,
então a fotografei,
me deliciei de sua presença,
e contemplei sua existência,
efêmera existência,
o belo, o prazeroso não dura muito tempo,
e fiquei ali a contemplar,
a cheirar, a desfrutar da beleza da flor,
logo veio um beija-flor
e a beijou, e foi tão breve,
e foi embora,
sugou o néctar e partiu,
era tão belo, tão verde rutilante,
tão breve,
mas a flor ainda estava ali,
calma, parada, as vezes dançava com o vento,
passava maior parte do tempo só,
aquela flor, efêmera solitária,
que desfrutava da breve companhia do beija-flor,
desfrutou de minha companhia,
nada havia,
era só uma flor,
uma linda flor,
não a cativei,
parti,
e vi que era uma flor,
uma Mandevilla,
de forte leite venenoso,
mas era uma flor,
pensei nas sereias,
pensei em Ulisses e Orfeu,
segui e nunca mais
vi a tal flor,
sua cor,
nada,
não seria um sonho,
de um papolvo risonho?
Era só uma flor.
pensei
efêmera flor.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Poesia

Sei que as poesias não são vadias,
sei que na boca do poeta popular,
elas saltam, feito pipoca, cheias
de alegria e sonoridade, sem vaidade,
sei que cada um canta sua poesia,
de maneira peculiar,
mas escrevo, não sei se é poesia,
gosto das rimas,
gosto de palavras belas,
que digam coisas com beleza,
com música, com lógica,
as vezes me falta,
as vezes salta,
só que não sei se sou poeta,
só sei que fico a escrever,
e escrevo, com e sem relevo,
escrevo ouvindo algo,
gosto de falar algo,
quando não, calo-me,
mas as frases pulsam,
como minhas veias,
querem serem escritas,
fugirem de mim como o vento,
como o tempo,
querem existir,
e falo pra elas
que não sou poeta,
não importa, como suor,
as palavras querem expressar,
oras a cheirar,
oras a brilhar,
e oras feias, belas,
assim se fazem
as minhas poesias,
como criança
que brinca de ser gente grande sem ser,
textos com vida,
mas sem ser poesia,
sabe lá o que é uma poesia,
nem Manuel
se atreveu a conceituar,
é só dar sentido a um falar,
sei lá.

Decisões

Esta semana foi muito importante, por acaso, separei minhas plantas e mostrei para minha orientadora, então sentamos para estudar e discutirmos o trabalhos, por fim tomamos algumas decisões muito importantes, sobre o rumo do meu trabalho, e sobre a separação das espécies que vínhamos estudando que acabamos reconhecendo, após ver todos os indivíduos, que tínhamos em mãos, duas espécies e não três, a partir de todas as variações encontradas e decidimos juntar espécies que antes eram consideradas espécies diferentes. O que me espanta é que no começo eu jurava que tínhamos duas espécies ao invés de uma e ao me deparar com a distribuição e as variações plástica da planta, podemos perceber um gradiente de variação. De materias usados para a descrição original, finalmente concluímos que seria espécie unica. É necessário novos trabalhos para corroborar nossa tese, creio que sim, mas um grande passo foi tomado.

Viagem

Sai para caminhar
nos sulcos de minha mente,
então mergulhei em lembranças
e fui parar em um lindo lugar,
numa estrada de terra branca,
com muitas mimosas de flores
amarelas, onde sentia
o vento frouxo
roubar o calor de minha pele,
sentia minha alma sorri de feliz,
ouvia o vento cantar,
assoviar nas folhas das mimosas,
e ao caminhar tirei o chinelo
e pus a sentir a textura da terra
branca e macia,
e tudo que via e sentia,
era a mágica de poder
existir, está ali
e sentir meu corpo,
a natureza,
o cheiro das mimosas,
o céu azul, o sol entre as olhas,
uma ave começou a cantar
um canto tão belo,
fui obrigado a parar para contemplar,
e esse canto me fez lembrar,
quando era de manhã lá no sertão,
antes de acordar ouvia cantar
o corrupião, cantou, cantou,
e calou, então continuei a andar,
e sentir a brisa,
o mundo,
o silêncio.
Então despertei de meus pensamentos.

A minha flor

Minha flor,
queria escrever uma poesia de amor,
então pensei no meu mundo,
pensei no seu mundo,
vi que a vida não tem fundo,
pensei no desejo,
no gosto do beijo,
pensei na sua presença,
pensei na sua ausência,
pensei no que era amor,
pensei em tanta coisa,
mas só queria escrever uma poesia de amor,
para alguém linda e doce como uma flor,
caiu no meu jardim,
cresceu e se tornou assim,
algo mais importante para mim,
bela como uma flor,
por dentro e por fora,
então quando acordo e vejo aurora,
penso no sublime da vida,
o poder viver,
o te conhecer
e desvendar cada dia mais e mais voce,
e ao te descobrir,
e nesse convir,
poder me apaixonar,
cada dia mais, e mais dia,
feito poesia,
feito autor,
feito crônica,
feito música, sem canção,
que me encanta,
sempre mais e mais,
no mais belo sentimento o amor,
o amor por uma flor, uma rosa,
e vejo a rosa, tu minha doce flor
no meu jardim,
escarlate,
mágica,
e aprendo que o amor,
é algo mágico,
não é eterno,
mais sim um ser e não ser,
que se constrói
dia a dia,
feito rimas de poesia que alterna entre frases,
mas só queria fazer uma poesia de amor,
para alguém que considero uma flor,
alguém que realmente,
respira amor,

quinta-feira, 17 de março de 2011

combinação,

Hoje o João veio e ficou calado, o João Aranha cansado e João Semir veio de mestre de samba.

Só a fé

 É certo que morreremos, mas quando vários conhecidos e queridos seus partem num curto tempo. A gente fica acabrunhado! A luta do corpo com ...

Gogh

Gogh