sim ela fica, e nos
passageiros que somos
quantas vezes nos iludimos,
somos frutos de nosso tempo
e nosso tempo tem vencimento,
e a natureza selvagem continua
a rua é renovada, e o meu novo
é antigo, e o meu abrigo com o tempo
perde a tinta, cria mofo,
a nossa pele ganha rugas,
os cabelos tingem de branco,
ontem na catedral da Sé
tiramos fotos,
vi a magestade daquele templo
e a eternidade das pedras de sua fundação,
olhei para sua frente e vi
as palmeiras reais que parecem
estarem no fim da vida,
percebi a beleza das tipuanas
cobertas de microgramas,
as tipuanas adultas parecem que logo partirão,
quantas pessoas não as veem,
o que elas já não viram,
e logo essas plantas partirão,
e quantos de nos partiremos,
a praça pode ganhar uma nova cara,
mas a catedral vai está sempre lá,
então pensando como somos passageiros,
tal qual um formigueiro,
as vidas não fazem a mínima diferença
a catedral, no futuro o que restará?
o tempo e a matéria.