sexta-feira, 8 de abril de 2011

Defesa

A tarde aconteceu um evento. Meu amigo Marcelo que trabalha com a família botânica Asteraceae defendeu a dissertação de mestrado. A apresentação durou 40 minutos cravados. Durante este período, ele apresentou expôs todo um histórico do grupo que mostra a complexidade desta família e a importância do estudo da família para a compreensão da natureza. Os resultados foram excelentes, a diversidade do grupo para o estado de São Paulo é extremamente grande quando comprada com as outras famílias. A banca que arguiu foi composta pela professora Mara Margenta, Luiza Kinochita e João Semir como presidente da banca. Marcelo apareceu nervoso, mas tudo ocorreu sob controle. De fato o trabalho apresentado foi um trabalho muito laborioso, cheios de resultados que lhes ser aprovado com louvor e algumas resalvas como qualquer apresentação de tese.

Mundos

Certo dia sai de casa a noite. Fui para muito longe para onde não sabia ir, nem sabia como voltar.
Cheguei a esse lugar dormi e quando acordei, nada reconheci, todo aquele ambiente era novo. Tudo meu mundo ficara pra trás longe da li. Tudo que tinha eram lembranças, todo meu conhecimento era adaptado ao mundo que deixei para trás. Reconhecia as coisas, suas utilidades, mas teria que aprender a conhecer cada coisa nova. Então eu nasci novamente, nasci, adulto, tudo que tinha era meu pequeno conhecimento de mundo, então fui adaptando e aprendendo como criança. Tive que aprender nomes de ruas, conhecer e me comunicar com gente desconhecida, tive que reaprender quase tudo. Olhava muito para meu antigo mundo, pensava muito no mundo que eu almejava, mas estava na realidade que iria me proporcionar atingir meus objetivos. Quando tudo parecia escuro, frio, vazio, sem cor, eis que fui aprendendo lentamente e me adaptando ao novo mundo, de maneira que já me reconhecia neste novo mundo, cheio de novidades. Fiz amizades, aprendi a ser uma nova pessoa, adaptando tudo, não dava para ser a mesma pessoa, para meu antigo mundo eu já não era mais eu, para o meu mundo atual eu era eu, mas precisava muito mais para ser aceito neste mundo, então muitas vezes me angustiava por ainda ter essência do antigo mundo, não me assumia como eu, então aprendi a seu eu mesmo neste novo mundo a duras penas. Sofri, por negar quem eu era e o que eu era. No meu antigo mundo eu me sentia especial, neste mundo procurava me afirmar como alguém, era muito imaturo, e tinha sede de ser, de viver sempre neste mundo, mas me punia por isso, minha visão de mundo era muito restrita, e o tempo como o dia, como o vento, vai passando e mudando a forma de ver o mundo de maneira que vais se acostumando, se acomodando, desvalorizando voce mesmo. Até que esse novo mundo já não cabia mais a mim, então tive que partir para outro mundo, e tudo se passou como num reflexo do espelho, só agora já estava mais tolerante, mas sempre aberto ao conhecimento, meu novo mundo substituiu o antigo do antigo, então quem era eu? Não sabia, mas comecei a me afirmar como ser voltando para meu mais antigo mundo, comecei a rever o mundo como criança e a aceitar eu como eu mesmo. Então sobrevivi. Hoje não sei mais para onde irei, como farei? Mas perdi o medo de atravessar os mundos, atravessar a vida.

Amigo bacana

Meu amigo mora numa torre,
mora quase no céu,
de lá podemos olhar longe,
o horizonte fica mais distante,
a paisagem lá de cima é tão bela,
quando sai da torre
meu amigo vai trabalhar,
ou sai para passear,
para comer,
aquela torre é tão imensa,
imagina que fica no 23 andar,
tem água, luz e umas janelas
que dar acesso ao mundo,
nos já moramos no mesmo
apertamento
não era uma torre igual,
era muito pequena,
e ainda dividiamos o espaço
como mais quatro colegas,
lá na pequena torre
o horizonte que dava para
ver era só o horizonte de nossos sonhos,
não passava de cem metros.
Ele é um amigo muito bacana,
no sentido de amigo gente boa,
agora ele está ficando bacana,
morando numa torre enorme,
seus sonhos, suas projeções
o permitiram
ver e viver num horizonte real,
acho muito legal isso,
ele já virou gente grande com
responsabilidades financeiras,
casou,
tem uma família estruturada,
muito legal mesmo,
mas na nossa antiga torre,
nunca nos sentiamos só,
o horizonte era muito maior
eram os horizontes das ideias.
Putz meu colega
virou gente bacana,
mora no melhor lugar
da capital,
quase uma Roma,
ele vai conhecer a verdadeira roma,
Deus o abençoe
e lhes conceda cada vez mais inteligência,
é um grande cara,
ele mora agora
numa torre que vai
lá no céu,
é um cara bacana,
no sentido literal
no sentido real.

Toin

A terra quente ardia de calor, plantas nuas cinzentas, o chão completamente nu de folhas, só seixos cobriam o solo. O sol brilhava intensamente, a cigarra cantava anunciando a chegada da tarde, sob uma casa de taipa um velho deitado numa rede cochilava. Nem um vendo soprava. Na cozinha escura, entisnada, o feijão pulava na panela onde boiava um pedaço de torcinho aquecida por maravalha de marmeleiro. Seu Toin como era chamado, acordara cedo, encelou o jumento e foi buscar água no açude, bem longe. Esse ano não choveu uma gota e a água que tem é salobra e fica muito longe. Toin que mora só é o último habitante daquelas bandas. Não tem roupa nova, calçado e nenhum luxo, sobrevive do que planta. Naquele dia fora buscar água voltou muito cansado, o jeque está muito magro, come folhas secas, anda bambeando as pernas. Mas ainda resiste como Toin. Numa gaiola tem um golín que só está ali por está preso, mas sempre canta e alegra aquela pequena choupana. Toin esta cansado, mas diz que não sai dali por nada. Tem esperança que as chuvas cheguem e salve seu jegue. O mundo é só poeira. E ele muitas vezes não pensa em nada, não se lamenta, simplesmente vive. As vezes quando faz uma barra no poente ele lembra da época de fartura, da família que partiu em busca de melhora, mas ele ficou ali, encrostado no chão, dizia que fazia parte da natureza. A noite saia pra olhar as estrelas, sentir o vento do nordeste. Seu corpo curvado tinha a forma da rede, e o cansaço da idade. Não conhecia as palavras, mas sabia contar histórias, ultimamente não falava com quase ninguém, só refletia e contemplava a natureza, ia a cidade que ficava muito longe dali para comprar alguma coisas. Sobrevivia ali. Bem do lado da casa pro poente passa um riacho seco no momento, mas quando chove, como canta aquele riacho. No nascente tem um lindo serrote com macambira e cardeiro, onde a lua as vezes se espeta. Naqueles campos nus quando cai a chuva, nasce uma relva, com flores de todas cores, rosa, amarelas, roxas e azuis. Ah quando cai a chuva os marmeleiros, mufumbeiros, mimosas, florem e soltam um cheiro, doce como de mel. Os sapos cantam, as abelhas, e a noite a mãe da lua canta. Como é lindo aquilo no inverno, mas a natureza na seca adormece, Toin não sabe adormecer e fica a sofrer como as árvores, porque sabe que um dia chove e como as árvores ele flora, sua alma explode de alegria. Por enquanto é sol, calor e tristeza, mas o inverno vai chegar, e a natureza a vida vai despertar.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

10 inocentes

Hoje o sol brilhou como todos os dias comuns, mas para as 10 crianças assassinadas cruelmente na escola, ambiente onde se transfere o saber, por um alienado. O sol continuou a brilhar, mas nosso coração está cheio de mágoa ao saber que as dez pessoas não poderão ver mais um por do sol, mais uma noite. Tiveram suas vidas encerradas antes de poder viver, aprender. Vítimas da violência desencarnaram sob a mira de um louco. Que podemos pensar sobre? que explicações serão dadas aos pais, a família? Se no lugar onde seus filhos, necessariamente estariam mais seguros foi exatamente o lugar onde o aprisionaram para sempre. Como pode um louco olhar para crianças, sem senso de justiça, sem defesa serem abatidas como animais num matadouro. É uma tragédia, extremamente triste, e o infeliz não teve coragem de enfrentar os fatos suicidando-se após o fato consumando, não existe uma categoria em que possa se enquadrar esse ser. Nem os animais selvagens são tão bárbaros. Nada resta para estas crianças que partiram, mas para nos como seres sociais, resta o peso de nosso sistema, nossas fraquezas. Que se pode fazer? onde vamos chegar? Muita calma e força, pois todos sofremos não tanto quando aqueles que perderam seus entes queridos, mas sofremos pela perda do todo, por ainda existir barbaridade como essa em nossa sociedade.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Chico Raimundo

Meu pai ainda adolescente foi embora de sua terra natal, foi embora para muito longe, para as bandas de São Paulo em busca de recursos. Saiu de casa aos 17 anos sem nunca ter calçado um par de sapatos, tendo como luz de casa lamparinas a gás, não sabia ler, nem escrever, mas sabia falar muito. Foi embora de pau de arara para longe, muito longe, gastou 17 dias para chegar a cidade grande. E nem sabia ler ou escrever, quem dera soubesse. Chegou na cidade grande seus amigos deram um par de sapatos e um abrigo. Em pouco tempo arrumou um emprego de servente de pedreiro, seus braços fortes de puxar enxada lhes permitiram alí sobreviver, passou a conhecer dinheiro e começou a viver e a sonhar. Antes dele seu irmão mais velho que servira ao exército era um homem disciplinado, havia casado com minha tia, irmã mais velha de mamãe. Desde pequeno trabalhou de sol a sol para criar a família, construir sua morada, simples, mas dele. Criou todos os filhos sob a força do seu braço e a arte de cultivar nas quebradas pedregosas. Um prodígio no cultivo da agricultura, aprendeu a arte do comércio, e realizava verdadeira jornada para fazer suas vendas gastava dois dias só de viagem. Falava muito e falava algo, tinha belas histórias para contar, tinha um grande amigo. Seu irmão abaixo do mais velho, também não tinha tino de ganhar o mundo ficou por lá mesmo, casou cedo, esse além da agricultura aprendeu a fazer vassoura de olho de carnaúba e colher de pau de umburana. Não tive muito contato com ele, só sei que era muito forte e calado para os de casa, nas festas ele falava muito. O irmão caçula nunca aprendeu com papai a viajar ficou por lá, nunca aprendeu nada além de agricultura. Gostava de fazer filho gerou quase 10. Ah! papai foi a ovelha negra que foi embora que aprendeu a ser carpinteiro, a ser boêmio, que aprendeu na escola da vida, na melhor cartilha "Rio e São Paulo". com um certo humo cínico, nunca deixou uma pergunta sem uma resposta, nunca fica por baixo, sempre se saiu bem. Embora hoje cochile no sofá mas está lá quem quiser ouvir ele falar, ah tem histórias para contar, coisas que nunca me contou, nem nunca vai contar, o que se passa naquela cabecinha como diz mamãe. Não sei, sei que é frouxo de correr, mas para viajar, para desvendar o que há no mundo é mais valente que o Don Quixote. Viveu tudo, nunca o vi reclamar do que não o fez. Sempre se mostrou humilde, e cheio de conselhos sábios. Voce já está quase lá sempre fala. Longe já esteve. Sua coragem refletiu em nós que todos fomos embora, não ficamos esperando tempo ruim, descobrimos que o mundo é grande. é um mundo de raimundo de Chico Raimundo.

Música

Quando criança não lembro de ter escutado música clássica. Ouvi sim quando foi inaugurada uma rádio na cidade vizinha, rádio vida. Ouvi tocar músicas de Bach ou era Mozart, não lembro era uma semana de páscoa e o padre da nossa paróquia usava a música como pano de fundo. Associei aquela música a sofrimento, foi difícil desvincular aquela ideia de minha mente. Quando cheguei na universidade tinha uma professora muito chata que disse que gostava de Chopin, nossa não conseguia ouvir nem uma música. Bem ouvira alguma música sim, mas sempre associada a algum comercial, ou filme, mas música pura não. Na universidade tive oportunidade de ouvir a orquestra toca e aos poucos minha mente foi se abrindo, foi se tornando apetitoso esse tipo de música. Bem na minha juventude era muito eclético gostava do que passava no rádio, gostava de canções que falassem de casos de amor, com histórias, ou músicas que me fizessem bem, definitivamente forró não me fazia esse bem, nem as demais, essas músicas parece que só se ouve bem acompanhada de bebida, então se era o que tinha era o que ouvia. Não temos gosto quando não podemos optar. Bem quando fui para São Paulo, aprendi que na rádio cultura fm só tocava música clássica e tinha uns programas bacanas que explicavam a música então como uma luz fui aprendendo a gostar. Sabia da música mas não sabia quem compunha, fui ouvindo e a proporção que fui ouvindo fui aprendendo que havia correntes literárias que punha em ênfase no contexto da música, e fui gostando de Mozart, Bach, Bethoveen, Holst. E foi a partir da internet que aprendi que existem rádios que só tocam clássica. Amadeus em Buenos Aires, BBC canal 3 Londres, Suiss classic,... e tudo foi fazendo sentido e foi como se a música traduzisse o movimento do vento, das nuvens, das ondas, do ar, o respirar. Parece que a música traduz a vida e me pego as vezes a ouvir e a sonhar, pareço surfar na crista da onda. Então volto no tempo volto para o sertão e ouço as cigarrinhas a cantar, o som do riacho, do vento na folhagem, nos galhos, o cantar do galo, das aves... E ouço dentro de mim e sinto feliz por ser, por viver, por poder ouvir, entender e crer no entendimento e na eterna vontade de aprender sobre a música. Ela está dentro de voce, ela pode organizar e explicar suas ideias. ouça e pense.

Arte

Tu que trabalhas pela arte,
sustentas da arte, seja feliz,
pois eterno será,
quantas pessoas trabalham com arte,
mas só eterniza a sepultura,
a arte de se feliz,
a arte do bem fazer,
de ver arte em qualquer coisa,
no jardim, na casa,
no corpo, no fazer,
ponha arte em sua vida,
faça poesia com tudo,
não precisa ser rimada,
só precisa ter cor,
gosto, amor,
assim sua vida será
sempre bela, limpa
e saudável.

Amizade

Amizade é como uma flor rara,
que surge do nada, surge
quando há desilusão,
bem depois de uma queimada,
amizade não tem vaidade,
tem disposição,
amizade é delicada,
colorida, singela toda bela,
mas delicada como uma flor,
rara.
Requer tempo,
cuidado, paciência,
requer carinho,
compreensão,
amizade não é qualquer coisa
que se compra,
é inestimável,
vale a palavra, vale a alma,
é predisposição,
é uma relação,
uma eterna construção,
tenue com teia de aranha,
mas forte como seda,
como diamante.
amizade é uma flor rara,
que surge mesmo depois de uma queimada.
está escondida no seio da terra,
no seio da lealdade,
no seio da moral.

sonho

Sob o juazeiro repousa o vaqueiro,
tudo ali é calor, toda a natureza
está nua, tudo ali é cinza,
dessa sina ele é herdeiro,

viver como lagartixa magra,
do que sobra da natureza,
pois as secas não lhe dar paz,
quando pensa que ta melhorando,
tem que mudar,
tem que buscar hoje haja água,

come farinha e feijão,
sua pele é escura,
sua boca desdentada,

barriga de cão,
e sofre e luta,
e resiste com o pouco,
feito bode sobrevive
na falta, sobre as pedras,
sob a choupana,
a vida alí é livre,
o céu é estrelado,
mas a fome.

Jejua feito buda,
ama a natureza,
os animais
e resiste é forte,
enquanto cochila
sob a árvore,
sonha com o inverno,
com o gado gordo,
com a roça, a fartura,
o rio cheio de peixe,
melancias no tabuleiro,
cana caiana, manga,
e acorda suado
está no verão.

Um dia

 Um dia não estarei aqui. Pode demorar, Pode ser logo. Quem sabe! Bom agora estou pensando isso. Foi um vídeo de uma manbu que me fez pensar...

Gogh

Gogh