quarta-feira, 17 de março de 2021

34. O morto

Ando pensando torto, Um corpo sem vida, Um ser o morto, Um corpo é e não é, Foi e deixou de ser. Algo se perdeu, Foi o corpo? Foi a vida? A morfologia e a anatomia é a mesma, A vida é o espirito? A vida é a alma? A vida é a respiração? Simplesmente um corpo, Que pulsa, Que repulsa, Com vida, Sem vida, Morto, Perdeu num átino O princípio de ordem, O calor o respirar, Um corpo é um corpo, Com vida é Sem vida não é. Deixou de ser Sem vir a ser. O trabalho é a categoria fundante já dizia Marx. O prazer também é a categoria fundante Até surgir a inseminação artificial. O agora é eterno. Cremos ser imortais, O tempo é relativo já dizia Eisntein. Tenho estado doente da vista segundo pessoa, Pois tenho pensado demais. Agora que a tarde cai. Que importa mais. O coletivo passa na rua, O bem-ti-vi anuncia o fim de tarde, Poderia ser o sanhaçu-de-coqueiro. Ou qualquer coisa. Porque se não estamos presentes, Fomos ultrapassados, Não viemos a ser mais. E onde está o sentido de tudo isso? Em Eclesiastes, já anunciava que nada fazia sentido. Jás um morto, Jás noite.

terça-feira, 16 de março de 2021

Anjico

 Árvore enorme

E Sombra rala 

Miúdas folhas

Armado tronco 

Casca encarnada,

Feito couro curtido,

Mandeira forte e dura,

Usada no carvão,

Na porta e janela,

Na cangaia...


Perfume de verão,

Alimentar a fauna 

Plataforma de pouso 

Mata frouxa 

É o anjico 













Esmagadas

 Manhã plena ensolarada,

Céu azul oceano céu a brilhar

Então saio a pedalar,

Cruzo ruas olho os jardins 

Vou seguindo até a mata 

Que vigor viridescente,

Flores amarelas,

Flores alvas perfumadas

Perfume de angélica 

Perfume de guabiroba,

Perfume de mutamba,

Eita mata perfumada,

Até o feijão bravo tá florido

Nesta faixa tão estreita,

Cada vez mais esmagada,

Pela construção civil,

Já não sobra quase nada,

E o que sobra ainda descartam lixo,

Pobres árvores esmagadas,

Pobrezinhas perfumadas

Mutamba,

Guabiroba,

Angélica,

E o que sobrar no futuro

Nada nada nada,

Só o luxo 

Só o lixo,

A mata tá condenada,

Pobrezinhas esmagadas,

Porém floridas e perfumadas.










segunda-feira, 15 de março de 2021

33. Metafísica

 A noite escura

O céu estrelado,

Estrelas brilhando,

Nuvens passando,

Um dejavour,

Faltou o relinchar 

De um jegue 

Besouros ciciando,

Minha mente está perdida,

Divagando sobre o não ser

A brisa sopra

Os olhos se cansam,

E a ordem lógica não foi achada,

Nenhuma ideia,

Cadê o entendimento?

Como sempre atrasado,

Como sempre acanalhado

Muito querendo e pouco comendo.

E a sextilha?

Não sei ainda,

Mas vou aprender 

Estou tentando aprender a aprender.

Mais nada.




30. Imburana

Árvore torta e armada,

Romos abertos e difusos 

Casca castanho avermelhada,

Quase sempre esfoliada,

Suas folhas imparipinadas,

Perfumada se rasgada,

As flores reduzidas 

Diclinas e tetrameras,

Os frutos cápsulas 

Com sementes ariladas,


Na cultura popular,

Se usa a madeira

Pra fazer artesanato,

Porta, bichos, objetos,

Nasce muito na Paraíba,

Mas dá em toda caatinga,

Embeleza nosso lugar.






32. Sabor da vida

 A janela aberta,

Quadro na parede,

A brisa fria que entra,

O canto do sanhaçu-palmeira,

O sanhaçu-cinza,

O papa-capim,

O chiado do computador,

A vida é sublime sobre tudo,

Mas lembrar que está vivo,

Pensar nisto tudo,

Pode tornar tudo mais gostoso.

Nosso nenem

 O meu amor nasceu contigo,

Seu primeiro choro derreteu meu coração,

Ao te pegar no braço, fui tomado de amor,

Ao te ver sorrir, fui tomado de amor,

Ao te ver respirar, fui tomado de amor,

Ao te ver chorar, fui tomado de dor,

Seu choro é seu código que aprendemos a decifrar,

Tudo fazemos para sentir que estás bem,

Estás bem...

Se dorme te amamos,

Se brincas te amamos,

Contigo nasceu uma nova forma de viver.


Descoberta

 A madrugada encantada,

A corroira cantando calma,

O bem-te-vi de sobrancelhas,

Dizia que tinha me visto

Som belo, som perfeito

Nem vi a madrugada

Agora canário corrochiam

Há uma grande beleza

Em tudo isso

A celebração do ser.


sábado, 13 de março de 2021

29. Xique-xique

Xique-xique 

Linda planta sertaneja,
De forma candelabriforme,
Colunada e costelada,
Areolada e armada,
Com fibras alvas,

Tronco carnoso,
Epiderme clorofilada,
Folhas ausentes,
Flor vistosa séssil,
Fruto rosado, carnoso,

Raiz fasciculada.
Cresce nas fraturas rochosas,
Pacientemente cresce,
Pacientemente produz espinhos,
Essa coluna estrelada,

De semente de testa negra,
Pequena docemente arilada,
Está em todo lugar,
A todos os tempos.

Cactácea,
Pilososcereus gounellei.

28. Entendimento

 A gente vive como sabe, como foi ensinado a viver. 

E como a gente sabe?

Porque viver é ser.

E o que é ser?

Está ai?

Ensinaram-me tudo que sei.

Aprendi o que que me ensinaram.

Aprendi o que entendi e o que busquei aprender, além do que sinto, além do que percebo.

Como se nortear sem uma direção a seguir?

Olho no espelho,

Encaro-me olho no olho. Penso quem sou?

E me perco ainda mais na consciência.

Se o fim é único para que tanto esforço?

Sou e uma aranha na teia é,

Uma mosca presa a teia é,

Uma jurema é.

A coisa em si e a coisa para si.

Até quando é e enquanto é.

Qual o valor de cada coisa?

Tudo isso me custa o entendimento.

Mais nada.

Despedida infinito e eterno

 A casa A casa que morei Onde mais vivi, Papai quem a construiu, Alí uma flor mamãe plantou, Ali vivi os dias mais plenos de minha vida, Min...

Gogh

Gogh