A janela aberta,
Quadro na parede,
A brisa fria que entra,
O canto do sanhaçu-palmeira,
O sanhaçu-cinza,
O papa-capim,
O chiado do computador,
A vida é sublime sobre tudo,
Mas lembrar que está vivo,
Pensar nisto tudo,
Pode tornar tudo mais gostoso.
A concepção de mundo é subjetiva, sendo a experiência sua fonte capital. O mundo é representação. Então, não basta entender o processo aparentemente linear impressão, percepção e o entendimento das figuras da consciência. É preciso viver, agir e por vezes refletir e assim conhecer ao mundo e principalmente a si mesmo. Aprender a pensar!
A janela aberta,
Quadro na parede,
A brisa fria que entra,
O canto do sanhaçu-palmeira,
O sanhaçu-cinza,
O papa-capim,
O chiado do computador,
A vida é sublime sobre tudo,
Mas lembrar que está vivo,
Pensar nisto tudo,
Pode tornar tudo mais gostoso.
O meu amor nasceu contigo,
Seu primeiro choro derreteu meu coração,
Ao te pegar no braço, fui tomado de amor,
Ao te ver sorrir, fui tomado de amor,
Ao te ver respirar, fui tomado de amor,
Ao te ver chorar, fui tomado de dor,
Seu choro é seu código que aprendemos a decifrar,
Tudo fazemos para sentir que estás bem,
Estás bem...
Se dorme te amamos,
Se brincas te amamos,
Contigo nasceu uma nova forma de viver.
A madrugada encantada,
A corroira cantando calma,
O bem-te-vi de sobrancelhas,
Dizia que tinha me visto
Som belo, som perfeito
Nem vi a madrugada
Agora canário corrochiam
Há uma grande beleza
Em tudo isso
A celebração do ser.
A gente vive como sabe, como foi ensinado a viver.
E como a gente sabe?
Porque viver é ser.
E o que é ser?
Está ai?
Ensinaram-me tudo que sei.
Aprendi o que que me ensinaram.
Aprendi o que entendi e o que busquei aprender, além do que sinto, além do que percebo.
Como se nortear sem uma direção a seguir?
Olho no espelho,
Encaro-me olho no olho. Penso quem sou?
E me perco ainda mais na consciência.
Se o fim é único para que tanto esforço?
Sou e uma aranha na teia é,
Uma mosca presa a teia é,
Uma jurema é.
A coisa em si e a coisa para si.
Até quando é e enquanto é.
Qual o valor de cada coisa?
Tudo isso me custa o entendimento.
Mais nada.
Que saudade da infância
Que foi toda vida campestre
Em tudo só via e sentia,
Em nada pensava,
Só existia, só ria,
Mamãe pensava por mim,
Papai fazia o que podia,
Riso era alegria,
Alegria igual a confeitos,
Por isso ficava ansioso,
Pelo sábado quando papai ia pra feira,
E trazia sempre em saquinho de papel,
Um punhado de confeito,
E distribuía pra gente,
Trouxe um caminhão amarelo de botijão,
Trouxe um caminhão azul de cavalos.
Mamãe me mimava,
Rosangela me cuidava,
Nas terras arenosas desconhecidas,
Fui vivendo minha vida,
Nossas vidas,
Chupando caju e umbu,
Envergonhado, sonso,
Dentre outras variações
A infância traçou minha existência,
As orações guardaram o medo,
A fé o norte...
A vida uma essência...
Momentos doces de infância.
Na infância memórias são cristalizadas,
Memórias maravilhosas de serem rememoradas,
Até parecem fluir no momento que são acessadas,
Vou agora contar uma memórias visualizadas,
Memória que de certo não serve para nada,
Só para que não esquecer de uma vida passada,
As paisagens constantemente são transformadas,
Porém essas jamais serão esquecidas,
Passaram do nada para a existência amada,
Por isso aqui vou compartilhar,
Minhas primeiras memórias botânicas,
Sinal de já sabia o que queria quando nem imaginava,
Eram estas paisagens com seus elementos
Que enchiam a minha infância de lindo espaço,
E alegram o meu presente ao matutar.
Tinham plantas ornamentais que admirava...
A mumguba de Lídia de Severino
Um tanto perfumada com filetes alvo e vinho
O ipezinho de jardim de Elita de Joãozinho, Antonio de chiquinho e da Primeira igreja batista.
O Jasmim de Elisa de Vicente Joana e de Maria de Vicentin,
Os hibiscos de Loló de Assis,
A mutambas de Vicente de Paulo,
O bico de papagaio de Dorinha de Luiz de Bonifácio,
A figueira de João Corme, linda árvore abandonada ao pé da ruina da velha casa.
As plantas medicinais
Um lindo eucalipto na casa de Zé de Júlio e na casa de Banício,
A romã na casa de Irelda,
Com as plantas alimenticias a gente olhava e se deliciavam
A condessa de Nelope,
As pitombeiras de Bonifácio e Chico Franco,
As jaqueiras de Dezu de Loló Laercio de Bonifácio, e de tio Jessie,
Os umbuzeiros de Elita de João de Lico, Zezim de Tica, Jona Rosendo, Loló de Assis, Antônio de Chiquim do canto,
As cajaraneiras de Laurita, Munda e Mariana e Mindin.
A baixa de coqueiro de Dudé,
A mangueira espada de Bunina,
A mangueira de Leoni,
A ciriguela de Antônia de Nelson,
A pimenta de macaco e mangericao de vovó Chiquinha,
A groselhas de Irelda,
A gravioleira de Loló de Diniz,
A laranjeira de Elita de João de Lico,
O linheiro catolé de Eunice,
As plantas nativas sua natureza se expressava,
O feijão bravo de Iola de Dequin
Os anjicos de Rita das urupembas,
Os catolés de Vicente Paulo,
A Timbaúba de Toto de João Corme,
A embiratanha de Chico de Vicente Joana,
O coração de negro de Nelope,
A aroeira de Juvenal,
Os odores das flores de cipós de Bignoniaceae...
Odores de cor rosa ou amarela das tecomas.
Os odores doces alvos das mimosas, unhas de gatos e espinheiros.
As flores estreladas das Jitirana,
Flores multicolores rosas, azuis, alvas e amarelas,
A rama prurida das urtigas,
O amarelo ovo das senas,
O cheiro violeta das mucunas,
A azeda fruta da imburana,
O cheiro doce do cumarú,
O amargo da Marcela,
O baboso do juá,
O azedo do cajá,
O travoso da maniçoba,
A torteza do Jucá,
São lições botânicas
Fortemente afetivas,
De pessoas muito amadas,
Algumas já partidas...
Assim é viva está minha
Meu canto em Serrinha do Canto.
Apesar de ser armada com unhas de gato
Eram bonitas e perfumadas suas flores,
Um pompom bem rosadinho que fica alvinho,
De tanto abelha visitar e assim realizar
A famosa polinização que é a condução
De pólen de flor em flor por meio de um vetor o agente polinizador,
A flor ao ser fecundada vai se desvanecendo
E o fruto a ser formado vai logo se desenvolvendo
Dos estames o pólen é formado,
É nas anteras gerado.
O pistilo por estames é rodiado,
Essa estrutura feminina por estigma
Estilete e ovário é formado,
No estigma o pólen é recepcionado
Pelo estilete encaminhado,
Onde tubo polínico se desenvolve,
Sendo no ovário recepcionado
Pela micropila o tubo se rompe
E os microgametofito e megagametofito se encontram se fundindo,
Assim um embrião é formado,
A micropila aí se fecha,
Dos integumentos a testa é formada,
Da dupla fecundação o endosperma seminal
Assim a semente é formada
E concomitante a está o fruto do ovário se origina.
Fruto seco achatado de craspedio é chamado
Sendo autodispersado,
A semente é tão pequena e dura
De cor castanha pela testa envolvida
Com uma forma de ferradura ornada
Pelo nome de pleurograma é chamado
Na terra fértil é germinada.
As folhas são todas miudinhas de invermo
De dia se aberta e a noite se fecha
Se desprendendo no verão
É um pé de cerrador planta bela do sertão,
Mimosa paraibana é batizada
Pela taxonomia classificada.
Assim chego ao breve fim
Creio ser a botânica assim.
A lembrança tem seu encanto,
Por vezes, nos causa espanto,
Na infância era tudo diferente
Em casa pouca coisa tinha a gente
Para nossa pequena lida tinha
Enxada, enxadeco e chibanca,
Até uma velha campinadeira
Para o mato da roça campinar
Roçadeira, facão, foice e machado,
Para tirar forragem e madeira
E o gado alimentar e o curral cercar
Um velho morão de pegar e vacinar
Na casa velha havia uma caixa de madeira
Cheia de traquitanas como pregos,
Alicate, troques e martelo, suvela,
Serrote, pua e plana gostava de chafurdava
Então foi num ano pela tarde
A uma escola fui pra lá levado
Todo mundo em fila estava sentado
Me deram um caderno e um lápis
Num quadro verda a professora
Explicava que riscos eram sons
A - E - I - O - U e A, B, C...
Vogais e alfabeto
Um caderno e um lápis
E a incompreensão e insubordinação
Tinha como punição um puxão
De orelha... Ardia e queimava,
Acho que não ligava pois sempre repetia a ação
Ah lição complicada,
Do ABCD chegar a entender o mundo
Que paciência e perseverança,
Largar a infância e se abraçar a responsabilidade
De ler e entender o mundo pelas palavras
As ferramentas de casa eram muito mais simples,
Mas a coragem faz o guerreiro,
Aos trancos e barrancos passava de ano
E ouvia um elogio e um livramento passar de ano,
Ouvia com prazer que ao menos era inteligente,
Ouvia dizer das aparências com Françuar
Comparado até nas astúcias assim cultivava
Minha inteligência pequeno era o mundo
E grande a imaginação...
E ouvi dizer que Dona Lenita era mais rígida,
Mais valente, então o medo me adestrou,
Tomei de primeira as lições, aprendi o que achava
E pontuava as escola, passei por média,
Entre ditongos e tritongos... a Bahia e o Paraguai,
Algo era uma luz e deixara de ser cruz,
Na Serrinha Grande foi a vez de Conceição,
Professora do sertão
Que chegava a serrinha,
E rezava toda manhã,
Agora mais liberdade,
Agora mais responsabilidade,
Três litros de leite e a sala de aula,
Na vergonha vendia aqueles litros,
E o dinheiro a mamãe dava,
Na escola sempre passava...
Quinta série essa foi um destroço
Era muito o alvoroço,
Estudar com professores,
Esperar aula de educação sexual,
Fui expulso da aula de religião,
Fui para quarta avaliação em matemática,
E em ciências, quase reprovei,
Ainda lembro do olhar de severo
De dona Rivete,
Lembro de Cleiton e Primo Valdene...
Edineia, Cileuda, Alessandra e Joesilha,
Sexta série Chaguinha de Viriato me salvou,
Como ave em arapuca,
Fugi de um bagunça nas últimas,
E Chaguinha professor de matemática e ciências
Me salvou da matemática,
Nas ciências me apeguei,
Adivinhe o por quê,
Ali descobri minha inteligência
O livro cheio de imagem,
De bichos e sistemas,
E Chaguinha contava as histórias do Colégio Agrícola de Jundiaí...
Muito obrigado professor,
Na sétima série não esqueço
Aula de geografia,
O mestre José Silva descrevendo as ilhas Polinésias e Melanésias...
Tomava a lição,
Naquela grande inverno,
Para a estrada ia o gado pastorar,
Com o caderno na mão
Aprendia geografia,
Virando as pedras brancas do Barroso
Em busca de escorpião,
Ai veio o professor Luiz Silva também da geografia,
Tomei gosto pelas boas notas.
Na oitava série o destaque foi Ledimar,
Professora Perpétua e Genilda,
Desculpe mas português não era minha praia...
Lembro da tarde que Drummond morreu,
A professora Genilda falou com muita tristeza.
Essa dificuldade da língua ainda carrego,
Em Martins teve a fabulosa Janildes de biologia,
O fantástico Pedro de matemática,
Oneide e Fátima de Português,
O que dizer da generosidade de drs. Moacir e Luizinho,
Josineide de inglês,
A professora de literatura que me fez pela primeira vez ler o mulato
Dona Marta esta apostou na gente...
Me divertia mesmo era na biblioteca
Ali onde ficava dona Bebeta...
Lia os livros de contos...
Fernando Sabino...
Naquelas noites frias da serra,
Não estava só tinha minhas irmãs
Nossos vizinhos e vizinhas...
Sabe os caminhos foram tortusos,
Mas descobri a caixa de ferramenta de Foucualt muito cedo,
E não teve um dia em minha vida
Que não tivesse um aprendizado,
Agradeço a todos que me ajudaram
E principalmente aqueles que me apoiaram,
Aqueles que vieram e se foram,
Seria impossível descrever...
Dedico tudo que sou a mamãe e a papai.
E fico por aqui.
Eu sempre amei frutas. Caju, goiaba, pinha, araçá, seriguela, pitomba, pitanga, umbu, cajarana, cajá, coco, coco catolé. Essas tínhamos em ...