quinta-feira, 23 de abril de 2020

60. Manhã de quinta

A madrugada se desfez som uma chuva fina.
Depois parou de chover e o sol saiu entre nuvens.
As ruas molhadas e vazias entre árvores com folhas brilhantes
que ocultavam os pássaros.
Os pássaros cantaram muito
corruíras, bem-ti-vi, benti-vi-zinho, sanhaçus e cambaçicas.
Agora a manhã deslancha sob uma intensa luz do sol.
E o dia se faz mais uma vez.

quarta-feira, 22 de abril de 2020

59. Manhãs em Barão

Lembranças
Quando mudamos de lugar temos que aprender e conhecer os novos caminhos e novas rotas para chegar em casa ou no trabalho. Nós vamos conhecendo aos poucos as melhores rotas.
No caminho de casa para a Unicamp havia uma escola que era bem simples. Ficava em frente a praça dos Cocos em Barão Geraldo.
E todas as manhãs passava ali do lado da escola. Gostava do barulho das crianças, da sombra das árvores, do frescor da manhã. As vezes o solo estava amarelo de pétalas de guapuruvu ou de sibipiruna ou de tipuana. Tinham flores violeta de tibochina e de bauhinia variegata ou de neomarica caerulea, flores nas inflorescências imbricadas de costus. Tinha flores vermelhas de malvavisco e espatódea.
Ia e vinha todo dia.
Depois comprei uma bike e ia e vinha mais rápido.
Sempre prestando atenção nas coisas simples como folhas e petalas no chão, os troncos de árvores o canto de aves, o cheiro da grama e a escola, a água do riacho...
Tudo foi tão pleno. 
Que ter vivido tudo isso.

58. Aves

As aves sorriram para mim hoje.
Como são fascinantes por suas formas, cores e cantos.
Seus corpos, cabeças, bicos, suas asas, caldas, pernas, e patas.
Suas cores iridescentes.
Seus cantos matinais, vespertinos ou noturnos.
Seus comportamentos, suas dietas, hábitos e habitats.
Por isso sempre busco ou tento fotografá-los.
Hoje da minha janela fotografei uma andorinha do rio, com máscara e capa azul-marinho. 

57. Canto

As aves ficam contente após a chuva.
Já de madrugada um bando de aves despertas cantavam na rua.
Eram corruíras, bem-ti-vis, sabiás e canários.
Quando o dia amanheceu antecedido duma chuva
Ai, apareceram as rolinhas.
Agora tudo é paz e silêncio.
Pela janela fotografei uma andorinha.
Ouço agora siriris, saíras, sanhaçus, corruíras, uma rolinha-cado-de-feijão, pardais.
E assim, segue o dia.

terça-feira, 21 de abril de 2020

56. Safra

Estou agora lembrando de casa. Que memórias excelente. Na época nem achava.
Estou lembrando de quando ajudava papai em algumas atividades como limpar cajueiros. É um trabalho simples que se faz após o inverno. Retira o mato que cresceu sob e no entorno dos cajueiros. Papai fazia a maior parte. Quando era perto de casa tínhamos a companhia das galinhas. E sempre tinhamos a companhia de dog o nosso cão de pelo alvo.
A gente conversava, mas na maior parte do tempo eu matutava.
Aquele trabalho mecânico era puxado e demorava uns poucos dias. Mas compensava porque ficava mais fácil para apanhar a safra de caju. Com os cajus vinham as aves os currupios e encatos de ouro.
Era muito bom.

55. Coisas do bem

Dias de chuva são sempre muito agradáveis.
Trabalhar em casa.
Fazer o que gosta.
Ir ao mercado.
Almoço caseiro.
Uma boa leitura,
Um poema ou um conto.
Coisas que nos faz bem.

54. Novo modo

Amanheceu, após uma madrugada escura sem crepúsculo ou som de aves.
Agora lá fora a chuva está chovendo e pela janela entra uma brisa úmida e fresca.
Tudo é silêncio e apenas ouvimos o som da chuva se derramando na rua e nas casas.
Fios de água se fazem no vidro de parte da janela fechada.
O silêncio!
O som da chuva é agradável e acalentador.
As ruas agora estão molhadas.
Estamos guardados em casa,
Esperando pelo futuro que tudo volte a ter esperança.
Enquanto a chuva nos faz pensar.
Quão agradável é a sua presença enquanto estamos em casa.
Estamos nos acostumando a um novo modo de viver. 

segunda-feira, 20 de abril de 2020

53. Posição

Memórias
Lugares onde estive!
Nossa foram tantos.
Todavia há aqueles que mais desfrutei
Com a calçada da casa de mamãe.
O corredor da casa de mamãe.
A minha cama em Campinas.
O jardim sem nome com durantas,
Azaleias, samambaias e uma palmeira.
Lugares que travei uma batalha com as palavras.
Li romances, contos, poesia e filosofia.
Faltou-me sistematização.
Sou assistemático embora não pareça.
Treino ajuda.
O escuro que caia aos balanços da calçada,
Enquanto pensava, matutava assistematicamente nas coisas que fazia e vivia.
As coisas aconteceram a parte de tudo.
Tudo barro vermelho.
A existência é uma experiência fabulosa.
Bom recordar tudo isto.

52. Ser

Os dias se passam longa e demoradamente,
Dias quentes e feios.
Dias de trabalho e reflexão.
Quase um mês enclausurado,
Acordar, caminhar, comer,
Ler e ouvir, refletir.
Ser.
Assim é e será.

51. Amolar

No interior a simplicidade reina.
Numa casa um objeto essencial é uma pedra de amolar.
Esta pedra geralmente comprada em feiras,
É amorfa, de origem sedimentar.
Em geral é plantada no terreiro da cozinha
Na sombra de uma árvore.
Lá em casa ficava sob uma pinheira
E quando a pinheira morreu passo à sombra de uma cirigueleira.
Aquela rocha servia para amolar facas, canivetes, machados, roçadeiras e foices e principalmente pensamentos.
Amolar pensamentos isso mesmo.
A tomada de decisões geralmente se passava enquanto se amolava objetos.
Ao som do deslizar da lâmina os pensamentos vão sendo amolados, afiados feito navalhas.
Problemas são solucionados ali.
E os objetos servirão para cortar e os pensamentos para decidir.
Decisões é tudo que precisamos direcionar em nossas vidas.
Decisões ignorantes e rudes tiraram a vida de muita gente.
Lâminas que furaram, cortaram e fizeram verter sangue e vida em decisões errôneas amoladas em uma pedra.
Nossos horizontes são curtos quanto tomamos decisões cegas sem combinar ter uma segunda opinião.
A parte isso, geralmente se amola a faca na hora que vai se pelar uma galinha.
A pedra continua lá plantada no chão pronta para amolar o que seja pensamentos e lâminas.
Está lá como memória, como objeto de uso, objeto de necessidade que quando colocada em um contexto nos permite amolar a alma.

Despedida infinito e eterno

 A casa A casa que morei Onde mais vivi, Papai quem a construiu, Alí uma flor mamãe plantou, Ali vivi os dias mais plenos de minha vida, Min...

Gogh

Gogh