segunda-feira, 20 de abril de 2020

51. Amolar

No interior a simplicidade reina.
Numa casa um objeto essencial é uma pedra de amolar.
Esta pedra geralmente comprada em feiras,
É amorfa, de origem sedimentar.
Em geral é plantada no terreiro da cozinha
Na sombra de uma árvore.
Lá em casa ficava sob uma pinheira
E quando a pinheira morreu passo à sombra de uma cirigueleira.
Aquela rocha servia para amolar facas, canivetes, machados, roçadeiras e foices e principalmente pensamentos.
Amolar pensamentos isso mesmo.
A tomada de decisões geralmente se passava enquanto se amolava objetos.
Ao som do deslizar da lâmina os pensamentos vão sendo amolados, afiados feito navalhas.
Problemas são solucionados ali.
E os objetos servirão para cortar e os pensamentos para decidir.
Decisões é tudo que precisamos direcionar em nossas vidas.
Decisões ignorantes e rudes tiraram a vida de muita gente.
Lâminas que furaram, cortaram e fizeram verter sangue e vida em decisões errôneas amoladas em uma pedra.
Nossos horizontes são curtos quanto tomamos decisões cegas sem combinar ter uma segunda opinião.
A parte isso, geralmente se amola a faca na hora que vai se pelar uma galinha.
A pedra continua lá plantada no chão pronta para amolar o que seja pensamentos e lâminas.
Está lá como memória, como objeto de uso, objeto de necessidade que quando colocada em um contexto nos permite amolar a alma.

domingo, 19 de abril de 2020

50. Cachorrada

Cedo, a rua estava vazia. Ninguém ou nada passava. Exceto por um bando de cães e uma cadela. 
A gente atoa presta atenção em tudo.
Eles iam e vinham. Um cachorro novo vermelho feliz ia pulando e saltitando feliz tentando agradar a cadelinha preta, mas esta nem uma bola dava.
Tinha um outro velho e um baixo meia perna alvo, este a cadela até deu trela, mas houve incompatibilidade de tamanho.
A cadela cruzou a rua e foi acompanhada. Só alvo meia perna não acreditou na chance.
Ficou ali na esquina a olhar.
Depois a sena se desfaz e não sei o que aconteceu com a cachorrada na manhã deste domingo.

49. Ameno

O dia foi tão agradável 
Com sua amenosidade,
A brisa solta soprando,
As nuvens ocultando o sol,
Os pássaros piando e cantando.
Assim, o dia logo passou,
Dias bons passam logo.

48. Despertar

Que maravilha despertar numa manhã úmida e fresca.
Céu nublado sem muita luz, aquele escurinho no quarto.
Abro a janela e entra a brisa fresca da manha.
Nada de barulho de carros, reina o silêncio.
Ouvi-se apenas chamado e canto de aves.
Tudo é paz.
Então abrimos um livro e damos uma agradável lida.
Abri um ebook de Boaventura de Souza
"A cruel pedagogia de um vírus".
Excelente leitura.
Talvez não para quem está levantando,
Mas fica a dica.
Que o dia continue como iniciou,
Agradabilíssimo.

sábado, 18 de abril de 2020

47. Ouvir

Ouvi muitas coisas hoje.
Música indiana,
Música erudita,
Canto de aves,
Dois contos de Borges,
Dois contos de Machado,
Um de Clarice Lispector.
Tudo enquanto trabalhava.
O dia foi longo, porém muito agradável.

Dias agradáveis nós faz bem,
Chega a dar prazer em viver.
Ouvir as aves que maravilhoso
Poder ouvir é divino.
Uma singularidade da vida.

46. Preâmbulo

Sábado,
Acordei cedo.
Despertei, peguei o celular e visitei minhas redes sociais.
Então, sai das redes e fui dar uma olhada no livro nove ensaios dantescos e a memória de shakespeare de Borges.
Simplesmente a gente fica boquiaberto com a sagacidade com que Borges escreve.
O preâmbulo é maravilhoso.
Borges nos faz entrar num universo fabuloso onde o tempo e o espaço condensam tudo.
Nos faz refletir sobre a universalidade das coisas. E vai mostrando como era descrito o mundo antigo segundo a visão de Dante... E vai equacionando, mostrando um histórico de como autores foram avaliando a visão de Dante. E vai formando uma espiral histórica que nos desperta curiosidade e vontade de ler Dante e conhecer os autores que escreveram sobre Dante.
Acho que mudamos o mundo. Borges sabia disso quando usava a literatura para estender o mundo.
Ler Borges é isso. Ficar extasiado a cada parágrafo.
Sua genialidade vai tecendo literatura, filosofia, metafísica e tudo que nos permite  expandir nossa consciência.
Neste preâmbulo, lido, tenho material para matutar pelo resto do dia.

sexta-feira, 17 de abril de 2020

45. Cotidiano

A tarde caiu caliente e pacífica.
Aves cantando ou voando.
A monotonia de um quarto.
Os livros empilhados.
Bolhas de água no banheiro.
Cactos e palmeiras estáticos nos vasos.
Penso no que ouvir,
Hoje contos de Borges,
Ontem música erudita,
Outro dia Poesia de Pessoa,
Outro Galeano,
Outro contos de Clarice Lispector.
Ou palestras um dia foi sobre Cervantes,
Outro Nietzsche.
Ouço tudo.
As minhas plantas também.
As vezes ouço aves piando 
Pego a câmera e fotógrafo.
É isso o cotidiano.

44. Canário

Céu azul com nuvens brancas,
Após uma fresca madrugada.
Na sobra de um açoita-cavalo
Cantava empolgado
Um canarinho amarelo,
Seu canto estridente,
Encantava aquela hora.
Canta pequena ave,
Embeleza esse mundo
Que se encontra fechado,
Angustiado, triste e isolado.
Canta canarinho
Canta que seu amarelo
Estampado na bandeira brasileira,
Representa toda riqueza,
Que agora é só tristeza,
Tantos filhos a morrer,
Tantas pessoas a sofrer.
Estamos desgovernados,
A besta no poder,
Brada queremos riqueza...
Essa besta cheia de seguidores
Vai fazendo atrocidades,
Discursando escatologias...
Mas vamos esquecê-la por enquanto,
Pois agora só importa é seu canto.

quinta-feira, 16 de abril de 2020

43. Beija-flor

Um beija-flor veio ao meu jardim
E visitou as minhas flores,
Depois se foi e desapareceu.
É assim que raras coisas acontecem.
Quem sabe não voltará.
Beija-flores são atraídos por flores vermelhas.
Com seu bico aciculado 
Beija ou pilha flores.
Tão ágeis no ar,
Tão fabulosos a voar,
Um encanto em meu lindo jardim.

42. Consciência

A maior parte das informações que recebemos não compreendemos.
Não discernimos muitas formas e tons de cores.
Não discernimos os sons com suas variações de frequências.
E as vezes quando tentamos tudo fica mais confuso.
Quem dera traduzir o que falam os animais.
Quem dera entender a alegria de uma planta.
A maior parte da totalidade passa desapercebido,
Com nossa singularidade, passamos inconscientes pelo mundo.
Sem perceber as belezas que reinam na nossa vida cotidiana.

Só a fé

 É certo que morreremos, mas quando vários conhecidos e queridos seus partem num curto tempo. A gente fica acabrunhado! A luta do corpo com ...

Gogh

Gogh