quinta-feira, 9 de abril de 2020

21. Abril

A madrugada enluarada ficou mais bela com o canto da corruíra.
Estrelas apagadas, árvores ensombradas.
No ir e vir do tempo,
Tristes surpresas nos aguardam.
Nosso tempo incógnito.
A manhã nasceu.
A manhã cresce,
É abril,
Triste abril.
Que passa...
Que passa...

quarta-feira, 8 de abril de 2020

20. Tempo

A luz do dia se foi,
A noite sorrateira chega devagar.
A siriri no fio a cantar siri siri siriiiiii.
As formas se desfazem,
O próximo se faz distante,
A sobra cobre os seres vivos
E a matéria esfria liberando calor.
Também eu vou anoitecendo,
Após entardecer,
Regresso ao ser,
Regresso ao eu.
Saudades,
Tempo que não para de passar.

19. Vazio

Angústia e memórias preenchem a existência neste momento.
Desolamento, dor e sofrimento.
A presença se desfez, desapareceu algo impensável aconteceu.
Resta o vazio,
Restam os espaços e coisas materiais.
Foi realidade ou um sonho?
Agora, neste momento
Confundo em minha mente se foi realidade ou se foi sonho.
Não! não aconteceu.
Aconteceu, ai!
Por quê.
O sofrimento dilacera e só o tempo vai suavizando.
Afastando, apagando da memória.
Eterna memória,
Da maternidade e paternidade,
Dos momentos vividos,
Da educação dada.
Agora.
Mais nada.

terça-feira, 7 de abril de 2020

18. Reminiscências

A tarde que cai dourada e cálida.
Aos poucos a luz se difunde em sombra.
E o calor é amenizado com o cair da noite.
Os seixos pétreos alvos, alvos e encarnados
Deixam os carrascos rajados.
As catingueiras nuas nos permite ver um crepúsculo mais amplo.
A noite cai estrelada.
Previsível e bela.
A janta é arroz de leite.
O cheiro de banana incensa a casa.
O chiado das folhas dos coqueiros indicam uma brisa fresca.
Os anos se passam e aprendemos a reconhecer os padrões do lugar.
Vivemos neste lugar, somos este lugar.
Nossa existência está impressa aqui.
Conhecemos as aves, os bichos, as plantas e seus odores e propriedades.
Fomos e voltámos e amamos tudo isto.
Da poeira de dezembro a primeira e última chuva.
Tudo faz sentido na vida,
Mas é preciso viver para entender
Que são as coisas simples as melhores da vida.
É noite a janta está pronta.
Vamos jantar.

17. Meros

A tarde caiu quente.
Lá se vai mais um dia.
Mais uma mera parte da vida.
Mais uma flor caindo da árvore.
E que graça está vivo,
Que graça,
O momento instante é uma incógnita.

16. Triste desfecho

A realidade dureza é dura feito rocha.
Após quase dois dias o corpo de meu primo foi encontrado.
Pobre jovem que tinha a vida pela frente.
Foram dias de angústia e dor que se prolongaram para nossas existência.
Esta tragédia que dilacerou nossos corações.
Dias sem sentidos e profundamente tristonhos.
Temos o caos no peito, na mente e na alma.
E este isolamento não nos permite rever pela última vez.
E se vai, e mergulha no universo infinito,
Volta de onde veio.
Nos deixando impressões, sensações, sentimentos, afetos.
Deixando a certeza que foi maravilho enquanto durou.
Deixando a certeza de que nada dura pela eternidade.
E que o momento é tudo.
Marquinhos tinha muita vontade e determinação para o que queria.
Amava futebol, amava estudar, gostava de jogar.
Era extremamente tímido e calado.
E foi assim que viveu o que tinha para viver.
A vida seguirá menor sem sua presença, sua existência.
E tudo fez sentido pela sua existência.
E a rocha se esfacela e vira solo.
A respiração virou ar,
E o corpo nada mais.
E a vida confirma quão incógnita é.

15. Noite

A noite caiu enluarada.
Triste lua cheia.
De um longo dia.
Lua cheia prateada,
E a noite seguiu silenciosa.

segunda-feira, 6 de abril de 2020

14. Angustia

Acordei e anda me sinto atordoado.
Está muito quente!
Não tive animo de sair para caminhar.
Não estou com ânimo para nada.
As notícias me impactaram bastante.
E está distante da minha família,
É extremamente angustiante.
Não ter como sair de casa.
Para disparecer, ouvi uma leitura do Aleph,
Mas não serviu de nada.
Escrevi!
Dai, ouvi uma palestra sobre Borges.
Lígia minha comadre não me deu boas notícias.
Nem Roberto deu.
Segue desaparecido, pobre menino.
Pobres pais.
Angústia e caos.
Na nossa vida, na família Teixeira de Queiroz.

13. Marcus Vinicius

Tragédias acontecem todos os dias, mas são ainda maiores quando nos atingem em cheio.
Todos viveremos um dia uma tragédia e a última nos matará.
Mas esta última nem perceberemos.
Os sentimentos são caóticos e múltiplos, dor, tristeza, angústia, revolta...
Quando acontece o que podemos fazer?
A solidariedade é um caminho a seguir, a presença, o abraço, a união, a atenção não acabam os sentimentos ruins, pois nunca acabarão, mas ameniza.
Para nós que somos muito próximos que vimos cada fase, cada passo, cada conquista a perda é inestimável.
Agora, a realidade se materializa e o corpo sem vida desaparecerá.
Resta-nos as lembranças das muitas alegrias e felicidades que nos permitiu viver.
A lembrança que tenho é de sua força e determinação e timidez.
Certo dia tinha ido visitar a família.
E vi aquele menino pequenininho numa bicicleta correndo nos terreiros de Maria.
Ele caia da bicicleta que rolava, mas não tinha medo, nem se rendia a dor. Levantava-se e pegava a bicicleta e continuava a pedalar.
Agora, tudo está consumado.
Aos pais meus amados primos, forças.
Estamos aqui para ajudar no que precisar.
Força!
Guarde na memória os bons momentos,
A ferida estará sempre aberta, mas se aprende a conviver com a dor.
Deus não desampara ninguém e vai ajudar nesta nova caminhada.
Que Jesus conforte nossos corações.
Descanse em paz Marcus Vinicius.

domingo, 5 de abril de 2020

12. Tragédia

Domingo de Ramos.
O mais triste, intenso e doloroso.
A manhã foi normal.
Mas ao meio-dia, soubemos que aconteceu
Uma tragédia.
Um telefonema quebrou nossa paz.
Era a mamãe, chorando.
Avisando da morte de Marquinhos,
O filho de meus primos Aquiles e Rita.
Que fatalidade! Inacreditável!
Desde então o tempo se arrasta.
Nada está fazendo sentido.
Sofrimento, angústia e dor.

Despedida infinito e eterno

 A casa A casa que morei Onde mais vivi, Papai quem a construiu, Alí uma flor mamãe plantou, Ali vivi os dias mais plenos de minha vida, Min...

Gogh

Gogh