quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Passageiro

Vão-se os velhos hábitos e novos se estabelecem. Sou sempre assim, sempre me apego a uma rotina.
As quintas-feiras sempre foram mornas, mas ótimas porque antecedem as sextas. Bom depois que cheguei em João Pessoa, passei um tempo só, um curto tempo sem amizades e o melhor dia passou a ser a quinta-feira, pois descobri um restaurante que as quintas serve baião de dois e carne de sol. Bom então todos os dias chegava lá, cumprimentava as meninas, almoçava e voltava para minha sala. Com o tempo aquelas pessoas ganharam nome e ganharam vida para mim e me conhecem como ninguém. A atendente, descobri que se chama Kênia, a cozinheira que fica no balcão se chama dona Linda, a que faz suco se chama Lu, tem a Lívia que faz fono e é sobrinha dona Marta quem eu gosto de aperrear. Bom assim não dá mais para almoçar só, tenho a companhia e o carinho dos funcionários e a quinta é certamente o dia mais interessante. Sei que isso tudo é passageiro, mas bom. Passageiro como foi o tempo que almoçava sempre com os amigos em Brasília na Embrapa, passageiro como foi os almoços no RU na Unicamp, passageiro como foi o tempo que almoçava com o povo na cozinha do Instituto de Botânica em São Paulo, passagueiro como o tempo de RU da UFRN, isso sem voltar a Serrinha dos Pintos. Assim percebo quanto a vida é passageira e como os anos caem sobre nossos corpos.
Bom esses dias tenho sentido a alegria da Primavera, as plantas floridas, parecem sorrir.

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Entender a si

Nasci no meio do mato,
Aprendi a calar por não saber falar,
Aprendi a falar sem comunicar,
Falo coisas sem sentido,
Só pela beleza do som das palavras,
Ou falo por alvoroço,
No fundo e no exterior sou aquele matuto do sertão,
Que fala, fala e fala...
Mas apesar de tudo sou,
Algo me fez essa matéria viva,
Que vivo está,
E que ver a vida passar,
Que faz as coisas acontecerem,
Na timidez de um ser do mato,
Um bicho do mundo.

terça-feira, 23 de setembro de 2014

Cariri

A luz,
A luz que alumia cada forma,
A luz que acende o mundo,
E através da luz eu posso ver,
O vermelho da semente do mulungu,
O branco da areia lavada do riacho,
O cinza tingido nas plantas da caatinga,
O brilho dos feldspatos,
As garras da macambira,
As chamas da cansanção que queimam a pele do sertanejo,
A roseta do chique-chique,
E quando a noite cai,
E quando a brisa chega...
O céu tão limpo e estrelado,
O Cariri tão enamorado.

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Divagar

Cai a noite,
O que me faz seguir vivendo?
Um suspiro de esperança,
Um texto de Borges,
A filosofia de Kant,
A busca em conhecer uma nova espécie botânica...
Queria tanto que as pessoas sentissem o que sinto,
Mas ai, cada um com seu cada um...
Nos imaginamos sempre tão especiais,
Mas somos tão solitários,
E frios e Vazios,
E inseguros.
Cai a noite, um chá ia bem,
Uma leiturazinha também,
Mas esse mundo online,
Mas esse mundo online,
Amanhã não tem nada,
Mas quinta tem Luiz Fernando,
Antes hoje tinha Eliane,
Falando nisso!
Boa noite.

Cantos e encantos

Em cada canto há um encanto,
Cada um de nós cria um encanto num canto,
E isso nos provoca um grande espanto,
Quantos cantos e encantos pode nos espantar,
O encanto no canto do sabiá,
O canto encantado do joão de barro,
Matuto que voa, mas que gosta de caminhar,
Encantado em canções de amor está...
Cada um de nós se encanta em algum canto,
É bom nem pensar como em que canto
Haveremos de se encantar.

Como sempre

Um rouxinol cantando,
A manhã que cresce,
As árvores perdendo as flores amarelas,
Nenhuma brisa,
O solo frouxo e seco.
Os musgos tostados nas pareces e muros,
O lodo que escureceu e virou tinta,
Este ser que sente...
Este ser que percebe,
Percebe que tudo já passou,
Anos após anos,
Gerações após gerações...
Coisas que se repetem e se repetirão,
Lágrimas de alegria,
Lágrimas de tristeza,
A flor que desabrocha
E se transforma em fruto,
E o fruto em semente,
E a semente em árvore...
Doí perceber essas coisas,
Doí perceber o tempo,
Saber que em pouco
Tudo é esquecimento.
Cada ser com sua história,
Cada flor por mais efêmera que seja,
Permite a eternidade da vida...
Tudo tão simples...
Canta o rouxinol,
Passa a manhã,
Como sempre aconteceu
E acontecerá.

domingo, 21 de setembro de 2014

Passagem

A manhã,
O vento,
As Nuvens,
Passam sem parar.
Uns passam devagar
E outros passam por passar,
O vento assovia
Move os ramos das árvores,
Rouba o aroma das flores,
A fumaça perfumada do incenso.
O canto das aves me impressiona,
A paisagem de minha janela,
Tudo me impressiona,
Mas aqui minha casa é vazia.
Passam as manhãs,
Passam os dias,
Fecha-se minha poesia.

sábado, 20 de setembro de 2014

Ad eternum

Estamos trilhando a vida,
Descobrindo a cada dia
Uma maneira melhor de viver,
Uma maneira melhor de ser,
Sabemos do que passamos,
Mas desconhecemos o que virá.
E assim vivemos experimentando a vida,
E assim assumimos  a vida,
E vivendo a vida vai se construindo,
E se reproduzindo dia a dia ad eternum...

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Ocaso

A tarde que desaparece,
Morcegos voando cambaleante,
Voam pra lá e pra cá,
Nas castanholas
E nas gameleiras,
E o escuro que oculta
Tudo...
Tudo é;

A tarde que chega

A tarde que se desfaz,
A manhã que se desfez,
A madrugada que faz parte do passado...
O tempo que foi encerrado,
E agora a noite que se chega,
A noite que se faz,
A brisa que nos agracia,
Uma música
E as memórias...
Os anos dobram nossa pele
E tinge nossos cabelos,
Mas nos dar o sabor da experiência,
Nos agracia com as memórias,
Embora sejamos tomados pela saudade,
Mas a vida segue,
E aprendemos a lutar
E lutamos,
E vivemos,
E consumimos nossas vidas,
No dia a dia, nas manhãs, tardes e noites que se desfazem
Nos tornando quem somos.

Só a fé

 É certo que morreremos, mas quando vários conhecidos e queridos seus partem num curto tempo. A gente fica acabrunhado! A luta do corpo com ...

Gogh

Gogh