quarta-feira, 24 de abril de 2013

Aquilo que nos foge

Com o tempo os adjetivos se tornam inexpressivos.
Como você está linda amor.
Soa agradável, mas de fato o elogiado tem que se sentir o elogio com profundidade.
E com o tempo o que falamos já não é tão especial.
Compramos presentes, apimentamos a relação...
E aos poucos os adjetivos vão se tornando parcos.
E com o tempo nossa realidade nos é tomada.
A realidade do outro é melhor.
O tratamento do outro é melhor.
As emoções e viagens alheias são mais interessantes.
E não se sabe o que é realidade ou que é ficção...
Quando se pode saber mais sobre a relação alheia, nossa relação se torna tão banal.
E tomamos a realidade alheia como uma história fictícia e queremos para nós.
E sofremos por que tudo não passa de um ideal.
E com o tempo percebemos as rugas do outro, as gordurinhas, os pequenos defeitos passam a parecer um elefante...
E na novela aquele cara é tão forte e corajoso. Meu amor é uma égua de frouxo...
Nada importa.
Com o tempo o viço das cores vai se diluindo no tempo...
E as situações e vitórias individuais afrouxa a relação...
Mas onde chegar com esse texto.
Que a realidade nos foge as mãos.

Sonho ou realidade!

Sonhei que estava velho e tinha o corpo cheio de chagas purulentas.
A dor rasgava em minha pele. O mau cheiro repugnava a todos que de mim se aproximava.
Estava cego, solitário, magro, meus cabelos haviam caído,
meus dentes podres também nada restara.
E só a meia luz, pois não podia sentir a dor do sol, abandonado,
refletia sobre minha juventude. Não bebia, nem fumava, mas por ser humano não me faltavam pecados. E minhas reflexões se aprofundavam entre agonia e dor, eu desejava morrer. Absolutamente nada me motivava viver.
Só sem família ou filhos ali estava eu, coberto de andrajos e chagas.
Pela manhã quando podia me arrastava até uma macieira e comi um frutos podres, sem dentes era difícil comer.
E o meu corpo e minhas memórias eram meu inferno.
E pensava que podia ser diferente. 
E refletia sobre tudo...
Então certa manhã, agonizando me apareceu uma figura angelical
que me disse: - volta não é chegada sua hora.
Então acordei, mas não estava no meu quarto, estava num quarto escuro, velho e sujo...
Me levantei tateei no escuro até uma fresta onde havia uma janela.
Abri a janela e o mundo cheirava mal...
Uma luz brilhou intensa e me faz acordar.
Acordei suado e agitado. Senti a minha realidade.
Tomei um copo d'água.
Abri a bíblia no salmo 24.
E li: O senhor é meu pastor e nada me faltará...

terça-feira, 23 de abril de 2013

Até a tarde cair

Hoje a tarde foi tão fria quanto ontem.
Ainda consegui ver o sol brilhar,
antes de sumir entre nuvens azuis.
Caminhei perdido por caminhos conhecidos,
divagando entre meus pensamentos
e minhas sensações.
A brisa fria, o céu azul,
as águas agitadas do lago,
o som do piano ao cair da tarde.
E a lua sendo revelada
timidamente.
Só as plantas no entorno do lago
continuam indiferentes,
imponentes sem frio,
só a Ipomoea alba
se perfuma para a noite.
E continuo caminhando,
divagando...
Até a tarde cair,
até a noite surgir.

Portas abertas


Com o avanço das tecnologias as barreiras da comunicação foram quebradas.

As redes sociais, uma ferramenta de alto impacto na sociedade de fácil acesso, está cada vez mais democrática, constituem um grande exemplo.

O uso destas ferramentas cresceu vertiginosamente e vêm alterando completamente o comportamento das pessoas.

Uma vez que essas ferramentas permitem o acesso fácil aos dados pessoais, de forma livre, leva os indivíduos, cada vez mais, a vasculharem entre os diversos perfis disponíveis.

Nos empenhamos cada vez em saber sobre o outro, e mais ainda, gastamos mais tempo que nunca nas redes sociais.

Através das redes sociais, podemos nos expor numa grande e ampla vitrine, podemos nos pintar como grandes celebridades. Cremos que o que fazemos é muito importante e que os outros devem conhecer. Os expectadores devem conhecer nossos gostos, nossas personalidade e nossas muitas qualidades.

Cada vez que se posta dados pessoais nas redes sociais. Há uma expectativa para saber qual nossa popularidade. Quantos irão gostar? Quantos serão os acessos? Quantos amigos tenho? Quantos amigos são famosos? Este sentimento de popularidade ou impopularidade que nos alimenta!

Nunca fomos tão populares! Será? E ao mesmo tempo nunca tivemos tão ansiosos.

Antes das redes sociais, quando entrei na faculdade, bem no início dos anos 2000, nos reuníamos mais, passávamos mais tempo conversando pessoalmente,  compartilhávamos mais tempo juntos.

Hoje, vivemos presos a celulares, computadores e qualquer que sejam os canais de acesso as redes sociais.

As expetativas e projeções criadas, corresponde com o esperado o que nos torna cada vez mais angustiados.

Há de se entender que o uso das redes sociais é um caminho sem volta, mas é necessário refletir que as redes sociais são de domínio público.

Nunca nos imaginamos abrindo a casa para um estranho, mas é o que acontece quando disponibilizamos nossos dados nas redes sociais.

Estamos abrindo a porta da casa para os desejáveis e indesejáveis.



   

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Tarde plúmbea

E a tarde caiu plúmbea,
junto com ela o vento frio azul.
E o tom das cores
aos poucos foram sendo
dissolvidos pela noite.
O lago com suas águas plúmbeas
ondeando e aos poucos
refletindo a luz brilhante
dos postes de luz.
A luz fria da lua alumiando
a chegada da noite.
A natureza toda se recata,
seis horas, o rádio toca
uma ave-maria.
O dia partiu,
mas um dia vivido,
mas uma tarde
se foi...
As tardes são mais tristes a só.
Ao menos nos dá um abrigo
para pensar na vida.
E a tarde plúmbea se foi,
do infinito surgiu e pro infinito partiu.

Realidade

O vazio frio ecoa em nosso coração.
Mundo sem cores,
mundo sem odores.
Cadê as flores?
A solidão que afoga nosso coração
nos machuca e maltrata muito.
Não temos como escapar de tal dor,
quando queremos romper com alguma relação.
e se não enfrentarmos de frente como saberemos o que realmente almejamos?
Sei que a vida é efêmera e muito curta, nosso universo prova isto.
A dor da solidão pode nos levar ao amadurecimento,
nos fazer sair da inércia da comodidade.

Tudo vai passar como os dias passam
e a matéria se deteriora,
amanhã quem sabe apenas o sol brilhará
e revelará a realidade das coisas.


Preguiça

A manhã ensolarada e fria.
A brisa fria sopra leve e frouxa,
balançando ramos e bambus.
Meus olhos vem a paisagem
enquanto minha mente divaga
perdida no espaço,
nas memórias até parece surfar
sobre a brisa...
Doces manhãs frias
que não desejamos
sair da cama por nada...

domingo, 21 de abril de 2013

Que buscamos?

Nesta vida não temos muitas certezas. Talvez só tenhamos a certeza da morte. Mas o que buscamos no viver?
Eu acordo e vejo o mundo, ouço o mundo, sinto o mundo e sei que sou parte do mundo.
Sei que todos nós somos peculiares com nossas motivações, com nossas tristezas, com nossos medos e tudo que nos cerca e nos ensina.
Quando eu acordo e não tenho que sair da cama num feriado ou fim de semana fico pensando na vida. Não costumamos pensar na vida. Somos hábeis em executar ordens, na maior parte das vezes somos pragmáticos. Pensamos na vida quando saímos de nossas zonas de conforto, na dor e no sofrimento. Quando algo de ruim nos cerca paramos para pensar e tentar nos livrar deste medo.
Bem eu acordo e penso na vida, nas pessoas que me cercam que me são próximas e tento encontrar um sentido para a vida. Precisamos todos os dias buscar um motivo para viver e assim tentar achar uma certeza que dê um norte a vida e assim não venhamos a afundar neste barco incerto que é a vida. Agora me seguro neste texto, no cantar, lá fora, do rouxinol e na manhã radiante para não afundar na incerteza da vida. E o que vem a minha mente neste instante é uma linda paineira florida que me arrebatou ontem. Eu tento encontrar um motivo para continuar vivo.
E se olho para o leque que representa minha vida só consigo ver incertezas e problemas sentimentos que me angustiam. Como disse, acordo e fico pensando cheio de esperança, mas me levando e quando começo o dia tudo está tão embaraçado...
Não temos que ter certezas, acho que isso é o belo na vida, pode ser contraditório, pois a certeza da morte é tão cruel... Omnia Vanitas... Tenhamos esta certeza ao menos para nos livrarmos dos maus sentimentos... Quem sabe!?

sábado, 20 de abril de 2013

O cair do tempo que nos revela?

O cair de um dia,
o cair de uma tarde,
o cair de uma noite...
Toda nossa vida se passa
nestes intervalos e tempo.
Vidas gloriosas, vidas mendicantes
e vidas comuns.
Vidas são apenas vidas
e o tempo só um transcorrer destas vidas.
Somos nós os responsáveis
pela condução de nossas vidas,
somos nós que resistimos a tentação
ou nos entregamos a ela.
Somos nós que encontramos
aquilo que queremos encontrar...
E tudo se passa no agora,
e tudo se passa neste vir a ser.
E é no cair de um dia, no cair de uma tarde, no cair de uma manhã
que tudo isto pode nos ser revelado,
poderá ser tarde, mas poderá haver tempo para recomeçar.
Aceitar a condição da vida é o primeiro passo.
Só aceitando esta condição que pode se dar o primeiro passo
à mudança.
Pessoa já dizia que quando acordamos temos a terra inteira.
Muitas vezes neste despertar que temos epifanias
que podem mudar a nossas vidas.
É certo que na vida tudo é muito incerto,
mas como Sarte dizia podemos fazer projeções.
Nunca sairá como almejamos,
mas podemos conquistar algo mais doce e melhor,
ou algo desagradável...
O cair do tempo nos revela toda a realidade
do que fomos, de quem somos, mas nunca saberemos
o que seremos.

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Entardecemos

Enquanto a chuva cai
lentamente a tarde se vai.
Tarde fresca,
mente agitada,
tanta coisa para pensar,
algo para me preocupar.
E o que temos
o que achamos que é nosso
pode ser como a chuva
que a qualquer instante pode sessar,
pode ser como a tarde a passar.
Enquanto a chuva cai,
minha calha canta,
cantam longe as maritacas...
Sabe lá onde estão a cantar
será na paineira?
E a tarde passa,
e entardecemos juntos.

Despedida infinito e eterno

 A casa A casa que morei Onde mais vivi, Papai quem a construiu, Alí uma flor mamãe plantou, Ali vivi os dias mais plenos de minha vida, Min...

Gogh

Gogh