quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Sete de setembro

O dia sete de setembro em Serrinha dos Pintos sempre foi um evento. No dia sete de setembro, antes de irmos ver o desfile, íamos todos primeiro à escola onde estudávamos, hasteávamos a bandeira, cantávamos o hino e seguíamos para a ruinha, serrinha, a pé ou de bicicleta.
Por, este dia, sempre ter sido um evento naquele pequeno lugar. Os poucos eventos nos deixavam muito felizes, as vezes num lugar que pouca coisa acontece, qualquer acontecimento é um evento. Passei a adorar os sete de setembro.
Gostava de ver a bandeira hasteada em nossa escola isolada e de ver que os adultos ao passarem diante da bandeira tirarem seus chapéus em respeito a pátria. Achava e acho muito belo sinal de respeito e civismo. Em minha cidade, como em todas as cidades do nordeste, havia e creio que ainda há desfiles em homenagem a pátria. 
 Era lindo de ver os desfiles pelas poucas, pequenas e apertadas ruas de Serrinha que na minha infância ainda era um distrito.
 Então umas duas semanas antes do sete de setembro havia uma atmosfera de patriotismo. Havia todo um preparo nesse período os professores ensinavam os meninos a marchar. Eram duas escolas que desfilavam em serrinha, a Escola Estadual Serrinha do Pintos e a Escola José da Câmara, cada uma com pelotões diferentes. 
Lembro do trabalho que dava para organizar o esforço das pessoas para domar as crianças, todos os professores reunidos em uma só causa o sucesso do desfile, além de organizar ainda tinham de fazer o esforço de tomar emprestado as roupas ou faziam quando podiam. Era um esforço feito em conjunto.
 A cada ano tentava-se ser melhor que no ano anterior. Finalmente, no dia sete de setembro como num riacho que começa a tomar a primeira cheia, as ruas iam enchendo aos poucos de gente. E como numa manhã de inverno em que todas as plantas desabrocham suas flores coloridas, bomba d'aguas, comelinas, de azuis; jitiranas, ipomoea, de rosas e azuis; senas de amarelo; os calumbins e juremas, mimosas, de branco; as crianças e adolescentes todos perfumados e coloridos começavam a colorir a cidade. O barulho das motos, das mãe agitadas arrumando seus filhos para o desfile, do pessoal da banda afinando os instrumentos. Tudo isso gerava em mim uma sensação de felicidade tão boa, uma sensação de esperança, afeto e orgulho por fazer parte de tudo aquilo que me dava uma identidade. Uma emoção forte explodia no peito de poder olhar para as meninas mais bonitas sem que elas pensassem que estava olhando para sua beleza dela, mas para suas roupas. E nós meninos que não eramos bestas íamos em busca dos pelotões onde estavam as meninas mais bonitas, fazíamos nossas avaliações. 
Enfim, Neste dia a igreja abria e ali na matriz, Chiquinho de Raimundo Moura explanava o significado de cada pelotão. No desfile o primeiro pelotão era o da guarda da bandeira nacional, seguido do pelotão das bandeiras estaduais, municipais; logo após vinha a banda de música e se seguia hierarquicamente,   onde vinham os agricultores quase no final, só não iam no final por causa do pelotão das bicicletas.
  Eu que morava no sítio adorava ver aquelas pessoas desfilando e queria participar desfilar, ficava imaginando desfilar no melhor pelotão, tocar na banda, mas nada disso nunca aconteceu, eu era muito matuto, todos meus irmãos desfilaram, menos eu.
Então ao final do desfile todo mundo se reunia em frente a matriz, cantávamos o hino nacional e estava consumado. Restavam os comentários e aguardar para o próximo ano.

Feriado

É feriado,
o dia nasceu tão calado.
As ruas estão vazias,
as aves cantam como num feriado.
As pessoas não saíram para trabalhar,
pois é feriado,
absolutamente tudo está tão calado.
É primavera, as árvores, engraçado,
se desposam de suas folhas,
para se cobrir de flores
como noivas, mas noivas
modernas coloridas e perfumadas,
coloridas de azul, de amarelo, de vermelho,
e assim se vai,
Os pássaros como músicos
cantam sem parar
o roxinol, sanhaçu e sabiá,
mas hoje as calles estão vazias,
é feriado nacional de
sete de setembro,
em respeito a pátria
todo mundo fica calado.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Vermelho doce

O vermelho da romã é doce,
o vermelho do morango é ácido,
nem sempre gosto de
lamber as coisas com os olhos,
pois quando o faço sinto
intenso desejo.
O vermelho da pitanga é doce,
vermelha calda que me faz salivar,
o cheiro que me faz desejar,
do doce odor de frutas,
do calor tropical, 
que tinge minha cor 
e minha de amor
por ti o terra amada,
meu brasil verde e amarelo
como manda,
como couve...
cheia de doces vermelhas frutas.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Vida

Tudo na vida é aberto,
tudo na vida continua inacabado,
enquanto houver vida.
Pois se nunca atingiremos a perfeição completa,
ou nossos objetivos mais profundos...
o que nos sobrará...
Talvez nunca atingiremos nada,
mas e dai a vida continua mesmo assim.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Vaga

A noite veio mais tarde. Foi recebida por um céu todo azul.
Com ela vieram as estrelas e a lua e toda a rua ficou feliz.
Árvores desnudas, sem folha ou flores, vagos ipes...
ora aqui ora ali florindo, sorrindo para a vida.
Amanhã será um lindo dia, senão posso fazer uma poesia
ou nada.

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Ir

Agora que é a hora de ir embora,
sinto um friozinho na barriga,
não sei se é ansiedade,
não sei se é saudade.
Mas sentirei falta das rosas,
das tímidas flores,
dos belos jardins,
das sólidas casas,
das escuras janelas.
Das grandes árvores,
das velhas pontes,
do rio...

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Coilheta

Não sei o que vou encontrar pela frente, nem sei nada sobre o amanhã. Tempo por meu amanhã mesmo sabendo que aves não plantam nem colhem ou que os lírios não fiam nem tecem e são belos e felizes. Mesmo entendendo que não está sobre o nosso controle, mesmo assim eu temo. As vezes busco força e sentido nos jardins, nas paisagens, na música, na literatura, lendo os jornais. Eu tento compreender o mundo, mas não consigo, pois quanto mais desvendo mais descubro que há por descobrir. Agora aprendi a me interessar por poesia ou melhor pelos poetas, complexos poetas. Que sabiam e sabem quão efêmera é a vida e que vivam ou vivem o presente, mas que guardam em se a angústia de não saber o que vem pela frente. As vezes penso que seria mais feliz se fosse um ignorante. As vezes penso que seria mais forte se fosse um trabalhador do campo, se tivesse continuado no lugar onde nasci sei que é uma visão russoniana. Talvez esse meu medo do amanhã advém de ter vivido num regime do pouco. Não sei explicar a gênese do meu medo. Acho que tenho medo de sentir que estou perdendo sempre alguma coisa. É impossível não sentir isso, sinto que perco todos os dias, ou melhor ganho e perco. O que me é dado me é tirado... Acho que sou um louco, na maior parte das vezes que acredita no que faz, mas que não sabe o que está fazendo. Estou descobrindo a vida como quem cultiva a terra na força, na marra, como quem colhe batatas não sabe se terá uma boa raiz na próxima planta... Por isso tenho medo da minha colheita.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Som ao vento

As flores murcham e secam ou se tranformam em frutos.
Onde está a beleza da rosa depois de despetalada?
Tudo é efêmero. Logo tudo passa e cai no esquecimento,
nada é eterno, podemos ter obras que se imortalizam,
é o que cremos, mas simplesmente a ideia como uma
semente continua viva a se expressar por se mesmo.
As vezes temos crenças tão maravilhosas e vem
alguém a as poda, não sentimos o chão e como uma
cipsela somos levado para longe, precisamos
nos recompor e nos reconstuir nessa efemeridade
que é a vida.

Às vezes

Às vezes penso que sou imortal, que o tempo não passa e que a vida melhor me espera no futuro. Às vezes penso que a morte me cerca, que o tempo é tão curto e que a vida melhor já tive ficou no passado. Às vezes acordo com um medo da morte, e como uma planta que vai estiolando, assim vai atrofiando minhas ideias,  e apagando minhas glórias mais peculiares como a simples capacidade de ler um texto e compreender. e então me sinto tão depressivo. Às vezes me sinto o melhor do mundo em tudo, outras vezes me sinto o pior do mundo. Não sei, mas a vida parece um jogo em que há horas  que se está ganhando e  me parce que a maior parte das outras horas estamos perdendo, parece que é o pensamento que mais habita nossas mentes. Já me passou pela memória que quando era criança o tempo não passava e agora que sou adulto o tempo some de minhas mãos como grãos de areia. Depois que crescemos e ganhamos entendimento passamos maior parte do tempo no mundo das ideias, dos planos, do futuro e do passado. Acho que meu maior problema é que não sei lidar com o tempo, com as coisas, quero viver tudo ao mesmo tempo, como um guloso que quer se deliciar de todas as mangas de um pomar, mais ai me lembro que só tenho um estômago que não cabe tanta fruta. Não é difícil de me empolgar com as coisas, os fatos, adoro tentar compreender o mundo, mas isso  me faz dispersar fácil, fugir de meus objetivos. Às vezes sou como menino curioso, outras vezes como adulto ranzinza, não é fácil viver. Eu descobri que não somos, mas escolhemos viver o que queremos ser e as vezes usamos a máscara de que nos disseram que caia melhor, as vezes não temos a oportunidade de escolher. As vezes somos apenas coadjuantes e muitas vezes quando podeiriamos ser protagonistas e quando finalmente podemos ser escolhemos ficar no escuro por medo. Sei que muitas vezes somos demagogo,s pois sabemos do que somos capazes, nos convencemos disso, mas as vezes na maior parte do tempo, não  nos ajudara  superar essas faltas, ou na maioria das vezes me apontam os erros e não nos ensinam a superar. Para ser humano não há uma receita, uma regra, temos que aceitar nossas condições e termos bom senso. Porque o que penso muitas vezes é a coisa errada, o outro pode está com a razão ou não. Às vezes.

domingo, 28 de agosto de 2011

Noite

A noite vem como grande companheira, me abraça e me põe para dormir,
a noite não é brincadeira, quantas vezes não me faz refletir.
O silêncio escuro da noite, sinto meu eu mais vivo, mais meu.
Quantas vezes não peço a noite por meio de oração
paz, saúde e prosperidade. A noite acalenta todos os seres,
as vezes é mais generosa do que deve, as vezes gera tantas tramas,
esconde tantos mundos, mas enfim ela pode pois é mística...

Só a fé

 É certo que morreremos, mas quando vários conhecidos e queridos seus partem num curto tempo. A gente fica acabrunhado! A luta do corpo com ...

Gogh

Gogh