sexta-feira, 17 de abril de 2020

45. Cotidiano

A tarde caiu caliente e pacífica.
Aves cantando ou voando.
A monotonia de um quarto.
Os livros empilhados.
Bolhas de água no banheiro.
Cactos e palmeiras estáticos nos vasos.
Penso no que ouvir,
Hoje contos de Borges,
Ontem música erudita,
Outro dia Poesia de Pessoa,
Outro Galeano,
Outro contos de Clarice Lispector.
Ou palestras um dia foi sobre Cervantes,
Outro Nietzsche.
Ouço tudo.
As minhas plantas também.
As vezes ouço aves piando 
Pego a câmera e fotógrafo.
É isso o cotidiano.

44. Canário

Céu azul com nuvens brancas,
Após uma fresca madrugada.
Na sobra de um açoita-cavalo
Cantava empolgado
Um canarinho amarelo,
Seu canto estridente,
Encantava aquela hora.
Canta pequena ave,
Embeleza esse mundo
Que se encontra fechado,
Angustiado, triste e isolado.
Canta canarinho
Canta que seu amarelo
Estampado na bandeira brasileira,
Representa toda riqueza,
Que agora é só tristeza,
Tantos filhos a morrer,
Tantas pessoas a sofrer.
Estamos desgovernados,
A besta no poder,
Brada queremos riqueza...
Essa besta cheia de seguidores
Vai fazendo atrocidades,
Discursando escatologias...
Mas vamos esquecê-la por enquanto,
Pois agora só importa é seu canto.

quinta-feira, 16 de abril de 2020

43. Beija-flor

Um beija-flor veio ao meu jardim
E visitou as minhas flores,
Depois se foi e desapareceu.
É assim que raras coisas acontecem.
Quem sabe não voltará.
Beija-flores são atraídos por flores vermelhas.
Com seu bico aciculado 
Beija ou pilha flores.
Tão ágeis no ar,
Tão fabulosos a voar,
Um encanto em meu lindo jardim.

42. Consciência

A maior parte das informações que recebemos não compreendemos.
Não discernimos muitas formas e tons de cores.
Não discernimos os sons com suas variações de frequências.
E as vezes quando tentamos tudo fica mais confuso.
Quem dera traduzir o que falam os animais.
Quem dera entender a alegria de uma planta.
A maior parte da totalidade passa desapercebido,
Com nossa singularidade, passamos inconscientes pelo mundo.
Sem perceber as belezas que reinam na nossa vida cotidiana.

41. Amanhecer

A madrugada enluarada,
Foi logo pela manhã apagada,
Na pista a caminhar,
Ouvi um canarinho cantar,
A brisa suave e agradável,
A caminhar para ficar saudável.
Vi muitas coisas ao andar,
Ouvi o som da chuva chegar.
Fui lá e voltei cá,
E vi que a manhã nascia paulatinamente,
Como uma cortina a de abrir.

quarta-feira, 15 de abril de 2020

40. Espiral

Após o dia cai a noite.
Após o dia de chuva a temperatura está amena.
Após o trabalho vem o descanso.
Após a madrugada veio o dia.
A tarde caiu e tem graça que viu.
Em um ciclo o tempo em espiral
Do início ao fim.

39. Centro

O que se passa no mundo?
Jornais, lives, conversas...
O que é real ou especulação?
Estamos perdendo o prumo.
Estamos perdendo o norte.

38. Sucessão

Entre nuvens o dia amanheceu,
O calor se foi.
A rua está parada,
Cães ladram aqui e ali.
As aves ora chamam ora cantam,
O tempo mudou.
Nós é que estamos
Cansados dessa quarentena.
Seguímos fazendo as mesmas coisas dia após dia.
Enquanto essa tempestade não passa.

terça-feira, 14 de abril de 2020

37. Saudades

Eita que saudade de casa.
Que saudade de ouvir o cabeça vermelho despertar a aurora.
Saudades de schelok alvo como uma garça.
Saudades do grito do louro.
Saudades do mato intrincado.
Saudades das tardes enfeitadas de dourado 
E encantadas com o chamado
Do João de barro
E da nambuzinha a cantar.
Saudades do ocaso,
Da reza pra nossa senhora.
Saudades me define,
Pois o tempo é curto.
Para viver tudo de uma vez.
Por isso. Saudades.

36. Das kapital

Iniciando a leitura de um livro clássico.
O capital.
Depois de ouvir horas de cursos e palestras
Com José Paulo Neto, Sérgio de Lessa e outros estudiosos enfim que a leitura seja fortuita.

Só a fé

 É certo que morreremos, mas quando vários conhecidos e queridos seus partem num curto tempo. A gente fica acabrunhado! A luta do corpo com ...

Gogh

Gogh