segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Café

Madrugada,
Aurora desponta no horizonte,
Como um braseiro de fogueira de ontem,
O céu estrelado como em todo o passado,
Estrelas rutilam no monturo,
O graveto quebrado,
De mameleiro,
Sabe lá, maravalha fina que acende com palha de milho,
E eis que uma luz a mais se acende no fogão,
Água fria na vazia,
Em seguida vai ao fogo,
E se aquece e quando começa a mudar de estado,
Borbulhando,
Vai ao bule pelo coador,
E a água quente tem um som diferente
Ao se derramar,
Um som oco!
Aquece e estrai do café a cor, o aroma e o sabor,
O café desperta a gente para o dia,
Para a vida, para o mundo,
Só então a manhã pode nascer.

domingo, 4 de outubro de 2015

Engrenagem

Calmaria,
Silêncio,
Domingo,
Preguiça,
Comida farta,
Praia,
Areia,
Sol,
A tarde cai rápido,
Tempo apressado,
Esperança,
Expectativa,
Noite,
Silêncio,
Amanhã tudo recomeça...
Nessa grande engrenagem,
Mês, ano, tempo...

Contemporaneidade

Levanto,
Vou à janela, abro e sinto o cheiro frio do mundo,
Meus olhos acariciam
As cores e as formas,
O verde das plantas,
E os prédios que crescem sem parar,
Este materialismo que nos envolve,
Este eterno materialismo contemporâneo...
A riqueza, a beleza que nos seduz,
Alimenta a inveja, a luxuria,
A gula,
Corre, treina,
Fotografa...
Loucos!
A contemporaneidade a qual estamos imersos,
Vai nos consumir
Com seus vícios e desejos...
Com a total ausência do ser.

Além do ser

Quantas faces tem o mundo?
Cores,
Formas,
Odores,
Textura,
Sons,
Gostos,
Quanto mais apreendo,
Mais posso expressar,
Quanto mais sinto,
Mais sou capaz de ser.

Viver é sentir, reagir, existir,

É crer no hoje, no agora, no amanhã,
São tantas as possibilidades,
E tantas as realidades,
E tantas as escolhas,

E é nossa a escolha,
Somos livres para escolher,

Mas a incerteza,
Mas essa incógnita que é a vida!

Densa angústia,

E nosso corpo que envelhece,
Que se adapta,
Sob dor, pressão, calor, frio...

Ser,

Este ser que sou, que sedes!

Há de haver algo maior,

Que esse breve materialismo...

Além do desenrolar desta manhã,

Além do ser.

sábado, 3 de outubro de 2015

Verão, folhas e sol

A mata sem chuva exala um cheiro
Tão agradável,
As folhas brilhosas,
Ramos secos,
Doce aroma,
Folhas secas,
Cor de coro,
Chiado seco,
Vento a arrastar,
Vento intenso,
Baila pra lá e pra cá,
Flores de cajueiro, aroma do verão,
Alegria, trabalho,
O cheiro do mato roçado,
Poeira,
Aspereza...
Sol,
Lua,
Céu azul,
Céu nu...

Silenciar

A pouco o sol brilhava, era tarde,
Uma linda tarde crepuscular,
E o sol se foi, partiu,
Ainda há luz,
As aves cantam os últimos cantos,
A brisa sopra suave,
As formas perdem as cores e ganham as sombras,
Depois de um sábado,
Virá um domingo,
Início de outubro,
2015 se vai...
Tudo vai passando
Despercebidamente,
Envelhecendo,
Rejuvenescendo...

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Se

Se cada momento é único,
A vida se passa em momentos,
Então é preciso aprender a viver,
Pois cada momento é impar,
Cada momento que se segue na vida,
Há de ser o mais belo,
Mesmo que desesperador,
Cada momento é um ensinamento,
Então por que vivemos tantos momentos
Que cremos serem desoladores,
Não sabemos a caso o valor da vida?
E só perdendo,
Só vivendo
É que aprendemos a valorizá-los,
E já vemos o que miramos,
Ouvimos o que soa,
Entendemos o que sentimos,
Somos o que devemos ser,
O ontem não existe,
O amanhã é incerto demais,
Só temos a certeza do momento,
Deste instante que terminas de ler estas palavras,
Escritas ao som de Chopin,
E sentindo uma brisa suave,
Fresca da nova noite.

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Igual

O que é a vida?
O que é viver?
Com o cair dos anos,
A vida se revela por inteiro,
Quantos que nos envolvia não partem,
Sem perceber vemos gerações desaparecer,
Enquanto quanto seres vamos substituindo,
E sendo substituído,
Gerações, pós gerações,
Envolvidas, encerradas em criptas
Quantas histórias não desapareceram e desaparecerão,
Fortes e fracos, novos e principalmente velhos,
Se vão sem se perguntar o que é a vida e o que é viver?

Coisa mais inútil. Não.

Carrego na lembrança milhares de imagens dos mais variados lugares,
Das  mais variadas existências,
Sinal de tempo vivido...
Tempo percorrido,

E agora que é verão,
Dias de brisa frouxa,
Ouço no amanhecer
As mesmas aves de minha infância,
Tanta coisa marcante,
Cajueiros,
Mangueiras,
Jaqueiras,
Tanta coisa imbricada em minha mente,

Viver, viver é descobrir os limites,
O cansaço e ao mesmo tempo
Aceitar-se como ser...
Porque no fim tudo é igual.


terça-feira, 29 de setembro de 2015

E como

E o tempo e o vento,
Senguem sempre uma direção,
Passam sem voltar atrás,
Há se senti-lós naquele exato momento,
Há de compreende-los,
Entende-los,
Para não ser surpreendidos
Em não percebe-los,
As coisas são tão efêmeras,
Como a vida assim é,
Como uma manhã,
O viço de uma flor,
A alegria,
A juventude,
Tudo, absolutamente tudo,
Passa
Como o vento
E como o tempo.

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Sensual efemeridade

O silêncio da tarde é belo.
O mundo oco na tarde,
De crisa luz se refratando entre ramos,
O vento que sopra suave,
Dança com ramos,
Faz mexer as cortinas e janelas.

Tarde oca!
Silêncio,
Longe canta um vem-vem,
Este ouvido que ouve,
Se recorda, memórias profundas no tempo,
Já comungou tardes semelhantes
Com aqueles que dormem na eternidade,
A existência é uma dádiva,
Um mistério...

E viver tardes surdas assim...
E compartilhar as memórias
E tentar não cair no esquecimento,
De uma existência efêmera,
Como a tarde que parte.

Só a fé

 É certo que morreremos, mas quando vários conhecidos e queridos seus partem num curto tempo. A gente fica acabrunhado! A luta do corpo com ...

Gogh

Gogh