Não sei o que me aconteceu,
Mas sei que um dia quis der diferente,
Quis viver algo diferente do mundo que me cercava naquele pequeno distrito.
Vivia numa casa limpa e aconchegante, seguro sob os cuidados de meus pais.
Ali tínhamos duas estações inverno e verão (seca).
Os dias em casa estação pareciam semelhantes. Pareciam, mas não eram.
Com pouca comunicação, pouca gente.
Restava-me o ócio.
Nossa casa pequena e baixa rodeada por fruteiras.
Cajueiros, cerigueleiras, pinheiras e palmatoreas.
Tínhamos galinhas, porcos, vacas e um burro para conduzir a água que usávamos no cotidiano,
Principalmente durante o verão.
Não sei, mas naquela monotonia, ouvia dizer que quem estudava se dava bem na vida.
Então me apeguei a essa ideologia.
Comecei a ler por autoestimulo.
Lia tudo que caia em minhas mãos. Não gostava de textos longos nem de textos que tivessem apenas letras.
Gostava mesmo eram dos livros didáticos que tinha figuras,
Pois as figuras dão asas a nossa imaginação.
E como quem vai construindo algo sem saber o que fui construindo o meu saber.
Lia, lia e lia, só lia.
Eu construí um castelo ao meu redor.
Acho que passei a maior parte do tempo vivendo no mundo das ideias.
Acertando e errando, aprendendo com os erros.
E quando olho do alto de meus anos, vejo um grande abismo.
Sinto que conquistei o que desejava,
Mas quer saber ainda vivo no ócio, tenho angústias, medos e todos os sentimentos humanos.
E se me perguntarem aprendeu a viver.
Responderei que viver é algo mecânico,
Todavia cada dia é um dia, cada momento é um momento
E a vida vai nos surpreendendo a sua maneira,
De forma maravilhosa, mas de forma triste também.
E assim vamos vivendo nossos dias,
E assim vamos completando a nossa vida.
Não sei se construí muita coisa,
Ao menos tive ideologia.