sexta-feira, 19 de abril de 2013

Especiais talvez!

Todos os dias, todas as horas, todos os minutos e todos os segundos, o tempo todo, queremos ser especiais e assim nos sentirmos, mas somos realmente especiais? Sim somos, mas antes de tudo nos é soberano nosso egoísmo em qualquer coisa ou situação que seja. Neste quesito, somos literalmente crianças mimadas onde fala mais alto nossos egos e jamais almejamos ceder. Caso não sentimos um retorno, sofreremos profundamente. Na vida, não existe receita para o crescimento senão através da dor. É a dor a agulha com que se tece a grande coxa  que é a vida. Esta verdade só nos é revelada ao longo da vida, de maneira muitas vezes ácida e amarga. A vida nos ensina a podar nossas vontades e ao amadurecer, deixamos para trás as dores e as feridas.
Algumas vezes, não temos força, nem conseguimos aprender e já fugimos para outra situação e desta forma vamos apenas adiando e substituindo o sofrimento e marginalizamos a experiência, o aprender. É difícil, mas muitas vezes temos que ceder a dor.
Para nos sentirmos e sermos especiais é preciso antes de tudo encontrar no outro aquilo que lhes é especial. Talvez se vermos e encontrar algo de especial no outro, possamos encontrar o reflexo do especial em nós mesmos. Para isso temos que abrir mão de nosso ego, temos mais uma vez que doar parte de nós ao outro. Talvez quem sabe assim encontremos a felicidade e o que tanto buscamos o tão almejado sentimento de nos sentirmos especiais.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Sairá

Numa manhã ensolarada,
Voava perdido um bem-ti-vi, quanto pousou numa grande canafístula que fazia uma sobra enorme e cobria o chão de pétalas amarelas. Lá viu uma linda sairá que encantava só com a plumagem e cantava um canto lindo. O bem-ti-vi permaneceu ali pousado só observando a saíra. Então perguntou como ela se chamava e ela respondeu timidamente. E ela cantou um canto doce e tão lindo que ele se afeiçoou a ela. E ficaram ali juntos o dia inteiro. Quando chegou a noite. A sairá que gostava de frutas disse que ia em busca de frutas e o bem-ti-vi perguntou se podia seguí-la. Ela disse que tinha um namorado sabiá. Ele foi embora. E achou que nunca mais a viria, mas todos os dias voltava aquela árvore. Um dia veio cedo e com pouco tempo depois ela apareceu. Estava solteira. Ele falou pra ela que conhecia uma mangueira cheia de frutos maduros e convidou-a para irem para lá. Ela aceitou. E foram lá. E os dias se passaram e era muito bom estarem juntos. Voavam pra lá e pra cá nas praças e jardins. E foram bons os momentos juntos eles falavam sempre. Haviam diferenças ele era uma ave rústica e ela uma linda ave delicada. Viviam bem entre todas as estações. Mas algo aconteceu. Como acontece com todas os pássaros. Eles foram morar longe. Ele arrumou novos amigos e ela também. E os cantos já não eram os mesmo. Ele sentia falta  e ela também. E o mundo dos dois foram ganhando outros sentidos, sentiam falta um do outro, sentiam solidão. E então parece que tudo acabou. Parece que sim. A sairá voou e o bem-ti-vi também. O mundo perdeu muito das cores sem a sairá. E a distância e as diferenças.
A sairá segue a vida e o bem-ti-vi também. Vida diferente, coisas diferentes. Hora se faz um vazio, mas a vida segue.

Mimosas

Mimosas flores rosas
de um doce odor
que encanta as matas,
mimosas paraibanas,
mimosas potiguares.
Quando a chuva se vai
floresces demais,
oh, lindas mimosas
em seus glomérulos,
abelhas coletam pólen,
abelhas coletam néctar,
enquanto a água escorre
e canta riacho abaixo,
perfuma a mata doces mimosas.
E quando a chuva se vai
muitas de também se vão,
só voltam em outra estação
de chuva...
Mimosas de flores doce,
mimosas que não te conhece,
quando te conhecer certamente
se apaixonará.
Mimosa florida quando ti vi
ai que saudades que deu
dos cheiros,
da areia molhada,
da vida passada.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Manhã através da janela

Quando a manhã caiu a luz estava fria,
esta assim como a brisa atravessava
minha janela, revelando-me as formas e o perfume do mundo.
Olhei para aquele mundo, com horizonte curto de minha janela
e contemplei aquele instante. Não sei se absorvi o mundo
ou se fui por ele absorvido.
Sei que minha mente está tranquila e fresca
como a luz do sol e a brisa daquela manhã.
E pus-me a pensar no céu infinito
e na vida finita, nos momentos vagos,
nas motivações e desmotivações.
Olhei no meu quarto e vi de uma desordem
que reflete a desordem de minha mente.
Olhei os livros na estante, na cama e na cabeceira
com um olhar de desejo de comê-los e digeri-los
um a um, e encontrar em seus universos
um cosmo para minha mente ou me perder completamente.
Cai em si, ao sentir uma lufada da brisa,
me recompus e voltei a realidade
e fui tomar o café e o banho,
A brisa da manhã e a lus fria
são suaves revelações de mais uma estação.

terça-feira, 16 de abril de 2013

Mendigos

Eles estão pelas ruas ou nas praças. Alguns fixam em lugares onde encontrem abrigo, outros montam barracos. Que são estas pessoas desconhecidas? Andam por ai em busca de algo que lhes valha centavos, se alimentam de resto de comida, de lixo. Andam sujos aos trapos com um cheiro forte de gente sofrida. Alguns encontram conforto naquilo que lhes consome, na droga.
Quem são esses de chagas abertas mal curadas que não tem vergonha de defecar ou se masturbar?
São pessoas, mas que se parecem com bicho sem dono.
Quem são estas pessoas de olhos vermelhos? Pessoas de mau hálito...
Tenho certeza que são seres humanos marginalizados pela família, pela sociedade, por mim.
E as ruas e as praças são as paredes e o céu o teto destas pessoas.
Sim são pessoas, são humanos, são brasileiros. Eles falam português brasileiro, são filhos da grande pátria, nossa nação brasileira. No Brasil, rico país, também há muita miséria nas ruas e praças...
Há muito preconceito...
E o que falam? Por que são tão mal educados, falam tantos palavrões? São tão fortes na fala, mas seus corpos magros revelam sua pobreza material e física.
Sim eles estão por ai, com seus sacos, carrinhos de bebê ou de supermercado carregando seus andrajos.
Quando era pequeno na cidade pequena não via isso, mas sabia que existia nas grandes cidades.
Drogas, loucuras, desapego!
Mendigos são seres humanos. Gente marginalizada.
Por que não fazemos nada?
Um velho ditado diz que uma andorinha só não faz verão.
E para onde vai o dinheiro de nossos impostos?
Vão rio abaixo suprir os bolsos dos políticos...
Mendigo vota?  

Eterno mistério

O que acontece em nossas vidas é um eterno mistério.
Nunca saberemos o que acontecerá conosco no instante seguinte ao momento presente, este eterno vir a ser. Podemos até projetar ou mesmo imaginar, mas o desfecho final, nunca é como esperado.
Quando acordamos não sabemos o que ocorrerá após levantarmos, após a manhã, após o almoço e muito menos o que virá a noite. Por fim, vamos dormir sem saber o que acontecerá novamente no outro dia. Eis o grande e eterno mistério da vida.
Estaremos vivos? Teremos saúde? Quem perderá tempo se questionando? Há aqueles que se preocupam e aqueles que não se preocupam, mas a verdade é que tudo é aleatório.
Tudo pode mudar no instante seguinte. Estas mudanças podem nos angustiar ou tornamos felizes ou servir para nos afirmarmos como humanos.
Às vezes nos desiludimos, passamos por diversas aprovações e podemos vencermos ou perdermos.
O que acontecerá no vir a ser é um eterno mistério...

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Doce de goiaba

O doce mais gostoso que já provei foi o doce de goiaba.
Mamãe costumava aproveitar as safras e tornava nossas vidas mais doces.
Ela fazia doces de caju, de mamão, de leite e o maravilhoso doce de goiaba.
Fazer doce requer um certo trabalho. A seleção das frutas, a retirada das extremidades, a lavagem, a retirada das sementes e por último o preparo do fugão e todo o processo de cozimento.
O doce de caju é o mais rústico, e não gostava muito do aroma que exalava.
Com doce de goiaba era diferente.
Mamãe punha para cozer e enquanto tirava uma sesta o fogo ia fazendo sua parte, cozendo bem devagar.
Depois que mamãe acordava as goiabas já estavam maduras.
Mamãe punha tudo numa urupemba para esfriar e depois penerar
e transformar tudo numa pasta homogênea.
Em seguida levava ao fogo, quando a pasta estava pulsando de alegria,
mamãe punha o açúcar e era só esperar ficar encorpado e bem vermelho escuro.
Demorava um pouco o cozimento. Cozido no ponto, mamãe punha tudo numa forma bonita
e nós rapávamos o taxo. Hum que delícia.
E tínhamos doce de goiaba por uma semana, não mais que isso.
Eramos verdadeiras taiocas. Eu era. risos.
Nossos almoços ficavam mais doce.
E a tarde naquele calor escaldante, após um pires de doce,
a água gelada na caneca de alumínio ficava mais gostosa.
Doce de goiaba, quem não gosta... Só quem não teve uma mãe que sabia fazer! 

Ver a manhã

http://www.youtube.com/watch?v=bEy1ktHTPaM

Hoje tenho a manhã para descrever.
Às vezes tenho a tarde outras vezes a noite.
Sempre tenho algo para descrever, além do meu dia,
uma imagem, uma poesia, uma beleza que me faz parar,
uma dor, uma situação...
Mas agora eu tenho a minha manhã.
Agora tenho minha fria e contente manhã.
Não sei como pintaria minha manhã,
nem sei como seria se não a minha maneira
de falar de minha manhã.
Como você descreveria sua manhã?
Sei que há muitas pessoas tornando
as manhãs lindas,
Sei também que há pessoas tornando
as manhãs horrorosas.
Gente que vive,
Gente que morre,
Gente que parte...
Há gente fazendo a vida acontecer,
há gente fazendo a manhã acontecer.
E assim todas as manhãs
passam com o dia,
Ao menos fica a minha impressão
a sensação que posso descrever minha manhã.

domingo, 14 de abril de 2013

A roseira


Certo dia, num jardim muito grande, conheci uma rosa. Era tão vigorosa a roseira. Foi naquele dia que vi aquela rosa desabrochada. Aquela rosa perfeita, a mais perfumada, a mais delicada, a mais cativante. Descuidei que as rosas são belas, mas tem espinho. Destaquei aquele ramo e levei para o meu jardim e plantei-a ali em frente a minha janela. Todos os dias cuidava daquela pequena linda roseira que me dava as rosas mais belas, com o tempo fui me afeiçoando cada vez mais aquela linda roseira. Fazia todos os teus caprichos, conversava, regava, adubava, podava os ramos doentes. Tinha sempre os cuidados. Mas não contava com o mau tempo. As estações se passavam e cada vez menos via minha roseira. Vieram estações quentes e belas e a roseira me agradecia com cada rosa mais bela que a outra. Veio a estação de outono e a roseira perdeu as folhas, mas era minha minha roseira, passou o outono e veio a primavera e minha roseira me dava rosas mais lindas. E veio o inverno, mas a roseira resistiu em meu jardim, passamos juntos o mais frio dos invernos... E vieram várias estações, e os anos se passaram e nos esquecemos como nos cuidar dos tempos ruins. Descuidei muito da roseira e ela já não ligava em me presentear com rosas.
Então veio um inverno muito frio. Eu vi minha roseira não ia resistir, não ia reagir...
Só Deus sabe quanto sofri com a partida de minha roseira.
Aquela estação fria passou e minha janela está vazia...
Em minha memória todas as vezes que olho através da janela vejo o vermelho de suas pétalas, o brilho de suas folhas. Ainda sinto meu quarto perfumado, ainda vejo meu jardim com um tapete vermelho...
Onde andará a alma de minha roseira?
Onde andará minha linda roseira?
As coisas são tão suaves para aparecer, mas tão dolorosas para desaparecer...
Vejo as cores encarnada, viridescente, sinto o perfume, mas tudo não passa de ilusões...
Tristes ilusões!
A vida seguirá, mas minha roseira que imaginei viveria comigo para mim e comigo,
está embelezando o universo... Sabe-se lá.

Fim de domingo

O dia se desfez
e a noite caiu suave.
O lago ganhou um azul
metálico suave.
As águas se movem
ao leve sabor do vento.
Na borda do lago,
o perfume doce da Ipomoea alba
se mistura com o cheiro
da água poluída.
Olho para os lados,
luzes frias piscam
enquanto no céu
uma lua crescente
parece rir,
estrelas pistam
azuis, vermelhas
e amarelas...
Casais namoram,
pessoas pescam
para distrair
no fim do domingo,
Enquanto isso
algo de bom acontece
mundo a fora,
ou de ruim,
passo passivo pela tarde de domingo.

Despedida infinito e eterno

 A casa A casa que morei Onde mais vivi, Papai quem a construiu, Alí uma flor mamãe plantou, Ali vivi os dias mais plenos de minha vida, Min...

Gogh

Gogh