terça-feira, 2 de abril de 2013

Continuam comigo

Cada um de nós tem memórias em flash que acende e apaga instantaneamente.
Cada um de nós retém ou simplesmente ignora e filtra estas imagens.
Minhas memórias flash são tão inúteis  que às vezes me pergunto por que vejo estas
memórias em flash?
Vejo flashs da caatinga seca, torrida. Vem a minha mente nosso cão deitado nas folhas secas a sombra do cajueiro...
E o que isto significa?
Não sei, coisas tão triviais...
Outras vezes vejo flashs de memórias que me irritam!
Não consigo compreender nada disto.
Quantas coisas não foram apagadas de minha mente.
Quantas coisas não são apagadas de nossas mentes.
Estas memórias, nem sei se elas existem,
nem sei como meu cérebro filtra.
Creio que são coisas desprovidas de reflexão...
O curral seco, a palha de milho, o cachorro...
Meus livros velhos,
Minha ingenuidade...
Carrego um monte de coisas que poderiam ser deletadas.
Mas continuam comigo!

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Ocaso

As sombras da noite apagaram o espelho do lago.
Cadê as luzes?
Foram ofuscadas pelo ocaso.
Na hora do ocaso,
almas perdidas vagam entre o dia e a noite...
Hora do anjo...
Mentes perdidas,
vida e morte,
claro e escuro,
dia e noite...
Ocaso...
Através do ocaso
a noite se coroa
deusa Nix
e seus mistérios imersos
nas sombras da noite.
ocaso, ocaso, ocaso.

Breve aurora

Como é lindo o aurora.
A quanto tempo não o via.
Sempre o via em Campinas.
Hoje muito cedo 
no ônibus pude contemplar
novamente o lindo aurora.
Não pensava em nada
apenas vivia o aurora.
O céu ficou encarnado
e aos pouco o sol
diluiu toda a sombra da noite,
E o sol surgiu
e fez as flores desabrocharem,
as flores quando desabrocham
parecem rir para o mundo,
desabrocham para a vida,
mesmo que efêmera.
Efêmero aurora,
Efêmera vida.
E vejo a vida num
instante breve...
Numa breve aurora.

domingo, 31 de março de 2013

Tempo, estação e chuva

Ontem a tarde choveu, mas não foi chuva forte nem chuva fraca.
Então a noite caiu úmida, fresca e suave.
As noites frescas após a chuva exalam cheiro de vida.
É a impressão que sinto sempre após sair a noite após a chuva.
E foi o que senti ontem quando voltava pra casa.
Senti a brisa fresca da noite, o perfume úmido
das folhas verdes, e flores abertas.
Senti o cheiro úmido das murraias de Barão.
Essa sensação me fez mais feliz.
A luz fria envolvia meu ser...
Como é gostoso o outono,
como é intensa a vida sob suaves memórias.

sábado, 30 de março de 2013

Sábado

Sábado.
Quando a gente é criança, fica feliz com coisas bem simples como sair para brincar na casa dos amigos, receber balas, brinquedos, soltar traque no São João e até mesmo vencer qualquer jogo de criança. Viajamos em nossas brincadeiras.
Quando criança ficava muito feliz nos dias de sábado, pois achava um dos melhores dias, era nestes dias que vovó vinha do sertão fazer a feira trazia Meire, minha irmã mais velha, que morava com ela deixava lá em casa. Papai também a feira fazer as compras da semana. Naquele tempo todo mundo ou andava de bicicleta ou a cavalo. As estradas em frente a nossa casa ficavam quaradas de gente subindo do sertão para a rua e à tarde quando voltavam para casa. Mamãe sempre me pedia para pastorar os peixeiros pra comprar uma palha de peixe, geralmente só comíamos peixe nos sábados. Eu ficava lá no terreiro pastorando. Enquanto fazia as lutas de casa, eu ficava lá no terreiro da frente da rodagem esperando aqueles homens ou de bicicleta ou a cavalo. E quando passava um peixeiro conhecido, gritava para mamãe que vinha às pressas. Eu sempre gostava de escolher os peixes com a mamãe. Escolhíamos pelo tamanho ou pela cor da branquia, quanto mais fresca fresca a branquia e maior melhor. Depois ia brincar com a minha irmã Meire e Lidiana. Havia aquela expectativa pela volta de papai da feira que sempre trazia um punhado de confeitos. Naquele tempo as balas embrulhadas em papel uma delícia.
E o dia se passava era ruim ver Meire ir embora, os transeuntes voltavam para casa, vez por outra havia um ou outro que voltava embrigado.
Muitos destes passavam lá em casa para beber água.
Depois que minha infância passou, acabou aquele fluxo de gente. Hoje todo mundo só anda de moto. Os homens do sertão se mudaram para a cidade.
Hoje não passam mais peixeiros e os sábados já não são tão bons quanto aqueles da infância.
A felicidade de adulto é mais exigente, é preciso mais que um sábado e balas para ser saciada.

sexta-feira, 29 de março de 2013

Crença! a noite chegou

A noite chegou quase por completo.
A mais de dois mil anos, aquele que homem por muitos considerado filho de Deus não iria ver o mais o anoitecer. Ele foi crucificado sem se defender. Naquela sexta-feira sofreu entre dois ladrões e como um criminoso foi crucificado. Ele que só viu aquele dia nascer. A noite chegou por toda eternidade.
E a noite caiu como caia antes deste fato e continuou a cair e continuará a cair por toda a eternidade.
Quantos que viram a manhã passar e a noite hoje passou a ser eterna.
Através da minha janela vi a noite cair
e ela caiu antes que terminasse de escrever este pequeno texto.
A brisa atravessa a janela, não faz calor nem frio...
A televisão ligada... ouço blue.
Tanta coisa mudou de minha infância para cá. Mudei meu jeito de pensar...
O tempo já parece profundo em minha mente.
Jesus que a tanto morreu, ainda é importante, mas já não me parece o filho de Deus.
A borra da tarde se desfaz.
A comodidade e o respeito a certas cosias partiram com a tarde.
É noite, quantos que dormem não me chamariam de louco.
Quantos não me chamarão no futuro.
Cada povo, cada tempo.
E a memória da paixão continua viva em nossos corações.

Sexta-feira Santa.

Quando morava com os meus pais a sexta-feira santa era um dia sagrado. Os meus pais são muito católicos e no dia da paixão de Cristo fazer um jejum era o mínimo que podíamos fazer. Então neste dia, não comíamos nada até o meio dia, era dia de jejum. Ouvia que já que Jesus deu a vida por nós, ficar sem comer em sua memória, pelo menos até o meio dia era o mínimo que podíamos fazer.
O engraçado é que as perguntavam sempre: -" está jejuando"?
Quase cem porcento das pessoas de Serrinha do canto eram evangélicas, tínhamos duas igrejas uma assembléia de deus e uma batista... E a noite ouvíamos aquela louvação lamuriante na assembléia, enquanto a batista era mais comedida.
Para eles jejuar era besteira, perca de tempo. Comer carne vermelha também podia...
E nós uns poucos católicos tínhamos que aguentar ouvir essa maioria ignorante por não nos respeitarem, já que não falávamos dele.
Papai ainda diz que é fiel a igreja em que nasceu... Hoje deve está jejuando.
Bom ao menos mais gente naquele povoado e construíram uma capela lá para Santo Expedito.
De certo mais gente hoje vai jejuar em Serrinha do canto que agora tem três igrejas...
Hoje a sexta-feira contínua sendo muito importante continua sendo um feriado nacional.
E o mundo continua celebrando a paixão de cristo. Há aqueles que jejuem, mas a grande parte não mas o faz...
Um dia quem sabe não seja como meus pais, crentes nesta fé.
Mas agora vou tomar meu café, a nutricionista falou que temos de comer de três em três horas.

quinta-feira, 28 de março de 2013

Passar do dia antes da paixão


Vi quando o dia nasceu em Franca, cidade bonita.
O dia nasceu tão belo sobre os canaviais
e pequenas manchas de mata.
Toda a gente no ônibus dormindo
e eu bolando vendo o aurora raiando...
e a manhã nasceu
e o dia passou em Ribeirão.
A tarde foi tão bela e embrasada,
engraçado, como são belas as tardes
aqui em Ribeirão...
São enfeitadas de nuvens encarnadas
e a noite caiu...
Linda, escura
e silenciosa...
E a viva a Páscoa.

quarta-feira, 27 de março de 2013

Sob a lua cheia "memórias"

Desde quando a lua me encanta

Já quando criança a lua me encantava. Morava num povoado pequeno sem eletricidade. As noites eram escuras alumiadas pela queima do querosene em lamparinas ou lâmpadas a gás. Todo mundo comprava aquelas latas de 18 litros de querosene e uma ou duas vezes na semana havia um ritual de alimentar as lamparinas com aquele líquido mágico. Lá ia papai ao armazém com as lamparinas carregar as lamparinas. Tínhamos que tomar banho antes do sol se pôr. Então, depois da janta, um fósforo acendia as lamparinas. Muitas vezes, saímos para as casas dos vizinhos para conversar e disparecer. Naquele tempo sabíamos conversar, narrar histórias, fazer as bocas de noite, não eramos meros telespectadores. Mas muitas vezes as histórias de adulto não eram tão interessantes. Gostava das histórias de caça e pesca, mas como papai nunca caçou ou pescou, quando a conversa estava ficando boa, nós íamos embora. Papai adorava viajar, e quase ninguém ali, conhecera São Paulo, Rio ou Salvador. Papai ficava em desvantagem.
Eis que uma vez por mês tínhamos a lua cheia. A nossa lua cheia nascia ou na terra de Chico de Vicente de Joana atrás do sítio de cajueiro e bem em cima de uma carnaubeira ou na terra de Zezinho de Luiz atrás de uma maloca antiga de coqueiros catolés. Ela surgia grande imperiosa, ofuscando o brilho das milhares de estrelas que brilhavam no nosso terreiro.
A lua era fornalha de cor forte no início, no entanto vai perdendo a intensidade da cor e fica mais clara. Logo que se estabilizava, depois do memento de contemplação, depois que chegávamos na casa de boca de noite ou depois que recebíamos as visitas a festa começava. Eram gritos de alegria na escolha das brincadeiras, a minha favorita era cai no poço, mas tínhamos muitas e uma noite alumiada pela lua e pelo tempo. "Como eram felizes aquelas noites". Passado o tempo, tomado o café, chegada a hora. As brincadeiras acabavam, nós cansados ficávamos quietos, cansados, e assim depois de um até amanhã, ou íamos dormir ou voltávamos para casa. Como era pequeno, papai muitas vezes me levava no tuntun, sobre os ombros. E voltava cansado, caminhando devagar. Papai resumia as conversas com a mamãe. Eu ouvia o que eles falava e contemplava a lua.
Sentia-me seguro no seio de minha família  e sob a lua cheia.

terça-feira, 26 de março de 2013

O brejo

A noite caiu enluarada,
no brejo grilos cantam e namoram.
O brejo é um lugar esquisito,
mas tem cada coisa bela,
quem não conhece as talaumas...
Enfim, os grilos cantavam,
faziam uma algazarra
na noite de luar...
Pirilampos piscam-piscam sem parar.
Mas sempre tem o sapo velho,
verrucoso e chato
que vive ali a muito tempo
e conhece muito daquele lugar
só reclama...
Reclama da luz da lua,
do canto dos grilos,
do frio do brejo...
Mas não sai de lá
ou porque não sabe onde ir
ou porque tem voz para falar
bicho para ouvir...
Cada um fala o que quer,
cada um ouve o que lhe parece melhor,
Se ofende quem a carapuça cai melhor.
O sapo, os grilos, o luar e o brejo
existem, até que um sapo
de duas pernas chegue lá
e devaste tudo em nome
de sua espécie...
Raça de hipócritas.

Só a fé

 É certo que morreremos, mas quando vários conhecidos e queridos seus partem num curto tempo. A gente fica acabrunhado! A luta do corpo com ...

Gogh

Gogh