quarta-feira, 20 de abril de 2011

Xepa de ideias

Como estou cansado. Acho que merecia uma boa noite de sono, pois que assim o seja. Logo mais irei dormir o sono dos anjos e sonhar com o paraíso. Sei lá. Tive uma ideia maluca agora. Veio a minha ideia apesar do cansaço, agora mesmo, que gostaria de ser uma escada para facilitar a vida das pessoas, que service de ponte para ligar o abismo que há no peito das pessoas. Talvez soe como demagógico para alguns, mas para outros soe como algo possível, exequível. Não gosto da ideia de separação, mas se eu penso algo e expresso essa ideia por trás dela surge uma dialética e consequentemente terei alguém que concorda ou discorda de minha ideia, no entanto de posse de minha ideia vou tentar defendê-la e por muitas vezes por ter uma visão limitada sobre o pensado, mas que foi apropriada por mim e então envolvo-a com uma crosta ideológica e que muitas vezes não permite que eu me abra pra ver outros fatos e passe a ver o objeto de minha ideia como o perfeito e assim acontece com as pessoas mais fechadas. Ocorre então confusões de ideias, muitas vezes conflitos pessoais e por fim separação. É pode parecer demagógico acreditar na ideia de ser escada, ponte na vida de outras pessoas, pode até me separar das pessoas, sei que esta ideia não é minha, nem tão pouco é recente. Não ela foi e é replicada por muitas pessoas que tem um brilho, não que acredite que tenha esse brilho, mas sim eu almejo e busco ser contigente penso em melhorar cada dia mais como ser humano com atitudes éticas, com o cuidar de si sem prejudicar o outro, cuidar bem de si, mas sem a ideia de egoísmo e sim cuidar de si, para poder aprender a saber cuidar do outro com o mesmo amor que cuidar de si. Eu acredito nessa ideia eu vejo ela no riso das pessoas mais simples e humildes que tem muito a ensinar sobre a vida. Pessoas que apesar das rasteiras que levam, levantam, batem a poeira e dão a volta por cima. Temos muito a aprender, muito mesmo, precisamos ver o mundo de diversas maneiras e quando não conseguirmos, mesmo assim buscarmos sempre. Buscarmos como o poeta que descreve a beleza da vida nas coisas mais simples, como a dona de casa que tem prazer em ver a casa limpa e organizada, mesmo sabendo que vai ver tudo uma bagunça no outro dia, mas que tem a certeza de fazer tudo novamente, mas com mais arte, como o pintor que busca fazer a pintura mais perfeita que expresse suas ideias, que transpareça sua alma, como o escritor que cria uma história tão perfeita que chega-se acreditar na veracidade de suas ideias, como o arquiteto que projeta e organiza o espaço. Bem, tem muitas pessoas que fazem seus trabalhos não pelo que eles lhes possam render, mas pelo simples fato de que aquilo lhes fará feliz, de que aquilo transparecerá o seu ser, sua essência. Confesso que no meio que eu trabalho, poucas pessoas mostra essa essência, eu mesmo, muitas vezes fui iludido com a ideia de ter um bom emprego, conforto e sucesso. Agora neste instante estou sorrindo por dentro porque sei que o que eu quero não é ter sucesso, mas sim quero fazer e dar o melhor de mim, e encontrar minha essência, e se eu fizer tudo que quero e penso com carinho estarei completo e certamente serei uma escada, uma ponte na vida de muita gente e mesmo que isso não aconteça com muita gente, mas que pelo menos uma pessoa seguir minha ideia. Serei pleno pois assim a minha essência não terá sido eliminada pela natureza, mas sim replicada, e se replicada é porque foi boa. Assim espero.

Lembranças

Uma tarde fagueira,
sentado numa cadeira,
mirando o horizonte,
eu vejo, sinto a presença
de minha querida avó,
sentada comigo noutra
cadeira a olhar o mundo,
a pensar na vida,
ou simplesmente
a viver o momento.
Sim viver o momento,
para minha avó de noventa anos,
está em sua presença
era desfrutar a cada dia
como se fosse o último,
e perceber seu cuidado
para com os filhos,
os netos e com os animais,
o carinho que tinha, por
eles, por alimentar pintos, frangos,
ou acariciar a cabeça do gato,
o espantar as galinhas esganadas,
ou simplesmente mirar
um cajú no cajueiro
longe no outro lado da estrada,
para admiração de minha mãe
que não enxergava a distância,
na conversa, no cuidado com o corpo,
no saborear um pão,
um café.
Sim o cuidado com a saúde
era sempre uma preocupação,
mas preguiçosa,
e batia na barriga,
e conversava e falava,
e assim a tarde desfiava lentamente,
quando percebíamos
já era quase noite,
e assim desfrutava
a presença de minha avó,
que se preocupava em escrever
algo num papel,
em ver a missa,
acho que ela tinha muito medo
de morrer,
mas a vida
no indivíduo não é eterna,
a vida nunca se acaba,
pois os filhos geram filhos,
e assim caminha
as pessoas,
e assim contando uma historinha aqui,
outra ali, imortalizo minha avó,
estará sempre presente
em minha mente,
marcas que despertarão
em minha lembrança
a sensação se sua presença,
o carinho que dei e ganhei,
beijos sem estalo,
o afago que fazia,
adorava cheirar seus cabelos
brancos e viver
desfrutar de sua presença
singela,
as tardes em paz
me faz lembrar
a minha querida
avó.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Monte Verde

Hoje tive um dia excelente. Acordei cedo como sempre e fui para a universidade. Cheguei no horário e na entrada encontrei o João técnico do laboratório nos cumprimentamos, em seguida ele me convidou para ir para Monte Verde em Minas fazer uma coleta de material botânico para as aulas da disciplinas BT380 da disciplina de criptógamas. Estavam presentes como equipe os professores Jorge Shephed, André Olmes, Ana Tozzi e Maria do Carmo, as pósdoutorandas Ana Paula Fortuna e Jacira Rabelo, os doutorandos eu Rubens Queiroz e Tânia Moura, o técnico João Galvão e os graduandos Pedro e Tamara Pan. Essa viagem geralmente é realizada todos os semestres em que é aplicada a disciplina de Criptógamas. O Arrumamos todas coisas e esperamos a hora da partida que fui às 8:30 horas. Fomos então todos empolgados para o campo. Passamos na casa do professor Shephed para que ele fosse conosco. Passamos numa venda da esquina mais próxima da casa dele para comprar pilhas, então aproveitei para comprar uma lupa de mão. Logo em seguida pegamos a rodovia Dom Pedro até Atibaia e de lá tomamos a Fermão Dias, passando por Bragança e Extrema no estado de São Paulo, já chegando em Minas paramos para tomar um café e ir ao banheiro num destes restaurantes de estrada, que não é daquelas grandes redes, mas sim um lugar com o ambiente é muito agradável, à moda mineira, bem estilizado, com produtos mineiros doce, queijos, cachaças, louça de barro e comidas mineira. Um lugar lindo que fica em frente a serra do Lupo. Seguindo a viagem passamos na cidade de Camanducaia e seguimos para Monte Verde. Após sair de Camanducaia entramos na estrada de Monte Verde que é cheia de curvas e ladeiras com paisagens belíssimas onde podemos ver nas encostas árvores me Macherium hirto planta que me chama atenção pela beleza, podemos ver longe lindas montanhas que as vezes toca nas nuvens ou as nuvens tocam nelas? Enfim, antes de chegarmos na cidade de Monte Verde paramos próximos aos barrancos para fazemos nossas coletas, lugar que pude observar ser reflorestado para a extração de madeira. As plantas usadas no reflorestamento eram Pinus e Eucaliptus. Então começamos o reconhecimento da área, seguido de observações das plantas, em seu ambiente natural, explicação de como reconhecer os grupos e finalmente coletas, tudo num clima muito amistoso, cheio de graças e piadas de biólogos, os professores tem muitas histórias e extremo senso se humor, e assim foram acontecendo as coisas num bom estado de espírito que reinou durante todo a viagem. Uma das coisas mais agradáveis que acho é o clima frio da área, adoro clima ameno. Enfim no primeiro barranco coletamos briófitas: musgos Polytricia e Polytricadelphus , hepáticas talosas Synphyogyna e folhosas Isotachis e Antoceros (planta pizza); pteridóficas heterosporadas Selaginella, em estágio reprodutivo, e homosporadas Hupersia e Licopodiella. No segundo barrando coletamos musgos Plagiothecium, Hypopterigium, Ptychomitrium e uma Porriaceae, além de um Protogonatum; pteridófitas Gleichenia. Enfim partimos para o último ponto para coletar uma hepática talosa Marchantia, contudo além da que fomos buscar, acabamos vendo e por fim coletando, um musgo Schlotheimia, hepáticas folhosas Frunlaria e Lejeunea, uma hepática talosa diferente a Metzgeria.
Essa viagem pode ser útil, pois além de aprender sobre Criptogamas, briófitas, pteridófitas e gimnospermas, pude registrar as paisgens através de fotografia, bem como ver plantas do grupo das angiospermas principalmente aquelas que trabalho e portanto tenho mais atenção a família Leguminosae as quais puder ver Collaea, Desmodium affinis, D. uncinatum e Macroptilium; vi também outras famílias Melastomataceae Tibouchina, Sapindaceae, Rubiaceae, Malpighiaceae dentre muitas outras. No fim da viagem conhecemos o restaurante do Paulo das Trutas que para nossa tristeza estava fechado, então tivemos que nos contentar em tomar uma sopa deliciosa sopa no Restaurante Dom Luiz, onde ao invés de almoçar, jantamos. Tudo regado de muitos papos deliciosos, um ambiente aconchegante. Quando saímos do restaurante um residente local muito simpático veio nos cumprimentar, um cão adorável que se deu muito bem com a Tamara. Em Camanducaia presenciamos uma prossisão da semana de Páscoa, por fim nossa viagem acabou muito tarde, chegamos no campos as 9:40. Foi uma experiência maravilhosa.
Adoro fazer essa viagem por todas as coisas que podemos aprender, registrar e vivenciar. Ir a campo é sempre uma atividade muito rica.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Monteiro 129 anos

Não tive a oportunidade de ler a obra de Monteiro Loubato na infância, não tinha tevê em minha casa quando passou o sitio do pica-pau amarelo durante a primeira versão. É uma pena! acho que teria tido uma infância muito mais rica em imaginação. A todos que tiveram a oportunidade e souberam aproveitar saúdo com carinho. Como eu muitas milhares de pessoas da mesma idade que eu não conheceram, muitas pessoas estava embrenhada neste Brasil enorme e tão rico em estórias. Monteiro Loubato voce alimentou milhões de mentes de crianças de imaginações, viagens dentre muitas outras coisas quem nem vou elencar. Seu sonho de divulgar, sua consciência do conhecimento dentre muitas outras qualidades o tornaram imortal. Foste semelhante a um iluminista francês, nosso iluminista brasileiro quem dera tivéssemos mais homens com sua mente, quem dera tivéssemos mais genialidade. Do lugar de onde venho, do tempo em que venho, tuas estórias teriam agregado mais as pessoas, transformado mais. Fico muito feliz de saber da tua existência, de saber a existência de tua obra genial, da importância que foi e que ainda é. Todos adoram o circo do pica-pau na minha parva ignorância é o que tenho conhecimento mais claro, e não é nem de leitura e sim através da televisão. Jovens leiam viagem nas ideias dele, o mundo não é o mesmo, a lógica também não, tudo mudou, mas a capacidade de pensar, de imaginar, a capacidade humana é a mesma. Pare leia um pouco, caso se encante, em algum conto, talvez encontre algo para preencher o que lhes falta, talvez desperte em ti algo que buscava. Boa leitura.

Amor

Meu amor,
minha flor,
como você me faz feliz,
a tua presença é como a luz do sol,
me enche de vida, de vigor,
e passo a ver todo o mundo
com mais cor, com mais brilho,
vejo as formas e apreendo mais que sou capaz.

Meu amor,
minha flor,
Como você diz a vida está por um triz,
tão rápido ela se passa, se vence,
parece que foi ontem que a conheci,
e foi tão bom te conhecer,
e foi tão bom ver o teu riso,
pensei é disso que eu preciso,
preciso desse brilho, desse olhar,
preciso mais ter sede de viver,
confesso que encontrei em você,
tanta coisa, que nem sei expressar,
parece que li sua áurea, sua alma,
uma certa calma essencial para
o aprender, para o conhecer,
e com o tempo fomos dialogando,
e com o tempo passamos
a nos comunicar por gestos,
passamos a ter nossa linguagem própria,
e com o tempo
percebemos
que não era necessário falar,
simplesmente está presente,
e aprendi tanta coisa,
e me conheci de diversos jeitos
que sozinho seria incapaz,
e te mostrei tanta coisa, que já
nem me lembro mais,
descobri que com você
estou em constante aprender,
e assim de mãos dadas
seguimos no mesmo caminho.

Lua cheia

Saia na rua! hoje saia na rua, é segunda e daí,
se estamos em abril e daí,
se estamos no dia 18 e daí,
Eu imploro saia na rua.
Por que? Saia na rua ou nem
precisa se tem uma janela,
então vá até ela
e veja, veja de lá,
ela a mais bela e romântica,
isso mesmo veja a errante,
que viaja pelo espaço,
que renova a cada mês,
que encanta e espanta as marés,
a ela muitos atribuíam
a loucura, outros usavam
sua luz para afagar, bem
deixa pra lá, porque é muito bom
está em sua presença,
mas de quem?
Dela da lua!
Isso mesmo
democrática sua beleza
pode olhar sem parar,
ela está em todo lugar,
na favela, na periferia,
no centro, na zona norte,
na zona sul, sim
olhe para a lua,
contemple-a,
ame-a,
pois a lua bela desse jeito
só uma vez por mês,
quando não chove,
quando não está nublado,
aproveite o calor
e saia pra rua,
leve um violão,
ou simplesmente regue
seu jardim e sinta o aroma
fresco da água,
e o brilho puro
da lua.
Vamos saia e veja a lua.
ela está cheia,
está toda prateada,
serena a lua

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Quando morava em Serrinha do Canto e ainda era pequeno. Eu organizei aquele mundo à maneira como percebia, uma visão infantil, amoral. Por isso acho que devo contar como eu percebia o mundo e essa assim que as pessoas passavam, não culpemos as pessoas que assim se comportavam, estas pessoas que não tinha como se instruir. Tudo lá era muito improvisado as coisas aconteciam muito naturalmente. Não tinham como dar uma outra cara, um enfeite nos fatos as coisas eram muito nua e crua. Bem ai vai espero que leia até o fim porque essas memórias estão em tempo de pular de minha mente com certeza chocarão a vocês.
Então vamos lá. Quando era pequeno entendia o mundo assim as pessoas ou normais ou anormais. Quem eram as pessoas anormais? seria com certas limitações físicas, aquelas que viam o mundo a sua maneira, percebiam um mundo sem cor, sem cheiro, sem som e sem belezas. Aprenderam com o tempo a ver a vida calma de um dalai. Passavam todo o seu tempo sentados. Eram dependentes e eram vistas com um olhar de piedade. De certa forma esse olhar e de tratar passou para essas pessoas um mundo cheio de tristeza, desesperança. O que foi na verdade é uma pena, pois por faltar instrução ou de imaginação essas pessoas foram condenadas a imobilidade a tristeza. Mas por que ninguém mostrou para essas pessoas a beleza das cores, a beleza do movimento do vento suave a balançar os galhos das árvores, porque as pessoas não ensinaram-nas a ler, e a ver o mundo através das palavras? Por que?
Numa casa vizinha a nossa, tinha uma dessas pessoas a qual teve uma infância quase perfeita para os meus padrões, na verdade ela estava viva, por que a infância não foi perfeita? Aconteceu que uma paralisia infantil que a paralisou em uma cadeira. Essa menina era normal no início, mas se tornou muito triste. Bem no começo quando minhas irmãs e as meninas dali ainda eram crianças. Todas iam lá e o mundo era muito colorido e belo para ela. E as coisas melhoraram muito quando seus pais compraram uma televisão sua casa era cheia de gente e ela era a unica pessoa que tinha aquele objeto, todos ali eram muito amigas. Bem o tempo passou e as pessoas foram tornando-se adulto. E o fato é que com o passar do tempo. Houve uma diáspora, e suas amigas inclusive minhas irmãs foram para escola e ela ficou presa a cadeira. Novos mundo surgiram para aquelas meninas e o mundo dela da menina da cadeira de rodas era o mesmo. Ficou só tendo a atenção apenas de sua mãe e seu pai, então ela perdeu o gosto pela televisão, pelas novelas, pelo rádio. Sim pelo rádio pois antes todos ouviam o que ela falava, é ela ouvia o rádio e contava a notícia para sua mãe e sua mãe contava para as pessoas. Com o tempo só adultos iam a casa dela e a vida acabou por ser um peso. Além da menina havia também outros dois meninos na mesma situação. Mas esses eram mais extrovertidos. Sim eram, pois seus pais saiam de casa para ir a igreja nos fins de semana. Imagino que eles ficavam muito felizes quando chegava o sábado ou o domingo para irem para a igreja ouvir os hinos e as pessoas. Realmente eram eles eram especiais, pensava com minha mente de criança, pois só eles tinha uma cadeira com três rodas, não precisavam botar água, nem trabalhar. No entanto o tempo passa e como aves quando criam asas e voam para longe, as pessoas tornaram-se adultos e foram embora e os pais daquelas pessoas envelheceram, então com o passar do tempo eles acabaram ficando pelos cantos, na igreja as crianças brincavam com as cadeira dele, crianças que deve educar são seus pais, mas se eles mesmos não são educados, então as crianças importunavam eles. Então penso que sentiam? afinal tornaram-se adultos. Olhando para eles pode-se perceber uma tristeza no olhar, no se expressar no ser. O que sentiam então pergunto novamente, por que não os ensinaram a olhar com o brilho para vida? Não sei. Vivendo em meu mundo egocêntrico não sei. Eu infelizmente sentia pena. Que coisa mais mesquinha. E essas pessoas continuam a viver, ou melhor sobreviver. Outra pessoa excêntrica era um homem chamado Zé Vieira que taxado de doido ou louco como chamavam-no. Era assim que todos o viam, todos o desprezavam olhavam com olhar de desprezo, davam uma xícara de café em troca dele ir embora. No entanto ele não ligava, vivia como bem lhe convinha. Acho que ele cultuava o fogo, pois adorava tocar fogo nas coisas, será que ele não fazia isso para não se sentir só. As vezes vagava nas estradas durante a noite. Cantava algumas músicas, as vezes fazia atos imorais, e todos ali o repreendiam, afinal como se sentia esse ser. Não bebia e era muito excêntrico. É com muita dor que reescrevo isso nem deveria escrever, mas são fatos eles existem, não adianta esconder o lixo sobre o tapete e mesmo com a televisão, telefone e internet com uma gama de informações, infelizmente ainda é assim que muitas pessoas categorizam as pessoas lá. Muita coisa mudou, mas alguns pensamentos continuam intactos.
As pessoas normais eram aquelas que eram sãs fisicamente as pessoas com direito a ter um futuro a poder realizar um sonho, com habilidades de se manter com o próprio trabalho. Como eram bárbaras essas duas categorias. Pois essas pessoas são assistidas financeiramente pelo governo e tem muitos direitos, inclusive direito a vida. Aqui longe, pessoas com as mesmas impossibilidades trabalham, tem filhos e dentro do seu universo levam uma vida normal. Inclusive na atualidade um dos maiores físicos do planeta Stephen Hawking que é tetaplégico ocupa a cadeira de Isaac Newton na inglaterra. E o que ele tem de diferente? A maneira como foi apresentada o mundo. É com pesar que apresento essa minha ignorante forma de ver o mundo, mas ela existiu, e muitas pessoas ainda replicam esse pensamento. O tempo passou e estamos velhos e essas pessoas continuam vivas, mas com aquele olhar. O que poderia fazer por essas pessoas? Se o fosso que me separa é tão grande, fosso da distância e do tempo. Mas vou pensar com carinho de uma forma de como poder ajudar essas pessoas.

domingo, 17 de abril de 2011

São Paulo

Metrópole São Paulo,
me emocionei quando te vi,
e chegar a ti durou três
dias, foi uma longa viagem,
mas enfim cheguei a ti,
lembro quando cheguei,
que meu irmão e meu primo
me esperavam na
rodoviária Portuguesa Tieté,
lembro que me recebeu
de braços abertos,
cada espaço,
logo ao chegar
conheci o metro,
que legal, que barulho,
então descemos no Jabaqueara,
e pegamos um
ônibus para o São José,
mas meu coração
ainda pertencia a Natal,
mas minha vista
e meu ser deslumbrava
a ti, oh grande cidade,
e fomos embora,
chegamos ao São José,
acho que Natal era mais
bela, mas não era São Paulo,
Depois fui para a o Castro Alves,
e passei aquele Natal e ano novo
em ti, quando retornei para
Natal, levei os seus
espaços em minha mente,
visitei lindos lugares,
O solo sagrado,
A USP,
conheci sua periferia,
sua margem,
mas mesmo assim me encantei por ti,
fui, mas sabia que ia voltar,
não sei como,
mas assim o fiz
e em ti São Paulo deslumbrei
de uma diversidade,
uma riqueza,
confesso que nunca tinha
entrado em contato com tanta
gente, nem com a poluição.
Então quando chegava a noite
como estranhava o sol no céu
as sete horas,
e o frio que caia do nada,
e as feiras tão professadas
por meus primos,
meu pai.
Então vim embora,
mas o modelo de cidade
que tinha em minha mente
era outro,
na minha antiga cidade tinha praia,
tinha sol,
tinha mar,
tinha luz,
tinha restinga, tinha dunas,
e lá todos falavam o meu sotaque,
eu era rei,
lá não tinha cães na rua,
não tinha cloaca,
não tinha rios poluídos,
não tinha emprego,
tinha muita gente amiga,
tinha minha gente,
mas sem demagogia
aqui tem tanta coisa,
vamos ver só as coisas belas,
tem casas simples
mas humildes e belas casas,
as pessoas cultivam
esperança nas flores,
nas cores,
as pessoas são meio aperreadas
por não perder o emprego,
mas tem tanta coisa boa aqui,
que desde o dia que entrei
na Portuguesa Tiete,
sabia que iria voltar sempre.

São Paulo Ida

Lembro o dia que sai de casa para vir para cá, numa manhã de domingo de 18 de dezembro de 2005 era belo dia ensolarado, e São Paulo disputava o campeonato mundial. Elton de Joca foi me deixar em Umarizal para pegar o São Geraldo chegamos lá as 10h e antes de viajar soube que São Paulo foi Campeão mundial. Ali minha viagem começou então viemos rasgando terra nordeste a baixo, papai quem sabe todo o itinerário. Almoçamos em Uirauna, já na Paraíba, no final da tarde estávamos em Petrolina. Jantamos em Juazeiro onde tomei um banho e seguimos descendo, quando foi na madrugada passamos quase uma hora em Feira de Santana esperando os ônibus sairem. Ainda na Bahia almoçamos em Vitória da Conquista e lá pro fim da tarde entramos em Minas Gerais. Onde passamos um dia viajando. O ônibus quebrou em Teófilo Antoni então trocamos de ônibus. Na manhã seguinte chegamos a Belo Horizonte e paramos no ponto de apoio da Gontigo, fazia frio, achei muito bonito aquele verde vidrento, de alguns pinheiros, foi lá que comi o primeiro pão de queijo, achei barato, pois parece que todos os donos de quiosques enfiam a faca é tudo tão caro, tem muita gente que traz galinha na farofa, como umas senhoras de Pau dos Ferros só via elas comendo, mas enfim pedi um leite, pois não tomo café e um pão de queijo, achei o máximo. Quando saímos da parada para pegar a Fermão Dias pude ver o primeiro acidente de trânsito. E quando foi no terceiro dia chegamos a São Paulo. Bem tem pessoas viajaram comigo. Ia uma família de um homem que era motorista em São Paulo. Um menino que vinha visitar a mãe; um rapaz que tinha arrumado um emprego numa padaria e vinha pela primeira vez. Puxa mas parecíamos bois que viajam sem saber para onde. No primeiro dia quase não conseguia dormir, mas no dia seguinte quando queria dormir bastava fechar os olhos. Eu ia escaneado cada paisagem que via. Então depois de 58 horas de ônibus cheguei em São Paulo. Chegamos em casa já a noite, naquela noite dormi muito cansado, mas muito feliz.

Brisa da tarde

Suave a brisa sopra
e mexe com as folhas
das árvores e soa
entoa seu canto,
no meio da tarde,
o calor forte arde,
e a brisa que passa,
soa como cantiga
de ninar, de barrigas
cheias na tarde de
domingo
depois de um lauto
almoço, um doce
e gelado sorvete,
uma cocacola,
as pessoas fagueiras
deitam seus corpos
e não pensam mais
em nada e ao som
da brisa, do chiado
as folhas, do quase
som da luz do sol
dormem e esquecem
de seus problemas,
de suas vidas,
simplesmente
pegam carona
com o som da brisa
e dormem
até voltar a tarde,
até o faustão
começar a berrar
como bode,
ou melhor,
a badalar como
chocalho.

sábado, 16 de abril de 2011

Callicarpa


Hoje conheci uma Callicarpa revesii que é muito atraente por suas flores lilases, é mesmo linda.

Uma planta da família Lamiaceae

Kallys = greg. belo Carpo= greg. fruto


Manhã

Desponta no horizonte a brisa fria da manhã.
Sublime vem doce mente chegando as gramas,
suavemente tocando, e faz meus pelos arrepiar,
e o meu olhar a vagar no horizonte que aos poucos
ganha cor, forma e alma. A brisa traz o cheiro do mundo,
o frio da noite passada. E o sol que desperta
lentamente feito gigante, e toma conta de
tudo que vejo. E revela a beleza da natureza,
revela todas as sutilezas que minha vista não conseguia
enxergar, ajuda-me a distinguir a beleza
das formas, e me ensina como me ensina sobre o
mundo, me ensina que a maior parte
das plantas são verdes, que em dia
sem chuva o céu é azul, que a natureza
parece desorganizada, que muitas coisas
que muitas coisas que cheiram são mais belas,
que tem sabores são belas também,
são mais bela quando vistas,
como as flores, como os frutos,
Ah, quando o sol nasce, feito um
deus, aurora sai ao mundo
avisando a nova chegada de apolo,
e pinta o céu rubro augusta cor,
e sopra a brisa da manhã,
E já me sinto sol, sinto
uma força que brota da terra, Geia,
que se dilui entre as plantas,
entre as flores, entre as formas
viçosas por vida, as plantas,
os pequenos animais,
abelhas, borboletas,
que ao voar cantam,
então me espanta tanta beleza,
me espanta a beleza, me espanta
a natureza, todos os dias,
porque a noite é reservada para
as estrelas e a lua,
e as flores perfumadas,
mas os dias, são todos ao nascer
novos, belos e perfeitos,
basta interiorizarmos
e contemplar Apolo, o sol, o dia.
m

como as

Solidão

Certos animais tem o hábito de viver solitário. Não entendo a vantagem de viver só. Acho que as vezes ter um monólogo é muito bom, mas viver sempre monologando é meio louco. Acho que precisamos de vem em quando dialogar, estar na presença de alguém que compartilhe as ideias, as situações vividas, momentos que deêm mais sentido a vida. Conhecer é muito bom, pensar é muito bom e viver proporciona tudo isso, mas compartilhar o conhecido, o conquistado creio que é bem melhor. De que adianta ver as belezas das pequenas e grandes coisas do mundo se é uma coisa puramente subjetiva. Não entendo mesmo esses animais solitários. Nem sempre fui a pessoa que sou. Sim eu tinha um circulo de amigos muito grandes e eu interagia com todos, meu circulo de amizade ia muito além do universo universitário, eu tinha meus amigos que moravam comigo. Bem como uma grande quantidade de pessoas que conhecia no campus. Bem antes deste tempo já na minha pequena cidade tinha vários amigos que compartilhávamos bons momentos, bons sonhos, sei que pouco aprendíamos sobre o mundo, mas divagávamos nos desejos. E quando parecia está só eu tinha minha família. Agora, meu ciclo de amizade está restrito, meus irmãos moram em outra cidade, meus pais em outra, minha namorada em outra e quando chega o fim de semana eu me sinto só. Sinto um forte aperto no peito. Então penso como pode determinados animais serem solitários? Nos seres humanos somos seres sociais, mas estamos cada vez mais sós, muitas vezes a solidão pode levarmos a loucura ou a criação, todavia nem todo mundo fica louco ou se transforma em criador. Essas pessoas que estão no meio termo, que é maior parte das pessoas, perdem o interesse pelas cores, pelos sabores, pelos cheiros, pelas formas e por fim pela vida. Algumas pessoas buscam uma saída para esse sofrimento através de substâncias químicas, outras simplesmente vegetam. Então por que nos sentimos tão solitários se nunca tivemos a oportunidade de estarmos tão juntos? De certo estamos perdendo a capacidade de está com o outro fisicamente. Nos que temos a linguagem para se comunicar, que somos seres com afetos não podemos explicar porque escolhemos ficar só. Certos animais que não usam da fala como linguagem e não compartilham conosco certos tipos de inteligência pode justificar a opção de está só, mas nós não.

Mamãe feliz

Hoje contei para minha mãe que farei uma grande viagem. Ela ficou muito feliz, até parece que é ela que vai viajar de tão feliz. Ouvi aquela risada gostosa. Minha mãe ficou ainda mais feliz quando disse os lugares pelos quais irei passar, pensou que fosse no Brasil, mas expliquei que era para um lugar muito distante. Ela expressou todo seu carinho quando falou que todas as noites entrega nas mãos de Deus nossas vidas e pede que ele interceda por mim, para que quando terminar meus estudos tenha um bom trabalho. Enfim falou que ia falar para os meus conhecidos e disse nossas eles dirão que só voce mesmo. Expliquei que é uma viagem de trabalho ela ficou feliz, disse que irei passar três meses. Mamãe como uma criança quando ganha um brinquedo novo ficou muito feliz e deu o telefone para minha irmã, para ela ouvir de minha boca sobre a viagem. Bem vou se Deus quiser tirar muitas fotos e assim quando estiver lá em casa vou mostrar todos os lugares por onde passei. Mamãe se orgulha muito das coisas que faço e pensar que foi ela quem me obrigou ir a escola, que me educou, mesmo não tendo muito estudo, mas sabia valorizar. Senti-se importante por mim e fala para todo mundo que seu filho, eu, faz doutorado em Campinas. Enche o peito pra falar todas essas coisas. Acho muito bacana essa ideia que ela tem sobre se dar bem na vida. Acho importante e me sinto importante ao menos para uma pessoa para ela e para meu pai também, mas sabe né as mães acham que nunca crescemos então toda feliz deu um chau e desligou o fone.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Lua

Quanto tempo não percebia a noite que por sinal hoje está tão linda enluarada e estrelada, limpa só alguns cirros perdidos um ou outro avião. De certo faz muito tempo que não contemplo a noite, a lua, as estrelas e até mesmo o escuro da noite, as luzes elétricas e o cheiro doce das flores noturnas. Será que me perdi tentando me encontrar? Agora sai para tomar um ar, porque achei que precisava olhar para o céu, para a noite para ver quanto é grandioso o universo. Então fui até o terraço onde inspirei e expirei intensamente, olhei para o céu, vi a lua maravilhosa quase cheia, as estrelas, dentre elas o cruzeiro do sul. Fiquei ali fitando as estrelas dentre elas mirei uma estrela no poente, com uma luz azul, que por sinal acho que logo mais irá se por, então ela foi se escondendo atrás das folhas de coqueiro, mas não conseguiu se esconder por completo. Olhei para os fios e vi formigas a caminhar ou a trabalhar, olhei para quintal do vizinho que tem dois cães um me percebeu e começou a latir, mas logo parou. E então fiquei vagando meu olhar pelo céu, ouvindo o barulho dos carros que correm numa rodovia atrás de casa. Quanto tempo não fazia isso. Senti-me muito só, senti medo da morte. Medo de ser um solitário. Não aprendi com as estrelas a ser solitário, também não meu próprio brilho ainda será que um dia brilharei?
Bem na verdade fazia tempo que não me sentia só. Quanta coisa ando sentindo. Sinto medo de me acontecer algo, pois quando sinto esse medo as vezes coisa boa não é. Acho que foi por isso que fui tomar um ar lá fora, fui conversas com as estrelas. Somos todos eternos solitários já disse um amigo certa vez. Somos todos solitário. Nem sei como nos comunicamos, pois estamos sempre falando nossas linguagem subjetiva. Talvez a lua, a noite e as estrelas nos entendam.

Guarda-chuva

No quintal vi uma paisagem maravilhosa. Vi um ambiente coberto de fungos, pequenos cogumelos, ou guardachuvas alvos como goma. Eram tantos, incontáveis uns cresciam ocupando e espaço do outro, em alguns lugares sequer dava para ver o chão. Exalavam um cheiro diferente, alguns estavam cheios de esporos. Então pensei como seria interessante ser uma formiga para andar sob aquela paisagem. Havia calma, paz naquele lugar. Por um instante me senti numa cidade sob a chuva com tantos guardas chuvas. alvos feito goma.

A borboleta

Hoje vi uma borboleta,
pousava seu corpo
sobre uma folha,
está lá estática,
de asas fechadas,
contemplei-a
por um brevíssimo
momento.
Ela estava parada
não espressava nada
simplesmente era,
mesmo tão frágil
existia.
Mesmo tendo a vida
tão efêmera
era, aliás algumas
flores são
mais efêmeras,
nem por isso deixam de ser.
A borboleta era,
mesmo tendo a vida efêmera,
estava ali parada,
não voava pelo seu,
não buscava mel,
flores estava ali,
parecia contemplar
a folha, a brisa
sei lá.
Acho que por
um instante ela
prendeu minha alma,
roubou minha calma,
sei lá deve ser um
ser mágico.
Depois eu sumi
e não mais a vi.

Mistérios

A borboleta de laranja e preto pousou sobre a flor do jardim para beber néctar. Depois de abrir e fechar suas asas várias vezes, desenrolou aquela probóscide e sugou o doce néctar, depois de visitar muitas flores. Então ela voou pra longe e lá longe encontrou uma planta onde pôs seus ovos que depois de um certo tempo eclodiram e liberando várias larvas, as lagartas, que foram comendo todas as folhas da planta e foram crescendo sem parar até que chegou um dia e essas larvas se empuparam. Dias depois aquelas lagartas se transformaram em lindas borboletas e voaram para tomar o néctar das flores nos jardins. O interessante é que quando as borboletas saem para visitar várias flores elas acabam levando os pólenes e os distribui entre as flores. Mas como as borboleta conhecem as flores? Borboleta sentem cheiro? Sei que borboleta sabe voar, por ovos. Já vi borboleta pousar em tudo que é flor, tomar néctar de todas elas. No entanto as lagartas sempre vejo nas mesmas espécies. Será que as borboletas conhecem a planta que vai por os ovos? E, será que borboletas conhecem as plantas que tem que por? então será que elas têm memória? Agora estou confuso. Esses mistérios da natureza!

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Primeiro ano na Escola

Veio-me a mente a lembranças de minha infância. Lembranças da escola, mas não me lembro da escola como um lugar bom, não sentia prazer em está na escola. Sempre que ao invés do gosto pelo aprender a escola era muito antes uma prisão e via todas atividades como uma obrigação. Por isso os primeiros anos de minha vida escolar nunca fui um exemplo. Muitas vezes tinha vergonha porque não sabia ler, nem escrever, enquanto tinha uma menina Eurides, que já desenhava belas letras e conhecia algumas. Confesso que me achava inferior por isso. Também minha mãe é semianalfabeta funcional, sabe assinar o nome mas não sabia ler, mas apesar disso sabia da importância da escola para o nosso futuro, por isso nunca ficávamos sem ir para a escola um dia sequer, nem mesmo estando doente. Quanto a essa relação dirigiu nossas vidas com punhos de aço. Para minha mãe, em sala de aula a autoridade era do professor(a), por isso qual fossem os fatos, nós éramos sempre os errados. Domar-me não foi muito fácil, confesso que ganhei muitos puxões de orelhas, mas o medo da professora do segundo ano dona Lenita, tinha fama de general inibiu todo meu comportamento. Antes de ir para escola meu ciclo de amizade era muito restrito, foi na escola que pude conhecer os meninos e meninas de outras extremidades de minha pequena Serrinha do Canto, e entrar em contato com pessoas diferentes foi a princípio ruim, pois tive que conter meus modos, mas depois ganhei muitos amigos, meu mundo se ampliou. A escola como estava dizendo não era atraente, não sabia pra que serviam as palavras, no meu povoado sequer tinha placas, como eu iria usar aquelas palavras, em casa nem a bíblia tinha. E as pessoas que tinham ouvia pessoas falarem que a bíblia era ovo que as pessoas chocavam debaixo do braço, enfim não sabia para que serviam as palavras. Gostava da ideia de ter uma mochila, usar farda achava muito legal porque via meus irmãos mais velhos. Então o mais legal na aula era ficar marcando as horas de ir embora, nós crianças éramos muito astuciosas e aprendemos a hora de ir embora pela réstia da luz do sol na parede, era uma hora exata, disso nunca me esqueço. Minha primeira professora era Livani, filha de seu Bonifácio, mãe de Nissinha uma das mais bonitas meninas dali. Era baixinha e tinha voz muito aguda, usava pedagogia militar, coisa que aprendeu com os professores dela e ia replicando, acho que ela evoluiu senão os alunos estão tendo a mesma forma de ensinar, talvez ela tenha se aposentado. A escola Isolada Serrinha do Canto continua lá, acho que o terreno foi doado por uma pessoa de lá. Não sei. Só sei que por falta de recurso a professora dava aula por uma minharia, com certeza dava aula por amor. E eu tive a oportunidade de viver essa realidade que me assombrou por muito tempo. Bicho do mato brabo, pra ser amansado leva muito tempo, mas certo dia fui domado. Nem tudo na vida é perfeito, só sei que foi ali que tive a oportunidade de aprender as letras, as palavras e as frases. Foi a partir da força que fui domado, foi por causa da minha mãe que continuei e aprendi na escola, porque se fosse por minha vontade, seria analfabeto. Acredito na importância da família, da primeira professora e do esforço particular para que possamos ter pessoas que vivam em harmonia e ética. Foi na minha primeira escola que tomei conta da responsabilidade que é preciso na vida inteira.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

O olhar

Acredito que cada pessoa tem um olhar diferente do mundo que elas vêem aquilo que elas conhecem e simplesmente ignoram o que desconhecem. Um agricultor ver a terra e o que nela se produz, um engenheiro ver as estruturas de como pode construir o que foi projetado por um arquiteto, um botânico ver as plantas, um professor uma forma de ensinar, um jornalista uma forma de comunicar. E assim são todas as diversas profissões ou passa tempo que encontramos para nos afirmar como seres, buscamos fazer o que nos faz sentir bem, no entanto como descobrimos? Não seria uma nova forma de perceber o mundo, que evolui com os estímulos que recebemos. Antes de ser agricultor, engenheiro, arquiteto, botânico, professor ou jornalista todas essas pessoas não são gente e não foram crianças? Creio eu que sim não tem como duvidar essas afirmações, mas o que fez essas pessoa despertarem e tomarem o gosto por aquilo que fazem? Será que foi de ouvir os pais falarem, por necessidade, por tomar gosto ou simplesmente porque acha aquilo belo, decente? Sou botânico e afirmo que o ambiente influenciou muito para minha decisão. Seria o desejo de se superar? o desejo de poder ter mais conforto? o que seria? Acima falei sobre a questão do olhar como canal, como luz que alumia nossas ideias, desperta decerto um desejo, uma filia e partindo desse desejo vamos construímos o que queremos nos tornar. Uma coisa é certa todo mundo quer se dar bem na vida, mas para se dar bem na vida, ter conforto recurso dignamente é necessário trabalhar duro, caso contrário podes até conseguir o que deseja, mas sem esforço não se tem amor ao ser tornado. Mas onde está a gênese de que o faz viver, trabalhar em função desta coisa? Já pensei muitas vezes no meu caso e percebi que não tem um começo um pondo onde possa dizer foi isso. Não mas uma curiosidade que despertou das diversas maneiras que tentei entender o objeto observado, percebi que quanto mais tentava entender, mas percebia que existia ali uma caixa mágica um universo de formas, de ajustes, de cores, de sutilezas, de diversidade, e fui mergulhando na botânica, onde me dei sentido a minha existência através do desejo de conhecer, de ver, de apreender de mostrar, de ensinar. Eu fui atraido, me tornei canal e agora sou o que sou. E através de minha forma de ver o mundo posso mostrar para as pessoas que não conhecem botânica a veem isso que tanto me fascina e assim o é com quem faz todas as coisas importantes citadas acima. Resta descobrir qual a sua maneira de olhar o mundo, basta escolher uma e seguir a vida.

Amizade

As amizades são cada vez mais raras, pois necessário um longo tempo para se ter a certeza desta relação. Não se tem um ponto onde a partir daquele momento se declara amigo. antes de tudo precisamos para termos certeza da amizade termos respeito, admiração, companheirismo, cumplicidade e simplicidade. É algo extremamente espontâneo como uma brisa da manhã, belo como um jardim, ou melhor a amizade é um jardim que para ser belo requer certos cuidados. Precisamos regar a amizade de cuidado o simples fato de respeitar o outro é um bom início. Não pode haver interesse nesta relação, as coisas tem que serem espontâneas. É o cotidiano quem vai estreitando a relação e quando menos percebemos somos amigos. Mas é extremamente ruim quando por algum motivo nos distanciamos das pessoas que nos apegamos. Será que as pessoas boas tem a missão de levar paz a todos os lugares. Ficamos mais fracos quando essas pessoas se vão, pois temos a impressão que sempre temos algo a mais para aprender, algo a mais para ensinar. As vezes a vida passa e não percebemos a importância de determinadas pessoas em nossa vida, como ela nos influenciam e como influenciamos. Seria uma troca. Tenho uma certa impressão que a somos caravelas, somos pessoas solitárias, que as vezes encontramos um porto, encontramos algo valioso, mas que infelizmente para seguir viagem não podemos levar nada, não podemos deixar nada. Só os bons sentimentos e as boas memórias. No começo parece difícil, mas superamos. Mas a amizade essa levamos. E carregamos no peito o que há de melhor a sensação de sentir bem, de fazer bem de ter um amigo, eterno amigo.

Canto

As aves parecem está se aninhando, segunda feira 11-04 no fim da tarde, na praça dos cocos, sobre as figueiras, sabiás faziam uma festa, pois era uma cantadeira só. Hoje dois dias depois ouvi sanhaçus e patativas cantando numa animação, acho que estão se aninhando.


Canta o sabiá,
canta seu canto cheio de encanto,
cantem aves,
o sol está escondido,
mesmo assim o dia segue,
cantem aves
e embelezem
o mundo
com melodia,
com som,
com paz.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Sertão

A vida se vive por estação,
cada estação há uma marcação,
no sertão há só duas estações,
inverno e verão.
No inverno tudo é verde e vivo,
no verão tudo é cinza e adormecido.
no inverno canta o riacho
que corta o vale rio a baixo,
zoam as abelhas, cantam as aves,
verdejante o horizonte
cheira a folha, flor e mato;
no verão água seca,
as plantas morrem,
outras perdem as folhas,
o riacho seca e cala,
as aves migra,
só resta calor, luz e sol,
mas a beleza
essa não abandona nunca o sertão,
a beleza é subjetiva,
e o sertão está dentro de nós,
cada estação está guardados
nos sulcos e giros cerebrais,
aquela beleza,
as vezes cheia de tristeza,
as vezes plena de alegria,
alegria que a natureza cria,
no pingar da chuva,
no desabrochar da flor,
no vôo das borboletas,
no canto das aves,
na boa colheita,
no bom negócio.
A vida nossa é tão subjetiva,
que acho que lugar mais belo
não há que o meu sertão,
cinza sertão,
carrego na alma o sertão,
com suas duas estações,
com minhas ilusões,
com o céu,
o doce do mel,
as abelhas,
o vento,
o cheiro do mato,
meu ser e o sertão.

Pattaro

Barão Geraldo é um lugar peculiar,
por onde quer que vá,
tem uma rua com nome Pattaro,
são muitas ruas,
Gilberto Pattaro,
Gerônimo Pattaro,
e até escolas.
Neverland,
que doce é esse lugar,
de tão rico em diversidade
cultural,
aqui mora gente de todo lugar.

Chuva da noite

A tarde partiu sombria,
foi uma tarde sem luz e fria,
o sol nem pode expressar
a rubra luz,
a noite a noite caiu
e junto com ela
a chuva veio cantar,
e como canta a chuva,
entoa seu canto,
e faz as biqueiras,
bicas e telhado
acompanhar
a sinfonia,
ah tarde já não sedes mais,
ah noite sedes,
mas a chuva tomou
teu palco.

Aromáticas

Ontem conheci um lugar maravilhoso, fica em Paulínia, é uma unidade da Unicamp de estudo de plantas que produz óleos essenciais e muitas com propriedades medicinais. O ambiente é muito gostoso, pois é bem cuidado, limpo e o único cuidado que se deve ter é com formigas, abelhas e algumas plantas urticantes, além dos muitos aromas tem o cheiro do campo. Todas as plantas vi ali eram maravilhosas, extremamente interessante, verdadeiras produtoras de essências. Algumas estavam em estágio vegetativo e outras em estágio de floração, mas isso não importava muito, pois em sua maioria as estruturas produtoras de óleos e essências estão distribuidas pelas folhas, cascas e caules. Então só precisava macerar as folhas e cheirar. Tive a oportunidade de conhecer novas plantas e sentir diversas essências desconhecidas. Haviam plantas de vários lugares do mundo. Nesta excursão fui convidado pelo professor de uma disciplina da farmácia para acompanhar o grupo, na maioria muito jovens, sem muito interesse por aquele ambiente. Mas aquele lugar, aquelas plantas com seu charme e essência despertaram logo o desejo naquela moçada. E como uma estória que vai ganhando graça, a moçada foi se interessando cada vez mais por cada planta, cada cheiro, cada forma de vida. O resultado fui muito interessante para aqueles alunos que na maioria são da cidade, e muitos desconheciam este universo das plantas. Foi uma experiência nova para muitos deles, uma nova forma de olhar para o universo botânico.

O sol

O sol brilhou no céu azul,
no meio de cúmulos alvos,
o sol brilhou e tudo iluminou,
sua luz corou as formas,
e me deu compreensão,
por minha visão,
apreendi o mundo,
dentro de mim,
e me senti grande
como o sol,
como o sol,
senti meu peito brilhar,
minha mente iluminar,
as ideias, sensações,
e agora as nuvens
escondem o sol,
mas não podem
esconder sua luz,
essa camada tênue
pode esconder muita coisa,
mas as formas
são evidentes,
por porque o sol brilha,
podemos ver,
sentir o sol,
em tudo que existe.
Viva o sol,
sem o sol,
nada seria,
nem minha poesia.

Educadores

Quantos guerreiros estão por ai, travando batalhas hercúleas entre quatro paredes. Tentando domar pessoas, pregando a educação. São pessoas comuns, mas no contexto o qual estão inseridos cabe-nos categoriza-los como heróis. A educação é uma atividade para toda a vida do indivíduo, e será essa que permitirá ao homem viver em sociedade. Mas o ato de educar não é ainda uma atividade que tenha facilidade. É necessário amor, doação, muita paciência e por que não fé. As instituições de ensino em nosso pais, Brasil, é desprovida de investimentos. Falta estímulos para os educadores. Os salários são baixos e muitos dos professores tiveram uma formação insuficiente. Mas nem por isso a rede de ensino deixa de ter verdadeiros guerreiros que a partir de esforços particulares tentam e tornam as escolas ambientes mais civilizados. Esses guerreiros tem que lutar com unhas e dentes para competir com o mundo externo, para ter o seu espaço como educador. As ruas e os meios de comunicação atraem mais aos alunos que o sistema escolar. Competir com esses meios é algo extremamente difícil, pois chamar a atenção dessas pessoas exige um certo malabarismo. E é exatamente isso que os certos professores fazem, usa de diversas técnicas para dar mais cor, sabor e luz a sala de aula. Mesmo assim a luta é muito injusta, mas não é inválida. Essas pessoas mudam a vida das pessoas dando um norte. São verdadeiras estrelas que orientam as pessoas, mesmo tendo que competir com a cultura de massa, esses professores estão trazendo do mundo da massa uma nova maneira de educar, usando a ferramenta mais antiga o discurso, a conversa. É necessário aprender a conversar com os alunos, muitos dos professores conseguem, principalmente aqueles que são plásticos as inovações, enquanto outros, moldados a antiga forma de ensinar, aqueles que acreditam no conhecimento como algo produzido e não algo a se produzir, estes estão fadados ao cansaço. E o que eu sei sobre educação, pragmaticamente nada, mas sei muito. Pois navegando na nuvem da internet, posso pescar vários blogs de professores, pessoas brilhantes que usa dessa tecnologia para iluminar esse mundo de quatro paredes. São vários os blogs que leio constantemente, pessoas que traduzem o que acontece, situações, como fizeram para mudar. Introduzindo o lúdico, a conversa estão levando os alunos a descobrir o universo da leitura. Vejo esses guerreiros, esses heróis como faróis que iluminam o mundo. Essas pessoas sempre relatam situações gratificantes e nem cogitam deixar a escola, pois amam o que faz. A luta guerreiros.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Sertão

O homem precisa se expressar,
No sertão bem antes da televisão,
os homens conversavam,
se comunicavam, resolviam
seus problemas sem ambição,
os negócios era coisa simples,
vender um porco, galinhas,
bodes, e legumes e um peixinho
pra complementar a alimentação,
quando muito no fim do ano,
comprava um metro de pano,
pra uma roupa nova vestir,
usava havaiana, ou chinela
de peneu, tinha os pés rachados,
a pele tingida, mostrava
as dificuldades da vida,
na lenha fazia algum recurso,
bem como plantando algodão.
A mulher sertaneja
tinha uma destreza
de saber dividir a comida,
varrer os terreiros,
lavar a louça, pra isso
tinha que ter habilidade,
não tinha muita vaidade,
cuidava da casa,
e da divisão,
sabia bordar,
passar, lavar e cozinhar,
mas quando veio a televisão,
as coisas mudaram,
e como aprendeu aquele povo
a ver novela,
ver as coisas mais belas,
mulher e homem artista,
um povo egoísta,
cheio de malícia,
mostrava que a vida
boa estava na cidade,
e o povo humilde povo
que só sabia falar
daquele lugar, que sabia rezar,
na ilusão, passada pela televisão,
foi embora em busca de melhor vida,
e só encontrou
devacidão,
fora do seu mundo,
seu conhecimento perdeu
sua função,
no sertão sabia os remédios para
qualquer mal,
sabia tirar do mato
o sustento, mas na cidade,
o que era então,
um povo mal trapilho,
de ego ferido,
por todos ofendido,
até que chegou
a luz no sertão,
água e o povo
que já envelheceu,
aquele povo que ali
nasceu já não pode mais voltar,
e o povo novo
voltar nem pensar,
o sertão
tá virando um desertão,
e cada vez mais calado,
como o homem que
tem vergonha se expressar,
que vivia a cantar,
as cantigas do sertão
em sua animação,
maldita televisão,
maldita ilusão,
um dia volto pro meu
sertão
ah volto
aquilo lá ainda vai virar mar.

Desertão

No sertão tem beleza de montão,
as casas mais brancas,
casas de taipa feito joão de barro,
árvores cheias de ninhos,
mas nuas, cheias de espinho,
plantas com arquitetura
que é uma belezura,
cardeiro em forma de candelabro,
macambira em forma de cisal,
tem juazeiro, pereiro.
Na seca tem terra rachada,
pode ouvir aves cantando,
o vento assoviando,
os bodes berrando,
catavento rodando,
e sentir muito calor,
sentir muita sede,
sentir a pele seca,
o corpo a transpirar,
sentir o cheiro do mato,
o cheiro de bichos,
a água salobra,
Sentir no sertão todo
tipo de sensação, de desconforto.

Viver no o sertão
não é pra qualquer um não,
tem que nascer lá, senão,
não aguenta o rojão,
é forte, um herói quem ai vive,
quem ai aprendeu a viver,
é preciso muito amor,
a natureza, a beleza pra morar no sertão,
quer maior desapego?
quem vive no sertão,
quem mora no sertão,
desfruta da paz,
o que o preocupa
é só a falta de chuva,
mas nem todo quer conhecer,
ou viver no sertão,
que aos poucos
se torna o vazio,
um grande desertão.

Adeus Aranha

Meu caro João,
a amizade é tecida,
é a coisa mais rara
que pode se ter na vida,
não se compra,
não se vende,
simplesmente é
um rede estranha,
tecida no dia dia,
feito poesia
que rima nos
fonemas,
nas frades
e assim se faz um poema,
a amizade meu caro,
neste mundo é algo raro,
e de nó em nó,
uma rede vai se construindo,
e de nó em nó,
sem perceber,
algo de inestimável
se consegue,
confiança,
cumplicidade,
nada de vaidade,
eis que dai
surge a amizade,
como numa teia
hialina, os finos
são cruzados,
e algo é montado
a amizade,
xabrola,
a amizade
João Aranha,

Seja feliz
na sua nova vida,
procure ver mais formas,
mais cores,
sentir mais os cheiros,
os sabores, a textura,
porque a vida
revela-nos
através dos sentidos,
dos pequenos atos,
seja feliz,
nunca esqueça,
nunca adormeça
nossa amizade,

Seja feliz.

cada

E a tarde já não arde,
e o sol quase não brilha,
e a noite já vem vindo,
e eu vou saindo
para casa,
casa,
meu lar

Cresce

As árvores que tanto sofre com a adversidade da natureza continuam de pé. Perdem as folhas, as vezes perdem as flores e os frutos pela falta de água. Mesmo assim as árvores resistem e quando a natureza compensa com boas condições estas tornam-se viçosas e dão sombra, flores e frutos, além purificar o ar e transformar o inorgânico em orgânico. A vida ensinou as árvores a suportar as dificuldades do mundo ao longo do tempo. Mas não percebemos na natureza a inteligência, simplesmente ignoramos o mundo que vivemos. Olhamos apenas para o eu, um eu egoísta. Achamos que só nós sofremos e isso nos torna angustiados. Ah olha para dentro de si. Olha para a árvore que tu achas que está feia, ela pode está sofrendo alguma injúria. Não seja como plantas artificias sempre belas, mas sem essência, sem vida. Quando estiver se sentindo mal, para e reflete, na certa está amadurecendo. Aprende a refletir. Aprende a sofrer, só assim saberá ser resistente as adversidades da vida.

domingo, 10 de abril de 2011

Inverno chegou

Essa semana liguei para casa e falei com papai. Ele falou que fazia tempo que não chovia lá. Desde sexta que chove mamãe falou hoje.


Pra morar no sertão antes de tudo tem que ter fé e muita esperança. No Sertão a chuva não é algo frequente nem constante. Tem anos que chove muito, mas tem anos que cai uma chuva grande e as nuvens cheias de água não aparece mais. Ainda lembro quando morava em casa em certo ano estava numa seca danada já era março e a lavoura já estava considerada perdida. Era uma tristeza só, os animais estavam magros, a água escassa, as plantas com as folhas mirradas e murchas algumas plantas estava até nuas. O feijão estava já na rapa dos silos, muita gente já começava a fazer contas nos mercados. Então certo dia o sol nasceu num céu azul e brilho intensamente, as cigarrinhas cantavam. Fiz todas as coisas e me enfurnei dentro de casa para aliviar do calor. Neste dia no meio da tarde um ninbus despontava no nascente, as famosas torres. E veio subindo, tomando o céu, e a tarde foi esfriando e nós ficando felizes. E lá vinha a nuvem carregada. Choveria? Sim aos poucos o céu ficou totalmente coberto e pingos agressivos caiam sobre as telhas e a biqueira, caiam soando feito bala e foi aumentando mais e mais. Um cheiro forte de terra molhada, de chuva atemporal, perfumava nossa alma e aos poucas um fio, uma corda e um camelo de água descia da bica enchendo as caixas, os potes, os baldes, até limpa a água canalizada para a cisterna. A água começava a escorrer no terreiro, as galinhas correram e se abrigaram na casinha da faxina, e a vaca urrou feliz. E choveu muito, e naquela tarde a tristeza se tornou em plena alegria, os sapos saíram dos buracos, e cantaram. Os tanques encheram, as fezes do gado no curral se fez lama, logo os campos estariam coberto de cebolas bravas, logo a babugem pintariam de verde os solos nus. Naquela tarde começou o inverno e a partir daquele dia tivemos um ano muito feliz, cheio de fartura e de alegria.

A estrada

Uma estrada esburacada, poeirenta, de pó frouxo era assim a estrada que passava em frente a casa de Amaro Lopes. Tinha quase dois metros, cabelos brancos, e voz arrastada, faltava-lhes uma orelha não lembro se a esquerda ou a direita. Bem com a idade avançada que não lhes permitia mais trabalhar. Ele ficava o dia sentado numa cadeira de balanço na porta da sala observando quem ali passava. Sempre perguntava a quem passava algo, por isso era uma das pessoas mais bem informadas daquele lugar. Odiava quando passava algum caminhão em alta velocidade, pois levantava uma poeira que cobria toda os moveis de poeira. E os malinos dos carros ainda gritavam, mangando da cara do velho. Não entendia muito do que falava, não ria com ele, mas sabia que ele sabia fazer algumas coisas legais. O filho dele mais novo tinha uma beça, uma arma de atirar pedra muito diferente doas convencionais. Não sei como explicar aquela arma. tinha um arco, uma corda e algo parecido com uma coronha. Foi ele quem fez seu pai. O filho dele aprendera com ele a fazer carros de madeiras e lata. Nossa como queria um carro daqueles para mim. Queria mesmo era aprender a fazer. Uma vez mamãe encomendou um carro ao filho dele, pra mim. Ganhei aquele caminhão e fiquei muito feliz. Mamãe fazia meus gostos muitas vezes. As vezes nós iamos na casa dele para usar o moinho pra moer milho pra fazer a comida da janta. O moinho era muito bom leve. Ficava bem na cozinha onde quase todas as coisas eram feitas artesanalmente, mas com material de qualidade ruim. Então ficava ali moendo e ouvindo os adultos conversando, sobre a vida, o quotidiano das pessoas. Essas coisas. Certo dia o velho morreu, e nunca mais vi a porta aberta. A estrada agora estava calada. Poucos anos depois sua esposa Cica morreu também. Então o filho vendeu a casa e foi embora. Hoje a casa ainda existe, mas está fechada, calada. Não pergunta nem reclama de nada só trás nostalgia da infância. As vezes a noite quando voltava da cidade e passava ali, onde o vento faz a curva na estrada, sentia um frio na espinha. Mas até isso as memórias apagaram.

Domingo

O dia nasceu lindo hoje, mas acordei numa preguiça. Estava sem coragem até de abrir os olhos, com muito esforço abri os olhos e vi através da janela uma luz fresca, clara. Fazia frio, então fui ao banheiro e voltei para a cama onde fiquei metutando. Sobre a vida, sobre tudo que via. Então levantei novamente fui a cozinha comer algo, comi duas bananas e dois caquis. Então voltei para a cama. Peguei uma revista Fapesp onde li uma matéria sobre Marie Curie e outra sobre o Isaac Karabtchevsky, maestro da orquestra de Heliopolis. Em seguida mergulhei numa leitura sobre teoria do conhecimento de Alberto Oliveira e fiquei lendo quase o dia todo só parei para ir ao Dalbem buscar uma marmita e almoçar. Confesso que a leitura era muito pesada, mas deu para apreender muita coisa. Acho que pra ler esse livro precisa uma certa base a priori pra entender algumas frases. Enfim tentei ao ler este livro me senti como quem vai andando pelas ruas, tentando extrair das palavras um certo significado e alguma beleza, mas acho que por está cansado e me sentindo só, pouco consegui. A tarde as nuvens cerraram o céu e caiu uma forte chuva de granizo. Confesso que ainda era criança quando presenciara tal fenômeno. Agora a tarde está quase no fim e esse domingo passou, sem muita empolgação, mas assim o foi. Uma nova semana logo começará.

Choveu gelo

Neste instante acaba de cair
uma chuva de gelo,
que chuva dura,
que chuva branca,
que chuva!

Procura

Tento me encontrar no céu azul,
nos cúmulos, no vento, nas árvores,
tento me encontrar nos jardins,
nas estrelas, na lua, no sol.
Tento me encontrar no mar,
na areia, na água.
Tento me encontrar na manhã,
na tarde, na noite.
Tento me encontrar na chuva,
no inverno, no verão, no outono e no inverno,
vivo tentando me encontrar
no mundo, mas não me encontro
em nenhum lugar,
pois estou sempre estou tentando
me encontrar fora de mim,
como pode alguém se encontrar
fora de si, no mundo,
então certo dia percebi
que só dessa forma apreenderia
todo o mundo dentro de mim,
foi difícil entender isso,
por isso vivia errante como o vento,
como as nuvens,
como a luz
e certo dia
percebi que eu só poderia
está em mim,
e foi plena a minha alegria,
hoje vivo
de olho em todos
os lugares, mas preso a mim,
consciente de si
já não me procuro mais,
pois estou em mim
e estou em todos os lugares
que quero.

sábado, 9 de abril de 2011

Feira de rua

Fui a feira, lá vi tanta coisa bonita que fiquei embriagado. Vi muita gente diferente, gente sisuda, gente simpática, gente sorrindo, gente com pele de tons diferentes, gente bem vestida, mal vestida, gente alta, baixa, limpa, suja, educada, mal educada, gente com cabelos grandes, curtos, crespos, lisos, enfim vi gente de todo jeito. Vi muitos tipos de frutos, com diversas cores, cheiros, sabores e texturas. Vi diversos tipos de cereais, farinhas, legumes. Vi verduras, raizes, hortaliças. Vi diversos produtos do leite, queijos, doces e manteigas. Vi ovos, frangos abatidos, assados. Vi mercadorias do Paraguai, quiçá da China. E na feira comi pastel, tomei mineirinho, mas infeliz mente vi a rua suja, mal cheirosa, vi o dinheiro sujo em mãos sujas, vi pessoas espertas, pessoas indolentes, vi tudo na feira. Ir a feira é aprender, é viver e sentir-se vivo. A feira é um elo entre o campo e a cidade. Antigamente era na feira que as pessoas do campo entrava em contato com o pessoal da cidade. Onde os agricultores vendiam seus produtos e compravam o que não produzia. Na feira tinha poesia, notícias a feira era por si viva, rica. Sei que a feira ainda é tudo isso, mas hoje sugiram os supermercados que tudo oferece industrializado. As pessoas preferem as coisas industrializadas, pela praticidade e as feiras minguam, as pessoas se calam. Será que a feira esta fadada a se acabar? Espero que não, não que tenha paixão, mas acredito que a feira humaniza mais as pessoas, enriquece as relações, a cultura e a vida.

Voz

Cedo quando o sol saiu,
o vento veio de longe
afagando a natureza,
e entrou pelas frestas
de minha janela,
falando das belezas
desse vasto mundo,
me contou que passou
por um jardim de rosas,
e ficou perfumado,
que depois passou
perto de um esgoto
e ficou enfesado,
me contou que viu
pessoas rindo,
pessoas chorando,
me contou tanta coisa,
e depois calou,
sumiu nem me ouviu,
depois a luz
entrou e mostrou
as cores lá de fora,
dava para ver o verde da
acacia,
então estrela acordou
e começou a latir
e como latiu,
foi quando tomei
coragem e levantei
da cama,
naquela manhã
de sábado
bela, bela...

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Estrelas

As flores da jitirana coloridas,
desabrocharam sobre a latada,
eram tão belas e delicadas,
suas folhas quase todas lobadas,
todas eram trepadeiras,
pilosas, e suas flores
enchiam os olhos
com suas estrelas,
estrelas sobre a latada,
onde as galinhas repousam
durante o dia,
onde o cão de língua
estirada delícia sua caça,
na latada, onde teius
as vezes aparecem em
busca de ovos.
Aquelas flores
efêmeras enfeitaram tanto
a latada, nunca a vi tão bela,
tão cheia de vida,
e nem deu cafifa,
as jitiranas, quase chegaram
no jiral, mas Chico foi lá
e aparou seus ramos
fracos, então cresceram
na latada.
Nos tabuleiros jitiranas
cobrem de rosa as arvoretas,
o sertão tá tão bom,
nunca teve tão belo,
cantam as aves,
o sol sorrir
a arder e a
oferecer energia para
as jitirandas na latada,
nos carrascos,
no mundo,
as terras dos carrascos
nunca estiveram
tão estreladas.

Defesa

A tarde aconteceu um evento. Meu amigo Marcelo que trabalha com a família botânica Asteraceae defendeu a dissertação de mestrado. A apresentação durou 40 minutos cravados. Durante este período, ele apresentou expôs todo um histórico do grupo que mostra a complexidade desta família e a importância do estudo da família para a compreensão da natureza. Os resultados foram excelentes, a diversidade do grupo para o estado de São Paulo é extremamente grande quando comprada com as outras famílias. A banca que arguiu foi composta pela professora Mara Margenta, Luiza Kinochita e João Semir como presidente da banca. Marcelo apareceu nervoso, mas tudo ocorreu sob controle. De fato o trabalho apresentado foi um trabalho muito laborioso, cheios de resultados que lhes ser aprovado com louvor e algumas resalvas como qualquer apresentação de tese.

Mundos

Certo dia sai de casa a noite. Fui para muito longe para onde não sabia ir, nem sabia como voltar.
Cheguei a esse lugar dormi e quando acordei, nada reconheci, todo aquele ambiente era novo. Tudo meu mundo ficara pra trás longe da li. Tudo que tinha eram lembranças, todo meu conhecimento era adaptado ao mundo que deixei para trás. Reconhecia as coisas, suas utilidades, mas teria que aprender a conhecer cada coisa nova. Então eu nasci novamente, nasci, adulto, tudo que tinha era meu pequeno conhecimento de mundo, então fui adaptando e aprendendo como criança. Tive que aprender nomes de ruas, conhecer e me comunicar com gente desconhecida, tive que reaprender quase tudo. Olhava muito para meu antigo mundo, pensava muito no mundo que eu almejava, mas estava na realidade que iria me proporcionar atingir meus objetivos. Quando tudo parecia escuro, frio, vazio, sem cor, eis que fui aprendendo lentamente e me adaptando ao novo mundo, de maneira que já me reconhecia neste novo mundo, cheio de novidades. Fiz amizades, aprendi a ser uma nova pessoa, adaptando tudo, não dava para ser a mesma pessoa, para meu antigo mundo eu já não era mais eu, para o meu mundo atual eu era eu, mas precisava muito mais para ser aceito neste mundo, então muitas vezes me angustiava por ainda ter essência do antigo mundo, não me assumia como eu, então aprendi a seu eu mesmo neste novo mundo a duras penas. Sofri, por negar quem eu era e o que eu era. No meu antigo mundo eu me sentia especial, neste mundo procurava me afirmar como alguém, era muito imaturo, e tinha sede de ser, de viver sempre neste mundo, mas me punia por isso, minha visão de mundo era muito restrita, e o tempo como o dia, como o vento, vai passando e mudando a forma de ver o mundo de maneira que vais se acostumando, se acomodando, desvalorizando voce mesmo. Até que esse novo mundo já não cabia mais a mim, então tive que partir para outro mundo, e tudo se passou como num reflexo do espelho, só agora já estava mais tolerante, mas sempre aberto ao conhecimento, meu novo mundo substituiu o antigo do antigo, então quem era eu? Não sabia, mas comecei a me afirmar como ser voltando para meu mais antigo mundo, comecei a rever o mundo como criança e a aceitar eu como eu mesmo. Então sobrevivi. Hoje não sei mais para onde irei, como farei? Mas perdi o medo de atravessar os mundos, atravessar a vida.

Amigo bacana

Meu amigo mora numa torre,
mora quase no céu,
de lá podemos olhar longe,
o horizonte fica mais distante,
a paisagem lá de cima é tão bela,
quando sai da torre
meu amigo vai trabalhar,
ou sai para passear,
para comer,
aquela torre é tão imensa,
imagina que fica no 23 andar,
tem água, luz e umas janelas
que dar acesso ao mundo,
nos já moramos no mesmo
apertamento
não era uma torre igual,
era muito pequena,
e ainda dividiamos o espaço
como mais quatro colegas,
lá na pequena torre
o horizonte que dava para
ver era só o horizonte de nossos sonhos,
não passava de cem metros.
Ele é um amigo muito bacana,
no sentido de amigo gente boa,
agora ele está ficando bacana,
morando numa torre enorme,
seus sonhos, suas projeções
o permitiram
ver e viver num horizonte real,
acho muito legal isso,
ele já virou gente grande com
responsabilidades financeiras,
casou,
tem uma família estruturada,
muito legal mesmo,
mas na nossa antiga torre,
nunca nos sentiamos só,
o horizonte era muito maior
eram os horizontes das ideias.
Putz meu colega
virou gente bacana,
mora no melhor lugar
da capital,
quase uma Roma,
ele vai conhecer a verdadeira roma,
Deus o abençoe
e lhes conceda cada vez mais inteligência,
é um grande cara,
ele mora agora
numa torre que vai
lá no céu,
é um cara bacana,
no sentido literal
no sentido real.

Toin

A terra quente ardia de calor, plantas nuas cinzentas, o chão completamente nu de folhas, só seixos cobriam o solo. O sol brilhava intensamente, a cigarra cantava anunciando a chegada da tarde, sob uma casa de taipa um velho deitado numa rede cochilava. Nem um vendo soprava. Na cozinha escura, entisnada, o feijão pulava na panela onde boiava um pedaço de torcinho aquecida por maravalha de marmeleiro. Seu Toin como era chamado, acordara cedo, encelou o jumento e foi buscar água no açude, bem longe. Esse ano não choveu uma gota e a água que tem é salobra e fica muito longe. Toin que mora só é o último habitante daquelas bandas. Não tem roupa nova, calçado e nenhum luxo, sobrevive do que planta. Naquele dia fora buscar água voltou muito cansado, o jeque está muito magro, come folhas secas, anda bambeando as pernas. Mas ainda resiste como Toin. Numa gaiola tem um golín que só está ali por está preso, mas sempre canta e alegra aquela pequena choupana. Toin esta cansado, mas diz que não sai dali por nada. Tem esperança que as chuvas cheguem e salve seu jegue. O mundo é só poeira. E ele muitas vezes não pensa em nada, não se lamenta, simplesmente vive. As vezes quando faz uma barra no poente ele lembra da época de fartura, da família que partiu em busca de melhora, mas ele ficou ali, encrostado no chão, dizia que fazia parte da natureza. A noite saia pra olhar as estrelas, sentir o vento do nordeste. Seu corpo curvado tinha a forma da rede, e o cansaço da idade. Não conhecia as palavras, mas sabia contar histórias, ultimamente não falava com quase ninguém, só refletia e contemplava a natureza, ia a cidade que ficava muito longe dali para comprar alguma coisas. Sobrevivia ali. Bem do lado da casa pro poente passa um riacho seco no momento, mas quando chove, como canta aquele riacho. No nascente tem um lindo serrote com macambira e cardeiro, onde a lua as vezes se espeta. Naqueles campos nus quando cai a chuva, nasce uma relva, com flores de todas cores, rosa, amarelas, roxas e azuis. Ah quando cai a chuva os marmeleiros, mufumbeiros, mimosas, florem e soltam um cheiro, doce como de mel. Os sapos cantam, as abelhas, e a noite a mãe da lua canta. Como é lindo aquilo no inverno, mas a natureza na seca adormece, Toin não sabe adormecer e fica a sofrer como as árvores, porque sabe que um dia chove e como as árvores ele flora, sua alma explode de alegria. Por enquanto é sol, calor e tristeza, mas o inverno vai chegar, e a natureza a vida vai despertar.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

10 inocentes

Hoje o sol brilhou como todos os dias comuns, mas para as 10 crianças assassinadas cruelmente na escola, ambiente onde se transfere o saber, por um alienado. O sol continuou a brilhar, mas nosso coração está cheio de mágoa ao saber que as dez pessoas não poderão ver mais um por do sol, mais uma noite. Tiveram suas vidas encerradas antes de poder viver, aprender. Vítimas da violência desencarnaram sob a mira de um louco. Que podemos pensar sobre? que explicações serão dadas aos pais, a família? Se no lugar onde seus filhos, necessariamente estariam mais seguros foi exatamente o lugar onde o aprisionaram para sempre. Como pode um louco olhar para crianças, sem senso de justiça, sem defesa serem abatidas como animais num matadouro. É uma tragédia, extremamente triste, e o infeliz não teve coragem de enfrentar os fatos suicidando-se após o fato consumando, não existe uma categoria em que possa se enquadrar esse ser. Nem os animais selvagens são tão bárbaros. Nada resta para estas crianças que partiram, mas para nos como seres sociais, resta o peso de nosso sistema, nossas fraquezas. Que se pode fazer? onde vamos chegar? Muita calma e força, pois todos sofremos não tanto quando aqueles que perderam seus entes queridos, mas sofremos pela perda do todo, por ainda existir barbaridade como essa em nossa sociedade.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Chico Raimundo

Meu pai ainda adolescente foi embora de sua terra natal, foi embora para muito longe, para as bandas de São Paulo em busca de recursos. Saiu de casa aos 17 anos sem nunca ter calçado um par de sapatos, tendo como luz de casa lamparinas a gás, não sabia ler, nem escrever, mas sabia falar muito. Foi embora de pau de arara para longe, muito longe, gastou 17 dias para chegar a cidade grande. E nem sabia ler ou escrever, quem dera soubesse. Chegou na cidade grande seus amigos deram um par de sapatos e um abrigo. Em pouco tempo arrumou um emprego de servente de pedreiro, seus braços fortes de puxar enxada lhes permitiram alí sobreviver, passou a conhecer dinheiro e começou a viver e a sonhar. Antes dele seu irmão mais velho que servira ao exército era um homem disciplinado, havia casado com minha tia, irmã mais velha de mamãe. Desde pequeno trabalhou de sol a sol para criar a família, construir sua morada, simples, mas dele. Criou todos os filhos sob a força do seu braço e a arte de cultivar nas quebradas pedregosas. Um prodígio no cultivo da agricultura, aprendeu a arte do comércio, e realizava verdadeira jornada para fazer suas vendas gastava dois dias só de viagem. Falava muito e falava algo, tinha belas histórias para contar, tinha um grande amigo. Seu irmão abaixo do mais velho, também não tinha tino de ganhar o mundo ficou por lá mesmo, casou cedo, esse além da agricultura aprendeu a fazer vassoura de olho de carnaúba e colher de pau de umburana. Não tive muito contato com ele, só sei que era muito forte e calado para os de casa, nas festas ele falava muito. O irmão caçula nunca aprendeu com papai a viajar ficou por lá, nunca aprendeu nada além de agricultura. Gostava de fazer filho gerou quase 10. Ah! papai foi a ovelha negra que foi embora que aprendeu a ser carpinteiro, a ser boêmio, que aprendeu na escola da vida, na melhor cartilha "Rio e São Paulo". com um certo humo cínico, nunca deixou uma pergunta sem uma resposta, nunca fica por baixo, sempre se saiu bem. Embora hoje cochile no sofá mas está lá quem quiser ouvir ele falar, ah tem histórias para contar, coisas que nunca me contou, nem nunca vai contar, o que se passa naquela cabecinha como diz mamãe. Não sei, sei que é frouxo de correr, mas para viajar, para desvendar o que há no mundo é mais valente que o Don Quixote. Viveu tudo, nunca o vi reclamar do que não o fez. Sempre se mostrou humilde, e cheio de conselhos sábios. Voce já está quase lá sempre fala. Longe já esteve. Sua coragem refletiu em nós que todos fomos embora, não ficamos esperando tempo ruim, descobrimos que o mundo é grande. é um mundo de raimundo de Chico Raimundo.

Música

Quando criança não lembro de ter escutado música clássica. Ouvi sim quando foi inaugurada uma rádio na cidade vizinha, rádio vida. Ouvi tocar músicas de Bach ou era Mozart, não lembro era uma semana de páscoa e o padre da nossa paróquia usava a música como pano de fundo. Associei aquela música a sofrimento, foi difícil desvincular aquela ideia de minha mente. Quando cheguei na universidade tinha uma professora muito chata que disse que gostava de Chopin, nossa não conseguia ouvir nem uma música. Bem ouvira alguma música sim, mas sempre associada a algum comercial, ou filme, mas música pura não. Na universidade tive oportunidade de ouvir a orquestra toca e aos poucos minha mente foi se abrindo, foi se tornando apetitoso esse tipo de música. Bem na minha juventude era muito eclético gostava do que passava no rádio, gostava de canções que falassem de casos de amor, com histórias, ou músicas que me fizessem bem, definitivamente forró não me fazia esse bem, nem as demais, essas músicas parece que só se ouve bem acompanhada de bebida, então se era o que tinha era o que ouvia. Não temos gosto quando não podemos optar. Bem quando fui para São Paulo, aprendi que na rádio cultura fm só tocava música clássica e tinha uns programas bacanas que explicavam a música então como uma luz fui aprendendo a gostar. Sabia da música mas não sabia quem compunha, fui ouvindo e a proporção que fui ouvindo fui aprendendo que havia correntes literárias que punha em ênfase no contexto da música, e fui gostando de Mozart, Bach, Bethoveen, Holst. E foi a partir da internet que aprendi que existem rádios que só tocam clássica. Amadeus em Buenos Aires, BBC canal 3 Londres, Suiss classic,... e tudo foi fazendo sentido e foi como se a música traduzisse o movimento do vento, das nuvens, das ondas, do ar, o respirar. Parece que a música traduz a vida e me pego as vezes a ouvir e a sonhar, pareço surfar na crista da onda. Então volto no tempo volto para o sertão e ouço as cigarrinhas a cantar, o som do riacho, do vento na folhagem, nos galhos, o cantar do galo, das aves... E ouço dentro de mim e sinto feliz por ser, por viver, por poder ouvir, entender e crer no entendimento e na eterna vontade de aprender sobre a música. Ela está dentro de voce, ela pode organizar e explicar suas ideias. ouça e pense.

Arte

Tu que trabalhas pela arte,
sustentas da arte, seja feliz,
pois eterno será,
quantas pessoas trabalham com arte,
mas só eterniza a sepultura,
a arte de se feliz,
a arte do bem fazer,
de ver arte em qualquer coisa,
no jardim, na casa,
no corpo, no fazer,
ponha arte em sua vida,
faça poesia com tudo,
não precisa ser rimada,
só precisa ter cor,
gosto, amor,
assim sua vida será
sempre bela, limpa
e saudável.

Amizade

Amizade é como uma flor rara,
que surge do nada, surge
quando há desilusão,
bem depois de uma queimada,
amizade não tem vaidade,
tem disposição,
amizade é delicada,
colorida, singela toda bela,
mas delicada como uma flor,
rara.
Requer tempo,
cuidado, paciência,
requer carinho,
compreensão,
amizade não é qualquer coisa
que se compra,
é inestimável,
vale a palavra, vale a alma,
é predisposição,
é uma relação,
uma eterna construção,
tenue com teia de aranha,
mas forte como seda,
como diamante.
amizade é uma flor rara,
que surge mesmo depois de uma queimada.
está escondida no seio da terra,
no seio da lealdade,
no seio da moral.

sonho

Sob o juazeiro repousa o vaqueiro,
tudo ali é calor, toda a natureza
está nua, tudo ali é cinza,
dessa sina ele é herdeiro,

viver como lagartixa magra,
do que sobra da natureza,
pois as secas não lhe dar paz,
quando pensa que ta melhorando,
tem que mudar,
tem que buscar hoje haja água,

come farinha e feijão,
sua pele é escura,
sua boca desdentada,

barriga de cão,
e sofre e luta,
e resiste com o pouco,
feito bode sobrevive
na falta, sobre as pedras,
sob a choupana,
a vida alí é livre,
o céu é estrelado,
mas a fome.

Jejua feito buda,
ama a natureza,
os animais
e resiste é forte,
enquanto cochila
sob a árvore,
sonha com o inverno,
com o gado gordo,
com a roça, a fartura,
o rio cheio de peixe,
melancias no tabuleiro,
cana caiana, manga,
e acorda suado
está no verão.

Divagar

Certa tarde sob uma árvore um homem tirava uma sesta, fazia um imenso calor, olhar para o horizonte dava para ver o ar tremer. Aquela brisa quente, mais parecia o calor que partia de uma caldeira. O corpo suado, a mente a divagar. Então o homem acordou, respirou ofegante, olhou para o horizonte, para a sombra daquela divina árvore. Tomou da cabaça um gole enorme que acabou vazando pelo canto da boca, molhando sua barriga. Um arroto espontâneo veio a tona. Faz três dia que ele procura a novilha que fugiu da fazenda, por esse mundo sem porteira. Respirou profundamente, chamou o cão, montou no cavalo e saiu a caça. Ao sair cavalgando pensou na vida, ainda sentia fadiga da tarde depois de encher a barriga de carne seca e tomar um tereré. Via a vida linda apesar do calor, das condições adversas. Fez um sinal da cruz, agradeceu e continuou cavalgando. A tarde caiu, e nada quando chegava a noite. perto do riu viu aquele bicho arredio, finalmente encontrara a danada pastando numa impulca, estrumou o cachorro e preparou o laço, quando a bicha saiu na planície o laço ligeiro logo agarrou o bicho. Conseguira finalmente encontrar e amarrar aquela bicha. Agora levaria dois dias de volta. Se benzeu amarrou a corda na cela e voltou para casa.

Tecoma

O dia lindo nasceu,
antes do sol aparecer,
mas aurora anunciou,
as aves cantaram,
as árvores silenciosas,
calmas e frias,
continuavam indiferente,
sem flores, verdes.
Só a tecoma estava florida,
suas flores amarelas,
seus cachos dourados,
debruçados sobre os galhos,
lindos como o sol,
e muito cheirosas flores,
flores da manhã.
Primeiras flores da manhã.

terça-feira, 5 de abril de 2011

A morte

Um dos fatos que marcaram muito minha infância foram notícias de morte de pessoas conhecidas. Havia sempre uma sensação de perda, tristeza. Muitas pessoas morria idosas, mas teve uma morte que lembro que foi muito comentada por meus amigos. Na verdade o rapaz que fui assassinado era vizinho nosso, mas eu não conhecia, mas lembro que meus amigos que o conheciam ficaram muito tristes. E ao saber que este rapaz foi assassinado de graça. Por causa de ciúmes foi confundido e pagou com a vida. Chamava-se James e morreu foi morto muito jovem. O assassino nunca foi preso, nem sequer fugiu para livrar o flagra. Outra vítima foi um primo meu que foi assassinado na flor da idade, não tinha sequer 40 anos, tinha três filhos. Estava bebendo com um cara que segundo relatos assassinou-o por nada, também o assassino nunca foi preso, sequer saiu da cidade. Casos de homicídios eram muito comuns. Era comum também o fato de duas famílias através da vingança chegarem quase a se acabarem. As cidades circunvizinhas a violência corria a toa. Para matar o outro era preciso apenas olhar atravessado. Esses episódios, essa carnifícina povoou minha infância. Impunidade, ignorância, ódio dentre muitos sentimentos males habitavam aquelas redondezas. Uma coisa eu aprendi muito cedo que a morte faz parte da vida. Que uma vida breve leva ao sofrimento humano, ao sentimento de vingança, alimenta a alma com males. E foi assim vendo como não agir que cresci. Minha família é muito mansa, pacata, ética, somos cordeiros quase não existiu caso de homicídio que eu tenha conhecimento. A morte faz parte da vida. Sempre ia a velórios, enterros e como uma teia aprendemos, nos amparávamos da morte. Hoje não vejo mais essas coisas senão pela televisão, parece que ficou banal a morte. Algo fora da realidade. Pessoas somem, já não querem nem ter uma lápide. Gira o mundo e a morte a todos chega. É preciso fé, amor, paz e compreensão porque a vida não é eterna.

Mente

Hoje tudo o mundo do jardim está calmo, quente e verde. Nenhuma folha se move se move. As folhas estão tão coriáceas, as inflorescências secas. Tudo está numa monotonia. O Phillanthus acidos foi molestado por larvas de lagartas, parece até que morreu, mas não, ele é muito resistente na próxima estação estará forte. Sempre renova a custo de muito sofrimento. As plantas estão paradas, quietas, pois o vento não veio assanha-las. O tempo é que cuida delas que dar a elas a oportunidade de serem lindas e é o tempo também quem as faz triste. De tempo para elas se remontarem, renovarem. Miro então o céu azul, com cúmulos esparços, pombos sobre as paredes e o ócio. Preso entre as paredes, fixo a essa janela. Tenho a natureza através daquela e através desta janela que é meu computador, decodifico o mundo. Mas estou preso a esta janela, vez por outra olho através da janela para ver o mundo, para fugir do meu mundo. Ouço música. Não sei onde me encontro. Meu corpo pode esta aqui presente, mas minha mente mais veloz que a luz viaja. Minha mente não tem um lar. Por isso olha através da janela pra ver se a encontro nas plantas, no jardim, nas nuvens, na música. Qual será a natureza de minha mente? Quando vou poder está pleno com ela?Sabe lá, por isso fico buscando a essência na beleza do jardim, das plantas, no vento. Fora de mim.

Mente

O que existe fora da mente?
Nada, projetamos e construímos na natureza
para sermos servidos,
tudo que podemos destruímos.
Nosso mundo pleno e subjetivo.
O que existe fora da mente?
Que não conheço ignoro,
o que vejo e não vejo ordem,
nem penso,
afinal o que quero?
que dia minha mente?
nada!!!
04-04-2011

Sábado

Cândido o dia assim se passou,

O sol nem apareceu, nuvens

Brancas ocultaram seu brilho,

E no meio do dia uma grande

Chuva caiu, e suas águas

Lavaram toda as ruas e

Regaram todas as plantas,

Fazendo-as sorrir de alegria

Por terem suas sedes saciadas.

A tarde ainda nublada

Fez um frio gelado soprar,

O vento parecia dançar

Com os ramos das árvores,

O singelo dia passou

Frio, sem luz,

Mas vivo dia.

Vento frouxo,

Silêncio...

02-04-2011

Descrição

O dia nasceu tão lindo claro, silencioso

e o jardim sorria refrescado com as chuvas

Que caíram na tarde passada,

A orquidia na euforbiaceae

Está tão florida cheia de flores rosas,

Os lírios estão sofrendo com uma peste

De fungos amarelos, estão molestados

Morrendo, tem algumas comelinas,

Mas ta bonito. A manhã se passou tão bela,

Cheia de risos de criança.

Fomos a feira comer pastel,

A feira é tão cheia de beleza,

De movimento, de cores, de cheiros,

De risos, de produtos,

Enfim as feiras aqui são no domingo,

Quantas pessoas não fizeram

A feira, quantas?

De onde vem feira?

Não sei, mas sei que a feira

Hoje foi linda e a manhã completa.

03-04-11

O que busco?

O que eu busco?
Quando sento para pensar na vida, tenho muitas questões. Uma das mais recorrentes é o que busco?
Quase nunca chego ao fim da reflexão, pois acabo por devagar em círculos. Nunca consigo pensar só numa coisa, sempre pego o gancho de outras coisas. Afinal o que busco? Fugir do ócio, do medo, da vida? Essa pergunta me desnorteia. Embaraça minhas ideias. Acho que não é bom pensar nela. Será e se pensar no que não busco, talvez encontre algo que busco. Bem não busco riqueza, não busco luxúria, não busco poder, será? Não busco a ignorância, não busco problemas, não busco desarmonia, não busco o sol do meio dia. Não busco ficar sem ler... Eu não busco morrer.
É não adiantou muito. A vida sempre tem seus problemas, às vezes muitos, às vezes poucos, mas estão sempre presente. Não seriam esses problemas ausência do que necessitamos. Já sei, busco resolver todos os problemas que assim estiverem ao meu alcance. Busco resolver o meu problema financeiro, de relacionamento. Sei lá queria ser como a água que tudo toma forma e assim se acerta com tudo. É busco viver.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Falar com Deus

A lua, o sol, os planetas e as estrelas,
povoaram minhas noites da infância,
havia no meu céu, alegria e fantasia,
e quando estava amedrontado olhava
para o céu e bem forte pedia baixinho,
pedia diretamente a Deus,
costumava falar com Deus,
olhando para o céu, pois achava que
ele estava lá, então pedia no pensamento,
Deus que nada de mal me aconteça,
que a vida sempre seja boa,
e Deus me ouvia,
via sua alegria no brilho
das estrelas, no brilho do sol,
na meiga lua,
ele tudo me atendia com alegria,
o céu era mais perto,
minha vida era fácil
sem ideias complicadas,
quando surgia qualquer complicação
então bastava rezar e esperar,
que tudo acontecia.
Hoje não tenho tempo para
conversar com Deus,
só converso de manhã,
e a noite perdi minha
intimidade com Deus,
estou buscando
voltar a ser criança
quem sabe assim
ele volte a me escutar,
essas ideias complicadas,
essas vontades,
esses desejos, que tomam
minhas ideias me fez tão se luz,
vou buscar no céu,
na natureza um pouco de sabedoria
quem sabe encontre harmonia,
quem sabe sinta a poesia.

Cartas

O que estará acontecendo lá em serrinha agora, hoje, esta semana? Quando meu irmão mais velho foi embora de casa, seguiu o mesmo fluxo da maior parte dos nordestinos que ou vinham para São Paulo ou iam para o Rio de Janeiro. Com meu pai e meu irmão não foi diferente, meu pai tanto veio para cá como foi para o Rio. Meu pai saiu de casa aos 17 anos e meu irmão aos 18 anos. O fato é que ele veio para Sampa em busca de emprego. Então aquele lar que sempre vivera unido estava desfeito. Meu irmão ficou ilhado a três dias de ônibus da São Geraldo e a unica forma de sabermos notícias era através de cartas, telefonar custava caro, além do mais em nossa cidade tinha apenas um posto telefônico um telefone para todo o povo. A antiga Telern. Minhas irmãs estudavam na cidade e era muito bom quando elas chegavam com uma carta contando suas notícias. Eram sempre cheia de esperança. Minha mãe tinha dificuldade com as letras. Então a encarregada de escrever era a mais velha, Rosângela ou Meire, que decifrava aquele papel com as notícias. Sentia uma saudade dele, mas ficava feliz, pois ele estava empregado e poderia então ajudar em casa. Sempre que podia ajudava com roupas ou com dinheiro. Depois de ler a carta, mamãe chorava de saudades, nos ficamos ali apreensivos, tristes, mas enfim a vida seguia naquele marasmo e as cartas passaram a ser motivos de alegria, eventos os quais nos davam mais esperança, vontade de mudar, de melhorar de vida, ter mais conforto. O tempo foi melhorando então meu irmão passou a escrever nos fins de semana. Meu irmão ligava e pedia para passarem o recado, para esperar a ligação, as vezes meu pai ia, mas na maior parte das vezes quem ia era mamãe. O tempo passou e foi indo embora um a um, o último a sair de casa fui eu, não vim para São Paulo, fui para Natal fazer faculdade. Então mamãe e papai finalmente ficaram só como começaram a vida de casado. Hoje não se usa mais carta, temos telefone celular. Lá em casa, ambos, mamãe e papai tem celular, mas mesmo assim, passo semana sem ligar, mas minhas irmãs ligam sempre. Que louca condição, hoje tenho objetos e não ligo. Tornou-se banal a comunicação que poderia ser um motivo de união, caiu na banalidade e as vezes esquecemos e nos afastamos da família. O tempo está amornando o nosso sentimento? ou seria a banalização da comunicação? Bem os canais mudaram, pra nós, mas todas as vezes que mamãe liga sinto a mesma emoção de quando recebia aquelas cartas.

Chuva

 A Chuva é plena, Ela nos envolve, nos aconchega, Ela é tão plena que toda a natureza se recolhe para contempla-la As aves se calam pa...

Gogh

Gogh